"A ditadura perfeita terá a aparência da democracia, uma prisão sem muros na qual os prisioneiros não sonharão sequer com a fuga. Um sistema de escravatura onde, graças ao consumo e ao divertimento, os escravos terão amor à sua escravidão."
quarta-feira, 22 de dezembro de 2021
Acasos da Vida: Paratleta
quarta-feira, 15 de dezembro de 2021
Companhia na Viagem
Ponho o motor a trabalhar enquanto ligo o hotspot e coloco o telecrã no adaptador fixado no retrovisor. Chamo por ela na rede social que, apesar de estar a muitos quilómetros de distância, em segundos aparece quase milagrosamente no ecrã para falarmos enquanto vou conduzindo até casa. Gosto sempre de a ver e ouvir e sinto que também ela gosta de me ver e conversar comigo.
Mas há mais de vinte anos era muito diferente. Para começar os encontros nem sempre tinham data e hora marcadas. Muitas vezes simplesmente aconteciam. Inesperadamente. Eu e ela nem sequer tínhamos telemóveis e nem sequer havia internet móvel ou telemóveis com internet.
O encontro dava-se quase sempre no autocarro porque connosco tudo aconteceu dentro dos autocarros. Naquele tempo o autocarro era a rede social, uma rede social real de cara-a-cara, olhos-nos-olhos.
Nem sempre tínhamos dois lugares livres para nos sentarmos um ao lado do outro. Afinal, os autocarros eram um transporte público e, apesar de transportar muitos estudantes, transportavam igualmente todas as outras pessoas. Contando o tempo que se demorava no trânsito e nas paragens até ela sair, tínhamos uns quarenta minutos para conversar. E o tempo passava sempre tão rápido.
O tempo era precioso. Lembro bem quando passávamos por uma pequena fábrica de fundição, que recentemente reparei que entretanto fechou e, quando a passávamos, significava que já só teríamos mais uns dez minutos. A ansiedade aumentava porque o momento da despedida aproximava-se.
Nesses tempos nem sequer saberíamos muito bem quando nos voltaríamos a encontrar de novo. Eu era mais velho cinco anos e ela estudava numa escola secundária histórica, onde antigamente só estudavam raparigas e, a poucos metros de outra secundária, onde nesses tempos só estudavam rapazes. Pouco tempo depois a escola dela haveria de encerrar portas por haver cada vez menos alunos. E não sabíamos quando nos iríamos encontrar de novo porque não sabíamos muito bem que camioneta o outro haveria de apanhar. E, mesmo assim, quando os astros todos se alinhavam e tudo dava certo e nos encontrávamos, isso, se bem me lembro, e devido aos horários dela, aconteceria à razão de uma vez por semana.
Nesse tempo acho que ainda não me estava a dar conta que, pela primeira vez, me estava a apaixonar. Preferia negar para mim mesmo. Era assim que me defendia, porque não poderia ser. No futuro, e porque tudo acabou de se repetir na minha vida, outras porque não poderia ser haveriam de acontecer novamente.
O tempo passa e os hábitos vão mudando. E é curioso pensar que, se há vinte e cinco anos a vida fosse como é hoje, em que os jovens passam o tempo de cabeça a olhar baixa a olhar para o telecrã eu certamente não teria conversado com uma desconhecida e depois passaríamos tantas horas a conversar, cara-a-cara e olhos-nos-olhos com aquela jovem rebelde de calças rasgadas nos joelhos. Por outro lado, se a vida de hoje fosse como era há vinte e cinco anos, eu certamente não me poderia ter cruzado com alguém tão distante mas tão familiar e poder ter a sua companhia, ainda que virtual, tal como há vinte e cinco anos, na viagem para casa.
domingo, 12 de dezembro de 2021
Por Isso é Que o Trump Nunca Teve um Blog ou Não Há Ócio Que Não Dê em Negócio
https://www.pikist.com/ |
Depois de quase sete anos de outra coisa qualquer, 2021, que está agora a acabar (e parece que ainda foi ontem que tantos suspiravam em 2020 por um novo ano que findasse com a pandemia, e ainda tanta pandemia temos pela frente) tem sido um ano de mudanças para mim.
Nem que seja só nas rotinas.
Sempre que algo acaba há necessariamente algo que muda, nem que seja nas rotinas. Todas essas rotinas de levantar e rumar a um determinado destino e estar 8h com determinadas pessoas e passamos a ter outras rotinas, nem que seja deixar de ter rotinas e ficar um pouco mais na cama ou fazer uma sesta depois de almoço. E tão bem que me soube fazê-la durante uns meses.
Há um ditado que diz "põe-te a dormir que depois comes do sono". Como quem diz "não te mexas e espera que as coisas venham ter contigo".
