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sábado, 19 de agosto de 2023

Talvez Um Dia Me Encontre(s)


"Foi sem mais nem menos
Que me deu para abalar sem destino nenhum"

Acabava de sair de casa com a bicicleta na carroça e na rádio passava a "125 Azul" dos Trovante. E porque nós adequamos sempre as letras das músicas, os livros e as cenas dos filmes às nossas próprias vivências, naquele momento se calhar nenhuma outra música fazia tanto sentido. 

"Foi sem graça nem pensando na desgraça
Que eu entrei pelo calor
Sem pendura que a vida já me foi dura
P'ra insistir na companhia"

Porque o prometido é devido, o destino era aquele mesmo sítio, àquela mesma hora que nos encontramos pela primeira vez naquele feriado de Agosto. Depois destes anos todos, que se calhar nem foram tantos assim mas que parece que sim, tínhamos decidido reencontrarmo-nos como quem desenterra uma caixa do tempo. 

"Viva o espaço que me fica pela frente e não me deixa recuar
Sem paredes, sem ter portas nem janelas
Nem muros para derrubar"

Depois de se terem acabado de conhecer num comboio e de terem passado um dia e uma noite a vaguear juntos, Jesse e Celine decidem reencontrar-se seis meses depois no mesmo exato local mas sem terem trocado qualquer contacto. Seis meses depois (e nove anos depois no cinema ficamos a saber) que Jesse esteve no local à hora marcada. Mas a Celine não apareceu. 

"Talvez um dia me encontre
Assim talvez me encontre"

E também tu não apareceste ao encontro que só tinha sido planeado na minha cabeça seis meses antes. Cheguei ao local e quase de imediato fui transportado no tempo para o tempo do primeiro encontro. E para aquela dolorosa despedida que, quem sabe, talvez esteja descrita nos 4008 e-mails nossos que tenho guardado. 

"Mas Deus leva os que ama
Só Deus tem os que mais ama"

Engoli em seco as recordações, voltei a ligar a carroça e desloquei-me um pouco mais para sul, E fui pedalar... 

sábado, 28 de janeiro de 2023

Em Busca da Chave Perdida

Depois de meses a fio sempre a chover, aproveitei o sol e domingo passado fui dar a primeira volta de bicicleta do ano mas não foi com a segunda bicicleta que entretanto comprei porque precisa de uma afinaçãozinha no travão. O inverno é sempre uma boa altura para comprar uma bicicleta usada a bom preço e todos os dias são colocadas centenas à venda porque é quando as pessoas descobrem que têm ali um mono parado sem utilização.

Decidi rumar à ponte Dom Luís e daí virar à esquerda e ir até à praia de Avintes. A ponte continua em obras. Estas supostamente deveriam ter acabado em outubro passado mas a verdade é que a ponte ainda continua um verdadeiro estaleiro por onde as pessoas têm que passar numa espécie de gincana para conseguir chegar à outra margem. Duas mulheres que falavam espanhol vão à minha frente e eu sigo-as silenciosamente. De repente quando dão pela minha presença quase se assustam e querem-me deixar passar, como se fosse possível. Não é, porque naquele corredor de tábulas em forma de túnel uma bicicleta não consegue passar sequer por uma pessoa e o remédio é esperar pacientemente. 

Mal se sai da ponte sobe-se umas centenas de metros e chegado lá ao alto avista-se para a ponte do Infante. Encostei a bicicleta, tirei o telemóvel da mochila e quando me preparava para enquadrar o cenário a bicicleta tomba com o peso da mochila num dos punhos do guiador. 

Sigo viagem e fotografo os lábios do A-Rosa Alba ancorado metros à frente e lá vou pedalando tranquilamente vendo os turistas passarem nos barcos. Na praia de Avintes onde pintaram uma ciclovia constato a falta de educação ou falta de civismo ou falta sei lá do quê dos portugueses. Têm um enorme passeio junto ao rio para caminhar mas não. Fixe mesmo é caminhar todos a par pela ciclovia! 

