domingo, 30 de setembro de 2018

Acordar Morto Num Quarto de Hotel

Que puta de morte mais estúpida, pensei. Como é que eu me fui matar assim? Isto até poderia aparecer naquele programa das mil diferentes maneiras de morrer, simplesmente duvido que eles fossem descobrir as verdadeiras circunstâncias da minha morte. Afinal, eu apareci ali, morto, sozinho num quarto de Hotel (que na verdade até era um prédio de Alojamento Local).

Quem havia de dizer. Foi mesmo caso para pensar "ninguém diga que está bem"! Um gajo trabalha uma vida toda para ter uma morte em condições, para depois morrer assim, da forma mais estúpida possível, num quarto em Lisboa na Praça da Figueira.

Deitei-me cedo e cedo terei aterrado pouco depois, afinal, passear também cansa. Antes de adormecer nem sequer ainda me tinha apercebido que o quarto tinha televisão. Só reparei nela depois, de manhã já depois de morto.

Acordei a meio da noite e, ao acordar, não sei como é que consegui aquele feito de bater com a cabeça na quina viva da mesinha de cabeceira que estava mesmo encostada à cama que era pequena. Passo a mão pela cabeça e sinto os dedos todos molhados. Acendo a luz do candeeiro e de imediato vejo os dedos marcados a vermelho no interruptor. Tinha as mãos cheias de sangue.

fineartamerica.com
Levanto-me, vou ao espelho, e vejo o sangue a escorrer todo pela cara abaixo. O meu sangue era bastante fluido e não era azul como o dos ricos, era mesmo de um vermelho bem vivo. Mais parecia que tinha entrado num filme de terror e ia sair daquele quarto para a morgue.

E é assim que um gajo morre, sozinho num quarto de um prédio de Alojamento Local a pensar como é que será quando de manhã, quando nos descobrirem ali morto, tudo nu, e cheio de sangue na cabeça e na cara e com vestígios de sémen nos lençóis.

Mas ainda não foi desta que o jogo acabou. Foi só apenas uma vida que se foi ao ar e agora tenho é de passar a ter mais cuidado com as que restam.

Próximas Leituras II


Bem, como não encontrava quase nenhuma descrição dos livros de Pitigrilli na net, resolvi de uma assentada comprar mais cinco. Não satisfeito comprei mais cinco de  D. H. Lawrence. Sim, comprar dez livros de uma vez, quando dois dias antes tinha comprado quatro é assim coisa de burguês. Mas atendendo que foram quatorze livros por trinta e cinco euros, também não acho que venha daí grande mal ao meu orçamento. 

Mas a verdade é que ainda tenho mais uma data deles por acabar de ler, e de muitos outros que ainda nem peguei e que me chegaram às mãos provenientes de uma bela troca. Acho que devo ter livros para ler até 2039!


domingo, 23 de setembro de 2018

Que Tipo de Casamento Vai Escolher Hoje?

"Os Últimos Dias da Monogamia" 
Laslo Havas - Louis Pauwels 
(1969)
A liberdade para um casal viver a sua vida à sua maneira está, de facto, conquistada, com a condição de respeitar a regra do jogo. Consiste em poucas palavras: fingir.
Largo uso tem sido feito desta liberdade. É provável que restem por inventar formas inéditas da vida a dois. Mas já se oferece uma bela gama de possibilidades (...) Nas sociedades avançadas da segunda metade do século XX, um homem e uma mulher casados (só falamos aqui destes) podem escolher as seguintes soluções:

1. Castidade Absoluta

Os cônjuges não têm relações sexuais nem entre si, nem com terceiros.
Os motivos são diversos. O mais respeitável, senão o mais difundido, é a fé (...)
Estes abstinentes permanecem agarrados a uma conceção antiga. Obedecem a S. Jerónimo para quem "a virgindade é o estado natural". Receiam as ameaças de S. João Crisóstomo "O casamento é o fruto da desobediência do primeiro casal, da maldição e da morte". Seguem o exemplo de S. Aleixo que, contraindo o matrimónio, não tinha a intenção de o consumar. E, acima de todos, veneram S. José, cuja união com a Virgem mostra,  segundo S. Agostinho, "magnificamente que o casamento pode subsistir sem as relações conjugais e até com o consentimento a uma continência recíproca" (...) 

2. Castidade Conjugal com adultério

O casamento não está consumado, mas um dos cônjuges, ou ambos têm relações com terceiros (...)

3. Alibigamiade

A união legal dos homossexuais com pessoas do sexo oposto, destinada a afastar suspeitas (...)



4. Monogamia para toda a vida

Os cônjuges casam virgens e mantêm-se fieis um ao outro.
Esta fidelidade não termina antes da morte de uns dos cônjuges. Para maior segurança, nas Índias, até 1829, a mulher era queimada com os despojos do seu marido. Devemos todavia fazer notar que que os padres, herdando todos os bens da viúva sacrificada, por alguma razão forçavam o respeito deste costume (...)

5. Monogamia Temporária

Fidelidade absoluta dos dois cônjuges limitada à duração do casamento (..)

6. Monogamias Sucessivas

Diz-se igualmente monogamias seriais ou poligamia serial. Pode-se igualmente falar de fidelidade intercambiável: é mesmo disto que se trata (...)

7. Adultério sem Consentimento

O homem ou a mulher, ou os dois, têm relações extra-conjugais que o outro ignora e tudo é feito para que assim aconteça (...)

8. Adultério com Consentimento Tácito

O outro sabe-o, mas não se fala disso (...)

9. Adultério com Consentimento

Ambos o sabem e disso falam (...)

10. Lar a três

Coabitação do casal com o ou a amante (...)

11. Spouse trading 

Troca dos cônjuges entre dois ou mais casais, para uma noite ou um fim-de-semana (...)

12. Casamento Intermutável

Troca de cônjuges de duração prolongada (...)

13. Sexo Coletivo 

O casal conduz-se quotidianamente como qualquer outro casal, mas participa em orgias programadas. Para que esta fórmula se torne uma forma de vida, é preciso que a participação seja regular e as reuniões organizadas, isto é premeditadas (...)

