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domingo, 10 de abril de 2022

Blade Runner Passa-se no Início da Pandemia de 2019

Rever um filme anos mais tarde, chama-nos a atenção para pormenores que antes não interessavam e muitas vezes, com o passar do tempo determinado filme, livro ou outra obra qualquer ganha uma dimensão diferente. Blade Runner (que traduziram para "Perigo Iminente" em português apesar de ser o nome da personagem principal) é um filme de ficção científica de 1982 realizado por Ridley Scott. 

O mais curioso é que o filme foi um fiasco de bilheteira, mas, tal como dizia, com o passar dos anos acabou por se tornar num filme de culto. 

Mas o que desde logo me chamou a atenção no filme foi passar-se em Novembro de 2019, início da pandemia de COVID-19. 


E, mais curioso ainda, é, ao longo do filme, vermos várias imagens de uma senhora asiática nas paredes de um prédio, a sorrir e a comer uma espécie de pequena cápsula. 


Blade Runner (vi a versão integral) é de facto um filme interessante. Confronta-nos com questões éticas e morais perante o evolução tecnológica. No fim de contas até os replicantes só querem viver um pouco mais e viver para ter as suas próprias memórias. 

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Como Atirar a Máscara ao Chão de Forma Ecológica


Bem sabes que "não há planeta B" e que "emergência climática" está aí. E, tal como uma palhinha pode, por exemplo, ir parar ao nariz de uma tartaruga marinha, sabe-se lá onde poderá ir parar uma máscara, não é?

Então, nunca te esqueças. Quando fores, por exemplo, dar a tua caminhada aqui na aldeia, deves atirar a tua máscara ao chão corretamente e não de qualquer forma. Então nunca te esqueças. Antes de a atirares ao chão, deves sempre cortar os atilhos. Porque o "planeta agradece"!

domingo, 3 de outubro de 2021

Conversas Improváveis (63) - A Nova Estirpe Perigosa que Nasceu em Portugal

Contei-lhe que ontem os jornais chamaram-lhe o "Dia da Libertação" só porque iam abrir as discotecas. Falei-lhe também que, se nos centros de vacinação alguém tivesse que esperar mais de meia hora, já lá estavam jornalistas para tentar melindrar o excelente processo de vacinação, mas esperar horas para ir fazer compras na Primark ou esperar horas para entrar numa discoteca já não há problema, está tudo bem, e não tem direito a reportagem jornalística sensacionalista porque já não é da responsabilidade do governo. 

Ela achou que foi mais um "Dia do Suicídio". 

Mas eu expliquei-lhe que só entra quem tiver certificado de vacinação ou teste negativo. Ainda que seja quase estúpido pedir certificado de vacinação quando somos o país mais vacinado do mundo com quase 90% da população vacinada. 

Ainda assim, talvez por ser de um dos países com mais mortos do mundo, ela acabou por batizar uma nova estirpe perigosa que surgirá em Portugal: a variante Teca.

De "discoteca"!


terça-feira, 24 de agosto de 2021

Estamos Todos Vacinados Mas Porque é Que Morrem Dez Vezes Mais Pessoas em Portugal?


Por estes dias estamos todos contentes. Somos um dos países do mundo com mais pessoas vacinadas contra a COVID-19! O Serviço Nacional de Saúde, a Ministra da Saúde e o Almirante das vacinas estão todos de parabéns. Ao contrário do que muitos queriam, principalmente os partidos de direita - e basta relembrar o que Rui Rio disse em Janeiro, sobre os privados não terem sido incluídos no processo de vacinação - e a direita serve basicamente para isso, para defender os interesses dos privados - mas, afinal contra o que muitos desejavam, o SNS esteve à altura e ganhamos os Jogos Sem Fronteiras das Vacinas 2021. 

É um dado adquirido. A vacinação, que foi, e bem, voluntária e não obrigatória, porque só se vacinou quem quis, correu muito bem. Portugal é um dos países do mundo com menos pessoas resistentes às vacinas (o que se calhar pode ter surpreendido muita gente) e a população aderiu em massa e o governo até resolveu antecipar a maior abertura de pessoas nos restaurantes e em espetáculos. 

Mas depois parece que a pandemia já acabou. Há miúdos a dizer que se foram vacinar para poder deixar de usar máscara na escola!?, e também encontro muita gente que não sabe como funciona uma vacina e acha que por se ter vacinado já nada lhe vai acontecer! Nem vão morrer nem nada!

Não sei se foram as vacinas que tiveram esse efeito pernicioso, mas parece mesmo que a pandemia acabou, só que não, e se calhar, e espero ser só eu a ser pessimista, mas a pandemia, infelizmente, ainda está muito longe de acabar. E basta olhar para os números! a cada duas semanas morrem entre 200-250 pessoas em Portugal de COVID-19. Não está tudo bem! Pelo contrário, está uma valente merda! Estamos no pico do Verão, época menos propícia à transmissão do vírus e estamos com números absurdos apesar da enorme taxa de vacinação, e de já termos ultrapassado o primeiro milhão de pessoas que tiveram a doença ou testaram positivo e que desenvolveram, naturalmente, anticorpos. 


Só que, apesar da vitória de sermos um dos países do mundo com mais pessoas vacinadas, algo de muito errado se está a passar. Atingimos aquele número utópico que nos venderam da alegada imunidade de grupo (70% da população) e, apesar de sermos dos poucos países na Europa que ainda usa máscaras nas ruas, como é que então ainda morrem tantas pessoas de COVID-19 em pleno verão?

Como sou um bocadinho curioso e gosto de olhar para os números - apesar de há meses não ligar puto ao que vai acontecendo na pandemia - lembrei-me de fazer uma coisa engraçada. E que tal se fosse comparar Portugal, com a Suécia e a Chéquia - que têm os mesmos dez milhões de habitantes que Portugal - e verificar quais as taxas de vacinação e os números médios de mortos por semana? E foi o que fiz. 

