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domingo, 4 de fevereiro de 2024

Danças Comigo Novamente?


 Jantar com os cães-grandes, que é como quem diz, com todas as chefias da empresa. Durante a tarde já tinham passado pela nossa loja. Ninguém deve ter reparado mas o meu apurado radar detetou imediatamente. Lá fora, ainda na rua, vi a trespassar o cabelo da N. a rodar, com um volume diferente do que eu tinha visto quando a conheci. "Mmm, cortaste o cabelo", pensei para com a minha braguilha. E por acaso foi logo algo que não pude deixar de reparar quando a conheci, aquele cabelão preto, pelo fundo das costas, ancorado pela curva das nádegas. 

Entretanto lá nos vieram cumprimentar: o diretor geral austríaco, o alemão responsável da logística, o húngaro cara-pálida com cabelo à Tintin, que, agora que penso nem sei bem o que é que ele faz na empresa!, bem como a sul americana de aspeto doce que está em Paris e que o meu colega acha que tem uma voz sexy. Todos vestidos de forma muito descontraída. 

E depois lá veio ela, que vive na Madeira. Não creio que eu tenha sido inconveniente, quando lhe disse: "deu um belo corte de cabelo" e, como é óbvio, ela não estava à espera de ouvi-lo. Na verdade nem foi assim um corte de cabelo tão grande. ela simplesmente escadeou o cabelo e dá a sensação de ter ficado com um pouco mais de volume. Mas eu acho que as mulheres gostam que reparemos nelas. Bom, e foi só isso. 

Mas, para dizer a verdade, a nossa vontade nem era muita de ir ao jantar. Os meus colegas até tinham cenas lá da religião deles e, no meu caso é sempre chato nem poder ir a casa e tomar banho. Tenho que me limitar a trazer uma muda de roupa e a lavar-me como um gato e a fazer tempo por ali até à hora combinada do jantar. E depois porque são sempre situações forçadas em que está sempre implícita uma certa dose de hipocrisia e subserviência. Desta vez até fiquei a fazer companhia à colega que fica sozinha na empresa na sua última hora de trabalho (porque assim preferiu) e, passado mais um bocado, também chegaram os meus colegas mais novos. 

De tarde os 'cães grandes' foram fazer um passeio pela cidade, enquanto que nós, os cães pequenos, ficamos a trabalhar. É a eterna luta de classes, como bem diria Marx. Mas a hora chegou e lá fomos nós a pé até ao restaurante que fica a poucas centenas de metros da nossa loja. 

Chegados ao restaurante, a nossa colega que fica até mais tarde e que reporta diretamente à menina que deu um corte de cabelo (e não ao nosso chefe cá do Porto) colou-se e ficou sentada em frente dela. Tudo certo. Elas falam imenso durante todos os dias mas nunca estão juntas Nós os três fomos para a outra ponta da mesa. Ao meu lado esquerdo não ficou ninguém, e em frente também não, o que deu imenso jeito porque ali ficou uma bela travessa de comida e era só abastecer para o meu prato! Os meus colegas ao meu lado direito e, na diagonal em frente, o alemão (de quem ouço falar todos os dias) e, ao seu lado, o tal carinha de bebé húngaro com cabelo à Tintim e o meu chefe anfitrião a meio com o restante pessoal. 

Fui falando com os colegas, mantendo-me outro tempo mais calado. Até que, mais à frente fui começando a falar com o alemão até porque, como seria normal, falou-se um pouco do trabalho e todos trabalhamos para o mesmo. O S. deve ter uns cinquenta e tal, cabelos brancos, compridos e apanhados num rabo de cavalo, olhos arianos azuis, óculos e uma barriga de trigémeos porque, como se sabe pelos estudos científicos mais recentes, a cerveja não faz engordar. E já me tinham dito que se calhar gostaria de conversar com ele. 

Disse-lhe que, normalmente, não sou calado e falo até de mais. Mas que não me sinto muito confortável com o inglês. Que entendo mais ou menos bem mas, porque não pratico e não falo em inglês com ninguém (ao contrário, por exemplo, do meu colega que fala muitas vezes com ele e outros estrangeiros) acabo depois por não me sentir confortável porque não sou extremamente fluente. Ao que ele me disse que na Alemanha têm uma expressão que é qualquer coisa como isto "learning by doing", aprender fazendo. Disse-lhe também, em jeito de curiosidade que há uma frase em alemão que ainda hoje me lembro da primeira namorada dizer: "es regnet heute", e ele confirmou "that's correct, it´s raining today"!