14. Omnigamia

Promiscuidade absoluta, liberdade sexual total, sem restrição alguma. Os adeptos do sexo coletivo formam uma sociedade, com as suas regras os seus usos, a sua sabedoria de vida. Os adeptos da omnisexualidade são os fora-da-lei daquela sociedade. Eles trocam de mulheres mas também as roubam. Tanto os companheiros do mesmo sexo como os do sexo oposto são bem-vindos. O incesto é quotidiano e as menores não são banidas. As orgias de massa alternam com noites íntimas e mesmo uma conversa a dois é tolerável (...)

15. Grande Família

Comunidade de vários casais que dividem a sua mesa e a sua cama frequentemente, mas não necessariamente, os seus bens. Esta grande família, também chamada "kolkose amoroso" ou "kibutze sexual" começa com quatro pessoas, não havendo limite para o máximo 
(...)

Os julgamentos, autoritários ou sumários, não faltam. Pseudo-científicos, moralistas, imoralistas, avançam a sua formula e afirmam-na universalmente boa. Esse não é o nosso caso. Nós recenseamos. A variedade da escolha é, de facto, desconcertante. Mas cada um que decida, no conhecimento da sua própria causa. Basta saber por que e como viver a dois, o que é o casamento e o que dele se espera. Mas sabêmo-lo?

Propaganda Salazarista Travestida de Jornal Para Limpar o Cu

A profissão de jornalista deveria de ser para relatar factos mas o jornalismo está em vias de extinção. Hoje proliferam os opinaleiros, e os jornais, em vez de publicarem factos, fazem primeiras páginas com propaganda política da pior espécie. No caso, o Abominável Homem das Neves, vem de novo com a propaganda de que vem aí o Diabo e que, caso o salário mínimo aumente, isso será mau para os pobres, porque ficar com mais dinheiro disponível ao fim do mês é mau. 


Esperam-se já enormes convulsões e manifestações de pobres nas ruas, a exigirem que não se aumentem os salários, porque depois não vão saber o que fazer com o dinherio. De preferência que se acabe com o salário mínimo para poderem trabalhar de borla, que isso é que é bom para os pobres. 

Por que é que a Direita Gostou Tanto do Mandato de Joana Marques Vidal?

Parece que a Direita portuguesa ficou revoltada pela não recondução de Joana Marques Vidal como Procuradora Geral da República. Porque a Direita reivindica que esta magistrada esteve na linha da frente do combate à corrupção por parte dos mais poderosos e deveria continuar a dar sequência ao bom trabalho desenvolvido. 

Mas esperem lá... é que eu estou a lembrar-me de umas coisitas. Então não foi no mandato de Joana Marques Vidal que se mandou arquivar o caso Tecnoforma, empresa do nosso querido ex-líder Passos Coelho? Caso Tecnoforma que a própria Comissão Europeia disse que houve, espera lá, como é que foi... disse que houve... Fraude? 

E não foi também no mandato de Joana Marques Vidal que o caso dos submarinos, do nosso querido ex vice-líder Paulo Portas, envolvido até ao pescoço num caso em que, quem vendeu os submarinos na Alemanha está preso e que quem comprou os mesmos submarinos na Grécia também está preso e que só mesmo em Portugal é que o ministro que os comprou anda por aí à solta?

Olha, tu queres ver que afinal a Direita só gostou deste mandato porque a senhora não os mandou para a cadeia? Quem diria!







sábado, 22 de setembro de 2018

Entretanto no Portugal da Idade Média

No Portugal da Idade Média uma mulher desmaiada é violada numa casa de banho pelo barman e pelo porteiro de uma discoteca de Gaia. E no Portugal da Idade Média apesar dos factos terem sido provados pelo tribunal, os criminosos os homens bons costumes ficaram em liberdade, com pena suspensa, porque o Tribunal da Relação confirmou a sentença de primeira instância, alegando no acórdão que "a ilicitude não é elevada" visto que "não há danos físicos nem violência". Ou seja, violar é grave se se partir um braço ou uma perna à vítima, agora desde que se viole no cumprimento de todas as regras, com jeitinho e sem deixar marcas, a vítima é que se calhar ainda deveria pagar ao violador.

No Portugal da Idade Média é assim. Porque na volta a culpa de ter sido violada foi da mulher, que se lembrou de desmaiar, ficando ali a pedi-las. O que é que qualquer homem faz quando vê uma mulher desmaiada? Viola-a! Que é que um médico faz antes de operar uma mulher?  
E estar desmaiada, sem sequer ter hipótese de se defender e dizer não, no Portugal da Idade Média não é agravante. Então se ainda por cima eles usaram mas até fizeram o trabalho com jeitinho, sem deixar marcas, queriam o quê? Meter na cadeia dois bons homens que cumpriram o seu papel de machos cobridores?



Nesta mesma semana, no Portugal da Idade Média, na exposição de Robert Mapplethorpe em Serralves (Porto na linha da frente da Idade Média em Portugal!) o diretor artístico do Museu de Arte Contemporânea resolveu interditar a menores de 18 anos uma parte da exposição dedicada ao fotógrafo norte-americano. É que o respeitinho é muito lindo e no Porto não há cá poucas vergonhas!

Nos Estados Unidos Paga-se por ir para a Cadeia e se Não se Pagar Vai-se Preso de Novo!

"O que me fez perder a cabeça esta semana...

Os Estados Unidos tem uma das maiores populações carcerárias do mundo, perto de um milhão de pessoas e, em quarenta e nove dos cinquenta Estados norte-americanos, quem sustenta os prisioneiros não é a sociedade mas sim os próprios prisioneiros. No final de cumprir a pena eles levam para casa uma conta para pagar. Se não pagarem perdem os bens, perdem a casa, perdem tudo o que têm, e em alguns Estados, se eles não conseguirem pagar ainda vão para a prisão de novo

Na Florida por exemplo, depois de três anos de prisão, num caso, um senhor saiu com uma dívida de 55 mil dóllars. Bom, e ele trabalhou na prisão. Só que o problema é que o salário na prisão é 55 centavos de dóllar por hora. O salário mínimo nos Estados Unidos é de 8,45 dóllars por hora. Ou seja, se ele trabalhasse onze anos, sem tirar dinheiro nenhum dentro da prisão, ele talvez conseguisse pagar a dívida de três anos de prisão. Mas ele não estava mais na prisão para pagar. Com o salário mínimo da Florida ele precisaria de três anos sem gastar nada, sem comer, sem pagar aluguer, sem pagar nada, com o salário mínimo para poder o tempo de prisão que ele teve. 

Quer dizer, como é que eles querem reabilitar os criminosos...?