Mas as conclusões são desconcertantes. Países que, como nós, têm dez milhões de habitantes, e com taxas de vacinação bem inferiores, e no entanto nós temos dez vezes mais mortos? O que é que explica isto?

Eu não sei explicar porque não sou nem infecciologista ou da área da saúde, muito menos tudólogo das televisões que esses é que sabem tudo e mais alguma coisa, contudo, acho que não é preciso ser tudólogo ou especialista em saúde pública para perceber que, apesar da maioria da população estar vacinada as coisas não estão bem e não acho nada que estamos preparados para o próximo Outono e Inverno. Espero estar redondmente enganado. 

quinta-feira, 8 de julho de 2021

Irresponsabilidade Pandémica no Cu dos Outros é Refresco



Domingo, hora de jantar (que em casa dos meus pais é sempre cedo) e eu ainda estou a acabar de comer. 
Aparecem por cá familiares do meu padrasto que, à semelhança da restante família dele (que mora aqui a meia dúzia de quilómetros) não o visita há anos. 
A minha mãe vai recebê-los, de longe, eles fora do portão, e depois vai chamar o meu padrasto que estava na sala. Eu continuo na mesa, sozinho, e a televisão, que tinha sido deixada ligada, porque eles gostam de ver o programa de domingo à tarde na SIC, é-me indiferente com as suas musiquinhas deprimentes mas faz o barulho suficiente para ir ocultando a conversa. 

Os meus pais não os convidam a entrar, a minha mãe explica que não querem ajuntamentos dentro de casa por causa da pandemia. Consigo percebo que vêm convidar para um batizado/casamento, um ajuntamento de família que nuca mais acaba. Os meus pais, por causa da pandemia, declinam (ainda que também por certo há outras questões pessoais) mas consigo ouvir a sua irmã dele: 

"Isto está mau mas é por causa dos mais novos que se juntam todos".

terça-feira, 6 de julho de 2021

Conversas Improváveis (61) - A Vacina Fantasma




Por estes dias o meu padrasto foi tomar a segunda dose da Astragenérica. Se na primeira dose, em que sentiu tonturas, fortes dores de cabeça e até dormiu mal; até lhe andou a doer o braço durante uns quinze dias, mas desta vez, não, pelo contrário, teve sintoma nenhum. Desta vez nem sequer sabe onde lhe espetaram a agulha! 

A minha mãe:

- Mas será que a seringa tinha algum líquido?!

domingo, 31 de janeiro de 2021

O Tónhónhó Propaga o Vírus

 


A minha mãe chega com o saco do pão indignada:
- "Sabes que multaram o padeiro por ele buzinar"?
De imediato eu disse que o código da estrada não permite buzinadelas, só em caso de perigo, ou antes duma curva perigosa, e que até a malta dos casamentos que se põe a buzinar pode ser toda multada... 
Mas afinal a questão não tinha que ver com o código da estrada, mas sim com o confinamento e a pandemia!

O que o senhor tinha acabado de dizer à minha mãe foi que, foi multado em 60€ pela GNR com a alegação que, ao buzinar está a chamar pessoas que se vão juntar. Tem que tocar na campainha das casas uma a uma. O senhor entretanto ligou ao patrão a reportar a situação, se pagava ou não, mas se não pagasse ficava sem carta.

A minha mãe colocou de imediato uma questão pertinente:
- "Será que também multaram a Igreja por tocar o sino para juntar as pessoas nos funerais e para a missa?

A mim parece-me uma alegação absurda. A polícia, ou a guarda neste caso, deve sim multar se vir ajuntamentos que não cumpram a lei, não deve multar só porque o padeiro sinaliza a sua chegada pelas ruas da aldeia com uma buzinadela e sem que haja ajuntamentos. E assim sempre foi, até nas cidades com a gaita do amolador, e aqui na aldeia com o peixeiro, a carrinha da fruta, o padeiro ou até o tónhónhó da carrinha da Family Frost.

Se entretanto estes profissionais não podem emitir sinais sonoros, pois então que não digam que é por causa da pandemia, porque isso é só parvo. Mas então que também levem isso à letra e que seja para todos: que vão para os casamentos multar em 60€ cada convidado que se põe a buzinar, que vão para o Túnel da Ribeira no Porto multar todos os idiotas que decidem buzinar lá dentro. Se é proibido buzinar por causa do confinamento, então que multem também, por exemplo, as empresas que têm toques de entrada e saída, e que multem as igrejas que tocam o sino para os funerais e para as missas. Que haja coerência, ainda que neste caso me pareça que tenha sido falta de sensibilidade.

Nota: Em Portugal a Family Frost entrou em insolvência em 2012

domingo, 24 de janeiro de 2021

Por Todo o Mundo Falam de Portugal Por Causa da Pandemia mas Mostram a Fotografia Deste Café?


Ontem passava os olhos por notícias no estrangeiro até para perceber o que se dizia de Portugal e deparamo-me com esta fotografia. Olhei melhor e pensei "Espera lá, mas isto não é um Hospital! Isto é a montra de um café"! Num hospital não há montras com lanches e croissants! 

Agora com certeza que os diferentes sites de informação não se lembraram todos de pegar nesta imagem do nada. Esta foto é da Associated Press, uma agência de notícias independente, que lança as notícias e depois muitos outros pontos de informação vão lá bebê-las. 

Movido pela curiosidade decidi tentar investigar e com recurso ao Google Maps consegui mesmo chegar à identificação! Isto é na rua Silva Carvalho em Lisboa, e está sinalizado com sendo um edifício da Sociedade Filarmónica Aluno de Apolo. 