Mas a verdade é que as coisas acabaram mesmo por vir ter comigo, sem eu mexer uma palha. E, de um dia para o outro, ainda que mais ou menos temporariamente, a minha vida deixou de ter quase todo o tempo livre para fazer o que me apetecesse, para passar a trabalhar de segunda a sábado. Acabou-se o bem bom do ócio para vender o meu tempo livre.
E basicamente é isto. Ultimamente a minha vida resume-se a trabalhar e treinos de ténis-de-mesa, duas vezes por semana, quase sempre sem tempo, mas, principalmente, sem vontade, daquela falta de vontade tantas vezes transformada em "dores de cabeça", para parar um pouco e escrever aqui no diário, as minhas lamentações. Porque escrever um texto, por pequeno que seja, exige bem mais do que partilhar uma frase no Twitter. E por isso é que o Trump escrevia uns 25 tweets por dia mas nunca teve um blogue (e eu até tenho três).
quarta-feira, 1 de dezembro de 2021
Demonstrações de Afeto e Palavras Gastas
Gostei muito do último Fala com Ela, uma conversa de Inês Meneses com Gregório Duvivier, a propósito do espetáculo que veio fazer a Portugal com o seu amigo Ricardo Araújo Pereira.
verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
no tempo em que o teu corpo era um
aquário,
no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E, no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
Não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
sábado, 27 de novembro de 2021
Bruxaria: uma Profissão de Futuro
A Bruxa de Matosinhos, que eu não faço ideia de quem seja, só de um cliente, Pinto da Costa, o bom católico e crente das Encenações de Fátima, recebe 50 mil euros por mês. Eu não faço ideia quantas horas a senhora trabalha por mês, e sei lá que sortilégios serão precisos só para aconselhar o presidente do Futebol Clube do Porto, mas assim à partida, não me parece nada mau salário!
Já um jovem que passa tantos anos estudar - temos a geração mais formada de sempre não é? - chega ao mercado de trabalho e vai ganhar menos de 950€ / mês (menos que um salário mínimo em Espanha). E depois estranhem que um terço dos jovens queira emigrar e os patrões andem agora, todos os dias, a choramingar nos jornais que não conseguem contratar ninguém para trabalhar ser explorado.
Concluindo.
Puto, se queres ser alguém na vida, não te mates a estudar medicina, engenharia, arquitetura, direito ou outras tretas quaisquer para acabares no bicha do centro de emprego. Se não tens jeito para dar uns pontapés na bola, então o melhor é começares já a ler o livro de São Cipriano e aprender a fazer umas bruxarias, porque isso sim é uma profissão com futuro!
quinta-feira, 25 de novembro de 2021
25 de Abril Traído
Não. Não acredites nas histórias que hão-de fazer-te chegar aí como verdades factuais. Lerás, ouvirás, que houve um golpe de esquerda, que nós tentámos o assalto ao poder, que estava tudo preparado para liquidarmos a democracia. Oh, oh, meu querid Jorge! Espero que não caias as asneira de crer em tais patranhas. Recorda-te que quase toda a Informação de que dispões é paga pelos nossos inimigos, serventuários da mistificação e da represália. Tu próprio mo disseste muitas vezes, quando descíamos o Chiado, nas tardes mornas daquele Outono de antes do teu forçado exílio: "Só a mentira lhes permite a sobrevivência".
E é com enorme mentira que eles escondem a sua traição, é com um monstruoso ato cénico que eles tentam mais uma vez enganar este pobre povo. Porque, na realidade, o que sucedeu, Jorge, foi apenas o abrir do pano para a ocorrência de uma das cenas da tragi-comédia que o capital encomendou para representar (com a mais cruas das realidades, acredita) o fim deste belo sonho que a História relembrará, através de um título simplista: "O 25 de Abril".
Está bem. Poderás dizer-me que era de esperar, posto que o próprio "25 de Abril" não passou de uma outra manobra. Mas escuta: nem todos os que, de soldado vestidos, saltaram sobre os mais-que-pôdres bastiões fascistas, eram títeres. Muitos deles (substituo: digo alguns deles, e se quiseres aponto-te os nomes) vieram para a rua dispostos a lutar e a morrer pelas mesmas razões que tu e eu defendemos. Depois, o povo desperto, deu-lhes carta de alforria e a revolução começou. E foi assim, e porque o povo quis, que os que não almejavam senão um virar de página do mesmo livro, se aperceberam de que o processo lhes fugia das mãos frustradas. A planta do poder da popular (frágil ainda mas ameaçando tornar-se pujante e erradiça) apavorou a hidra. Tornava-se imperioso matá-la, antes que fosse árvore robusta, floresta indstrutível. O 28 de Setembro e o 11 de Março, vamos compará-los ao retesar do arco: o 25 de Novembro foi o tiro nas espáduas. Repito: nas espáduas. Aliás, não desconhecesses como eles sabem usar a traição. E assim a Revolução cambaleou, caiu por terra. O espírito nazi espezinhou-a. Esquartejou-a. Espalha-lhe agora os membros por doquier. Depois rega-os com o querosene da infâmia. "Contra-revolucionários" começam a chamar os nossos pequenos neo-nazis, os que disseram um alto não à miragem vassala do passado. E tentam queimar-lhes os restos. De todos. Militares e civis. Do Povo inteiro.