Jair Rattner / O Esplendor de Portugal / Antena 1


CTT: Um Serviço de Merda (4)

Dia 4 de Setembro deixo uma encomenda no posto dos correios para ser despachada o mais rapidamente possível - Por CTT Expresso, até dois dias garantiram-me que era entregue - e assim teria que ser porque iria enviar plantas por raiz nua que iria morrer se demorasse muito mais tempo que isso. Paguei 25,10€.

Logo no próprio dia recebo uma SMS por parte dos Correios a informar que a encomenda iria ser entregue dia.... 17!! Treze dias depois??? Mas estão a gozar comigo?




Uns dias depois e vendo que de facto a encomenda ainda não tinha sido entregue, vou ao site dos correios e contacto-os no sentido de me esclarecerem a situação. Recebo uma resposta dizendo que o assunto foi encaminhado e que me vão responder com a brevidade possível para me darem as indicações que eu pretendia. A encomenda foi de facto entregue treze dias depois, e até ao momento passaram onze dias e ninguém me deu nenhuma explicação.

No próprio dia 17, faltei ao trabalho para me deslocar ao posto dos correios central para apresentar reclamação no Livro de Reclamações. O posto do correios agora mais parece um banco onde vendem também bugigangas e parece que, nos tempos livros, também enviam e recebem encomendas. 

Colocaram-me num gabinete onde a responsável veio falar comigo e tentar explicar-me como foi possível tamanha incompetência. Tentou (como é lógico) dissuadir-me de escrever no livro, alegando que o site dos correios e tal e coisa (o tal onde estou à espera de resposta há onze dias) e perante a minha intransigência lá me facultou o livro. 

Eu mesmo lhe disse que não espero ser indemnizado pelos prejuízos causados, pois sei que infelizmente o Livro de Reclamações mais não é que um muro das lamentações que depois não acontece absolutamente nada, mas ao menos eu tenho de fazer a minha parte e reclamar.  

E é assim que estão os nossos correios depois da privatização do anterior governo.
Muito obrigado pela bela merda que fizeram. 

Tenho que Avisar no Blogue que vou Morrer logo ao fim do Dia

Tenho que avisar no blogue que vou morrer logo ao fim do dia. 
Acho que estou num hospital.... Não consigo perceber muito bem. Talvez seja uma cadeia, ou pelo menos estou preso de alguma forma. 
Sei que a decisão chegou e vou morrer logo ao fim do dia. 
Tento convencer-me que todos temos que morrer. 
Até que abraço a minha mãe e fico num pranto. 
E de repente penso que tenho que informar no blogue que vou morrer logo à tarde para as pessoas saberem.
Até que acordo e vou à casa de banho. E volto feito morto-vivo. 
São 3:12. 
Parece que o meu espírito ainda não voltou para o meu corpo. 
Bem, vou ver se durmo outra vez. 
Mas antes vou avisar no blogue que vou morrer logo ao fim do dia. 



sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Por que é que o António Costa usou Calças de Ganga em Angola?

Porque como a Doutora Cristas, aquela senhora muito competente (que assinou o tratado de resolução do BES sem o ler, e que como se preocupa muito com os pobrezinhos lançou uma lei que previa aumentos de mil por cento nas rendas dos bairros sociais) nos ensinou, são precisamente as calças de ganga, a roupa mais adequada para usar quando vamos visitar os pobrezinhos. É como se fosse uma roupa de trabalho, um equipamento de proteção individual, porque os pobrezinhos sujam muito, e não queremos estragar a nossa melhor roupa, não é?



quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Pensamento do dia: Na Empresa Como na Cadeia

deviantart.com

Eu e a minha colega continuamos o trabalho dos últimos dias e das últimas semanas. Ultimamente ir para o trabalho mais parece que vou para um programa de ocupação de tempos livres forçados, ainda que eu preferisse, sem dúvida, ocupar todo o meu tempo de forma livre.

E como na OTF (Ocupação de Tempos Forçados) o tempo livre é muito, há sempre muito em que pensar e muito para conversar durante oito horas.
Os meus dois colegas sonham abrir um negócio próprio. As ideias são sempre muitas, se vingariam ou não é outra questão. E se o meu colega hoje achava que o que ia dar era vender produtos naturais, já a minha colega pensava que o que ia dar era vender cereais americanos.

A determinado momento refleti e comparei a vida numa empresa à vida numa cadeia.

Numa cadeia os presos só têm um objetivo e uma esperança: a liberdade. Muitos até elaboram planos meticulosos de fuga que os possam conduzir à liberdade. A outros resta-lhes esperar, pacientemente, que os dias da pena passem e chegue, finalmente, o dia em que possam sair livremente da cadeia.

Numa empresa, muitos escravos trabalhadores passam os dias a pensar em que negócios se podem meter para sair fora do jugo dos patrões e tornarem-se eles mesmos patrões, para alcançarem a sua carta de alforria. Outros, apesar de muitas vezes saltitarem de empresa em empresa, esperam pacientemente que chegue finalmente o dia em que possam deixar de trabalhar e possam aproveitar os seus últimos dias de vida livres na reforma.

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

A Nova Faixa Rodoviária para Papás que Vão Levar as Crias à Escola

Dia de hoje, dezassete de Setembro de 2018
Saí de casa à mesma hora de sempre.
Depois de deitar comida às tartarugas, saí, fechei o portão que está cada vez menos branco, e montei no cavalo preto. Liguei os médios e o relógio marcava 7H43
Todos os dias atravesso a estrada nacional Nº1 mais ou menos a quinze minutos de chegar ao trabalho. E há muitas semanas que vinha sendo um sossego atravessar a estrada nacional, bastando para isso chegar ao semáforo e atravessá-lo nos dez segundos enquanto não muda de novo para vermelho.