Não consigo mesmo compreender tal como não entendo como é que alguém que conduz um Renault Megane de 2016 e vira para uma rua cheia de boas moradias pode atirar, mesmo à minha frente, lixo pela janela. Não consigo mesmo compreender. E depois ainda há gente a reclamar das aulas de cidadania. É verdade que muito evoluímos desde os tempos da ditadura mas ainda nos falta melhorar tanto!

Chego até ao fim do percurso sempre junto ao rio Douro e inverto o sentido. Rumo de novo até à Ponte D. Luis e depois seguir pela Marina do Freixo até Gramido. 

Coloco a bicicleta no reboque e reparo que não tenho a garrafa da água. Que estranho, tenho quase a certeza que o tinha trazido, como é possível que não esteja aqui? A verdade é que o suporte está partido, e tenho que comprar um novo, para não correr o risco de perder a garrafa. Preparo-me para entrar para o carro, quem sabe para ler um pouco do livro "Anatomia de um regicídio" que ando agora a ler enquanto refastelado no carro apanharia os últimos raios de sol do dia.

 Vou à mochila, procuro e volto a procurar mas não tenho a chave. Não pode ser! Como é possível ter perdido a chave do carro? Não adianta, vou ter que chatear os meus pais que aquela hora deveriam estar entretidos com os programas deprimentes da tarde da televisão e pedir-lhes se me fazem o favor de me virem trazer a chave do jipe.  

Naquela meia hora pude refletir e passar em revista todos os meus passos.

Fechei o carro e saí com a chave e sei que a coloquei dentro do bolso da mochila. Então, onde é que a poderei ter perdido? Pensa. Claro! No único ponto onde abri a mochila! No local onde tirei o telemóvel e quis fotografar. E agora tinha percebido o porquê do bidão não estar na bicicleta. Tudo fazia sentido. 

Os meus pais iriam chegar e eu já sabia como proceder. Eles levariam o meu jipe que estava com o reboque da bicicleta e eu ficaria com o Toyota Scarlet e iria a pé procurar a chave perdida. Frustrada a procura restava talvez participar o extravio. 

E assim foi. Estacionei o carro a umas centenas de metros da ponte e já mais agasalhado comecei a caminhar em passo apressado até ao local do crime. Estava agora a poucos metros, aproximei-me, olhei para o chão e ali estava a garrafa de água caída... procuro em volta rapidamente mas nada. A chave não estava ali. Como seria possível? O que é que levaria alguém a apanhar uma chave de um carro? 

Já desanimado levanto a cabeça para cima e dou de caras com ela! Estava ali à minha frente, pendurada na parede! De facto alguém apanhou a chave do chão mas deu-se ao cuidado de a pendurar talvez para melhor chamar a atenção da pessoa que a perdeu, neste caso eu.


Aqui fica o meu obrigado a essa pessoa. 

sábado, 29 de janeiro de 2022

Conversas Improváveis (65) - Não Vás Votar de Bicicleta


 Com isto da pandemia e dos infetados e isolados poderem ir votar (porque os partidos sobre o seu interesse pessoal estão sempre de acordo, mesmo acordando que votar é mais importante que a saúde e a vida) comentei que, se calhar, no dia das eleições, levantava-me cedo e até ia mas era de bicicleta. 

O meu colega:

"Não vás de bicicleta. Assim ficam logo a saber em quem vais votar"!

E, de facto, ele tem toda a razão! Ficavam logo a saber que vou votar num partido de Esquerda! 

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

As Pessoas Enganam-se Tanto


Primeiro fim-de-semana de novo pseudo-confinamento. Mais uma camada de geada a deixar tudo branco no monte e nas ruas, mas também um belo dia de sol, antes da chegada da chuva, amanhã. Decidi ir fazer o meu "passeio higiénico", neologismo que dá para as pessoas justificarem tudo aquilo que não seja o seu dever de estar em casa confinadas e, logicamente que neste caso contra mim falo porque também saí, ainda que, em minha defesa, possa dizer que quase não me cruzei com viva alma. 