Nota Para um Posfácio Coerente
Diz-se que o 25 de Novembro veio restituir o 25 de Abril à sua pureza. Diz-se isto com demasiada frequência (não isenta de certo ar demagogo), assim à maneira de quem teme que seja fácil provar o contrário. E parece que que chegou o momento de dizer que, de facto, é fácil provar o contrário (...)
No que diz respeito às intenções deste meu relato, não procuro a Verdade Absoluta - o que seria estulto e por isso contento-me com uma verdade relativa. Mas uma verdade relativa que, para além das situações subjectivas nela implicadas, permite aos factos que tenham voz por si mesmos. Vi, ouvi, tive em mãos dados concretos. E, mais importante ainda, assisti, quero dizer, testemunhei. Direi, sem receios a contradições, que pelo menos em determinado momento, fui certamente o jornalista mais bem informado sobre os acontecimentos do 25 de Novembro. Isto bastaria para me levar à tentação de escrevinhar rapidamente, oportunisticamente, um livreco a atirar para o sensacionalista, de que se venderiam, tenho a certeza, muitos milhares. Preferi deixar correr o tempo. Fora dois artigos publicados no estrangeiro em cima da hora, não voltei a servir-me dos meus apontamentos - até porque houve uma altura em que falar do 25 de Novembro, só nos comunicados oficiais. Era tabu. Triste, porém, será o país onde, sobre um acontecimento que interessa a todos os cidadãos, só a verdade oficial tenha voz (...)
Por acaso, até houve quem lançasse o aviso muito a tempo. No início do chamado Verão Quente de 75, quando já eram visíveis os sintomas do pleno levantar a cabeça da reação, um homem que, se achava largamente informado do que se passava nos bastidores políticos e militares, disse-me durante um breve encontro: "Existe um plano de direita que está a ser integralmente cumprido" (...)
Tínhamos ultrapassado o 28 de Setembro e também o 11 de Março, determinados pelo espantoso irromper do poder popular. Confiávamos nos homens do 25 de Abril e nas promessas de um Portugal irreversivelmente rumo ao socialismo. Ingenuamente. Ignorávamos a manobra oculta, a navalha escondida na manga. Sabíamos, lá isso sabíamos, que havia forças que se moviam - até algumas que se apelidavam de esquerda - no intuito de matar o 25 de Abril. Mas sempre pensávamos que a traição pura não estaria com elas. E estava.
segunda-feira, 22 de novembro de 2021
Quando a Caminhada Fica Dura Só os Duros Continuam a caminhar
terça-feira, 16 de novembro de 2021
"Deviam Estar na Cozinha"
etal.
sábado, 13 de novembro de 2021
A Verdadeira Experiência Real
Muitos disseram que isto nunca seria possível. Mas há uma revolução a acontecer na forma como nos podemos contactar. Uma experiência tão real que não precisa de internet, eletricidade, muito menos de óculos e auscultadores bizarros que fazem as pessoas parecer idiotas.
Para ter uma experiência verdadeiramente real basta ir para o mundo real, em que a água é molhada e onde há humanos de carne e osso para nos conectarmos. Tal como há milhões de anos.
domingo, 7 de novembro de 2021
Como Agir Perante um Fascista?
Vamos imaginar que, subitamente, apanham um susto do caralho, porque vos aparece uma pessoa contaminada por ideias fascistas com a tanga de que o outro diz as verdades. Como proceder para salvar a vida?
É dar-lhe logo imediatamente com os pés para ver se ele vai dar meia volta e tentar contaminar outra pessoa com as suas ideias.
Se não resultar é tentar por todos os meios tapar-lhe a boca, porque, como é óbvio, impedindo-o de falar a probabilidade de serem contaminados por tais ideias é mínima!
Caso não consigam realizar estas manobras, então será o vosso fim. Começarão com os primeiros sintomas como dizer que o aumento do preço dos combustíveis é do governo e muito rapidamente já estão a dizer que o principal problema do país é os ciganos e que precisamos de voltar à Idade Média e aplicar a pena de morte.
