segunda-feira, 27 de abril de 2020

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Trump Candidato a Nobel da Ciência 2020


Depois de muito se ter falado que Trump poderia ser laureado com o Nobel da Paz em 2019, e depois das recentes revelações sobre vírus, germes e bactéricas, que culminou ontem com esta conferência de imprensa, Trump está lançadísismo para ser agraciado com o Nobel da ciência deste ano.

Depois de Trump ter feito a descoberta brilhante que o coronavírus é muito inteligente e tem a capacidade de ser invisível!, eis que chega agora com a cura: fazer solário (na impossibilidade de não se ser fakir e não se conseguir engolir um candeeiro) ou então, bem mais prático: injetar desinfetante! (e andaram por aí a gozar com os youtubers, enfim!)

A pneumónica matou milhões de pessoas há cem anos, mas Trump chega-nos agora em 2020 para nos salvar a todos do novo vírus. Caso não vença o Nobel da ciência será este ano será, novamente, uma uma tremenda injustiça. 

domingo, 19 de abril de 2020

A Pandemia Cá na Aldeia

Foi no início do mês de Março que foram confirmados os primeiros casos de infeção por coronavírus em Portugal (ainda que já poderia haver por aí mais casos, simplesmente assintomáticos). Mas apesar do vírus já estar aí a propagar-se há uma semana, cá no burgo as pessoas lembram-se de ir numa excursão, três autocarros, só de mulheres, celebrar o dia da mulher.

E a prova de como andar por aí misturado com outras pessoas dá mau resultado, é que, graças a esta excursão, além do motorista, várias mulheres ficaram infectadas, e, pelo menos num dos casos que foi sabido, resultou mesmo num internamento nos cuidados intensivos. Ou seja, apensas duas semanas depois do vírus ter aterrado em Portugal, já cá tinha vindo também visitar a minha aldeia. 

E se pensarmos, isto é muito interessante. As pessoas viajam e, para poupar nas despesas fazer couchsurfing, pois este vírus faz o mesmo, anda por aí a visitar o mundo inteiro mas fazendo humunsurfing!

Entretanto dez dias depois de conhecido o primeiro caso, o governo, e muito bem, decreta o encerramento das escolas. Só que as escolas foram encerradas para os miúdos ficarem fechados em casa. Encerrar as escolas temporariamente não foram férias, era para os miúdos não se misturarem. Mas não foi isso que eu vi. Na minha rua o que vi foi os miúdos andarem todos juntos a brincar, jogando à bola ou a andar de bicicleta. E se, de forma geral as pessoas deram bons exemplos, outras pessoas houve que mereciam era uns chapadões no focinho.

Tomei conhecimento de um caso muito próximo, em que uma pessoa, mesmo sabendo que estava infetada, resolveu continuar a trabalhar como se nada fosse. Talvez achando que não tinha grande mal devido ao seu trabalho ser, cuidar de um idoso! E foi precisamente o filho do idoso que, vendo-a com tanta tosse, resolveu mandá-la embora ou que apresentasse um documento atentando que não estava infetada. A estupidez é tanta que a pessoa não pensou que, se infetasse o idoso e este morresse ela ficaria sem trabalho. Não dá para entender.

Cá na aldeia quem mais deve estar a lucrar, e ainda bem, será a merceeira porque o negócio não ia lá muito bem. Como agora as pessoas, e bem, não se querem expor, serão estes negócios de proximidade a lucrar mais, evitando assim que as pessoas façam deslocações. Por outro lado esta senhora também se expõe bastante ao vírus porque contacta com muitas pessoas, que entram loja adento e nem sempre haja respeito do devido distanciamento social. Mas são as mercearia da aldeia que vão fornecendo as pessoas naquilo que elas mais precisam. Ainda por estes dias telefonou-lhe uma rapariga, duma família fechada em casa por estar infetada com coronavírus, perguntando se lá poderia ir e a senhora da mercearia acedeu, advertindo no entanto que fosse protegida com máscara e luvas.

Nestes dias de quarentena o silêncio impera. Interrompido algumas vezes por moto-serras a deitar pinheiros e eucaliptos abaixo porque é tempo de limpar em volta das casas. O fim-de-semana da Páscoa foi dos dias mais silenciosos, não se ouvia qualquer barulho humano, só mesmo os passarinhos. Já neste fim-de-semana que hoje termina - se é que isso interesse para alguma coisa, porque os dias passaram a ser todos iguais - mais parecia que vivo junto a um autódromo e havia uma competição de motociclismo a decorrer lá ao longe na estrada nacional.

