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domingo, 17 de outubro de 2021

Palavras a Cair em Desuso (1) - Escanhoado


A vantagem de ler livros com uns anitos (ou ouvir os programas do Júlio Machado Vaz!) é ter-se a oportunidade de perceber que há palavras que ainda há não muito tempo eram usadas correntemente e, vá lá saber-se porquê, parece que de um dia para o outro entraram numa espécie de triângulo das Bermudas e desapareceram do léxico dos portugueses.

O livro é de 1976 e a palavra é escanhoado de escanhoar. 

As barbas vão estando na moda. Ao menos é um hábito ecológico e a carteira agradece. Nem imagino os milhões de lâminas, de espuma e cremes hidratantes que se poupam todos os dias. Tudo passa e tudo regressa. Primeiro foram as barbas de três dias à Mourinho, depois as barbas à Che Guevara que agora vão até à ZZ Top. 

Contudo, apesar de muitos homens continuarem a querer usar o rosto bem escanhoado - como por exemplo o herói nacional da bola no relvado - no entanto parece que a palavra se eclipsou para todo o sempre e o vocabulário vai ficando cada vez mais pobre. 

quinta-feira, 17 de abril de 2014

A barba e as gaijas

Muito se tem falado de barba nos últimos tempos. No ano passado saía a notícia de um estudo australiano, que referia que as mulheres sentiam-se mais atraídas por homens com barbas. Outra notícia referia ainda que "a barba faz bem aos homens", porque protege a cara dos raios solares, diminuindo assim (supostamente) os riscos de cancro de pele, e constata ainda o óbvio, que a barba combate o envelhecimento da pele. Se o sol envelhece a pele, se a protegermos, seja lá com o que for, esta ficará protegida, logo não envelhecerá tão rapidamente - era preciso um estudo científico para chegar a essa conclusão?  

Há uns meses foi uma amiga minha a dizer-me "olha que as barbas compridas estão na moda"! "Oh diabo", pensei, não me digas que agora os gaijos todos vão agora fazer-me concorrência! Meto já uma lâmina na cara! E sem ter feito qualquer estudo - científico! - ao que parece estava certo, mas já lá vamos.

Hoje saiu mais uma notícia sobre as barbas dos homens, e com direito a primeira página no Diário de Notícias.


"Alto lá, isto interessa-me"! Fui-me inteirar da notícia, e desde logo constatar que o título é sensacionalista. Segundo mais um estudo australiano - estou a ver que na Austrália não há nada mais importante para se estudar! - chegaram à conclusão, mais uma vez, do que me parece bastante óbvio!

Então é assim, chegaram à brilhante conclusão, que as mulheres tendem a preferir o mais raro, ou seja, quando a maioria dos homens rapa a cara, o mulherio fica logo húmido quando vê um gaijo de barbas, por outro lado, quando estão rodeadas por uma maioria de homens com pilosidades proeminentes, as senhoras passar sentir-se mais atraídas por caras-pele-de-golfinho!

Façam lá um estudo sobre isto: um gaijo entra num bar, e se estiverem dez mulheres, nove loiras oxigenadas e uma de cabelo preto, para quem é que um gaijo vai olhar primeiro?! Vai uma aposta como, mesmo sem estudo científico, eu sei para quem é?

domingo, 30 de março de 2014

A entrevista

Eu tenho um indicador infalível, que mede a frequência com que sou chamado para entrevistas de emprego: a barba. Há umas semanas até tinha comentado com a minha amiga parisiense, que até estava a pensar em fazer um trança na barba tal era o seu tamanho! Mas nem de propósito - e só mesmo para me contrariar! - poucos dias depois, recebo um telefonema para ir a uma entrevista, precisamente no mesmo dia em que havia enviado o curriculum! No próprio dia? Mas esta gente pensa o quê? Que um desemprego não tem vida própria? Que a sua vida é estar em casa, de pernas abertas, à espera que o telefone toque? Acho que nem é preciso ter formação em recrutamento, acho que bastaria um pouco de senso comum, para se saber que não é assim que se fazem as coisas.

"Não, hoje vai ser impossível deslocar-me para uma entrevista" respondi. Mas nem que fosse para o melhor emprego-escravo do mundo! Lá se agendou para o dia seguinte (depois do fim-de-semana). Posto isto, lá tive de pegar na tesoura e cortar a barba, para não pensarem que sou judeu, talibã, ou sabe-se lá mais o quê! Cortar, é mesmo só cortar, não é rapar, que eu não sou cá nenhum cara-rapada higienizado! Nos últimos vinte anos, creio mesmo que só por uma vez meti uma lâmina na cara toda, e por culpa de uma gaija. Claro, sempre as gaijas! "Queria ver como ficas com a cara toda limpinha." e pronto, um gaijo apaixonado lá acede a tudo e mais alguma coisa! Mas foi uma vez sem exemplo! 

"A barba cresce rápido" foi o que pensei, e na verdade até acho que o corte me ficou bem!

A primeira tesourada

Depois de ter ficado com um ar mais - alinhado? - começou a ansiedade com a entrevista. Eu já fui a muitas entrevistas, e já rodei muito bem todos esses esquemas recrutador/recrutado e a forma como me comportar, e o que estão à espera, e como me vender da melhor forma. Mas toda esta ansiedade anormal, creio que teria a ver com o facto de estar há demasiado tempo desempregado, e as oportunidades são poucas ou nenhumas. 

A entrevista em si não sei como correu, pois só eles saberão o que acharam de mim. Prendi o cabelo (algo que nunca faço, nem nas entrevistas!) e lá fui eu. Terá sido das entrevistas mais informais a que fui... O "patrão"  começou por me tratar por tu, apesar de não ter andado comigo na escola, mas também não devíamos fazer grande diferença de idade. Era um homem e uma mulher, colocaram as cartas na mesa, e eu mostrei o jogo que tinha, e sem fazer bluff. Acho que se calhar fui demasiado humilde, e isso não é bom. Na volta acho que já estou destreinado das entrevistas, tão poucas são as que tenho dado! Por outro lado eles também sabiam muito bem de onde vinha. Demasiado bem até. 

"É muito difícil encontrar alguém com a sua experiência", disseram-me. "Pois, mas não me tem valido de muito" respondi. Podemos ter grande experiência, mas se não existem ofertas na área, de que é que isso nos vale? "Quanto é que achas que vales?" "Nada adianta dizer-lhe quanto valho, pois o que interessa mesmo é saber quanto têm para me oferecer" respondi. 

Passaram quatro dias, e apesar de ter ficado claramente com a ideia que seria um dos candidatos mais fortes que eles tinham, o telefone não tocou. Quer-me parecer que esta entrevista não valeu o corte que dei na barba, se bem que serviu para me motivar um pouco, e só isso já terá valido os 70Km que gastei em gasóleo.

"É muito difícil encontrar alguém com a sua experiência". Eu começo a ter grande experiência é como desempregado, isso sim. Não haverá por aí um nicho de mercado para gente muito experiente em desemprego?