Caso se consigam manter a uma boa distância de segurança do fascista, também se podem salvar se lhe conseguirem dar a ler um bom livro de história.
terça-feira, 2 de novembro de 2021
O Jardineiro, o Médico e a Gisela João
segunda-feira, 1 de novembro de 2021
Brandon Lee
sábado, 23 de outubro de 2021
Palavras a Cair em Desuso (2) - Ror
quarta-feira, 20 de outubro de 2021
O Jardim de um Filme Espetacular
Foi em 2007 a primeira vez que fui à Opera. Um colega tinha arranjado bilhetes e ia com a irmã. Talvez os amigos dele, que eram mais meus colegas que amigos, tenham achado que ser gótico ou metaleiro não se coadunava com idas ao Coliseu para ir ver La Traviata e acabou por me perguntar se eu queria ir com eles. Por essa altura todas as desculpas eram boas para não estar em casa, mas também aceitei pela curiosidade. Por vezes na vida há oportunidades que, se não as agarrarmos nesse exato momento, elas passarão e não mais voltaremos a ter a oportunidade de fazer determinada coisa. E assim foi. Nunca mais voltei a ir à Opera e devo dizer que gostei bastante de ter ido, mas, temos que ter em conta que, já na altura os bilhetes mais baratos andavam à volta de 30/35€ daí que não tivesse estranhado em ter visto toda a gente muito bem vestida na plateia.
Tudo isto da Opera para dizer que, só conhecendo de facto determinada coisa é que estaremos preparados para a melhor poder apreciar (ou não).
Se "Tempos Modernos" de Chaplin é um filme (que também recebi neste lote) é muito conhecido por ser uma sátira ao capitalismo bem como ao nazismo e, aos maus tratos dos trabalhadores na indústria, "O meu tio" é uma sátira à vida moderna, das pessoas com muito dinheiro, que vivem em casas que mais parecem caixotes, com eletrodomésticos sofisticados e botões onde se carrega para fazer tudo de forma automática. Vidas modernas a fazer lembrar o Admirável Mundo Novo mas onde se calhar falta o mais importante.
Em 2019 regressei pela segunda vez a Allariz para o Festival de Jardins espanhol que tinha por tema "Jardins de Cinema". E nos jardins a concurso tinha precisamente um jardim espanhol que era uma representação da casa e jardim dos Arpel, a família rica do patrão de uma fábrica de plásticos.
terça-feira, 19 de outubro de 2021
O Que Têm os Elefantes e os Gatos em Comum?
domingo, 17 de outubro de 2021
Palavras a Cair em Desuso (1) - Escanhoado
sábado, 16 de outubro de 2021
A Psicologia Sobre a Personalidade Autoritária das Pessoas dos Partidos Conservadores e Fascistas
A teoria das frustrações continua a ser uma das bases de explicação psicanalítica dos antagonismos políticos, mas pareceu insuficiente ao próprio Freud, que a completou com outras. Na segunda parte da sua vida pensou que a agressividade e a violência, sobretudo assentavam também num "instinto de morte", que descreveu em conflito com a líbido. A luta de Eros e de Tanatos, no coração de cada homem, é um dos aspetos mais grandiosos, mas o mais desconcertante e obscuro das doutrinas psicanalíticas. Cada ser, como que tomado por vertigem, seria, ao mesmo tempo, levado a querer viver através do prazer e a procurar a sua própria destruição. Contudo, ninguém ousa olhar a morte de frente; ela repele, ao mesmo tempo que atrai. Transfere-se assim para os outros o desejo de autodestruição: a agressividade, quer dizer, a tendência para destruir os outros, seria, pois, uma transferência do instinto da morte por aqueles que são por ela dominados, aqueles em quem Tanatos tende a recalcar Eros.
A agressividade, a violência, o domínio, o autoritarismo - fatores evidentes de antagonismo político - também podem ser o resultado de um fenómeno de compensação. A psicanálise insiste muito na ambivalência dos sentimentos e das atitudes de carácter contraditório. Para ela, a propensão para o erotismo pode ser uma consequência, quer de uma forte potência sexual, quer, pelo contrário de uma impotência que impele a sua vítima a afrmar-se nesse domínio, para disfarçar a sua insuficiência. Do mesmo modo, o desejo de dominar, a atitude autoritária pode resultar, quer da vontade real de poder de um indivíduo forte e enérgico, quer de uma fraqueza psicológica, de uma perturbação íntima e de uma incapacidade de se dominar e de se fazer respeitar pelos outros, que é disfarçada por detrás de uma atitude oposta.
Sob este aspeto é muito interessante o célebre inquérito realizado nos Estados Unidos em 1950, por T. Adorno, sobre a "personalidade autoritária". Este demonstrou que atitude conservadora em política está ligada a um certo tipo de estrutura psicológica. A personalidade autoritária é definida por um conformismo rigoroso, pela submissão cega aos sistemas de valor tradicionais, pela obediência fiel às autoridades, pela visão sumária de um universo moral e social dividido em categorias bem marcadas (bem e mal, negro e branco, bons e maus), em que tudo é claro, regulamentado, delimitado; em que os poderosos merecem mandar porque são os melhores, e os fracos merecem a situação subordinada porque são inferiores sobre todos os aspetos; em que o valor das pessoas é determinado unicamente segundo critérios exteriores, baseados na condições social.