Faz amanhã, dia vinte, um mês que estou por casa. Faz também um mês que decidi não tomar a medicação. Por agora, aparentemente, está tudo bem. Depois logo se vê o que vai acontecer.

sábado, 18 de abril de 2020

Sabias Que a Califórnia Foi Roubada aos Mexicanos?

"A Califórnia já pertenceu ao México, e as suas terras aos mexicanos; uma horda de americanos andrajosos e febris inundou a região. E tal era a sua fome de terra que as tomaram, roubaram as terras dos Suters e dos Guerreros, roubaram e destruíram as concessões e esses homens esfomeados e raivosos brigaram uns com os outros sobre a presa e guardaram de armas na mão as terras de que se tinham apoderado. Isto era a apropriação e a apropriação equivaleria a um título de posse. 
Os mexicanos eram moles por excesso de alimentação. Não puderam resistir porque nada se desejava no mundo como os americanos desejavam aquelas terras. 
Depois, com tempo, os acocorados deixaram de ser acocorados para passarem a proprietários; os seus filhos cresceram, e por sua vez tiveram filhos. E a fome acabou-se entre eles, essa fome animalesca, essa fome corroedora e lacerante da propriedade, da água e de um céu azul sobre ela, da relva fresca exuberante , das raízes entumecidas.
Tinham tudo isso, e com tal abundância que deixaram até de ver essa riqueza. Já não se sentiam corroídos pela ânsia de obterem um acre de terra fértil ou um arado brilhante para nela abrir sulcos, sementes ou um moinho agitando o ar com as pás. Já não acordavam nas madrugas escuras, para ouvir o primeiro chilrear dos pássaros ainda ensonados, ou o ruído do vento matinal em torno de casa enquanto aguardavam os primeiros clarões, à luz dos quais deveriam ir para os seus amados campos. Tudo isso fora esquecido, e as colheitas eram avaliadas em dóllars e as terras eram-no em capital mais juros e as colheitas compradas e vendidas mesmo antes de se fazer a plantação. Nessa altura, já o malogro das colheitas, as secas e as inundações haviam deixado de significar pequenas mortes dentro da vida, mas simplesmente perda de dinheiro. E todos os seus afetos eram medidos pelo dinheiro, e toda a sua impetuosidade se diluía, à medida que lhes aumentava o poder, até que finalmente eles deixaram de ser fazendeiros ou rendeiros, para se transformarem em homens de negócios dos produtos da terra, pequenos industriais que tinham de vender antes de terem produzido qualquer coisa. E os fazendeiros que não eram bons negociantes, perdiam as suas terras, em favor dos que eram bons negociantes. Não importava que fossem trabalhadores diligentes e que amassem a terra e tudo quanto nela crescia, desde que não fossem também bons negociantes. E, com o tempo, os bons negociantes apropriaram-se de todas as terras e as fazendas foram aumentando de tamanho, ao mesmo tempo que diminuam em quantidade....


sexta-feira, 17 de abril de 2020

Lavagem de Dinheiro

A expressão "lavagem de dinheiro" significa que é preciso tornar "limpo" o dinheiro "sujo". É preciso justificar a entrada de grandes quantidades de dinheiro sujo obtido ilegalmente.  Não se pode simplesmente desatar a gastar dinheiro à toa sem se ter uma justificação plausível para o efeito. Então lava-se o dinheiro para ele ficar limpinho, limpinho, limpinho!

E eu hoje também andei a lavar dinheiro. Não foi propriamente uma grande quantidade de dinheiro, mas tendo em conta que não sabia a sua origem, achei mesmo por bem lavá-lo com sabão. 


quinta-feira, 16 de abril de 2020

O Que Aprendi na Telescola Sobre Defesas e Vacina




Devido à pandemia esta semana voltou a Telescola. 
Eu, apesar de viver a vinte quilómetros da segunda maior cidade do país, também andei na Telescola dos anos oitenta. Feita a quarta classe, o caminho seguinte para os alunos aqui da aldeia que continuassem a estudar era ir para a Telescola que ficava a 4Km da escola primária. 
Apanhávamos a camioneta junto com as outras pessoas todas que iam para os seus trabalhos, mormente os trabalhadores de uma fundição que ficava lá perto e lá íamos para as aulas do 1º e 2º anos do ensino preparatório. 