Peguei na bicicleta e fui fazer um pouco de exercício, não que já esteja propriamente redondo, mas, principalmente, arejar um pouco em véspera de mais uma semana de "trabalho". Resolvi ir para montante do rio Douro, aldeia vizinha e freguesa anexada e fui explorar uns caminhos ali pela beira do rio. 

Saí de mochila às costas e roupa comum, botas e caças de ganga justas e elásticas, porque não sou daqueles que para andar de bicicleta têm que vestir o equipamento desportivo todo, como se fossem fazer a volta a Portugal. Saí agasalhado, com gorro preto na cabeça e óculos de sol. Cabelos esvoaçantes e barba de duas semanas. 

Por onde passava e se me cruzava com alguém, educadamente dizia "boa tarde". Imagino que para quem me leia e que viva na cidade isto pareça estranho, mas nas aldeias, quer as pessoas se conheçam, ou não, sempre foi normal cumprimentarem-se, e não vergarem simplesmente os cornos ao chão, fazendo de conta que não vêem ninguém. Até me estou a lembrar, dos sítios onde fui fazendo caminhadas, sempre vi o bom hábito das pessoas se cumprimentarem. Em Espanha, por exemplo, sempre que me cruzava com alguém, quer na Senda Del Cares ou nos Lagos de Covadonga ouvia sempre um "Holla!". 

Então sempre me pareceu natural e instintivo cumprimentar quem passa. Ontem, infelizmente, várias vezes do outro lado respondia-me o silêncio. Numa das ruas, de boas vivendas (a aldeia vizinha não é como a minha, pobre, até porque em tempos até já foi sede de concelho) mas entretanto chego a um cais onde estavam dois pescadores a pescar e, minutos depois, no regresso, cruzo-me de novo com o senhor, um dos que não me respondeu e vi-o a fechar o portão da sua bela vivenda, não fosse eu decidir, sei lá, assaltar-lhe a casa, em pleno fim-de-semana de confinamento com toda a gente em casa!

Pedalar calmamente também é bom para pensar. E eu refletia como há coisas que não mudam. Há uns anos lembro-me (já não sei se contei esta história aqui no blogue) que uns emigrantes radicados em França, numa altura em que estavam de novo cá na aldeia, ficaram estupefactos a olhar para mim quando passei por eles na rua. E eu não vi essa surpresa, mas ouvi ao longe uma vizinha, que seguia no carreiro do campo de carro-de-mão carregado: "Não tenhais medo, é o filho da Rosa Maria"!

E, não deixa de ser muito curioso que, ainda por estes dias em conversa com a minha amiga carioca dizia-lhe que nunca me senti muito discriminado em Portugal por causa deste meu aspeto mais "exótico". E exótico talvez seja uma bela palavra quando tantas vezes sou interpelado em inglês no meu próprio país. Mas, para o bem ou para o mal, nós somos sempre vítimas ou reféns da forma como nos apresentamos e do nosso aspeto físico. No entanto eu sempre arranjei empregos e nunca senti propriamente que o meu aspeto fosse um entrave a fazer a minha vida normalmente. Há sempre reserva e medo com aquilo que não se conhece, ainda que, digo eu, eu não devesse ser motivo para que sejam mal educados quando passo.

Por outro lado, não deixa de ser irónico, que, se um qualquer meliante se vestir bem, como qualquer "pessoa de bem" (expressão muito em voga pelo candidato fascista) e usar um fato e gravata, e for por aí pelas aldeias dizer que vem trocar as notas de Euro, porque como agora o Reino Unido saiu da União Europeia, tem que se retirar do mapa aquele país, aposto que as pessoas os recebem quase de braços abertos. É assim a sociedade, sempre a julgar pelas aparências, e, como diz a minha mãe: "as pessoas enganam-se tanto". 

sábado, 26 de dezembro de 2020

Porque é Que os Asiáticos Resolveram o Problema Pandémico e os Ocidentais Não?