Mas hoje estranhamente algo se passava. Não conseguia perceber muito bem o porquê mas, setecentos metros antes de chegar ao semáforo tinha uma enorme bicha de trânsito à minha frente. 
(É curioso que sempre se disse, nas rádios e televisões, bicha de trânsito, tal como as pessoas sempre disseram bicha no centro de saúde. Muitas pessoas à nossa frente era uma bicha. Mas de repente, com a inundação de programas brasileiros nas televisões portugueses, de repente, as pessoas começaram a sentir-se inseguras quanto à sua sexualidade, e então higienizaram o português passando a dizer "fila". "Estava uma fila muito grande. E não deixa de ser muito irónico que, as mesmas pessoas que hoje acusam o acordo ortográfico de ceder aos brasileiros, depois sejam as primeiras a deixar de usar as palavras que sempre usaram, para não serem confundidas com os significado dúbios que têm no Brasil).
Estranhamente estava uma enorme bicha de trânsito à minha frente. Teria sido algum acidente? Os carros lá iam andando, a passo de caracol, e eu, ora metia a primeira, ora estava parado, até que finalmente percebi, quando passava pelas várias escolas que estão antes do semáforo, que seria o primeiro dia de escola para muita canalha, pois bem via, algumas mamãs, com as crias ao lado. E depois de ter atravessado o semáforo, e quando atravessava a estrada, tive mesmo que buzinar pois vinha um enorme bando de pré-adolescentes no meio da estrada, tranquilamente como se nada fosse. E eu tenho muito mais pena de atropelar um cão ou um gato, que passar por cima de uma pessoa que parece que anda desgostosa para atravessar uma estrada sem passadeira ou atravessar quando está vermelho para os peões.

Quando eu tinha seis anos e fui pela primeira vez para a escola primária, ia a pé, sozinho, todos os dias. Tinha de andar uns vinte minutos, por estradas de terra batida, subir um monte e andar por um carreiro de cabras até chegar à escola. Quando deixei a escola primária e fui para o quinto ano, passei a andar de transportes públicos, e até ao dia que deixei de estudar, nunca que os meus papás me foram levar à escola. Mas hoje, em pleno século vinte e um, como estamos a criar uma geração de incapazes os papás têm de ir levar os filhinhos à escola. 

E esse simples gesto complica a vida de toda a gente. Há o trânsito normal quando as escolas estão fechadas, e depois há o trânsito quando a escola começa. E é absurda a diferença! 

Ainda estava no carro e tive a ideia genial (mais uma!). Já temos o corredor BUS, onde também podem andar os táxis e as motas, mas agora há algo ainda bem mais importante.

É preciso criar a faixa para os papás que vão levar os filhos à escola de carro. Para que a vida de todos os outros que vão trabalhar fique melhor. 


Tu és uma Pessoa Tarte de Mirtilo?

"Bem, pelo que tenho observado é melhor não saber... e outras vezes não há razão nenhuma para encontrar. 
Tudo tem uma razão. 
Como estas tartes e estes bolos. No final de cada noite... o cheesecake e a tarte de maçã estão todos vendidos. A torta de pêssego e o bolo de chocolate estão no fim, mas fica sempre uma tarte de mirtilo inteira. 
Então qual é o problema da tarte de mirtilo? 
Não há nenhum problema com a tarte de mirtilo, só que as pessoas fazem outras escolhas. 
Não podes culpar a tarte de mirtilo, simplesmente ninguém a quer. 
Espera! Eu quero uma fatia. 
Com gelado? 



My Blueberry Nights / Kar-Wai Wong / 2008

domingo, 16 de setembro de 2018

Separar-nos-emos para que o nosso Amor Sobreviva. Entendes?

"No amor verdadeiro, a comunhão dos corpos realiza-se como o coito das flores, como as bodas dos insetos. Os insetos, que sublimes mestres do amor! É muito mais interessante ver como amam os coleópteros do que as cortesãs, as atrizes, os poetas, os frades, os filósofos e os reis. 
- Sinto-me inteiramente tua! confessava Mélita ao amante. - A minha peregrinação pelo mundo talvez fosse apenas a procura de um homem que me completasse, a procura de ti. 
- Não buscavas a solidão? 
- Há uma coisa mais bela que a solidão: a solidão a dois. Existiam em mim grandes reservas de amor em estado latente; tu foste aquilo que os fotógrafos chamam o líquido revelador. Deixarás um grande traço na minha vida!
- Falas como se tivéssemos de nos separar amanhã.
Amanhã, não; mas breve. O nosso amor foi episódio tão espontâneo e imprevisto na minha vida que não deve alcançar o peso de um vínculo, nem marchar num hábito. 
Separar-nos-emos para que o nosso amor sobreviva. Entendes?

A Virgem de 18 Quilates - Pitigrilli (1924)






Bem-vindos Às Falsas Promessas do que Seria o Trabalho no Século XXI

Quando eu era miúdo prometiam-nos uma vida muito melhor. Diziam-nos que num futuro próximo as máquinas de escrever iam ser substituídas por computadores e imaginem que até se dizia que o papel iria desaparecer. Infelizmente o papel não desapareceu, e por causa disso temos um país infestado de eucaliptos. Diziam também que iríamos ter de trabalhar muito menos horas por dia e com os computadores até se poderia passar a trabalhar de casa.

As novas máquinas vieram, e hoje, ao contrário de quando era criança, em que basicamente a maioria das pessoas só tinha uma motorizada para se deslocar, hoje, toda a gente tem o seu carro, dois ou mais até, ou pelo menos um para cada elemento do agregado familiar. Hoje, ao contrário do tempo em que era criança, todos já têm o seu computador de secretária ou portátil, têm dois ou três, e todos até têm o seu telemóvel com acesso à internet. A indústria sofreu uma verdadeira revolução e até aí estão os robots para, supostamente, substituir os humanos. Mas afinal, até que ponto a nossa vida mudou verdadeiramente para melhor? A vida mudou realmente para melhor, ou as pessoas passaram a ter de trabalhar muito mais para comprarem as merdas que o capitalismo meteu na cabeça das pessoas não podem sem as ter? 

Pois é. Afinal todas as promessas não passaram de mentiras deslavadas e continuamos a ter de trabalhar de sol a sol, tal como antigamente. Simplesmente já não nos levantamos com o sol com uma enxada na mão para ir cavar. A única coisa que mudou foram os objetos dos escravos trabalhadores. Se antigamente os trabalhadores usavam foices e martelos, hoje vão para a jorna de trabalho (olha o Google nem sabe o que é jorna e sublinha como se fosse erro!) e vão para a jorna dobrar roupa, estar o dia todo, de pé a passar códigos de barras ou de telefone na mão a atender clientes ou a impingir-lhes serviços. As ferramentas foram a única que mudou.