O S. é muito sequioso. Os copos bem grandes de cerveja desapareciam quase tão rapidamente quando chegavam à mesa. Já o húngaro de cabelo à Tintim preferia copos mais pequenos. (se calhar deveria ter avisado antes que não percebo nada de cervejas, e nem sei a diferença entre cerveja, finos ou grossos!). 

Acho até que conversa começou por ai. Foi o quebrar do gelo. Comecei por lhe dizer que sou um metaleiro estranho, porque não bebo bebidas alcoólicas, nem fumo ou tomo café. Nem fumas uma ervita?, perguntou-me! Não, nem isso!

E a partir daí lá fomos conversando, maioritariamente sobre heavy metal. Ele é um metaleiro da velha guarda, que gosta muito de Slayer, mas falou-me também de Ozzy Osborne bem como de outras bandas, e também gosta bastante de Nirvana (que não é metal). Falou-me de quando foi ver um concerto de AC/DC exclusivo para mil pessoas e em que era preciso apresentar o passaporte e conferir com o número do bilhete e que ficou a um metro da banda. Mas agora não tem ido muito a festivais porque, e até ele, alemão, com um salário bem diferente do meu, acha que está tudo demasiado caro. 

Apesar do cansaço, e também do sono, até acabou por ser uma noite agradável. Quase se fez ali uma amizade circunstancial. O alemão sugeriu-me uma banda alemã de punk rock: Broilers. 


E a primeira música que ouvi foi esta: Tanzt Du noch einmal mit mir? que em português quer dizer qualquer coisa como: "danças comigo novamente"?

quinta-feira, 23 de março de 2023

Ela é um Salmo Ardente

"Red hot is her inclination
I beg incineration
She came dancing from the flame
Burning with dark inspiration
She is a fire"


"She is a Fire" - Cradle of Filth (2023)

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Enquanto os Teus Lábios Estão Vermelhos...

"Vivemos tempos difíceis e tudo o que ouvimos é mau. Então, se têm pessoas de quem gostam, namorada(o), marido, esposa, crianças, cães, gatos, seja o que for. Beijem.

 

 While Your Lips Are Still Red / Nightwish  (2007)

terça-feira, 16 de agosto de 2022

E a Verdade que Importa é que Nunca te Deixo ir...

 

"But through all the sorrow
We were riding high
And the truth of the matter is
I never let you go, let you go

...


We were searching for reasons
To play by the rules
But we quickly found
It was just for fools


"Mary On A Cross" - Ghost (2019)

terça-feira, 16 de novembro de 2021

"Deviam Estar na Cozinha"


Três miúdas de 14 anos, muçulmanas, num país com uma cultura ultra conservadora. Foi numa espécie de Aulas de Cidadania  (programa extra curricular de arte) que às três alunas foi apresentado o Heavy Metal. 

Hoje, meia dúzia de anos volvidos, já deveriam estar casadas aos vinte anos, ou, no mínimo noivas e a aprender a serem boas donas de casa. Mas não. Atraíram as atenções de vários músicos mundialmente conhecidos como Tom Morello, Slash ou Flea a fazer "música de Satanás". 

Mas que mania que os adolescentes têm de pensar pela própria cabeça, não é?! Porque é que não são todos iguais uns aos outros, uns belos carneiros obedientes para o mundo continuar sempre exatamente o mesmo?

etal.

domingo, 29 de novembro de 2020

Sozinho



"...Confinado, estou vivo, em algum lugar pelas folhas de Outono

Caindo no meio

Porque ninguém está lá para manter minha cabeça erguida

Ninguém está lá para acalmar minha mente (...)

Sozinho estou com medo

Para encontrar vida vazia

Noites sem dormir, dias vazios

Sozinho...


Alone / Ramp (2003)

sábado, 31 de outubro de 2020

Revolta - Hecatombe Genocida

 REVOLTA é um projeto musical de grandes músicos brasileiros formado por João Gordo (Ratos de Porão, vocal), Prika Amaral (Nervosa, vocal), Moyses Kolesne (Krisiun, guitarra), Guilherme Miranda (Entombed AD e Krow, guitarra), Castor (Torture Squad, baixo) e Iggor Cavalera (Cavalera Conspiracy e Mixhell, bateria) que se juntaram há um mês para com a sua música protestar contra o que está a acontecer no Brasil. O primeiro vídeo é "Hecatombe Genocida" que ataca a forma como Bolsonaro está a gerir a pandemia. 