Alguém precisa de um detetive?

sábado, 23 de janeiro de 2021

A Pandemia por um Especialista em Senso Comum


"A morte de uma pessoa é uma tragédia; a de milhões é estatística"

Neste dia em que estou a escrever, Portugal tornou-se no pior país do mundo da pandemia. Em nenhum outro sítio do mundo se morre tanto como em Portugal. E de março até agora, quem por aqui passa mais frequentemente sabe que eu nunca escrevi aqui no blogue sobre a pandemia no que se refere à análise da situação. Bem sei que o que não falta agora são especialistas ou treinadores de bancada do coronavírus e da COVID-19. Gente que mais parece que fez um doutoramento em epidemiologia ou saúde pública, mas não é o meu caso.

Agora há pessoas que sabem tudo sobre os testes, como funcionam, se são fiáveis ou não e as percentagens de erro; pessoas que até nunca meteram os pés dentro de um hospital público mas sabem de tudo que se passa lá dentro, e até são capazes de discutir comigo, porque acham que sabem melhor do que eu, que há trinta anos frequento hospitais público. Pessoas que sabem que não faz sentido fechar as escolas e outras pessoas que sabem muito o porquê da aberração que é deixá-las abertas. Pessoas que sabem tudo sobre as vacinas, quais as marcas, as percentagens da eficácia de cada; enquanto outras pessoas sabem que tudo isto não passa de um plano para nos injetar um chip para nos tornar em zombies e controlar o mundo, criando uma nova ordem mundial liderada pelo Bill Gates.

Eu não sou médico, não sou político, não sou especialista de coisa alguma. Sou um cidadão comum, que tem que cumprir as regras que mandam. Contudo tenho opinião e tenho mantido a mesma desde o início da pandemia: se quisermos, estamos sempre a quinze dias de acabar com a pandemia. Eu informo-me o suficiente, consumo a informação que considero suficiente, sem excessos, muito menos sem televisão, no entanto vejo as coisas de modo empírico, com aquilo que o senso comum me dotou.

E eu sei que lidar com uma pandemia não é uma coisa nada fácil. Por cá nunca ninguém lidou, apesar dos historiadores saberem o que se passou há cem anos. E é sempre mais fácil estar na posição de esperar para depois criticar. Mas nessa tarefa eu também me sinto muito confortável porque desde a primeira hora elogiei e disse que, se calhar, tivemos o governo mais competente no momento em que mais precisávamos. E elogiei a forma rápida como confinamos porque evitou todos aqueles milhares de mortos que, infelizmente, se verificaram nos países aqui ao lado e, nem quero imaginar se ainda estivéssemos a ser governados por Passos e Portas. Não quero mesmo imaginar. 

Mas o tempo foi passando e a pandemia para nós tornou-se naquela espécie de gripe mal curada, que nunca desaparece. Passamos o verão com mais casos que a média europeia e fomos até excluídos do corredor aéreo do Reino Unido. 

Acabamos também por perceber aquilo que o senso comum nos dizia, e dizia-me pelo menos a mim, que no verão as coisas melhorariam, até porque no verão também quase não há gripe. E assim foi. Apesar de tudo ter reaberto em Junho, com centros comerciais, teatros e cinemas, mas verdade é os números andaram sempre abaixo dos 400 novos casos diários, mas não esquecer que as escolas e universidades também estavam fechadas.

E até que as escolas e as universidades reabriram a meio de setembro e a verdade é que foi a partir daí que os números começaram a disparar. No início de outubro os novos casos tinham já subido para 750 e, no fim do mês eram 3500 novos casos. Apontava-se na altura que tinham sido as festas universitárias e festas familiares as responsáveis pelo disparar de novos casos. 

E foi por esta altura, em meados de Outubro, que resolvi encerrar temporariamente com os treinos de ténis-de-mesa. Ninguém me disse que tinha de confinar obrigatoriamente, ninguém me proibiu nem me senti coartado na minha liberdade individual. Não, fui eu mesmo que decidi fazê-lo, voluntariamente, quer para me proteger, quer para proteger os meus pais que têm setenta anos. Chama-se a isto "senso comum", não é?


Em meados de outubro morriam cerca de 11 pessoas por dia em Portugal de COVID-19. Os casos disparavam e o primeiro-ministro achava que a salvação disto tudo - mesmo indo contra as indicações da Organização Mundial de Saúde - era que uma aplicação no telemóvel que ia resolver o problema, e meteu mesmo na cabeça que ia obrigar a polícia a pegar nos telemóveis das pessoas e multar quem não tivesse a aplicação instalada no telemóvel. Felizmente que a proposta (ridícula) foi chumbada no parlamento. 


Mas, curiosamente, dias antes, Rui Rio, líder da oposição, queixava-se no Twitter, mostrando a sua ignorância sobre o funcionamento da aplicação. E se o líder da oposição, economista e que até fala alemão e tudo, não sabe como funciona uma aplicação, será que a maioria dos portugueses iria saber? Não me parece.

Os números foram escalando por toda a Europa e, enquanto por cá discutíamos uma APP e a constitucionalidade da lei, nos outros países tomaram-se medidas a sério. Deixo só um exemplo de um país que tem mais ou menos o mesmo número de habitantes que nós: a Bélgica. A Bélgica confinou com medidas a sério em Outubro, quando estava com oito mil novos casos por dia. A Bélgica teve o número máximo de novos casos em 31 de Outubro e os resultados estão à vista: hoje tem cinco vezes menos mortos que Portugal. 

Entretanto chegamos à festa americana do Dia de Ação de Graças que nos dias seguintes resultou num escalar absurdo de novos infetados e milhares de mortos e, mesmo não percebendo um cu de saúde pública, mas já antevendo o que iria acontecer no final do ano se deixássemos as pessoas todas à solta, escrevi no Twitter, quando já tínhamos um recorde de 70 mortos por dia:



Entretanto chegamos ao Dia de Todos os Santos e Dia de Finados, 1 e 2 de Novembro e o governo decidiu proibir as viagens e os cemitérios tiveram regras apertadas. Os Estados de emergência sucederam-se e os partidos da oposição começaram-se a manifestar contra! Ou seja, eu criticava o governo por deixar toda a gente à solta, e olhava para a oposição e via todos os partidos, da esquerda à extrema-direita a maniffestar-se contra regras mais apertadas! Se os partidos de esquerda quase só falavam no reforço de meios para o SNS, já os partidos de direita, sempre ao lado do patronato, mostraram-se sempre contra os confinamentos, não percebendo esta coisa simples: enquanto não debelarmos a pandemia e a confiança não for recuperada, a economia não se levanta. 