Este conjunto de comportamentos políticos é, sobretudo, uma característica dos indivíduos com falta de confiança e si próprios, que nunca conseguiram construir a sua própria personalidade, estabilizá-la, que duvidam do seu "eu" e da sua própria identidade. Agarram-se aos aspetos exteriores porque não têm nada dentro de si a que agarrar-se. É a eles próprios, é a base do seu eu, é o seu equilíbrio psicológico que eles defendem ao defenderem a ordem social. Daí a sua agressividade e o seu ódio aos opositores, e sobretudo "aos outros", aos "diferentes", àqueles cuja forma de existência e sistema de valores constituem um desafio à ordem social, cujo fundamento e generalidade põem em dúvida.
As personalidades autoritárias aderem aos partidos conservadores nos tempos calmos, quando a ordem social não está ameaçada. Se esta é contestada, a sua agressividade cresce naturalmente e impele-os para os movimentos fascistas. Assim, são as pessoas menos sólidas interiormente que exibem a maior solidez exterior, e os partidos baseados na força são sobretudo constituídos por fracos.
O autoritarismo , o domínio, a violência, têm ainda outras explicações psicológicas. São por vezes uma compensação para os fracassos individuais. Vingamo-nos nos outros do facto de nos detestarem, de troçarem de nós, de nos considerarem inferiores. Os fracos, os imbecis, os falhados, procuram afirmar-se humilhando os que lhe são superiores, procurando rebaixá-los abaixo do seu nível.
Introdução à Política / Maurice Duverger (1964)
A Culpa das Mortes nas Estradas Portuguesas é dos Radares!
Muitas cidades por essa Europa fora têm limites de 30Km/Hora dentro das cidades. E isto não é feito à toa mas sim porque é estudado.
Um peão que é atropelado por um automóvel a 50Km/hora tem 50% de possibilidades de morrer. Percentagem que sobe quase para morte certa quando é atropelado a 70Km/hora. Mas se um peão for atropelado a 30Km/h dificilmente será morto.
Eu ainda sou do tempo em que, dentro das localidades, se permitia uma velocidade máxima de 60Km/hora. Mas, claro, se se podia andar a 60, toda a gente, como é lógico para o típico condutor português, que se andava a uma velocidade superior! Entretanto a velocidade desceu para 50Km/hora e, talvez os portugueses tenham abrandado um pouco o pé no pedal dentro das localidades.
Aqui a pequena povoação onde vivo é atravessada pela Estrada Nacional N108, com algumas curvas fechadas, mas, também, com algumas retas em que, no entanto, não se pode andar a mais de 50Km/hora. Só que, o típico português, olha para uma longa reta e nem olha para os sinais! Toca mas é a acelerar e fazer de conta que se está num circuito de Fórmula1. Só que as estradas não são circuitos de automobilismo e há peões a atravessá-las. E, infelizmente, aqui na aldeia já várias pessoas foram atropeladas mortalmente. Será então normal que a polícia se faça mostrar e multe quem ande por aí armado em Fitipaldi a acelerar dentro das localidades.
Mas parece que há pessoas cá na terra, de um determinado partido ilegal, em que o líder até já se demitiu três vezes, que acham que o problema dos atropelamentos mortais nas estradas são culpa dos radares! Ó vida cruel! Vivemos numa autêntica ditadura em que as pessoas já não podem livremente transgredir a lei à vontade sem ser multadas! Isto é "uma vergonha!
quarta-feira, 13 de outubro de 2021
Comecei a Conduzir Há 22 Anos e Algumas Considerações Sobre Carros e Combustíveis
Sim, é verdade que passam hoje 104 anos de mais uns quantos episódios das Encenações de Fátima, mas não é sobre isso que venho aqui escrever hoje. Passam hoje também 22 anos desde que fiquei aprovado a conduzir automóveis.
O primeiro carro que comprei para conduzir tinha oito anos. Hoje conduzo um carro que tem vinte anos! Tive mais carros em nome, comprados para outras pessoas, mas nestes vinte e dois anos só comprei três carros para eu conduzir e, durante alguns anos, mantive dois carros, o que, diga-se é bastante dispendioso. E ninguém estranhará se eu disse que o carro mais fiável que tive foi o primeiro, um Renault 19 1200cc com motor de corrente a gasolina que vendi em bom estado com 370 mil Km.