Tínhamos dois professores: um de ciências (matemática/ciências) e outro de letras (português/francês/história). E cada aula começava na televisão, que dava na RTP, em que se explicava , durante dez ou quinze minutos explicava a matéria do dia. No restante tempo da aula, o professor tirava as dúvidas e fazíamos os exercícios. Isto tinha ainda a vantagem de, caso algum aluno faltasse por doença, podia sempre assistir às aulas em casa. Os testes eram iguais para todas as escolas, e eram corrigidos pelos nossos professores, mas eram sempre sorteados por algarismos as escolas que teriam de enviar os testes dos alunos para serem corrigidos pela entidade responsável, e talvez assim, digo eu, confirmassem o nível dos alunos nas diferentes escolas. 

E a verdade é que, quando cheguei ao 7º ano (sim, passei do 2º da Telescola para o 7ºano!) a verdade é que nunca senti que estava pior preparado que os restantes alunos que vinham do ensino direto. E o mais interessante é que estava agora aqui a ler nesta reportagem do Diário de Notícias que enquanto a Telescola atingiu uma taxa de insucesso escolar na ordem dos 10% ou 15%, no ensino direto rondava os 30%!!

Fui agora via Google Maps ver como está o edifício da escola onde tive Telescola e está bastante  diferente como é lógico. Já não tem o chão em terra batida onde jogávamos à bola, e não sei porquê, mas tenho ideia que pavilhão de madeira que havia era mesmo em frente ao edifício principal de dois pisos. Terá sido demolido e construído o outro, que se vê na imagem à esquerda. 



# Recordação dos Tempos de Telescola

CTT Muito Expresso a Perder Encomendas

Neste período de pandemia tenho feito alguns envios por CTT Expresso. Eles vêm buscar as encomendas a casa e devem ser entregues ao destinatário no dia seguinte. Acontece que nesta segunda-feira agendei uma recolha para duas encomendas para a mesma pessoa, e do mesmo distrito que o meu. Ontem a carrinha veio levantar e pouco depois recebi o habitual aviso por SMS a confirmar que as encomendas foram levantadas.

Entretanto agora ao fim do dia liga-me o senhor que deveria receber as duas encomendas a dizer que só lhe entregaram uma! Que até questionou a pessoa que fez entrega, mas que lhe disseram que para ele era só aquilo! Fui confirmar ao e-mail e, de facto, só recebi um e-mail de uma das encomendas a confirmar a entrega. Da outra nem sinal! Fui fazer pesquisa de objetos no site, onde podemos acompanhar as encomendas e desta encomenda não entregue só lá tem mesmo o registo de ter sido sido levantada em minha casa! Depois disso nada, é como se tivesse desaparecido!

Eu pergunto-me como é que é possível que, dois caixotes enormes, do mesmo tamanho e com a mesma morada e guia de transporte, que foram recolhidos pela mesma carrinha CTT Expresso, e duma dessas encomendas ninguém saiba dela?! Como é possível? Saíram as duas à mesma hora e para o mesmo destino, a quarenta quilómetros de minha casa e uma delas simplesmente desaparece?

Eu nesta fase talvez ainda nem tenha dez envios por CTT Expresso e já há uma encomenda que simplesmente desaparece?! A qualidade do serviço privado dos nossos correios, de facto, é de excelência! Queres contactar a linha de apoio para reclamar? Sim, claro, mas pagas 25 cêntimos por minuto! Ligo e ninguém atende. O site? O site foi mudado e simplesmente não é funcional. Sugerem que criemos uma conta de cliente e foi o que eu fiz, mas agora pergunto-me para quê, e não lá posso entrar e consultar nada! Os pagamentos têm que ser feitos por cartão de crédito e umas vezes dá noutras não dá! Se fizermos contactar pelo site, não há (que eu tenha visto) uma opção CTT Expresso (talvez para obrigar as pessoas a telefonar e gastar 25 cêntimos por minuto). Contactei pela opção "encomendas" e vamos ver, mas até ao momento nada. Até ao momento nada mas, por coincidência, apesar de há anos não receber nada, recebi entretanto um documentos ViaCTT, dos CTT, a informar-me como posso fazer mais poupanças! No fundo a fazer publicidade ao Banco CTT!

Se entretanto a encomenda não reaparecer por milagre e ressuscitar ao segundo dia resta apresentar reclamação no livro de reclamações, mas eu agora quero saber quem é que vai pagar os 80€ da encomenda caso ela se tiver extraviado. Isto é simplesmente lamentável. 

quarta-feira, 15 de abril de 2020

As Máscaras e as Viseiras Estão a Ficar Muito Caras? Comprem Capacetes!!