Entretanto as coisas começaram a piorar e, aqueles que gritavam contra os confinamentos, gritam agora que a culpa dos mortos é do governo! Já tardava a demagogia da direita. O candidato neoliberal às presidenciais, Tiago Mayen (o tal que trabalha no ISMAI mas declarou que ganha menos do que o calceteiro Vitorino Silva) que sempre se mostrou contra confinamentos, teve mesmo a lata de afirmar que a culpa dos mostos é da ministra Marta Temido! 

Eu acho que não era preciso ser-se médico ou comentador-tudólogo, para perceber o que iria acontecer no Natal e passagem de ano. Se elogiei o governo no início da pandemia pelas rápidas medidas de ataque ao vírus, agora não posso deixar de criticar este deixa andar e decretar sucessivos Estados de Emergência com medidas que mais parece que são para chatear as pessoas, tal como criticar a oposição que não exigiu medidas para conter o vírus e proteger as pessoas. Se é para atacar o vírus, então que se feche, mas que se feche tudo de uma vez, que se fecham as fronteiras e que nenhum avião levante ou aterre. Que se esmaguem os números de novos infetados e que se pare com esta mortandade. Se estamos a pensar na economia, pois então esperem por um 2021 exatamente igual a 2020 e ainda teremos muito que penar  nesta pandemia. Ainda assim, independentemente do que os governos decidam, nós temos sempre uma grande vantagem: é protegermo-nos e evitar contactos desnecessários. Protejam-se, que isto não está fácil. 

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

As Pessoas Enganam-se Tanto


Primeiro fim-de-semana de novo pseudo-confinamento. Mais uma camada de geada a deixar tudo branco no monte e nas ruas, mas também um belo dia de sol, antes da chegada da chuva, amanhã. Decidi ir fazer o meu "passeio higiénico", neologismo que dá para as pessoas justificarem tudo aquilo que não seja o seu dever de estar em casa confinadas e, logicamente que neste caso contra mim falo porque também saí, ainda que, em minha defesa, possa dizer que quase não me cruzei com viva alma. 

Peguei na bicicleta e fui fazer um pouco de exercício, não que já esteja propriamente redondo, mas, principalmente, arejar um pouco em véspera de mais uma semana de "trabalho". Resolvi ir para montante do rio Douro, aldeia vizinha e freguesa anexada e fui explorar uns caminhos ali pela beira do rio. 

Saí de mochila às costas e roupa comum, botas e caças de ganga justas e elásticas, porque não sou daqueles que para andar de bicicleta têm que vestir o equipamento desportivo todo, como se fossem fazer a volta a Portugal. Saí agasalhado, com gorro preto na cabeça e óculos de sol. Cabelos esvoaçantes e barba de duas semanas. 

Por onde passava e se me cruzava com alguém, educadamente dizia "boa tarde". Imagino que para quem me leia e que viva na cidade isto pareça estranho, mas nas aldeias, quer as pessoas se conheçam, ou não, sempre foi normal cumprimentarem-se, e não vergarem simplesmente os cornos ao chão, fazendo de conta que não vêem ninguém. Até me estou a lembrar, dos sítios onde fui fazendo caminhadas, sempre vi o bom hábito das pessoas se cumprimentarem. Em Espanha, por exemplo, sempre que me cruzava com alguém, quer na Senda Del Cares ou nos Lagos de Covadonga ouvia sempre um "Holla!". 

Então sempre me pareceu natural e instintivo cumprimentar quem passa. Ontem, infelizmente, várias vezes do outro lado respondia-me o silêncio. Numa das ruas, de boas vivendas (a aldeia vizinha não é como a minha, pobre, até porque em tempos até já foi sede de concelho) mas entretanto chego a um cais onde estavam dois pescadores a pescar e, minutos depois, no regresso, cruzo-me de novo com o senhor, um dos que não me respondeu e vi-o a fechar o portão da sua bela vivenda, não fosse eu decidir, sei lá, assaltar-lhe a casa, em pleno fim-de-semana de confinamento com toda a gente em casa!

Pedalar calmamente também é bom para pensar. E eu refletia como há coisas que não mudam. Há uns anos lembro-me (já não sei se contei esta história aqui no blogue) que uns emigrantes radicados em França, numa altura em que estavam de novo cá na aldeia, ficaram estupefactos a olhar para mim quando passei por eles na rua. E eu não vi essa surpresa, mas ouvi ao longe uma vizinha, que seguia no carreiro do campo de carro-de-mão carregado: "Não tenhais medo, é o filho da Rosa Maria"!

E, não deixa de ser muito curioso que, ainda por estes dias em conversa com a minha amiga carioca dizia-lhe que nunca me senti muito discriminado em Portugal por causa deste meu aspeto mais "exótico". E exótico talvez seja uma bela palavra quando tantas vezes sou interpelado em inglês no meu próprio país. Mas, para o bem ou para o mal, nós somos sempre vítimas ou reféns da forma como nos apresentamos e do nosso aspeto físico. No entanto eu sempre arranjei empregos e nunca senti propriamente que o meu aspeto fosse um entrave a fazer a minha vida normalmente. Há sempre reserva e medo com aquilo que não se conhece, ainda que, digo eu, eu não devesse ser motivo para que sejam mal educados quando passo.