A primeira música e vídeo que foi lançada chama-se "Hecatombe Genocida" e critica violentamente a forma como Bolsonaro está a gerir a pandemia.




"Necropolítica
Narcisista
Eugenia
Assassina
Perpetuando a Morte
E a pobreza eterna
Jesus Nazifacista
Protege a Milícia
Negacionismo
Terraplanista
Ignorância no coração

Cem mil mortos entupindo
O poço da escuridão
Misturado com ódio e veneno
A justiça vai caindo
Fascistas na contramão
Cloroquina Nióbio e Grafeno
Extermina toda a razão
Patriotas de pele mais clara
Escória que ainda exala
O odor podre da corrupção"



E no caso do Brasil o fundamentalismo religioso de ultra-direita, esse cristianismo fundamentalista foi o único grupo que se organizou durante décadas para tomar o poder. E agora eles tomaram. Então não achei que em 2020 iríamos estar a discutir se a Terra é plana...

REVOLTA - "Hecatombe Genocida" (2020)

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

PANDEMIA: Nacimiento y Fuga

Pandemia é uma banda argentina de Doom/Death Metal que lançou um album em 1998 intitulado "Prana sempiterno". Esta é primeira música que se chama "Nacimiento y fuga":


"En el sopor del último día
descubrí mi consistencia.
Desprendiéndome las cáscaras
dejé asomar mi ser.
sorprendido ser.
aliviado, asustado,
no se quien comenzó a levitar
sobre las cosas de la tierra.

Lentamente desalienandose, abriéndosea
todas las sensaciones de la vida
y de la muerte

Quise atraparlo, quise seguirlo
pero fue tarde, inútil, soñaba con pies pesados
Quiso atraparme, quiso seguirme
pero fue tan inútil, fue tarde,
pude escapar, pude huir

Descubro sensacione
de vida, de muerte.
Levitando me sorprendo libre libre Libre
en el infinito espacio libre Libre
Suspendido me sorprendo libre libre Libre
todo es tan hermoso desde aquí
Quisiera no estar tan solo.

Todavía lo observo
desde esta fosa terrena
Está ahí arriba contemplando
hamacandose en el tiempo.
Le están creciendo más manos
no se entrega, solo espera divagando.


Nacimiento y Fuga - Pandemia (1998(


domingo, 5 de abril de 2020

Esta é a Resistência Final


"... Pedido de contramedidas
Para declarar a reivindicação desta minha caverna
Nada a tomar e nada a ser dado
Enquanto a janela fica preta
Um processo deixado para a solidão
A ação é deixada por fazer
Respostas deixadas para o eco
Nos silenciosos corredores de ninguém, oh

O que é que me podes dizer sobre o interior
É tão brilhante quanto todos podem ver?

Derruba as esperanças e aspirações
Fecha as janelas com força
Todos disseram: “Não! Não! Não!"
Redefine os teus medos e boas intenções
Barrado pela vida
Todos disseram: “Não! Não! Não!"

O que é que me podes dizer sobre o interior
É tão brilhante quanto todos podem ver?

Esta é a resistência final


"Final Resistance" / Dark Tranquility (2002)

domingo, 16 de dezembro de 2018

Vagos Open Air 2010

Às vezes, ao revermos fotografias com uns bons anos, reparamos em momentos engraçados, como aquela menina que junta as mãos em jeito de prece, como que pedindo por favor qualquer coisa. Enquanto isso, em primeiro plano, outra menina, de cabelos arroxeados se prepara para ajeitar os óculos enquanto ouve atentamente a amiga de cabelos alaranjados. Para o ano, se ainda por cá estiver, talvez relembre como conheci uma das minhas melhores amigas, precisamente aqui, no primeiro ano deste festival. E já vai fazer dez anos!

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

O Segurança do Lidl de Dark

Os meus colegas de trabalho já me tinham avisado: "se viste alguma coisa interessante do folheto do Lidl vai já lá, porque o pessoal limpa tudo. Às vezes até vão para a porta à espera que abra". E eu fui. Comprei uma das coisas, a outra deixou-me a pensar se se valeria a pena e não trouxe... mas depois achei que, se calhar, até poderia ser uma compra aceitável e até me iria dar jeito naquele mesmo dia. 