Uma coisa é certa: não voltarei a comprar um comprar um carro semi-novo pois, como já refleti aqui, é deitar muito dinheiro ao lixo todos os meses.
Quando comecei a conduzir a gasolina para o carro custava 160$00 /Litro (80 cêntimos) e o salário mínimo era de 305€. Hoje foi noticiado que, em alguns postos de combustível, a gasolina chegou a 400$00 (2€/Litro) e o salário mínimo nacional está nos 665€.
Quando comecei a conduzir, o preço da gasolina era o mesmo em todos os postos de combustível do país, de Vinhais a Castelo Branco, passando pelo Algarve e Lisboa, fosse um posto da GALP, BP ou de outra marca qualquer, em todo o lado o preço era o mesmo, quer se vivesse numa aldeia só com um posto de combustível e que nos próximos 50Km não existisse mais nenhum. Sabíamos que, onde quer que fôssemos pagávamos sempre o mesmo por um litro de combustível até, claro, que o governo decidisse aumentar o preço. Então, nesse domingo anterior ao aumento, formavam-se enormes bichas para abastecer.
Mas três anos depois de ter começado a conduzir, veio um senhor primeiro-ministro, Durão Barroso, com a excelente ideia de "liberalizar" os preços.
Dizia ele que, se deixarmos nas mãos dos privados a decisão de aumentar ou baixar os preços, a concorrência fará descer os preços. Só que, ao fim do primero ano, os preços já tinham aumentado 50%! E algum tempo depois descobrimos até que um 1€ se poderia dividir em três casas decimais de cêntimos, com os preços todos iguaizinhos nas autoestradas!
Também não deixa de ser muito curioso. Tenho para mim que, hoje quem anda de carro todos os dias queixa-se do preço dos combustíveis. Mas estou em crer que, daqui a não muito tempo, chegará o tempo em que, mesmo quem não anda de carro regularmente se queixará do preço da eletricidade. Se calhar, daqui a algum tempo, mais portugueses passarão frio no Inverno por não poder aquecer a casa, porque chegou essa coisa espetacular dos carros elétricos que, se calhar, também iremos um dia descobrir que, afinal tinham uma enorme pegada ecológica, tal como nos diziam há vinte anos, quando comecei a conduzir, que os motores a diesel era o futuro.
Porque é que Não se Ama Quem Não Ouve a mesma Canção?
"Contigo aprendi uma grande lição
"Eu quando escrevi essa canção estava-me a pôr na pele de quem tem quinze anos em 1968. Alguém que em 1989 se estava a pôr na pele de alguém m 1968 num outro quadro mental e saiu-me aquilo assim.
Claro que eu também tenho um bocado dessa pessoa mas, sempre tive essa noção de que, obviamente, isso é uma cena muito a preto e branco, não é?, mas, em 1968-70, as coisas estavam tão extremadas que se podia dizer quem estava do nosso lado e que não estava só pela roupa que vestia. só pela música que ouvia. Hoje isso já não acontece, já nos anos noventa não acontecia... as coisas mudaram tanto. Mas, nos anos sessenta, era exatamente assim. Havia em "eles" e um "nós". Nós, os que éramos os bons, que estávamos pelos lados das mudanças, que queríamos a revolução sexual, que usávamos a cor certa, que ouvíamos a música certa, o cabelo certo... E os outros eram os caretas. Tão simples quanto isto. E havia essa divisão e querer, de algum modo misturar os dois mundos era quase impossível. E ao nível do amor isso era muito claro".
É muito curioso como eu acho que, nos tempos atuais, de novos desafios com a subida ao poder da extrema-direita populista nos Estados Unidos, Itália e Brasil e a tornarem-se relevantes em França, Itália, Espanha, e, pasme-se, até em Portugal, e com os recentes movimentos "negacionistas", muitos deles financiados por grandes magnatas de extrema-direita, e com todas estas clivagens políticas, acho mesmo que estamos precisamente a voltar ao tempo dos anos 68-70, um tempo, como Carlos Tê refere, do" nós" e do "deles". "Nós" que defendemos o ambiente, os direitos das minorias, a democracia, e "eles", o inimigo, que defende voltarmos a um tempo não muito distante de obscurantismo, de guetos para minorias raciais, do regresso da pena de morte e da tortura, de prisões políticas e expatriamentos.
Ainda assim, e graças à aberrante globalização, hoje é muito mais difícil olhar e separar as águas. Se antigamente um nazi rapava o cabelo e usava botas de combate, hoje, o mesmo indivíduo com ideias nazis, pode ser o teu vizinho, que veste camisinha ou polo Lacoste e pullover pelas costas, com cabelinho à foda-se e, aparentemente, ser aquele indivíduo bonitinho ideal para se levar lá a casa a conhecer os pais.