De resto, continuamos a ter que trabalhar de sol a sol, oito horas por dia. Talvez hoje ainda se trabalhe mais, visto que antigamente as pessoas só se levantavam com o sol, e hoje, graças aos carros, já todos poderemos ir trabalhar para bem longe de casa, nem que para isso tenhamos de sair de noite, e percamos duas horas de viagem, todos os dias e viagens essas que os patrões não pagam. Mas depois as pessoas revoltam-se é com a mudança da hora! Se trabalhássemos duas horas de manhã e duas horas de tarde, alguém andava a discutir se era preciso ou não mudar a hora? Andamos sempre a discutir o que não interessa para nada, em vez de exigirmos as mudanças que interessam verdadeiramente. 


Sim, o futuro chegou, a nossa realidade mudou e foi higienizada, e tomamos dois ou três banhos por dia, mas ao contrário do que se pensa, a nossa realidade mudou para pior. Acham que não? Então pensem um bocadinho. Hoje já ninguém se reforma aos cinquenta anos, ao contrário do tempo em que era criança. Hoje, em pleno século vinte e um, vamos ter de trabalhar em prol de outro ser humano, não até aos cinquenta anos mas sim até morremos! Quão espetacular é isso, trabalhar até morrer? E vamos ter de trabalhar até morrer porque não vai haver dinheiro para pagar as reformas. Mas dizem-nos até, como se nós fôssemos muito burros, que é por causa da "esperança média de vida"! Maldita esperança média de vida que deveria era de diminuir para não sermos obrigados a trabalhar, sem forças, até aos setenta anos! E dizem-nos ainda, como se fôssemos muito burros, que temos de fazer muitos bebés para que depois, quando eles crescerem, nos possam pagar as reformas que não vamos ter porque não há dinheiro para as pagar!

Quando eu era criança, maioritariamente só o homem o trabalhava e o dinheiro de uma só pessoa chegava para construir uma casa. Acham que estamos melhor hoje? Hoje quase nenhum jovem terá dinheiro para comprar um terreno e construir uma casa! Antigamente a mulher ficava em casa a tomar conta dos filhos que não precisavam de infantários nem de amas. Eram verdadeiramente educados pelos pais. Hoje são educados por quem? Eu vou ter um filho para quê? Para ter de pagar para os outros o educarem? Antigamente as crianças brincavam livremente, tal como eu brinquei, sem horários, pelo menos até aos seis anos de idade, quando então tínhamos de ir para a escola primária.  

Hoje trabalha o homem, trabalha a mulher e aos seis meses as crianças vão para a ama ou para o infantário que é mais uma despesa no orçamento familiar. As pessoas correm de um lado para outro, as crianças correm de um lado para o outro. As pessoas não têm tempo nem pachorra para se ouvirem. Não têm disponibilidade física nem mental para ainda chegar a casa, depois de um longo dia de trabalho, e terem de fazer as tarefas domésticas, cuidar dos filhos, ouvir os problemas do cônjuge ir para a cama e ainda ter vontade fazer sexo. Temos setenta, repito, 70% de divórcios e as crianças além de correrem de um lado para o outro por causa das dezenas de atividades que os pais agora as obrigam a fazer, têm ainda de correr de casa da mãe para casa do pai por causa da guarda partilhada. E há uma nova geração de gente que cresceu em famílias disfuncionais, que mais não foram que armas de arremesso entre pais e mães. 

A vida supostamente melhor que o século vinte e um prometia, no final de contas, é ser ainda mais escravo do trabalho e ter cada vez menos tempo. É trabalhar mais horas, é fazer mais horas-extra que agora deixaram de ser pagas porque se inventou uma coisa chamada banco de horas, e é trabalhar de noite com menos horas de subsídio noturno (muito obrigado aos senhores Passos Coelho & Paulo Portas), e é, por exemplo, trabalhar sábados e domingos no turismo, que em Portugal está a fazer dinheiro como ninguém faz no mundo, e ter um salário principesco de 620€. Repito: 620€ para trabalhar aos sábados e domingos!!  E é viver num dos países da Europa onde os patrões se aumentam a si mesmos 40%  em três anos, mas onde ironicamente os escravos, perdão, é a força do hábito, onde os trabalhadores (que agora lhes chamam colaboradores) são os menos aumentados da Europa. 

sábado, 15 de setembro de 2018

Emigrantes: Carros de 50 Mil Euros, T-Shirts de 2 Euros

No mês passado, tinha acabado de deixar o segurança do Lidl de Dark para trás e uma meia hora depois já estava no Outlet de Vila do Conde. O parque estava bastante cheio, mas acho que isso é normal. É verdade que lá devo ir duas ou três vezes por ano, se tanto, e sempre que lá passo o parque encontra-se cheio, mas o que não é normal, pelo menos no resto do ano que não Agosto, é ter o parque cheio de carros com matrícula estrangeira, maioritariamente matrículas suíças e francesas. 

Lá dentro nas lojas só se ouvia falar francês. A determinado momento comecei a achar que era o único português naquele enorme espaço comercial. Melhor dito, comecei a achar que era o único português que não estava a falar francês naquele enorme espaço comercial! Ainda assim, quando queriam pedir ajuda às empregadas das lojas, a muito custo, que eu bem vi, lá perguntavam, em português, se tinha outro tamanho ou coisas do género. 

No fim do mês, o Jornal de Notícias até fazia destaque com a notícia que as vendas de Agosto, por causa das compras dos emigrantes, já valem mais que as vendas no Natal, o que não deixa de ser impressionante.  


Entretanto, na oficina do mecânico, estive à conversa com um emigrante na Suiça. Estava lá com uma Volkswagen Transporter para mudar a bateria, coisa que qualquer leigo como eu até sabe fazer. E entretanto o homem gaba-se que enche a carrinha, cheia de produtos como vinho, para levar para lá e vender, e à minha pergunta, se vendia a portugueses ou suíços, responde: "a quem quiser". E que depois cá volta, carrega de novo a carrinha e para lá voltar de novo para vender. Portanto, há compras de produtos a serem feitas cá em Portugal por emigrantes, com o intuito de depois serem vendidos lá na Suíça (ou noutros países também).

Mas tudo isto deixou-me sem dúvida a pensar, pois como diria o camarada Jerónimo, isto não bate a bota com a perdigota. Vamos lá ver uma coisa. Os emigrantes chegam cá a Portugal, em grandes máquinas, carros que devem valer cá, no mínimo de cinquenta mil euros para cima....