Já tinha ido ao Lidl de Viana do Castelo mas já lá não tinha nada. Até que deixei a cidade e rumei a sul. Deixei o rio Lima para trás, e resolvi ir ao Lidl ali de uma terra que se chama Dark! Haverá nome mais fixe? De onde é que tu és? Sou de Dark! 
Estacionei, entrei na grande superfície, dirigi-me ao local onde por lá deveria encontrar a dita coisa, mas também nada. Bom, toca a ir embora e sair sem compras. Olho para o segurança e faço-lhe sinal se poderia sair por ali. Este diz-me que sim, mas aproveita para fazer um comentário sobre a t-shirt que eu envergava. 

E este foi o pequeno sinal, como se na verdade pertencêssemos a uma sociedade secreta - à espera da contra-senha  - para confirmarmos que pertencíamos à mesma tribo. Bom, na verdade, como lhe disse, já não sei se ainda pertenço a alguma tribo, sou mais uma alma negra perdida por sua conta e risco. 

Este segurança - que tem o mesmo nome que eu! - tem postura. Durante o tempo que por ali estivemos a conversar, bem sei, no seu posto de trabalho, estava sempre atento. Enquanto eu ia debitando conversa, ele observava atentamente as movimentações das pessoas, e dizia-lhes se podiam entrar com sacos, verificava o porquê de ao entrarem accionarem o alarme, e fazia recomendações para a próxima vez que ali vierem. Uma postura educada, disponível, tranquilo, não demasiado simpático (porque não tem de o ser), mas extremamente profissional.  

Falamos de bandas que ouvimos, de antigos festivais, das bandas portuguesas, do STOP, do Metal Point, do Festival de Barroselas. Dos vocalistas que se cortam em palco. Falamos das nossas vidas. Ele que está com a mesma mulher (que é do meio) há doze anos; eu que, depois de muitos anos a calcorrear esses caminhos metálicos na companhia da mesma pessoa, caminho agora sozinho há muitos mais anos ainda. 



Das pessoas que não interessam nem ao Diabo, o querido amigo 666. Os falsos satânicos. Os fariseus. Os vendidos. Os outros tempos. Os novos tempos. Como quando as coisas não são tão fáceis nós lhe damos tanto mais valor, e como quando temos a papinha, como agora, toda feita já não sabemos aproveitar. 

Se calhar passei ali demasiado tempo a falar com ele, que estava no seu local de trabalho. "Já estão a olhar para mim, a controlar-me". Percebi a mensagem. Era a senha para eu me despedir. Cumprimentei-o efusivamente, desejei-lhe tudo de bom, tal como me despeço de todas as pessoas: como se nunca mais as fosse ver, e voltei para o carro para continuar a seguir viagem. 

O dia estava muito agradável, vinte e pouco graus. No rádio tocava, baixinho, o "Romantic Tragedy's Crescendo" de 1998. A minha cabeça pensava naquele encontro imediato e nas vicissitudes da vida. E de repente, já estava na Maia, e numa rotunda vi mais uma seta a anunciar outro Lidl à esquerda. Bom, deixa-me ir lá ver se este ainda tem alguma coisa. Fui novamente ao sítio onde aquilo deveria estar e, o desânimo: tudo vazio. A barriga já dava horas. Bem, deixa-me mas é ir comprar qualquer coisa para comer. E, de repente: "Que é que estás aqui a fazer"? Eu olho e era o Torrejõn!, acompanhado da sua cria mais pequena de quatro anos! Este foi outro encontro imediato que fica, quem sabe, para contar depois...