Como várias vezes costumo repetir (frase de Bernard Shaw) a História ensina-nos que não aprendemos nada com a história. E se é verdade que não são fáceis estes tempos, ainda assim, e porque são insondáveis os mistérios do amor, acho perfeitamente possível que nos possamos encantar ou criar empatia por quem, à partida, qualquer pessoa vendo de fora acharia impossível de acontecer.
Mas entristece-me ler determinadas coisas na internet como "eu simplesmente não me dou com pessoas diferentes de mim ou que não pensam como eu". Toda esta loucura irracional está a levar que pessoas outrora veneradas, artistas respeitados por toda a gente, como, por exemplo, Chico Buarque ou Caetano Veloso, de repente, passaram a ser censurados ou, como agora se diz "cancelados".
Mas, se até Wilhelm Hosenfeld, um oficial alemão nazi, ajudou a salvar a vida do pianista polaco e judeu Wladyslaw Szpilman (ver filme: O pianista de 2002) porque é que duas pessoas que pensam diferente não podem encontrar pontos comuns? Porque raio é que não podemos amar quem vota num partido diferente do nosso?
terça-feira, 12 de outubro de 2021
Há Patrões que Não Querem Trabalhar
Por estes dias muito se tem falado e ouvido que há muitos empregos sem um único candidato, e vários empresários deste país, a queixar-se que as pessoas não querem trabalhar, que preferem ficar em casa com subsídios do que aceitar um trabalho. Coitados, não conseguem encontrar trabalhadores para a agricultura ou para as vindimas, trabalhos tão bons e bem remunerados.
Eu gostaria de deixar aqui uma mensagem de solidariedade para com estes empreendedores porque eu compreendo-os muito bem. Também eu tenho andado por aí com 665€ na mão, a querer comprar o novo Land Cruiser, e acreditam que ninguém mo quer vender?
É mesmo revoltante. Há pessoas que, de facto, não querem mesmo trabalhar nem fazer dinheiro. Preferem ficar lá com os carros empatados do que vender por um preço perfeitamente justo e aceitável. Mais, eu até me sujeito para ser pago e ficar com o carro - tal como muitos trabalhadores se sujeitam a pagar para trabalhar a recibos verdes - mas nem mesmo assim me querem vender o raio do carro.
segunda-feira, 11 de outubro de 2021
Porque é que os Ricos Compram Televisões e Jornais?
*no livro está escrito 1960, mas como este foi publicado em 1927 isso é impossível pelo que deduzo que seja 1860
Sobre a Democracia e Outros Estudos / Aldous Huxley (1927)
domingo, 10 de outubro de 2021
Refletir a Quem Damos Valor na Sociedade
The New Yorker |
Na mesma semana que a Forbes dá esta lista são também anunciados os prémios Nobel da física, da química e da medicina. E as pessoas mais ricas dos Estados Unidos, e também do mundo, não inventaram a cura para nenhuma doença, não erradicaram a fome e nem pagam impostos. E acho que nós devemos refletir sobre estes elementos de riqueza mundial, onde estamos a dar valor a quem vive da internet, controla a internet, controla o retail e vende roupa da Zara. São estas as pessoas mais ricas do mundo.
(Sara Baptista / O Esplendor de Portugal)
Zara". Sara Baptista
quinta-feira, 7 de outubro de 2021
De Olho em Ti
"A verdadeira viagem de descobrimento não consiste em procurar novas paisagens mas sim em ter novos olhos".
Como Atirar a Máscara ao Chão de Forma Ecológica
terça-feira, 5 de outubro de 2021
Filmes de Culto: O Corvo
"Antes dizia-se que, quando alguém morria, um corvo levava a alma para a terra dos mortos. Mas, às vezes acontece algo tão mau, que uma tristeza terrível acompanha a alma, não a deixando repousar. E, às vezes, mas só às vezes, o corvo pode trazer a alma de volta para corrigir o que estava errado".
"Um prédio arde. Só restam cinzas. Pensava que tudo se passava assim. Famílias. Amigos. Sentimentos. Mas agora sei que, por vezes, se o amor for verdadeiro, nada separa duas pessoas que devem estar juntas."
Por estes dias comprei esta edição usada de "O corvo". Não sei quando foi a última vez que tinha visto o filme, mas foi certamente há muito tempo para eu já não me lembrar de quase nada!
Nem sequer da frase "Can't rain all the time"!
Nunca saberemos o que poderia tido sido o filme se o protagonista não tivesse morrido na rodagem (ou sido assassinado?). Porque quer queiramos, quer não, isso colocou imediatamente um grande foco de atenções em cima da estreia do filme. Tal como também não poderemos saber o que teria sido a carreira de Brandon Lee (filho de Bruce Lee) se esta tragédia não tivesse acontecido, e que, à semelhança do pai, também foi morto no quinto filme que rodava. Por outro lado tudo isto ajudou a perpetuar o mito de ambos.