Por outro lado, não deixa de ser irónico, que, se um qualquer meliante se vestir bem, como qualquer "pessoa de bem" (expressão muito em voga pelo candidato fascista) e usar um fato e gravata, e for por aí pelas aldeias dizer que vem trocar as notas de Euro, porque como agora o Reino Unido saiu da União Europeia, tem que se retirar do mapa aquele país, aposto que as pessoas os recebem quase de braços abertos. É assim a sociedade, sempre a julgar pelas aparências, e, como diz a minha mãe: "as pessoas enganam-se tanto". 

domingo, 17 de janeiro de 2021

Crónicas da Pandemia: Quando os Média Mentem por Ocultação

https://www.manipalthetalk.org/

As pessoas continuam-me a dizer que tenho que usar máscara na rua porque é proibido andar fora de casa sem máscara. Por estes dias fui dar uma caminhada com o meu padrasto, e ele, a medo perguntou: é melhor levar máscara não é? Mas se nós somos do mesmo agregado familiar, e vamos andar pelo meio do monte, qual seria o sentido de andar com a máscara colocada? O que lhe disse foi que, se prefere, leva a mascara consigo que, caso nos encontremos com alguém, podemos colocar, mas mesmo assim não seria necessário, porque estamos a falar de uma aldeia, onde facilmente, na rua, podemos ficar a dois metros uns dos outros!

Esta foi das coisas que mais me irritou nos média. Ainda me lembro muito bem. A minha colega chega ao trabalho e diz-me "amanhã já vai ser obrigatório andar de máscara na rua". Ao que eu lhe respondi "isso não pode ser verdade", e ela contrapõe "mas eu ainda agora ouvi na Rádio Comercial". Não interessava onde ela tivesse ouvido! Se nesse mesmo dia a lei estava a ser votada no parlamento como é que no dia seguinte já seria obrigatório o uso de máscaras na rua? Era uma impossibilidade! Se a lei é discutida no parlamento, primeiro tem que ser aprovada pelos deputados, depois tem que ser aprovada pelo presidente da república, mas depois ainda tem que ser publicada em Diário da República, e só a partir daí é então lei e alguém pode ser multado pelo seu incumprimento.

Curiosamente logo no dia seguinte fui a uma consulta no hospital e a verdade é que constatei que as pessoas andavam generalizadamente de máscara nas ruas ainda que, em bom rigor a maioria não tivesse que o fazer. Porquê? Porque os média não informaram corretamente. Os média focaram o "obrigatório" mas não leram a lei até ao fim, acabando por semear o medo pela fata da máscara e não informaram corretamente. 


E a correta informação é que SIM, o uso de máscara é OBRIGATÓRIO por lei, mas, sempre que não seja possível o distanciamento de dois metros. E claro que ninguém vai andar com uma fita métrica no bolso para medir se está, ou não, a dois metros de distância dos outros. É uma questão de sensatez. Se eu vou ao Porto e vou passar pela rua Santa Catarina que está com centenas de pessoas, pois com certeza que vou colocar a minha máscara para me proteger e, principalmente proteger os outros. Se estou a caminhar sozinho não faz sentido colocar a máscara se não a estava a usar antes.

Que as pessoas confundam o que ouvem é normal. Mas que sejam os jornalistas, profissionais da comunicação, em que a sua vida é informar os outros, a não o fazer convenientemente e espalhem a desinformação é que já não se admite. 

Outra questão noutro sentido. É sabido que o valor das coimas para o não uso da máscara duplicou. Então e qual é, pergunto eu, a multa para, publicamente, apelar ou difundir ideias de que a máscara e o distanciamento não protege nada? Aquela malta dos Mentirosos pela Verdade foi multada? E a médica que andou a explicar como falsear os resultados dos testes, foi impedida de exercer medicina?

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

O Admirável Neoliberalismo Americano Que Lucra com os Mortos da Pandemia

Esta história é tão deliciosa e tão pouco conhecida por cá que tinha que a contar aqui. 

Então é assim, como é sabido, o controlo do Senado dos Estados Unidos da América foi decidido agora a 5 de Janeiro numa disputa que deu a vitória aos democratas. Mas a história passa-se com os dois candidatos conservadores, o partido de Trump: David Perdue e Kelly Loeffler.

Posso-vos garantir que estes dois senadores são duas pessoas de "bem" e de boas famílias da direita americanas. Basta olhar para a fotos deles! David Perdue é um empresário que ganhou muitos milhões a importar produtos muito baratos vindos da China (dos tais que depois vêm dizer que a China é um papão). Já Kelly Loeffler é muito mais rica que o seu colega, aliás, segundo a Forbes, é mesmo uma das pessoas mais ricas do Capitólio, com uma fortuna avaliada em cerca de 660 milhões de euros. Para se ter uma ideia, conjuntamente com o seu marido, estima-se que tenha o quadruplo da riqueza do segundo membro do Congresso!

Mas vamos então perceber a maravilhosa história da especulação pandémica. 

Apesar de toda aquela conversa do ainda presidente Trump, que isto era só um "vírus chinês", que ninguém se tinha de preocupar, que era só uma "grizepinha" ou até uma "invenção dos média", a verdade é que em 24 de Janeiro de 2020 houve uma reunião para todo o Senado americano sobre o desastre iminente (lembrar que o primeiro infetado nos Estados Unidos surgiu a 21 de Janeiro de 2020) e então, munidos desta informação confidencial, o que é que estas duas pessoas de "bem" da direita americana resolveram fazer?

Se na saída desta reunião fizeram discursos tranquilizadores para as televisões, que as pessoas não precisavam de se preocupar, muito menos tomar medidas de proteção, nem pensar sequer em usar máscaras como os idiotas dos chineses. Mas o que fizeram em seguida foi um pouco diferente. De imediato começaram a movimentar milhões de dóllars em ações onde sabiam que iriam ter grandes benefícios, nomeadamente em software de teletrabalho. Mas há mais, muito mais, e a cena se calhar até é maravilhosamente macabra.