... mas o mais fantástico disto tudo é pensar que, se na quinta-feira eu tivesse comprado aquela simples tesoura de poda por 9€, nada disto me tinha acontecido.

domingo, 20 de maio de 2018

Metaleiros às Compras na Primark


Acho que para se comprar coisas básicas baratas em preto/cinzento/verde ou azul escuro (cores que mais uso)  qualquer sítio deve dar. Mas a Primark ainda é um admirável mundo novo que desconheço. Bom, na verdade já lá levei duas amigas, de outras cidades, onde não existe esta loja. E, enquanto elas se passeavam pela feira (foi isso que retive dessa loja: aquilo parecia uma feira com toneladas de roupa por todo o lado, e bichas que não terminavam mais para os provadores e para as caixas de pagamento) eu então resolvi ir dar uma volta, até porque tinha outras coisas para fazer. "Liguem-me quando saírem da loja" disse!

domingo, 4 de março de 2018

No Abraço da Morte

Nos últimos dias tenho andado a ouvir esta senhora a tocar:


É verdade que não percebo nada de música, e quem sou eu, um leigo a fazer crítica musical, mas tenho ouvidos, e acho esta composição muito boa. É poderosa, mexe connosco. E a grande mais valia da música é essa, a capacidade de mexer com o nosso estado de espírito. 

Na verdade até no trabalho a estive a ouvir. Muitos meses depois voltei finalmente para a minha caverna, ao meu trabalho específico, mais isolado e solitário, em que passo horas sem falar com ninguém, e então, muitas vezes, coloco um pouco de música de fundo. E esta senhora foi uma das escolhas.

O mais irónico disto tudo é as pessoas passarem e acharem interessante eu estar a ouvir "música clássica", quando nem fazem a mais pequena ideia que isto é uma música de 1996, de uma banda norueguesa de Black Metal que se chama Dimmu Borgir. Sim uma daquelas bandas em que os músicos têm cabelos compridos, se vestem de preto, e muitas vezes andam com cruzes invertidas ao peito. 


Sim, esta composição que a senhora lasciva do piano está a tocar é de uma banda de Black Metal. Uma banda que, se a maioria das pessoas ouvisse achariam, inocentemente, que aqueles músicos só fazem barulho, se calhar nem sabem tocar, berram como se não houvesse amanhã e não estão sequer a cantar nenhuma letra. Mas isso é o erro de julgar sem conhecimento de causa. É constatar o óvio mas não ver o essencial. E o essencial é que a composição é lindíssima. 


...Unhallowed by the infernal one
We are forever captured
By the embrace of death

domingo, 5 de março de 2017

10 Peças de Música Clássica Obrigatórias para Metaleiros

Para quem não sabe, o Heavy-Metal foi beber uma grande influência à música clássica. E assim sendo a LoudWire fez uma compilação, daquilo que considerou, por ser mais ou menos sinistras, como sendo as 10 Peças de Música Clássica obrigatórias para qualquer Metaleiro ouvir: 


A Lista é a seguinte:

Dmitri Shostakovich, Sinfonia no. 11 em sol menor
Richard Wagner, O Anel do Nibelungo, A Valquíria, Ato 3 ("Cavalgada das Valquírias")
Sergei Prokofiev, Suíte Cita, Op. 20
Frédéric Chopin, Sonata para piano no. 2 em si bemol menor, Op. 35 ("Marcha Fúnebre")
Franz Schubert, "Rei dos Álamos"
Gustav Holst, Os Planetas, 1º movimento ("Marte, o Mensageiro da Guerra")
Ludwig van Beethoven, Sinfonia no. 5 em dó menor, Op. 67
Johann Sebastian Bach, Tocata e Fuga em Ré Menor, BWV 565
Sergei Rachmaninoff, Prélude em dó sustenido menor, Op. 3, no. 2
Franz Liszt, Sinfonia Dante ("Inferno")

FONTE

domingo, 5 de janeiro de 2014

Perder a noção do ridículo

Estávamos nos meados dos anos noventa e eu venerava uma banda portuguesa de heavy metal. Sentia-me até orgulhoso da forma como se conseguiram impor no cenário internacional. Na altura, a grande generalidade dos portugueses, nem sequer imaginava que tal banda, rivalizava já com Madredeus, pelo trono de banda portuguesa mais conhecida além fronteiras.

Entretanto chega o terceiro álbum e trás com ele a desilusão. Quebrou-se o encanto que não mais será recuperado. Há muitos fãs que, façam o que as bandas fizerem, manter-se-ão sempre fieis ad eternum, mas não é de todo o meu caso. Eu sou fiel sim, mas unicamente aos meus ouvidos, só. Assumidamente a banda quis experimentar outras sonoridades, mais acessíveis, é totalmente legítimo, provavelmente para chegar ainda a mais pessoas, mas este é sempre um processo arriscado que provoca sempre vítimas.

