"Foi sem mais nem menos
Que me deu para abalar sem destino nenhum"
Acabava de sair de casa com a bicicleta na carroça e na rádio passava a "125 Azul" dos Trovante. E porque nós adequamos sempre as letras das músicas, os livros e as cenas dos filmes às nossas próprias vivências, naquele momento se calhar nenhuma outra música fazia tanto sentido.
"Foi sem graça nem pensando na desgraça
Que eu entrei pelo calor
Sem pendura que a vida já me foi dura
P'ra insistir na companhia"
Porque o prometido é devido, o destino era aquele mesmo sítio, àquela mesma hora que nos encontramos pela primeira vez naquele feriado de Agosto. Depois destes anos todos, que se calhar nem foram tantos assim mas que parece que sim, tínhamos decidido reencontrarmo-nos como quem desenterra uma caixa do tempo.
"Viva o espaço que me fica pela frente e não me deixa recuar
Sem paredes, sem ter portas nem janelas
Nem muros para derrubar"
Nem muros para derrubar"
Depois de se terem acabado de conhecer num comboio e de terem passado um dia e uma noite a vaguear juntos, Jesse e Celine decidem reencontrar-se seis meses depois no mesmo exato local mas sem terem trocado qualquer contacto. Seis meses depois (e nove anos depois no cinema ficamos a saber) que Jesse esteve no local à hora marcada. Mas a Celine não apareceu.
"Talvez um dia me encontre
Assim talvez me encontre"
Assim talvez me encontre"
E também tu não apareceste ao encontro que só tinha sido planeado na minha cabeça seis meses antes. Cheguei ao local e quase de imediato fui transportado no tempo para o tempo do primeiro encontro. E para aquela dolorosa despedida que, quem sabe, talvez esteja descrita nos 4008 e-mails nossos que tenho guardado.
Só Deus tem os que mais ama"
Engoli em seco as recordações, voltei a ligar a carroça e desloquei-me um pouco mais para sul, E fui pedalar...
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