Capacete de moto com viseira por 12€:

wish.com

Depois, no fim da pandemia, se não morrerem e ainda não tiverem, podem sempre comprar a mota!


segunda-feira, 13 de abril de 2020

Como um Estoico Vê a Morte


"Fiel aos princípios de Epicuro, dizia ele que, para começar, esperava que o último suspiro não fosse de forma alguma doloroso, se acaso o fosse, um pouco de alívio encontraria na sua propria brevidade, pois nenhuma dor de facto grande pode ser muito prolongada. De resto, mesmo no momento da separação da alma e do corpo, ainda que muito dolorosa, haveria de lembrar-se que depois dessa dor nunca mais sentiria dor alguma. Estava igualmente convencido de que a alma de um velho já se encontrava junto à boca, pelo que pouca força bastaria para a separar do corpo. "O fogo, quando encontra pasto favorável, só se extingue com água, ou quando tudo tomba em ruínas, mas se carece de alimento apaga-se espontaneamente". Tais palavras, meu caro Lucílio, satisfaz-me imenso ouvi-las, não porque sejam para mim novidade, mas porque me são confiadas num momento decisivo. Quer isto dizer que eu nunca vi ninguém no momento de cortar o fio dos seus dias? Vi, é um facto, mas considero mais significativa a atitude de quem atinge a morte sem ódio pela vida, de quem acolhe a morte em vez de a solicitar. Dizia ele também que a angústia perante a morte é fruto de nós mesmos, por nos deixarmos invadir pelo terror quando já a julgamos próxima. Mas de quem não está ela próxima, pronta como está a atingir-nos em qualquer lugar, a qualquer momento? "Reparemos" - acrescentava Basso - "como, no instante em que alguma causa de morte parece atingir-nos, muitas outras causas há ainda mais próximas das quais não sentimos receio." Há uma guerra, a presença do inimigo é ameaça de morte breve; surge uma congestão, e a morte é antecipada. Se quisermos estabelecer uma distinção entre os motivos do nosso medo, veremos que uns são reais , outros aparentes. O que tememos não é a morte, mas sim o pensar na morte; dela própria separa-nos sempre uma pequena distância. Por isso, se devemos temer a morte, então devemos temê-la sempre, porque em qualquer idade estamos sujeitos a ela.
Mas devo precaver-me, não vás tu odiar tanto como a própria morte uma carta assim tão grande. Vou terminar portanto. Quanto a ti, vai sempre pensando na morte, para a não receares nunca! (pág. 116)

Livro IV - Carta 30 / Cartas a Lucílio / Séneca


domingo, 12 de abril de 2020

Cuidado Com O Que Se Deseja

https://www.saatchiart.com/parvinnabati
Os sinais estavam lá e os cães de Pavlov percecionaram-nos. Um novo Setembro se seguiu e tudo se repetiu. E talvez porque as crianças precisem de se entreter para que não fiquem aborrecidas, então, em vez de tirarmos uma sesta depois de almoço, em vez disso havia filmes. É verdade que sempre tínhamos que passar o tempo de alguma forma, mas eu sempre achei que faria mais sentido ficar em casa, do que ir todos os dias para o trabalho  ficar simplesmente à espera que as nove horas passassem.

Talvez seja do cair da folha. Eu por exemplo ficava sempre muito mal em Setembro. Talvez também haja qualquer doença que dá nas empresas por essa altura do cair da folha. Não sei. Mas o que sei é que desta vez não houve as necessárias explicações. Afinal, já todos tínhamos passado pelo processo, não é? Acho que deve ser mais ou menos como quando o marido (ou esposa) trai o respetivo e, depois de perdoado, quando o voltar a fazer, não deve sentir qualquer necessidade de voltar a contar. Para quê? Uma vez corno, corno para sempre não é? Então falar para quê?

Depois da prolongada chuva deste Inverno (e já ninguém se lembra que tivemos cheias este Inverno, pois não? Nem que o Trump mandou assassinar o Soleimani e vinha aí a terceira guerra mundial no início do ano, ou que em Portugal os média descobriram que afinal a Isabel dos Santos não é uma empreendedora mas sim uma grande ladra, não é?) mas, depois das chuvas do Inverno vinha aí a Primavera. E eu tenho sempre tanto para fazer no jardim.




E se há coisa que me chateie mesmo é, no Inverno, todos os dias, ter de sair de casa ainda de noite para ir trabalhar e quando regressar ser novamente noite. Tanta vida lá fora desperdiçada. Nem sequer nos apercebemos da mudança das estações.

"Se ao menos agora ficar desempregado..."