"O corvo" foi rodado em 1993 e é inspirado na banda desenhada de James O’Barr que, por sinal, também ele viveu uma tragédia pessoal. A namorada foi atropelada e morta por um condutor bêbado, e uma das formas que ele encontrou para exorcizar os seus demónios e sentimentos de culpa foi precisamente desenhando a história de Eric Draven (interpretada no filme por Brandon Lee) que regressa dos mortos para vingar o seu assassinato e o assassinato da namorada.
O filme é bastante negro, a própria fotografia do filme é sombria, passa-se sempre de noite, por vezes parece quase a preto e branco (como na banda desenhada), é bastante gótico com a pintura facial que Eric usa (quase ao estilo de Joker do Batman) com uma banda sonora muito boa (The Cure, Rage Against the Machine, Nine Ich Nails) e onde o fio condutor é esta ideia romântica do amor eterno, e, já agora que penso, se calhar, à semelhança de Dracula de Bram Stoker que saiu, precisamente um ano antes (e que também já é altura de rever!). Quem nunca viu "O corvo", veja, porque vale bem a pena.
segunda-feira, 4 de outubro de 2021
CTT: Agradecer a Passos Coelho, Portas, Relvas e Moedas
Finalmente podemos dizer que temos um serviço de Correios que é mesmo uma valentemente merda, sendo até considerados no estrangeiro como "não confiáveis" e estão ao nível de países tão desenvolvidos como Síria que nem as casas tem de pé.
Mas este agradecimento é também extensível a António Costa, atual primeiro-ministro, de um governo que nasceu de um partido que tem no nome "socialista", mas que nada fez no sentido de reverter a situação e, por exemplo, renacionalizar, como tem sido defendido pelos partidos de esquerda.
Esta situação é para juntar à série: "um privado gere sempre melhor que o Estado". Não, um privado não gere melhor nem defende o serviço público. Um privado só se preocupa com uma coisa: ganhar dinheiro. A qualidade do serviço que se foda!
domingo, 3 de outubro de 2021
Conversas Improváveis (63) - A Nova Estirpe Perigosa que Nasceu em Portugal
Ela achou que foi mais um "Dia do Suicídio".
Ainda assim, talvez por ser de um dos países com mais mortos do mundo, ela acabou por batizar uma nova estirpe perigosa que surgirá em Portugal: a variante Teca.
De "discoteca"!
sábado, 2 de outubro de 2021
Brinquedos Sexuais Vão Passar a Ter Inspeção Obrigatória
quinta-feira, 30 de setembro de 2021
Como é que Charles Currencies irá Governar a Câmara de Lisboa?
Em algumas páginas de notícias estrangeiras Carlos Moedas, o vencedor das autárquicas em Lisboa é traduzido de "Coins" ou "Currencies". Aqui estou Manuel Acácio, Charles Currencies!
Charles Currencies passou toda uma campanha, pelo menos daquilo que me foi chegando na net (até porque como sabem, eu não vivo na capital) a atacar as bicicletas e a promover os automóveis, o que, diga-se é de se dar valor. Num tempo em que tantos falam em sustentabilidade, promover o uso da bicicleta porque tem zero emissões e é uma prática saudável, o candidato da coligação de direita conseguiu de facto ser original e, fruto dessa coligação conseguiu mesmo ser eleito presidente da câmara.
Só que Charles Currencies, apoiado por uma longa lista de partidos: PSD / CDS / ALIANÇA / PPM / MPT / RIR (são tantos que nem sei se me estou a esquecer de algum!) conseguiu sete mandatos de vereação, os mesmos sete que Medina apoiado por PS / LIVRE, mas a CDU elegeu 2 vereadores e o BE um vereador. Concluindo, Charles Currencies é presidente de uma câmara municipal onde tem 7 deputados e a oposição 10 deputados, ficando com uma câmara praticamente ingovernável.
Sim, é verdade e também pensei nisso. É lógico que esta hora Pedro Steps Rabbit e Crest Assumption estão a dar voltas à cabeça para tentar entender como é possível que Currencies tenha ganho a câmara municipal, se só tem sete mandatos e a oposição tem dez! Desde que caíram do governo em 2015 que Rabbit e Assumption anda não percebem como funciona a democracia em Portugal, e temos de compreender que as regras das autárquicas também não simples de entender!
Mas o que interessa agora é saber como é que Currencies irá governar a câmara. Eu acho que a resposta está na imagem-'meme' que coloquei acima para se perceber melhor. Currencies foi um "animal feroz" contra as bicicletas em campanha eleitoral, mas será um gatinho muito fofinho a tentar fazer passar as suas ideias junto da oposição, sob risco das coisas não lhe correrem muito bem.