 Ontem, dia de Natal, a grande generalidade dos portugueses ainda estava a dormir porque se deitou muito tarde porque ficou à espera do Pai Natal que este ano não veio porque lhe mataram as renas todas na Quinta da Torre Bela e já eu andava de bicicleta junto ao rio Douro. Mas não satisfeito, logo após o almoço que aqui em casa dos meus pais é sempre ao meio-dia, meti a bicicleta no reboque e rumei em direção à cidade do Porto. Deixei o carro a três quilómetros do Freixo, peguei na bicicleta e fui dar uma volta, para exorcizar do meu corpo os últimos vestígios de bolo-rei da noite anterior. Fiz o passadiço de Valbom e rumei ao passadiço de Rio Tinto, passando pelo Parque Oriental. 

Ainda era cedo e fui vendo poucas pessoas a caminhar. Maioritariamente ninguém usava máscara, e na rua, a caminhar ao ar livre eu também não vejo grande problema com isso uma vez que o distanciamento facilmente se consegue. Eu também não ando de bicicleta com a máscara colocada, ainda que de vez em quando lá passa uma pessoa com ela colocada. 


No entanto, comecei a prestar atenção. Passo por um casal de asiáticos (eu não os distingo, se são japoneses, chineses, coreanos ou vietnamitas!) e ambos com a máscara corretamente colocada. Adiante outro asiático de meia-idade, sentado num banco com uma criança, também de máscara colocada corretamente. Depois de feito o passadiço de Rio Tinto decidi rumar até à Ponte da Arrábida e ao Jardim do Passeio Alegre. Fui passando por cada vez mais pessoas na rua quando me aproximei do jardim, e aí já ia vendo mais pessoas com máscara mas a grande maioria não usava. Continuo a dizer que isto não é uma crítica, é unicamente uma constatação, pois o que a lei diz é que o uso da mascara só é obrigatório quando o distanciamento não é permitido, e relembrar que estamos a falar de espaço ao ar livre. Mas fui contado, e a verdade é que passei por uns dez conjuntos de asiáticos e, sem exceção, estavam TODOS de mascara e corretamente colocada.

Sobre a China muita gente coloca dúvidas como é que eles erradicaram o vírus tão rapidamente e já fazem a sua vida normal e vão aos bares e discotecas. Colocam-se dúvidas porque é um regime autoritário que não cumpre os direitos humanos e devemos sempre ter cautela com as informações que de lá vêm. Contudo a China não foi o único país asiático a resolver o problema da pandemia, foi a grande generalidade. O Japão, por exemplo, pertence ao G7 (os países mais industrializados do mundo) e é de todos eles o país que está melhor. 

Podem-me dizer que por aquelas bandas eles estão mais preparados porque já convivem com as máscaras há mais tempo e é verdade. Em muitas cidades chineses sei que já se usava máscara simplesmente para as pessoas se protegerem da poluição. Existe essa familiaridade com esse objeto que para nós, excluindo as pessoas que já as tinham que usar nos seus trabalhos, era ainda uma novidade. 

Mas os asiáticos resolveram os seus problemas com a pandemia porque cumprem! Os asiáticos que estão em Portugal poderiam comportar-se como qualquer português e não usar a máscara, ou usá-la no queixo, mas não, eles usam-nas sempre e de forma correta. Estão em Portugal, e aqui não há nenhum regime autoritário de pontos que os possa prejudicar. Da Ásia também conheço nem ouvi falar em grupos negacionistas como aqui na Europa, e que infelizmente chegaram também a Portugal, que são contra o confinamento e contra o uso das máscaras como os conhecidos grupos de mentirosos pela verdade.