... mas depois vão comprar t-shirts a dois euros a um Outlet!
Qual e a lógica disto tudo? Se eu tenho muito dinheiro para comprar um carro de 100 mil Euros, vou ter um padrão de vida condizente com isso, certo? Se eu tenho cem mil euros para dar por um carro, terei muito mais para comprar roupa no país em que vivo, ou não? Por que é que estes emigrantes todos, se vivem assim tão bem como os seus carros querem fazer parecer, parece que passam o ano todo sem fazer compras, para depois cá chegarem a Portugal e desatarem a comprar a torto e a direito tudo que é roupa barata? 

Os Zombies da Comunidade da Esperança


Aqui está a esperança de seis projetos de demolição
Que se estendem até Benning Road
Um bem conhecido "caminho da morte"
Pelo menos foi o que me disseram

Ok, agora é apenas a Cidade-Droga, apenas zombies
Mas isso (como dizia o Guterres) é a vida
Na comunidade da esperança

Capital do Sul é o seu nome
E a escola parece um buraco de merda
Parece-vos um bom lugar?
E aqui a velha instituição psiquiátrica
Agora a base de segurança interna

E na comunidade da esperança
Vão agora aqui construir um grande centro comercial


"The Community Of Hope" / PJ Harvey (2016)

Portabilidade: Mude de Namorada mas Mantenha o Mesmo Nome

Há umas semanas, por duas vezes quase seguidas, chamei-lhe Lloyd. Sim, eu sei, é um pouco preocupante. Mas também é verdade que muito pior seria se ela fosse minha namorada, e estivesse, sei lá, assim de repente, quase com a boca na botija para tomar um leitinho quente antes de dormir, e sempre aprendemos que um leitinho quente ao deitar dá um sono retemperador. Mas não era o caso, até estávamos com a mãe, numa conversa perfeitamente normal, sobre jantares de ex-monarcas, política, assuntos bancários, ou outro qualquer assunto corrente.

Mas isto é uma coisa preocupante porque nunca sabemos quem poderemos encontrar no futuro. Por exemplo, a minha querida amiga e última namorada, certo dia, já se estava a desfazer em desculpas porque me ia chamar, ou chamou (nem sei) um outro nome, e eu quase nem lhe dei tempo para se desculpar, porque é perfeitamente normal isso acontecer. 

A minha mãe quantas vezes me chama Zé? Inúmeras! Significa isto que está a pensar no Zé quando sou eu que estou à sua frente? Não! Tal como quando uma namorada nos chama Toni e nos diz para lhe darmos com mais força também não....  Não, pois não...?!


Mas o que é preciso é criar um sistema de portabilidade. Como ainda ninguém se lembrou disto, eu já estou a tratar de aproveitar este vazio, e vou criar uma Startup que permitirá que qualquer pessoa mude de namorado(a), quantas vezes e de nomes quiser, mas mantenha sempre o mesmo nome. Claro que isto será espetacular porque nunca mais ocorrerão enganos e possíveis chatices com o mais que tudo. 

Basicamente isto é o mesmo sistema dos telemóveis. Um gajo agora liga para um 91 e pensa que vai ligar para a Vodafone e depois fode-se porque afinal está a ligar para outra merda qualquer. Eu ainda sou do tempo que 93 era Optimus e 96 era TMN mas agora já nem sei quais são nem quantas redes andam por aí, tantos são os diferentes nomes!

Mas com este sistema, que me irá tornar no português mais rico de sempre, qualquer pessoa que comece aos quinze anos a namorar com a Daniela, falará sempre para uma Daniela mesmo que esteja a namorar com a Joana! Ah, mas ó Königvs, uma pessoa também não precisa de fazer um contrato contigo para manter o mesmo nome, porque basta escolher namoradas sempre com o mesmo nome.  E por acaso toda a gente arranja uma namorada que se chame Maria? Vamos imaginar que temos uma namorada que se chama Lloyd - quantas mulheres com este nome é que vamos encontrar? Ah pois é, não é fácil! Ou vamos fazer o quê, perguntar na farmácia quantas Lloyd por clientes é que eles têm lá e pedir-lhes o contacto para ver se engatamos outra?

Esqueçam andar à procura de pessoas com o mesmo nome. O que vai dar é a portabilidade. A possibilidade de mudar de namorada e manter sempre o mesmo nome. Vão-se acabar os constrangimentos com os nomes errados. Mudar de namorada mas manter o mesmo nome nunca será tão fácil. Brevemente, numa loja perto de si.

E já estão a ver o imenso dinheiro que vão poupar em apagar tatuagens com os nomes dos ex-namorados, não estão? Ah, pois é!

Uma Namorada é Como uma Peça de Roupa?

Saía do hospital e ia tranquilamente pela rua Dom Manuel II abaixo em direção ao Palácio de Cristal. A passos apressados aproximava-se uma mulher alta e magra, com os cabelos compridos a abanar junto com o movimento do corpo. Olhava para ela, sem nada dela saber!, e punha-me a pensar como ela era capaz de me assentar bem ao meu lado. Não tive dúvidas que aquela mulher me ficaria bem! O resto não interessa nada, o importante é nos assente bem! Continuei a descer a rua já com o meu cérebro a sorrir, pensando que, se calhar este pensamento não foi assim tão descabido de todo!

É que se calhar, no fundo, as pessoas procuram alguém tal como se fosse uma peça de vestuário que tiram dos cabides de uma loja de roupa para levar para os provadores e para depois ver se lhes assenta bem. Claro que se ficar largo ou apertado já não serve, mas mais importante ainda, temos de gostar quando nos vemos ao espelho. Às vezes até se leva uma amiga, "então que achas, achas deste gajo  top? Achas que me assenta bem e realça as minhas curvas?" (logicamente que se ficar mesmo muito bem, a amiga vai dizer que não, que não lhe fica nada bem!)

Há peças de roupa que mal olhamos, adoramos logo. É o tão falado amor à primeira vista! Ainda nem vimos como nos assenta e como nos fica mas já estamos apaixonados por aquela peça de roupa e temos mesmo de a ter! Depois claro, a paixão por vezes só dura o tempo de chegar aos provadores e experimentar. E rapidamente a paixão cai por terra quando percebem que afinal nem fica tão bem assim. Daí a regra de ouro das compras (e do casamento!): nunca trazer uma peça de roupa para casa sem experimentar primeiro!