David Perdue achou por bem que, depois de dizer aos americanos que não se precisavam de preocupar com a pandemia, tratou mas foi de cuidar da sua vidinha - porque a vida custa a todos não é? - e começou a investir milhões numa empresa que se chama DuPont e que fabrica equipamentos de proteção individual, incluindo - veja-se o detalhe sórdido - sacos para embalamento de cadáveres! Não é maravilhoso? Porque não lucrar com a morte de quase trezentos mil americanos? Digam lá que não são tão nacionalistas e tão ferverosamente defensores da pátria esta gente de direita a querer lucrar com a morte dos seus concidadãos!

Quando confrontados com as investigações e o escândalo de corrupção e informações privilegiadas, parece que já os estou a ouvir dizer: "Para serem mais honestos do que eu têm que nascer duas vezes"!

E é esta promiscuidade entre política e negócios, sem qualquer controlo nem conflito de interesses que também em Portugal uma certa direita neoliberal quer. "Menos Estado" ou "Estado Mínimo" gritam eles. No ano passado, em campanha eleitoral até berravam ser contra o financiamento do Estado aos partidos - vejam lá tão honestos que eles são! - e que até abdicariam da subvenção, a que teriam direito, caso elegessem algum deputado. Mas depois de eleito o seu deputado a coisa, como se sabe, foi um bocadinho diferente!

E depois é uma pena criticarem tanto, por um lado o apoio que o Estado dá aos mais desfavorecidos (subsídio de desemprego, rendimento mínimo), por outro são contra o controlo do Estado porque ai-Jesus-que-mais-parece-que vivemos-na-China-e-esta-malta-parece-que-só-leu-o1984, mas depois vem uma "gripezinha" (como eles dizem) e vêm logo de mão estendida para o Estado lhes dar de comer. O que esta gente quer não é acabar com a corrupção, quer é rédea solta. Não quer nenhum controlo, nenhumas regras para voltarmos ao tempo da ditadura em que o trabalhador trabalhava doze horas por dias e ganhava uma bucha de pão e um gole de vinho até porque, como eles dizem, "o aumento do salário mínimo é muito mau para os pobres". Esta gente não quer acabar com a corupção, quer é o exclusivo da corrupção para si.

domingo, 10 de janeiro de 2021

Palavra do Ano é Saudade de 2020


Eu, conjuntamente com mais quarenta mil pessoas, participei na eleição da palavra do ano e, apesar do voto ser secreto posso-vos assegurar que votei na palavra pandemia. Faz sentido, não? Eu pelo menos achei que sim, que em ano de pandemia, palavras como "pandemia", "confinamento", "zaragatoa", "COVID-19", todas estas palavras fariam sentido. E tive até pena que, incompreensivelmente, palavras como "vacina" ou "negacionista" não estivessem a concurso. 

Mas para os senhores da Porto Editora, "saudade" era uma palavra que fazia todo o sentido estar ali metida! E vai daí, 25% dos votantes, apesar de ali terem tantas palavras que adjetivariam bem o ano que passou, acharam por bem ignorá-las e votar precisamente na palavra que estava completamente deslocada. Em "pandemia" votaram comigo 17% das pessoas e "COVID-19" ficou em segundo lugar. 

Se a pandemia tivesse acabado a 31 de dezembro de 2020, e daqui a uns anos nos dissessem que  a palavra do ano de 2020 foi "saudade" por certo que, de imediato, saberíamos que foi ano de pandemia! Não, não saberíamos! Tal como não saberemos porque é que "violência doméstica" foi a palavra do ano de 2019 ou "enfermeiro" foi a palavra do ano em 2018. 

Mas certamente que se eu vos disser que a palavra do ano de 2017 foi "incêndios"; ou que a palavra do ano de 2010 foi "vuvuzela" ou a palavra do ano de 2011 foi "austeridade", certamente que todos saberão de imediato que anos tivemos. 

Mas a pandemia não acabou a 31 de dezembro de 2020. Nem acabará a 31 de dezembro de 2021. Se calhar em a 31 de dezembro de 2022. Ah, já percebi. As pessoas que participaram na iniciativa palavra do ano da Porto Editora, votaram na palavra "saudade" porque já estavam com saudades de 2020. Foi isso.

sábado, 26 de dezembro de 2020

Porque é Que os Asiáticos Resolveram o Problema Pandémico e os Ocidentais Não?

 Ontem, dia de Natal, a grande generalidade dos portugueses ainda estava a dormir porque se deitou muito tarde porque ficou à espera do Pai Natal que este ano não veio porque lhe mataram as renas todas na Quinta da Torre Bela e já eu andava de bicicleta junto ao rio Douro. Mas não satisfeito, logo após o almoço que aqui em casa dos meus pais é sempre ao meio-dia, meti a bicicleta no reboque e rumei em direção à cidade do Porto. Deixei o carro a três quilómetros do Freixo, peguei na bicicleta e fui dar uma volta, para exorcizar do meu corpo os últimos vestígios de bolo-rei da noite anterior. Fiz o passadiço de Valbom e rumei ao passadiço de Rio Tinto, passando pelo Parque Oriental. 

Ainda era cedo e fui vendo poucas pessoas a caminhar. Maioritariamente ninguém usava máscara, e na rua, a caminhar ao ar livre eu também não vejo grande problema com isso uma vez que o distanciamento facilmente se consegue. Eu também não ando de bicicleta com a máscara colocada, ainda que de vez em quando lá passa uma pessoa com ela colocada. 


No entanto, comecei a prestar atenção. Passo por um casal de asiáticos (eu não os distingo, se são japoneses, chineses, coreanos ou vietnamitas!) e ambos com a máscara corretamente colocada. Adiante outro asiático de meia-idade, sentado num banco com uma criança, também de máscara colocada corretamente. Depois de feito o passadiço de Rio Tinto decidi rumar até à Ponte da Arrábida e ao Jardim do Passeio Alegre. Fui passando por cada vez mais pessoas na rua quando me aproximei do jardim, e aí já ia vendo mais pessoas com máscara mas a grande maioria não usava. Continuo a dizer que isto não é uma crítica, é unicamente uma constatação, pois o que a lei diz é que o uso da mascara só é obrigatório quando o distanciamento não é permitido, e relembrar que estamos a falar de espaço ao ar livre. Mas fui contado, e a verdade é que passei por uns dez conjuntos de asiáticos e, sem exceção, estavam TODOS de mascara e corretamente colocada.