Mais valia que tudo isto se decidisse de uma vez por todas. Ou sim ou sopas. Ao início é o choque. Se a empresa fechar lá vem o fantasma do desemprego para nos assombrar. O processo de andar todos os dias a ver anúncios e mandar currículos e ir a entrevistas e aparar a barba e vender-mo-nos o melhor possível como putas nos classificados dos jornais. Mas depois começamos a relativizar. É assim com tudo. Criam-se defesas. Não há-de ser o fim do mundo.

Mas o tempo passa. Um ano, dois anos, três anos. Tudo continua na mesma. Nem fode nem sai de cima. Os anticorpos avançam e a vontade de seguir um novo rumo já é muito superior ao medo da incerteza. E a Primavera está quase a chegar e os dias vão ficar maiores. E eu tenho sempre tanto para fazer no jardim.

Eu não acredito propriamente no que diz o Paulo Coelho no Alquimista, que o universo conspira a nosso favor para concretizar os nossos desejos. Ainda por cima porque há tantos desejos contrários, de tantas pessoas diferentes, que o universo iria ficar completamente baralho acerca de quem conspirar a favor.

Mas a verdade é que eu secretamente, desejava ficar por casa nesta Primavera. E o universo lá me fez a vontade. Eu só acho é que não seria era necessário lançar uma pandemia mundial só porque eu tenho tanto que fazer no jardim, mas tudo bem. De qualquer forma eu já aprendi a minha lição. É preciso muito cuidado com o que se deseja.

quinta-feira, 9 de abril de 2020

Trump a Fazer de George W. Bush Um Politico Inteligente


George W. Bush foi, reconhecidamente, dos políticos mais incultos e pouco inteligentes que passaram pela presidência americana, mas, quando relembramos as suas palavras em 2005 sobre as futuras pandemias e como tínhamos de olhar para os alertas da ciência, e depois quando fazemos a comparação, olhando hoje para a forma como o fantoche que preside aquela grande nação, se está a comportar em plena pandemia, ele consegue transformar George W. Bush num génio.


"Porque se ele (Trump) continuar a dizer mentiras atrás de mentiras deveríamos deixar de transmitir estas conferências de imprensa, porque vão custar vidas":


terça-feira, 7 de abril de 2020

E Se Desse Para Repor as Definições da Vida?


Neste fim-de-semana, e depois de um comentário no meu blogue, de um outro blogger que me começou a seguir no Bucólico-Anónimo e que pediu para seguir de volta, ao clicar no link que ele deixou, o meu computador de imediato começou a sinalizar como vírus. Até pensei que não fosse nada demais, mas a verdade é que quando voltei a ligar o computador começaram a aparecer montes de janelas com cenas porno e publicidade sem parar. "Ui, isto não é nada bom", pensei!

Eu não sou grande artista com computadores, sou mesmo só aquela coisa da "informática na ótica do utiilizador"!, mas acabei por fazer uma coisa que até nunca tinha feito, e porque experimentar não custa, lá fui repor as definições para uma versão anterior do Windows e ainda limpei o histórico todo. 

Não sei quantas horas depois, sei lá, três horas talvez! estava a ver que aquilo nunca mais acabava e até cheguei a pensar que aquilo tinha entrado numa qualquer rotina e não estava a fazer verdadeiramente nada, mas entretanto, e já depois de ter perdido as esperanças, eis senão quando e o computador lá reinicia normalmente. Eu começo a trabalhar com ele, sempre a medo - sei lá quando é que me ia saltar novamente uma janela no ambiente de trabalho a convidar-me para conhecer uma gaja em trajes menores!, e na verdade nada acontece. Parece que o computador tinha mesmo voltado atrás no tempo, numa altura em que ainda não tinha vírus nenhum. Ainda fiquei desconfiado, mas na verdade dois dias passaram e parece que está tudo bem. (ou então quando me sacarem os milhões todos que tenho na conta descubro que afinal não estava tudo bem!)

Mas isto deixou-me a pensar. 

Uma coisa destas era porreira mas era para podermos fazer isto nas nossas vidas! Por exemplo, o mundo neste momento está cheio de vírus por aí, não é? Então era fácil! Bastava uma pessoa correr o programa informático do planeta até à última versão antes do coronavírus ter aparecido! Começávamos de novo e tratávamos de fazer como se faz nos computadores e instalar um antivírus em vez de confiar na sorte como eu fiz! A China podia dar ouvidos aquele senhor médico quando o coronavírus aparecesse, e impedia-se assim o coronavírus de espalhar janelas de pop-up por todo o lado! E claro, reinstalando uma versão anterior, salvavam-se todas estas vidas que infelizmente já se perderam. 