Mas depois também é preciso que a peça de roupa goste de nós! Pois é, não basta ficar logo com o pito aos saltos, se depois vamos a ver o preço e a nossa carteira não gosta mesmo nada! É uma pena mas é mesmo assim. Noutros casos até ficamos um pouco na dúvida, um pouco confusos se calhar, e só depois das primeiras saídas é que vamos começar a ter certezas se vamos gostar ou não! Noutros casos, por via das dúvidas leva-se tudo para casa, só por levar, até porque está em saldo, e mais tarde percebe-se que nunca acabou sequer por sair do armário e ainda tem as etiquetas e tudo!

E depois claro. As rotinas. Usa-se a peça de roupa, põe-se a peça para lavar. Volta-se a vestir e a usar e a rotina repete-se. E claro, tudo isto causa um imenso desgaste na roupa. E aos poucos, aquela peça que as pessoas tanto adoravam acaba por começar a ficar posta de lado, deixa-se de sair com ela, passa a ser roupa de trazer por casa e depois, acaba no lixo a poluir os mares.

Tu queres ver que uma namorada é mesmo como uma peça de roupa?

Cinemas com Filmes à Porta Fechada Durante uma Semana

Na sequência do mau comportamentos dos espetadores (que muitas vezes até vão mesmo para o cinema para espetar) e que culminaram em avultadas indemnizações, foi decidido pelos empresários do setor, que na próxima semana todos os filmes em cartaz passariam a ser exibidos à porta fechada.

As muitas queixas que resultaram em avultadas indemnizações, reportam a factos como: o uso  reiterado (fica sempre mais chique aos advogados dizerem reiteradamente que repetidamente) o uso reiterado do telemóveis já após o início do filme. Foram levantados também milhares de autos de ocorrência de pessoas que mastigam pipocas dezenas de decibéis acima do limite máximo permitido por lei, e que, como toda a gente sabe, não pode ultrapassar os 10 decibéis. 

Como não é surpreendente, o maior número de queixas, é por causa das pessoas que, em vez de se deslocarem a uma sala de cinema para ver um filme em silêncio, vão para lá para conversar, incomodando toda a gente em volta. Foram também registados quatorze óbitos, de pessoas que saíram de casa tranquilamente para ir ao cinema, mas que acabaram por  falecer dentro de uma sala de cinema, ou já a caminho do hospital, na sequência da libertação de ataques químicos por parte doutros espetadores, e que, involuntariamente ou não, constitui crime com penas até cinco anos de cadeia, pois como é sabido, é expressamente proibida a utilização de armas químicas dentro das salas de cinema, que disponibilizam casas de banho para o efeito. 

Segundo conseguimos ainda apurar junto de uma fonte anónima que trabalha num dos cinemas mais concorridos do grande Porto, há ainda a registar um elevado número de felatios praticados dentro das salas de cinema, e que, como facilmente se percebe, depois acabam por resultar na contaminação das cadeiras, e logicamente que ninguém quer ir ao cinema e vir de lá com uma doença venérea. 

Entretanto já depois de ter sido veiculada a notícia nos média, está já a crescer um enorme movimento de indignação nas redes sociais, com inúmeras pessoas revoltadas, afirmando que não faz sentido, por causa de uns meros casos isolados, prejudicar todas as pessoas que se comporta bem, impedindo-as assim de poderem ir ao cinema livremente. 


quarta-feira, 12 de setembro de 2018

E Quando o Centro de Inspeções Nos Danifica o Carro?

Ninguém diga que está bem. Eu certamente não o posso afirmar visto que tantas são as situações lamentáveis que me vão acontecendo que já começo a achar que não ando bem acompanhado.

Não percebi bem a ideia, mas aqui a 5Km da minha aldeia abriu, não um, mas sim dois Centros de Inspeção automóvel. Então, se antes levava o carro a algum, que ficasse a meio caminho entre o trabalho e casa, agora decidi levar o carro a centro mais perto, que é cá na terra. Afinal, sempre fui da opinião que devemos dar o dinheiro a ganhar aos da terra, até para que os negócios floresçam e estejamos também nós servidos. Ajudar os negócios de proximidade será também, em última análise, ajudarmo-nos a nós também.

Lá levei o carro este ano, e não era a primeira vez, e fiquei logo mal impressionado quando o jovem inspetor me deixou o carro ir abaixo, não uma, não duas, mas sim três vezes seguidas. E lá começou a fazer o seu trabalho. Abre capot, vê os faróis e faz a habitual penetração anal ao escape do veículo. Tudo parecia decorrer normalmente até que vai retirar aquela espécie de sonda que enfiou no escape. Puxa uma vez e aquilo não sai. Puxa segunda vez com mais força e também não sai. Até que começa a puxar com tanta força, que eu de imediato pensei "Vais-me foder o escape ó meu filho da puta"! (Sim, eu também praguejo por pensamentos e vou arder no fogo do Inferno... Ah não, espera, a Igreja já veio dizer que o Inferno deixou de existir. Fico mais tranquilo, posso continuar a praguejar oralmente e por pensamentos).


Entretanto o inspetorzinho lá continua o seu trabalho e no fim entrega-me a carta verde, atestando que o meu cavalo preto está em condições para circular.

Trouxe o carro para casa normalmente. Só depois me apercebi. Olho para a traseira do meu veículo e... "Ui, que é aquilo ali à vista?". O meu carro, ao contrário da maioria, não tem o escape à vista, este fica totalmente escondido debaixo do pára-choques.
Fui lá inspecionar, meti lá a mão, e estava tudo solto. O gajo tinha conseguido partir o apoio traseiro do cano de escape, que é em borracha para amortecer e não fazer barulho, e eu tive de comprar um novo, e ainda tive alguma sorte porque a brincadeira ficou só por 12€.

Mas não deixa de ser irónico. Para eu circular com o carro, o meu país obriga-me a ir a uma instituição que vai aferir que o meu carro está em condições de circular. Mas mesmo que o meu carro esteja impecável, tenho de pagar na mesma mais de 31€!

A ironia de tudo isto é que, a entidade que vai certificar que o meu carro está apto a circular, é aquela que me vai danificar o carro e dar prejuízo. Mas, por último, ao passarem-me a carta verde sem nada a apontar, só mostraram que não viram o escape todo solto, da grande merda que tinham acabado de fazer. Danificaram o carro e não viram que o carro não pode circular assim!