Sobre a China muita gente coloca dúvidas como é que eles erradicaram o vírus tão rapidamente e já fazem a sua vida normal e vão aos bares e discotecas. Colocam-se dúvidas porque é um regime autoritário que não cumpre os direitos humanos e devemos sempre ter cautela com as informações que de lá vêm. Contudo a China não foi o único país asiático a resolver o problema da pandemia, foi a grande generalidade. O Japão, por exemplo, pertence ao G7 (os países mais industrializados do mundo) e é de todos eles o país que está melhor. 

Podem-me dizer que por aquelas bandas eles estão mais preparados porque já convivem com as máscaras há mais tempo e é verdade. Em muitas cidades chineses sei que já se usava máscara simplesmente para as pessoas se protegerem da poluição. Existe essa familiaridade com esse objeto que para nós, excluindo as pessoas que já as tinham que usar nos seus trabalhos, era ainda uma novidade. 

Mas os asiáticos resolveram os seus problemas com a pandemia porque cumprem! Os asiáticos que estão em Portugal poderiam comportar-se como qualquer português e não usar a máscara, ou usá-la no queixo, mas não, eles usam-nas sempre e de forma correta. Estão em Portugal, e aqui não há nenhum regime autoritário de pontos que os possa prejudicar. Da Ásia também conheço nem ouvi falar em grupos negacionistas como aqui na Europa, e que infelizmente chegaram também a Portugal, que são contra o confinamento e contra o uso das máscaras como os conhecidos grupos de mentirosos pela verdade.

Os asiáticos têm um sentido de comunidade muito forte. Ajudam-se uns aos outros e respeitam o próximo. Nós portugueses e ocidentais em geral, só pensamos no nosso umbigo. Devemos guardar distanciamento e respeitar as regras para que a pandemia acabe mais depressa? Nada disso, eu faço o que me apetece e ninguém manda em mim e têm que respeitar a minha liberdade individual de ser um atrasado mental. 

sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

As Pessoas Com as Vacinas São como os Cães Pela Comida!


É extraordinariamente interessante como funcionam as pessoas e os comportamentos de grupo. Foi-se falando da chegada das vacinas, que eu confesso que não estava à espera que fosse para breve, até porque já nos tinham dito que chegariam em Setembro. Olhando à minha volta, mas principalmente para o que ia lendo nas redes sociais, parece que ninguém queria ser vacinado (eu incluído). Os motivos eram os mais variados, porque foi feita depressa demais, porque não sabemos que efeitos podem causar; pessoas que escrevem nos jornais falaram até em alterações do ADN (que outras rapidmente se aressaram a desmentir) e por aí a fora com as mais variadas teorias da conspiração, associadas ao Bill Gates, que isto é mas é tudo para nos controlar, com um chip incorporado na vacina!

Entretanto no dia 8 de dezembro as primeiras pessoas do mundo começaram a ser vacinadas no Reino Unido. Mas em Portugal, avançava-se na imprensa, no dia 16 de dezembro, que apenas 39% das pessoas estavam disponíveis para tomar a vacina no imediato. A vacinação foi avançado e foram sendo difundidas cada vez mais imagens e informação sobre o assunto, e, estranhamente, oito dias depois, os 39% de portugueses que estavam dispostos a tomar a vacina passaram para uns incríveis 98%! 

As pessoas não são muito diferentes dos cães. Quem já teve cães sabe que eles agem exatamente da mesma forma. Se deitarmos qualquer coisa para um cão comer, ele muitas vezes chega, olha, e dá meia volta. Mas, se de repente aparece outro cão que olha e começa a comer com grande vontade, então o primeiro regressa e é capaz de começar a rosnar porque também quer comer a mesma comida que antes não gostava! (

Foi precisamente o que aconteceu este ano com as vacinas da gripe em que o governo comprou vacinas mais do que suficientes para todos os grupos de risco mas depois não chegaram. Foi o que aconteceu com o papel higiénico dos supermercados e com muitas outras coisas que desapareceram das prateleiras. 

Muitas vezes o ser humano nem é um cão mas sim um macaco de imitação. 

sábado, 7 de novembro de 2020

Mais Historiadores, Menos Epidemiologistas


Na pandemia de pneumónica de 1918, difundida pelo mundo por causa do regresso das tropas da casa, a máscara foi o grande método de proteção, conjuntamente com outras recomendações como não cuspir, não tossir nem espirrar em cima das outras pessoas e evitar os grandes aglomerados de pessoas. A pandemia chega aos Estados Unidos em Outubro, e voluntariamente quatro em cada cinco pessoas usa uma máscara para se proteger e para proteger os outros. Entretanto graças a bandalheira que se instaurou, o uso da máscara acabou mesmo por ser obrigatório e com multas pesadas para quem não cumprisse. 

Os jornais publicaram instruções sobre como as pessoas poderiam fazer suas próprias máscaras em casa. Pessoas que não cumpram podem enfrentar pena de prisão, multas ou ter seu nome publicado no jornal, revelando que são os “preguiçosos das máscaras”.
E se hoje em dia os avisos chegam por telemóvel, há cem anos os conselhos importantes como o de arejar as casas eram afixados nos autocarros.


Mas depois do uso generalizado de máscara ter resultado e as infeções tinham baixado muito, as autoridades de saúde resolveram levantar estar restrições logo em Novembro, um mês depois da chegada da pandemia aos Estados Unidos. Houve imensas festas na rua, milhares de máscaras espalhadas pelo chão, com as pessoas a dançar e abraçadas umas às outras. Resultado: as infeções voltaram a subir e a máscara acaba por voltar a ser obrigatória em 1919, só que desta vez há enormes manifestações contra o uso das máscaras, prisões, devido àquilo que se designa por "cansaço pandémico".