E repor as definições duma versão anterior da nossa vida pessoal? Ui, isso é que daria imenso jeito! Estamos mal hoje? Não há problema nenhum! Repomos as definições para uma versão anterior, para uma altura em que ainda estávamos bem e pronto, toca a seguir com a vida em frente!
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(Isto foi mesmo só para fazer uma graça. Sendo terrivelmente chato como tantas vezes sou, se na vida nunca quis conhecer o futuro, também não haveria de querer regressar ao passado por pior que estivesse no presente. Até porque "eu não posso voltar ao ontem, porque lá era outra pessoa", não é) 


Questões Práticas na Quarentena: Desligar os Bornes da Bateria do Carro

Cá por casa dos meus pais temos três carros e por esta altura de confinamento caseiro bastaria só um. Então, o que eu vou fazendo é utilizar uns dias cada carro à vez para que os carros não estejam permanentemente parados, porque a primeira coisa que irá à vida será desde logo a bateria e é escusado deitar ao lixo, entre 70 a 100€, sem falar que, além do dinheiro que não é de menos importância, há também a questão ambiental.

Não podendo ou não tendo necessidade de dar uma voltinha com o veículo, nem que seja pelas redondezas quando vão ao supermercado, então, o melhor a fazer é desligar os bornes da bateria, (basta o negativo), para que a bateria não descarregue e a pessoa se meta em despesas desnecessárias. Nos carros modernaços na volta convém dar uma vista de olhos no manual porque sei que fazer esse procedimento pode ter algumas implicações. E já agora não deixar o carro semanas a fio na mesma posição, isto se não quiserem ficar com as rodas quadradas!

domingo, 5 de abril de 2020

Esta é a Resistência Final


"... Pedido de contramedidas
Para declarar a reivindicação desta minha caverna
Nada a tomar e nada a ser dado
Enquanto a janela fica preta
Um processo deixado para a solidão
A ação é deixada por fazer
Respostas deixadas para o eco
Nos silenciosos corredores de ninguém, oh

O que é que me podes dizer sobre o interior
É tão brilhante quanto todos podem ver?

Derruba as esperanças e aspirações
Fecha as janelas com força
Todos disseram: “Não! Não! Não!"
Redefine os teus medos e boas intenções
Barrado pela vida
Todos disseram: “Não! Não! Não!"

O que é que me podes dizer sobre o interior
É tão brilhante quanto todos podem ver?

Esta é a resistência final


"Final Resistance" / Dark Tranquility (2002)

O Estado de Emergência é Para Todos, Menos Um



Os grandes líderes políticos vêem nas graves crise, tal como os grandes jogadores se vêem nos grandes jogos. Porque sem sermos testados somos todos os melhores da nossa rua. Em plena pandemia, seria de esperar da mais alta figura da nação, postura e sentido de estado, e é tudo que faltado em Marcelo Rebelo de Sousa. 

Ser-se presidente enquanto tudo corre bem é fácil. Aprovam-se as leis, faz-se uns discursos bonitos aqui e ali, aparece-se em todo o lado, distribuem-se abraços e beijinhos, tiram-se milhares de fotografias, condecora-se muita gente e fica-se sempre bem na fotografia. 

O primeiro caso de coronavírus COVID-19 apareceu em Portugal há cerca de um mês. Uma semana depois, Marcelo decide suspender a agenda e fazer um teste, quando o que a DGS disse é que os testes só seriam feitos a pessoas com sintomas. Marcelo não apresentava qualquer sintoma de estar infetado e o resultado deu negativo. Marcelo mesmo assim, manteve uma quarentena voluntária, e quinze dias depois voltou a fazer novo teste!

No dia 18 Marcelo decreta o estado de emergência e diz: "Isto é uma guerra, temos que estar todos unidos". Dia 2 de Abril, um mês depois de conhecido o primeiro caso de coronavírus em Portugal, Marcelo prolonga o estado de emergência e diz: "este é, vai ser, o nosso maior desafio dos últimos 45 anos". 

Dois dias depois e em plena fase crítica, em que todos apelam a  que os portugueses fiquem em casa e limitem os contactos sociais desnecessários, o que é que Marcelo Rebelo de Sousa faz? Vai visitar uma exploração agrícola e ver como vai a plantação de tomate!