Os asiáticos têm um sentido de comunidade muito forte. Ajudam-se uns aos outros e respeitam o próximo. Nós portugueses e ocidentais em geral, só pensamos no nosso umbigo. Devemos guardar distanciamento e respeitar as regras para que a pandemia acabe mais depressa? Nada disso, eu faço o que me apetece e ninguém manda em mim e têm que respeitar a minha liberdade individual de ser um atrasado mental. 

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Cristianismo Cultural

Hoje fui vítima de Cristianismo Cultural. Não é para todos. Quando passava de bicicleta por um pequeno grupo de miúdos, um deles (claro que o ser humano desde cedo tem comportamentos em matilha que sozinho nunca teria) e diz bem alto: "Cristo desceu à Terra". 

Bom, acho que vou já criar uma petição para que a Igreja Católica pinte o seu Cristo de acordo com a sua etnia, da região onde terá nascido e não todo higienizado, de pele clara, cabelos compridos claros e olhos claros.

A Ponte Despiu-se de Pessoas


Esta imagem terá duas horas. Poderia dizer que a ponte Dom Luís despiu-se de pessoas. Só para mim. Os miúdos que se penduram no tabuleiro para se mandarem lá para baixo, quinze metros até ao rio, também ficaram sem audiência. Mas quando passei junto ao rio a pé e com a bicicleta pela mão na Ribeira, por um passeio muito estreito, entre as mesas encostadas ao muro de granito e os restaurantes, cafés ou lojas de recordações, senti a dificuldade que aquelas pessoas podem estar a viver. Um senhor mais velho abordou-me em inglês e eu estava a levá-lo a sério antes de ter visto o emblema do FC Porto no casaco e antes dele me dizer que precisa de dinheiro para comer. Não dei nem darei mais. Conheço bem alguns pedintes profissionais. Há uns vinte anos conheci umas crianças que andavam a pedir em Santa Catarina e percebi que eram os pais que, quais proxenetas exploravam as crianças, porque qualquer pessoa sente mais pena das crianças do que dos adultos. Ganhamos resistência a este tipo de coisa e podemos estar a dizer não a quem até precisa mesmo, mas ninguém gosta de ser enganado e paga o justo pelo pecador. 

Está tudo errado nesta sociedade mas não se culpe a pandemia, até porque a pandemia só apareceu graças aos hábitos absurdos que levamos a sociedade global e consumista. 

sábado, 29 de fevereiro de 2020

Escravos na Roda Gigante

No domingo fui dar uma volta sozinho. Em pleno Inverno o termómetro da carroça marcava 24 graus, motivo para eu sair de calções cinzentos, camisola de manga curta preta e pulseira celta no pulso.

Como já andava há algum tempo para querer passar no Parque de São Roque para ver como ficou o restauro do Palacete Ramos Pinto decidi-me a passar por lá. Visto e fotografado o palacete repintado de amarelo e revisto o parque, resolvi pegar na bicicleta e fazer os passadiços de Rio Tinto que abriram há uns meses e que também tinha alguma curiosidade de ver como ficou a obra.



Enquanto pedalava devagar ia olhando para toda aquela gente. Uns a caminhar sozinhos, outros acompanhados; uns a passear o cão, outros de bicicleta como eu, outros a passear os filhos pequenos... Cada uma daquelas pessoas no seu momento de lazer.

E pensei para com os meus cabelos brancos:

"Aqui estão os escravos humanos, quais ratos de estimação do capitalismo, na sua gaiola dourada, aqui, no seu momento de prazer e aparente liberdade, correndo na roda gigante sem parar e sem chegar a lado nenhum, tentando aproveitar estas míseras duas horas de sol para amanhã voltarem para a prisão do trabalho".