Ora, se a política prestasse mais atenção aos historiadores e à história, já teria antecipado que, ou se ataca a dispersão de uma pandemia logo no início, com medidas obrigatórias ou, se deixar as coisas nas mãos da responsabilidade individual a coisa vai descambar com ajuntamentos como os que vimos por estes dias na Nazaré e já com mais de três mil casos diários reportados. Mais. Quando depois quiser impor alguma coisa, começarão a aparecer os negacionistas dos movimentos anti-máscara ou, pior, dos negacionistas da própria pandemia, exatamente como aconteceu em 1918.

Não era preciso inventar muito, bastaria olhar para o que aconteceu há cem anos. As mesmas formas de combater a transmissão da doença, as mesmas reações que as pessoas começaram a ter fruto do cansaço pandémico. Por isso, se calhar, teria sido bem mais importante os governos rodearem-se de historiadores e não tanto de epidemiologistas. 

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

"Mentirosos pela Verdade"

 Depois de termos sabido que nos "médicos pela verdade" não existia um único epidemiologista, mais engraçado ainda é descobrir-se que nos "jornalistas pela verdade" não existe um único jornalista!!

A fonte é da conhecida jornalista da RTP, Rita Marrafa de Carvalho que fez a  seguinte publicação no Twitter:




Posto isto, eu acho que vou criar uma página intitulada "Mentirosos pela Verdade" para mostrar às pessoas todas as mentiras em que precisam de acreditar! Nós, os mentirosos, nós é que dizemos as verdades!

Editado: Recomendo esta reportagem sobre os "jornalistas e médicos pela verdade". Muito elucidativa:



sábado, 31 de outubro de 2020

Revolta - Hecatombe Genocida

 REVOLTA é um projeto musical de grandes músicos brasileiros formado por João Gordo (Ratos de Porão, vocal), Prika Amaral (Nervosa, vocal), Moyses Kolesne (Krisiun, guitarra), Guilherme Miranda (Entombed AD e Krow, guitarra), Castor (Torture Squad, baixo) e Iggor Cavalera (Cavalera Conspiracy e Mixhell, bateria) que se juntaram há um mês para com a sua música protestar contra o que está a acontecer no Brasil. O primeiro vídeo é "Hecatombe Genocida" que ataca a forma como Bolsonaro está a gerir a pandemia. 


A primeira música e vídeo que foi lançada chama-se "Hecatombe Genocida" e critica violentamente a forma como Bolsonaro está a gerir a pandemia.




"Necropolítica
Narcisista
Eugenia
Assassina
Perpetuando a Morte
E a pobreza eterna
Jesus Nazifacista
Protege a Milícia
Negacionismo
Terraplanista
Ignorância no coração

Cem mil mortos entupindo
O poço da escuridão
Misturado com ódio e veneno
A justiça vai caindo
Fascistas na contramão
Cloroquina Nióbio e Grafeno
Extermina toda a razão
Patriotas de pele mais clara
Escória que ainda exala
O odor podre da corrupção"



E no caso do Brasil o fundamentalismo religioso de ultra-direita, esse cristianismo fundamentalista foi o único grupo que se organizou durante décadas para tomar o poder. E agora eles tomaram. Então não achei que em 2020 iríamos estar a discutir se a Terra é plana...

REVOLTA - "Hecatombe Genocida" (2020)

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Amor em Tempos de Máscaras


 Hoje saí de casa para mais um longo e duro dia de trabalho sem ter nada que fazer, entretido nos últimos capítulos do Ana Karenina intercalando com vegetar de vez em quando com o telecrã. Saio, no carro o relógio ainda marca 8:30 porque ainda não me dei ao trabalho de acertar as horas, ponho o motor a trabalhar, ligo os médios e lá vou eu, devagarinho aldeia abaixo. 

Um quilómetro depois, passo pela mesma menina de todos os dias, sozinha na paragem de autocarro, e ainda há tão pouco tempo uma criança e agora cada vez mais com formas de mulher. Vestia hoje calças brancas  que condiziam com a máscara branca. 

Continuando a descer por entre mais curvas e contracurvas, quinhentos metros adiante, tendo já começado a subir em direção à estrada nacional, e logo após a curva mais fechada de todo o percurso, o momento romântico do dia. 

Mal percorro a curva e começo a ver a nova prolongada subida, deparo-me com dois adolescentes na paragem. Trata-se mesmo só de uma paragem de autocarro, sem as comodidades, por falta de espaço, do comum abrigo, mais ou menos moderno, de betão ou de vidro, e com o banco onde as pessoas se podem sentar. Eles eram uma rapariga, em quem reparei primeiro, cheiinha, de cabelos escorridos pelos ombros, e sorridentemente desconfortável de máscara no queixo. Ele, mais alto e trinca-espinhas, abraçava-a pela cintura e tomava conta do momento, beijando-a, certamente não tão à vontade quando a minha carroça lhes surgiu na estrada. 

É assim que, em tempos de pandemia, que os mais jovens vivem os seus primeiros amores, na clandestinidade de uma máscara caída no queixo. 

domingo, 25 de outubro de 2020

O Que É Isso dos "Médicos pela Verdade"?

"Fui ver a página dos Médicos pela Verdade e virologistas lá não há. Há anestesistas o que é muito bom, porque isto é para anestesiar o cérebro, não é? (Cyntia de Benito)

"Uma pessoa que não acredita em Deus não pode ser padre. Uma pessoa que acredita que a terra é plana não pode ser astronauta; e uma pessoa que diz que não se pode testar uma pessoa e que é contra o uso das máscaras, pode ser presidente dos Estados Unidos, mas não tem o direito de exercer medicina".

"Existe uma politização da doença e esse movimento (Médicos pela Verdade) faz parte desse movimento, da negação das evidências científicas por uma crença irracional contra tudo que já foi descoberto. (Jair Ratner)