Marcelo, como é sabido e exposto pelo próprio é hipocondríaco, e, carrega sempre consigo um monte de medicamentos para qualquer eventualidade. Só que, infelizmente, a falta dos holofotes e do protagonismo político é ainda maior que o medo de ser infetado. Mas o que o país não precisava neste momento era de um presidente da república que em vez de ajudar, atrapalha o trabalho dos outros. Quando o melhor que podia fazer era dar o exemplo e ficar resguardado, não, logo a seguir a prolongar o estado de emergência lembra-se de ir ver como estão os tomates! 

Conversas Improváveis (52) - Na Mercearia: - Tem Álcool?

Na mercearia entra um senhor e depois vira-se para a merceeira e pergunta:
- Tem álcool?
Responde a merceeira:
- Tenho sim. Tenho ali daquele de quinze anos a 30€ e do outro de trinta anos a 75€. Qual dos dois é que o senhor prefere?

sábado, 4 de abril de 2020

Estados Unidos: o Desprezo pela Vida Humana

Reuters
Vivemos um período complicado das nossas vidas e dos diferentes países por todo o mundo, sob a ameaça de um vírus invisível que causa uma doença, e que, nas pessoas de mais idade e nos mais fragilizados, pode levar à morte e tem sido a tragédia que se conhece. 

Apesar de por estes dias não andar a acompanhar grande coisa das notícias, até para a minha saúde mental, vou no entanto vendo o essencial; as capas dos jornais, dou uma vista de olhos, principalmente, no Público e no The Guardian e vou acompanhando o que os jornalistas que sigo no Twitter vão dizendo e partilhando. 

Mas houve uma coisa por estes dias que realmente me chocou, e que acho que deve chocar qualquer pessoa. Nos Estados Unidos, que é um país considerado rico, não é?, em Las Vegas (estado do Nevada mesmo ao lado da Califórnia) foi decidido uma coisa espantosa para ajudar os sem abrigo! Então, neste país rico, dos mais capitalistas e poderosos do mundo, que é que se lembraram de fazer?Decidiram usar um parque de estacionamento e pintar umas linhas de metro e meio, como mandam as regras da distância social, fazendo assim um parque de estacionamento isolado para os sem abrigo! Não é genial? De que mente brilhante terá saído esta ideia genial? É que isto merece um Nobel da economia!

Getty Images
Não, infelizmente não merece e eu estava a ser irónico. É desumano. Não tem outro nome, é desumano. É o desprezo pela vida humana levado ao extremo. Eu certamente teria vergonha de viver num país assim. Com tantos hotéis fechados, com tantos pavilhões desportivos fechados, com tantas outras infraestruturas fechadas e nos Estados Unidos, num dos ditos países mais ricos do mundo, é desta forma que tratam as pessoas? Por que é que, por exemplo, o presidente americano, conhecido empresário multimilionário não dá o exemplo e disponibiliza os seus hotéis e resorts de golfe para ajudar os sem abrigo? Não, tratam-se as pessoas como um monte de esterco.

Já eu vivo em Portugal, num país da Europa mas um país dito pobre. Não fomos à lua, não criamos guerras artificiais para explorar as riquezas dos outros países, vivemos com as nossas dificuldades de salários baixos e em que as pessoas muitas vezes têm que emigrar para terem melhores condições de vida. Mas no meu país pobre, que vive com as dificuldades que se conhece, vindos, ainda por cima, de uma grave crise económica mundial, que nos meteu o pé no pescoço, neste meu país tratam-se todas as pessoas doentes todas por igual, sejam ricos ou sejam pobres. No meu país dito pobre, um adolescente de 17 anos não é impedido de ser tratado num hospital porque não tem seguro de saúde. Nos Estados Unidos esse jovem morreu sem ser tratado. Em Portugal certamente que se tinha feito tudo para que isto não acontecesse. 

Mas veio agora esta pandemia e já nos está a mostrar muitas coisas. Mesmo em Portugal, com gente que defende o capitalismo selvagem americano a quase ter virado comunista!
Branko Milanovic,  um dos mais reconhecidos economistas da desigualdade e autor, por exemplo, dos livros "A desigualdade no Mundo" e  de 2019 "Capitalism, alone", escreveu no Twitter:

"The rich people in the US never thought that a broken health care system will ever matter to them. Now it does."