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

A Melhor Forma de Transportar Bicicletas no Carro



Como é sabido eu gosto de dar as minhas voltas de bicicleta e, por norma vou para diferentes sítios, mas quase sempre para longe de casa, porque vivo num local com grandes desníveis o que não facilita muito a utilização deste meio de transportes ecológico e que ainda por cima faz bem à saúde. Apesar de já por algumas vezes ter pegado na bicicleta e ter ido, por exemplo, até à cidade do Porto, a verdade é que quase sempre tenho que transportar a bicicleta no carro. 

Sem nenhum mecanismo auxiliar podemos meter as bicicletas no carro de diferentes formas consoante a dimensão do carro. Eu por exemplo posso tirar uma roda e meter a bicicleta de montanha na mala do carro comercial (dois lugares) que tem uma bagageira grande, ou até rebater os bancos do todo-terreno e metê-la inteira dentro do carro, desde que só transporte mais uma pessoa. Mais facilmente ainda conseguimos meter duas bicicletas dobráveis na mala dum carro utilitário. 

Foi isto que disse ao meu amigo que vive num apartamento, que, com duas bicicletas dobráveis conseguia por certo transportá-las no seu Renault Clio sem grande problema. Ele experimentou a minha dobrável, e ficou de tal forma convencido que na semana seguinte já tinha comprado a  sua primeira bicicleta dobrável e depois nas semanas seguintes compraria uma para a namorada. 

Para transportar bicicletas no carro temos diferentes possibilidades. Os típicos suportes que se usam nas barras do tejadilho, provavelmente a forma mais popular de transportar bicicletas nos carros, mas que implica ter altura e força de braços suficiente para colocar a bicicleta lá em cima, tendo ainda como desvantagem o atrito e barulho e o perigo de malhar com as bicicletas em cima se a pessoa se esquece que as leva lá em cima ; temos também os suportes que se fixam com fivelas na mala do carro, mas em que a maioria é ilegal em Portugal porque ocultam a matrícula e as luzes mas já xistem alguns, mais caro, que são sobreelevados e perfeitamente legais; e temos por último os suportes que se fixam no gancho de reboque. 

E foi isso que eu comprei, um suporte para fixar no gancho de reboque para três bicicletas. Comprei-o na net, em segunda mão, mas como novo, porque a pessoa após ter usado duas vezes (o suporte estava completamente novo) ia vender o todo terreno antigo que tinha e não tinha onde o usar. Um suporte deste novo, da marca Norauto, ronda os 150€, eu comprei-o por 90€ com a vantagem da já vir montado!

Este suporte fixa-se como disse muito facilmente no gancho do reboque e só precisamos de lá colocar uma matrícula, porque ligando a ficha de sete pinos de imediato temos luzes e piscas bem visíveis.  As bicicletas fixam-se por meio de fivelas que se apertam nos ferros. Gostei bastante deste tipo de suporte. O suporte fixa-se muito facilmente e tem sistema de chave anti-roubo, as bicicletas vão na mala de forma segura, não há atrito nem barulhos, muito menos ilegalidades! Creio que preciso ainda de comprar é um cadeado e aloquete para que, se quiser deixar as bicicletas no suporte e ir, por exemplo, a um café, nenhum amigo do alheio as roube facilmente. 

Alguns dos passeios de bicicleta que fiz:





sábado, 3 de agosto de 2019

Conversas Improváveis (44) - Jesus Cristo de Bicicleta

No regresso de Monção, bicicletava lado-a-lado com o meu amigo enquanto íamos conversando. De repente, a algumas dezenas de metros, via um casal, já com alguma idade a caminhar na ciclova e à distância também eles nos viram. Mas algo de estranho aconteceu.


Depois de passarmos por eles, virei-me para o meu amigo e perguntei-lhe:
- Viste como aquele casal se comportou? Que estranho. Estancou no meio da ciclovia, nem sabia se iam para um lado ou para o outro. Até parece que nunca viram dois ciclistas, e eles aqui devem estar sempre a passar!
Comentário dele:
- Eu acho é que eles nunca tinham visto Jesus Cristo a andar de bicicleta!