A partir daí continuei a gostar de Moonspell, mas musicalmente foi como se naquele momento tivessem morrido, e na minha mente só existissem aqueles dois primeiros álbuns, Wolfheart e Irreligious, que continuaram a passar no leitor de cassetes portátil que usava na altura, e mesmo hoje, continuam a passar no leitor de CD do carro por exemplo.


Apesar deste corte radical com a banda, não deixei de acompanhar o que iam fazendo, pois como é lógico ia conversando com amigos, lia a imprensa da especialidade, e depois com o acesso à internet andei pelos fóruns, ou seja,  fui sempre acompanhando o que a banda ia fazendo, ainda que agora de forma mais desprendida. Não foi por me terem desiludido, que deixei de manifestar, por exemplo, o meu apoio quando em meados da década passada decidiram aceitar um convite para fazerem uma versão de uma das suas músicas para o programa Contra-informação como, da mesma forma, achei positiva a presença no programa do Gato Fedorento.

Creio que na altura muitas vozes se opuseram, não foi o meu caso. Acho que quanto mais se desmistificar, que as pessoas que ouvem sons mais pesados são pessoas exatamente iguais a todas as outras melhor. Não acho que a cena metaleira tenha de viver escondida, como se estivesse na clandestinidade. Pelo contrário, deve-se mostrar à sociedade, e nesse particular acho que estiveram bem.

Mas entretanto, não sei o que se tem passado com a banda, mas, apesar da distância com que vou acompanhando os acontecimentos, parece-me grave terem perdido claramente toda a noção do ridículo. Não sei se é um problema do excesso de protagonismo que o vocalista claramente tem, e neste caso, vocalista e banda parece quase ser tudo a mesma a coisa. Não sei, mas quem vê de fora, parece que sim.

Eu nada tenho a obstar que um vocalista de uma banda de heavy metal entre num projeto musical com uma sonoridade completamente diferente, conjuntamente com diferentes músicos, como o Fernando Ribeiro fez ao entrar no projeto Amália Hoje, certamente até com o aval dos restantes membros de Moonspell. Mas começa-me a fazer um pouco de confusão - não sei se aos atuais fãs de Moonspell faz ou não - mas confesso a mim me começou a causar algum espanto, quando de repente, já não sabia muito se esta banda que eu idolatrava nos anos noventa, se tinha transformado nos Moongift ou nos Giftspell. E eu sinto-me muito à vontade nesta crítica, pois apesar de não ser propriamente fã de The Gift, nem desgosto da sonoridade, mas principalmente sempre admirei a forma empenhada, como lutaram pelo seu sonho quando as portas das editoras se fecharam, decidindo avançar pelos seus próprios meios.

Mas uma coisa são os The Gift outra completamente são os Moonspell. Acho que não é por duas pessoas iniciarem uma relação, que de imediato começaram a misturar os assuntos profissionais com os pessoais. O que não faltam para aí aliás, são exemplos de bandas que acabaram por causa das relações dos músicos. Aponto só um exemplo: Beatles! E não consigo compreender como é que estes dois vocalistas de duas bandas tão diferentes, não conseguiram separar as coisas, pois parece-me que foi muito pouco inteligente não o terem feito. Vamos agora supor que os restantes elementos de Moonspell também casavam com senhoras que até cantavam (e nem faço ideia se até não é o caso!) Iriam os Moonspell transformar-se numa banda de casaizinhos ao melhor estilo de ABBA? (outro exemplo de outra banda que acabou pelo mesmo motivo!)

Depois, há pouco mais de uma semana, creio até que foi na véspera de Natal, qual não é o meu espanto, quando passo os olhos pela televisão, que estava ligada para as moscas, e vejo de relance o Fernando Ribeiro no Preço Certo, programa de grande audiência de reformados, que se deslocam ao programa para oferecer enchidos e outras iguarias ao Mendes.

Não sei, sinceramente, começo a temer o pior, e não é com alegria que o constato. Um dia destes ainda ouço dizer que os Moonspell fazem parte do cartaz de um desses programas das festinhas das tarde de domingo da TVI, em que vão lá fazer playback para os parolos verem. Ou então pior, venho a saber que o Fernando Ribeiro e a Sónia Tavares entraram num qualquer Big Brother. Famosos pois claro.

P.S. Este texto foi escrito ao som de Wolfheart, primeiro álbum de Moonspell.