("Os americanos ricos nunca pensaram que um sistema de saúde falido lhes interessaria. Mas agora interessa)

E o que eu acho é que países ricos têm capacidade financeira para tratar dos seus doentes. Todos, sejam ricos ou pobres. Países ricos não têm 140 milhões e pobres e 41 milhões de sem abrigo como tem os Estados Unidos. Países ricos preocupam-se com todos os seus cidadãos, não se preocupam só com as contas bancárias dos mais ricos fazendo leis para que os mais ricos paguem cada vez menos impostos. Os Estados Unidos é um país rico, mas só para alguns. Muito poucos. 

sexta-feira, 3 de abril de 2020

Como é Que se Proíbe Algo Que Aconteceu Há 3500 Anos?


Vejo as páginas dos jornais do dia de hoje e desde logo há uma dúvida existencial que me assalta. Segundo vários órgãos de comunicação social (não é só o Correio da Manhã como vemos na imagem) afirmam que, por causa do estado de emergência a Páscoa será proibida. E a pergunta que eu faço aos senhores jornalistas é: como é que se consegue proibir algo que aconteceu há 3500 anos?  


quinta-feira, 2 de abril de 2020

A Forma Certa Para o Pé

Sempre vi no meu avô aquela pessoa muito vertical e correta em quem me deveria inspirar. O meu avô não teve uma vida propriamente fácil. Cedo ficou sozinho no mundo com os irmãos pequenos, e sem pais, primeiro porque o pai fugiu com uma brasileira para o Brasil, abandonando cá a esposa grávida, e segundo porque pouco tempo depois a mãe morreu. Eram tempos de muita fome e doenças e as pessoas mais pobres morriam frequentemente. E é por isso que ninguém poderia falar bem do Salazar ao pé do meu avô que ele exaltava-se, porque em tempos de liberdade, ninguém deveria falar bem de um ditador que dava fome ao povo e deixava-o morrer, e depois ainda tinha a grande lata de dizer que mandava as sobras de Portugal para ajudar os países europeus em guerra.

O meu avô ficou ao cuidado de uma tia, irmã do pai, que teve que andar a pedir para alimentar aquelas quatro crianças, que, mal começaram a ter idade, tiveram que ir servir, como se dizia na altura, para casas de pessoas de mais posses, serem basicamente escravas, ainda que, como ainda me lembro de ouvir o meu avô contar, em casas em que se rezava o tercinho todos os dias porque era tudo gente de bem e temente a Deus-Nosso-Senhor mas os criados bem que podiam ir para o Inferno mortos de fome.

O meu avô casou e, ao contrário do irmão gémeo, que cedo tratou de arranjar um trabalho por conta de outrem, o meu avô sempre foi vivendo da terra, naqueles tempos em que se faziam terras, e em que do trabalho que se tinha a plantar, metade do que a terra dava, ainda tinha que se entregar a senhorio. Metade aos melhores senhorios! porque os mais fascistas exigiam duas partes e o rendeiro morria de fome com a parte que lhe restava para alimentar toda a família. E não deixa de ser irónico que, hoje, que os tempos da escravatura felizmente que já passaram, é ver agora todas aquelas enormes quintas aqui em volta, vedadas ao abandono, a silvas e mato. É fácil ser-se empreendedor quando os outros trabalham por nós, mas ainda há quem diga que "agora ninguém quer trabalhar". As pessoas querem trabalhar porque o dinheiro não cai do céu, não querem é ser escravas.

O primeiro filho do meu avô foi a minha mãe, que, ainda muito criança começou a lidar com o gado, a cozinhar e que ia para a escola de socos velhos, muitas vezes sem meias. Ouvi-a contar até que, certo dia, estava tanto frio, que teve que pôr a mala no chão e colocar os pés por cima. Aprendeu costura e, ainda por estes dias de quarentena, de umas meias grossas costurou um belo gorro! Pena não ter tirado uma fotografia às meia para ter o antes e o depois. Mas costura foi profissão que não seguiu porque cedo a vista lhe traiu os planos.
A filha do meu avô foi crescendo e tornou-se uma bonita jovem, recatada, de cabelos loiros, volumosos, e cheia de predicados que interessavam os jovens casadoiros da altura. Mas apesar de atrair também os filhos de boas famílias, que é como quem diz, de famílias de posses, muito superiores aos parco recursos dos meus avós, minha mãe acabou sempre a fugir deles.

O meu avô sempre instruiu a minha mãe que nós devemos procurar uma forma certa para pé, e não devemos querer uma forma que nos fique muito folgada e sempre foi assim que a filha do meu avô procedeu. Mas muitos anos mais tarde, haveria de chegar o dia em que a filha do meu avô se vira para mim e me diz:
- "Acho que ela tem uma forma um bocado grande para o teu pé".

# Origem da Expressão "pé rapado"