Foto Emprestada da Net

sábado, 18 de maio de 2019

Espinho - Praia do Furadouro

Primeiro passeio de bicicleta do ano. Meti a bicicleta na carroça lá me fui encontrar com o meu amigo em Espinho, ainda que, em piscinas diferentes!!

- Já cheguei. 
- Eu também. Onde estás? 
- Junto à piscina.
- Eu também, em que zona?
- Junto ao mar.
- Mas eu também! Espera que eu vou dar uma volta e já te encontro. Afinal não.
- Tens a certeza que Espinho não tem duas piscinas?

Partimos de Espinho, com passagem pela Barrinha de Esmoriz e paramos no Parque do Buçaquinho. Por ali repusemos energias, que pedalar dá fome, e rumamos pela Ecopista do Atlântico até ao destino, na Praia do Furadouro. Depois foi fazer a viagem de regresso a Espinho.

Uma tarde bem passada e mais de quarenta quilómetros nas pernas. 





sábado, 18 de março de 2017

Queres vir dar uma volta de bicicleta?

Desde sempre que me lembro de andar de bicicleta. Há uma fotografia minha, a agarrar na primeira bicicleta que tive, e que foi o meu pai que a montou com as próprias mãos. Só tinha três anos de idade nessa fotografia. Antes disso lembro-me do triciclo e da trotinete. E toda a gente pensava que eu me ia matar com a trotinete, quando pegava nela e ia a toda a velocidade monte abaixo. 

Andei muito de bicicleta em criança, quando a rua de minha casa ainda era em terra. E andei mais ainda na adolescência, quando o piso já era de um asfalto manhoso, cheio de sulcos. Era uma simples camada fina de espiche por cima da brita, e montado em cima da bicicleta sentia-se uma leve trepidação. 

Chegou a vida adulta, e trouxe os passeios frequentes com o melhor amigo e com a namorada, não raras vezes na companhia de ambos. Muitos anos passaram entretanto. Foi-se o amigo, foi-se a namorada. Ficou a minha vontade de continuar a andar de bicicleta. 


Um outro companheiro haveria de chegar depois: o desemprego. O desemprego fez de mim uma pessoa muito rica, não em dinheiro obviamente, mas em tempo. E para aproveitarmos a vida, nem que sejam só as pequenas coisas da vida, é preciso tempo. E há tanta coisa bela na vida, se as pessoas conseguissem ver. Sim, nem que fosse só um grilo a cantar. E juntos, eu e o desemprego, divertimo-nos imenso. E com tanto tempo livre que o desemprego me deu, pegava na bicicleta e andava por aí, a conhecer coisas, na minha própria aldeia, coisas que eu nem sabia que existiam. Por vezes pedalava como um desvairado pela aldeia toda. Era também para as pessoas verem. Afinal eu ainda não estava numa cadeira de rodas, eu estava muito bem até, obrigado. 


E agora tenho, de novo, duas bicicletas. Uma de montanha (por que é que os carro são "todo-terreno" e as bicicletas são de "montanha"?) e outra dobrável. A desculpa que eu dou a mim mesmo é que me vai dar muito jeito, para meter na mala, e até na hora de almoço do trabalho, poder ir dar uma volta. Se quiser até a posso deixar lá no trabalho. Também posso sair, e ir até ao mar. Afinal, eu trabalho a menos de 10Km do mar. Posso, um dia de vez em quando, sair do trabalho, e ir até ao mar. Pegar na bicicleta que se dobra e desdobra facilmente, e ir pedalar um pouco. Apanhar a maresia. Talvez me faça bem, talvez me limpe o diabito que por vezes carrego comigo. 

Dou a mim todas estas desculpas, que nem serão propriamente desculpas. Até porque, eu não tenho por hábito comprar coisas para depois as encostar sem lhes dar utilidade. Mas não terei eu comprado uma segunda bicicleta, e as duas até caberão dentro na carroça, para um dia destes perguntar a alguém: queres vir dar uma volta de bicicleta?