É precisa muita paciência para aturar incompetentes.

domingo, 9 de setembro de 2018

Coisas que se Compram por 1 Euro


Dracula de Bram Stoker é, provavelmente, o meu filme preferido dos anos noventa. "Pois, tem a Monica Bellucci", dizia-me uma amiga minha! Mas na verdade já nem me lembrava que ela entrava, porque já não vejo o filme há muitos anos! Mas sempre venerei o filme, com grandes interpretações, grande caracterização e guarda-roupa... e tem Monica Belluci!
Há algum tempo que gostava de o arranjar. E de repente tropecei nele quando procurava uma outra coisa qualquer. E a um euro melhor ainda!

Entretanto, também dos anos noventa, e também a um euro, comprei usado na net o Fight Club (Clube de Combate) edição especial dois discos, com embalagem de cartão que qualquer colecionador gosta de ter e fica logo todo húmido só de colocar a estante! 


Aproveitei, e à mesma pessoa comprei ainda outro filme de culto, desta vez o Laranja Mecânica, e outros dois que nem conhecia, mas logo vejo se gosto ou não. Por um euro cada, também não se há-de perder grande coisa.

(A propósito, para quem for fã de Woody Allen ou Hitchcock, o Jumbo estava a vender os filmes destes senhores todos a 1€)

O Melhor da Minha Rua......... e da Aldeia Vizinha!


A meio da semana tinha um folheto na caixa do correio, com os eventos culturais cá da terra. Subitamente - o quê? Um torneio de ténis-de-mesa e eu nem sequer soube? Cheguei ao trabalho e a primeira coisa que fiz - primeiro estão as coisas verdadeiramente importantes! - toca a informar-me sobre o torneio e se poderia ainda inscrever-me. Sim, ainda me poderia inscrever!

Na sexta-feira, piquei o ponto para sair e, em vez de vir embora, não, fui para a cave, sozinho, praticar serviços! Sim, poderia-me dar para pior! Mas há que treinar. Sim, eu sou um bocadito para o obsessivo. E na verdade de repente pus-me a pensar como parecia aqueles alunos a querer aprender toda a matéria dois dias antes do exame. 

E chegou hoje o dia. Tinha-me inscrito num torneio a realizar-se na freguesia vizinha e iria lá chegar sem conhecer ninguém, o que também teria as suas coisas positivas, entre as quais, ninguém me conhecer a mim, e mais importante, a minha maneira de jogar. 

Bom, mas antes de mais as coisas verdadeiramente importantes! A roupa! Eu não pertencia a nenhum clube, ia como individual, mas tinha de escolher a roupa! Escolher de entre os vários calções e as inúmeras T-shirts! Mais importante ainda, pensei, que calçado? Uma pessoa tem que se sentir confortável a jogar! Liberdade de movimentos e conforto são essenciais!

Levantei cedo, preparei as coisas, levava a minha menina no saco e lá fui eu. O dia apesar de um pouco cinzento até estava bonito. No carro procurava um música que me deixasse mais tranquilo. Nao encontrei, mas lá fui, sempre bem disposto. Quando lá cheguei, dez minutos antes de supostamente as eliminatórias começarem,, ainda andavam a preparar as coisas: colocar as redes nas mesas, ver a melhor disposição da mesa, colocar a mesa dos árbitros. Apresentei-me e rapidamente travei conhecimento com algumas pessoas. 

O sorteio tinha sido efetuado ontem. Como não conhecia ninguém, tanto se me dava se ia jogar com o Manuel ou o Joaquim. Lá logo via quem me havia calhado em sorte, e se encontrasse alguém forte no primeiro jogo, já sabia que corria o risco de ser logo despachado!

Sou muito ansioso e nervoso, sempre fui, desde criança. E hoje, tal como em criança quando tinha de ir as primeiras vezes para a escola, senti-me logo a tremer quando chamaram o meu nome para a segunda partida das eliminatórias. Mais nervoso fiquei quando, às primeiras trocas de bolas, as deixava todas na rede. Não parecia eu... Este primeiro adversário era alto, elegante, corpo cuidado. Aos poucos, depois do jogo começar, lá fui ganhando confiança, e rapidamente vendi a primeira partida sem grande dificuldade por 3-0 e passei à fase seguinte. 

Fui vendo os jogos entre todos os participantes e fui percebendo quem é que me poderia colocar mais dificuldades. O miúdo (sim, eu sei que estou velho) com a t-shirt do curso de engenharia, o senhor de t-shirt do clube, amarela, que cortava muito bem as bolas, e a primeira pessoa que conheci, do clube organizador, que também me pareceu um bom jogador. Havia-me contado que, como não tinha com quem jogar, ofereceu a mesa ao clube (que nos dias de hoje o seu forte é a orientação) e assim as pessoas jogar lá no clube. 

Havia jogadores de quase três geração. Mais ou menos novos, eu, e ainda gente mais velha que do eu. Não sabendo como estava o emparelhamento das eliminatórias, percebi depois que me havia calhado o miúdo de engenharia, de barba de um centímetro. O meu nervosismo estava de tal ordem, que comecei a falhar os serviços quase todos, uns atrás dos outros, e só sei que, antes de perder o primerio Set, pensei mesmo que ia ser despachado na segunda ronda. Tentei focar-me ao máximo, e no mínimo teria de vender cara a derrota. Eu sabia que era melhor jogador, mas é preciso prová-lo em jogo e simplesmente os nervos não me deixavam jogar o que sei. Aos poucos, com calma, fui dominando desde o início o segundo Set e acabei por o vencer com alguma margem. Estava 1-1, íamos disputar o último Set para ver quem seguia em frente. Com calma e agora a vencer quase sempre os meus serviços, acabei por dar a volta ao marcador e vencer por 2-1. E dos dez Set's que fiz até chegar à final, este seria o único que haveria de ter perdido. 

A meia-final era com a pessoa da organização que ofereceu a mesa ao clube, porque (tal como aconteceu comigo) não tinha com quem jogar. Desde logo achei que aquela seria a final antecipada. Achei que tanto ele como eu éramos melhores jogadores que os outros dois da outra meia-final. Fui sempre liderando o marcador, mas o rapaz da mesa por vezes desconcentrava-se e em vez de assinalar ponto para o jogador correto, virava o marcador do outro jogador, e a meio do primeiro Set, quando pensava ter dois ponto à maior por 6-4, vi no marcador 5-5. Fiquei um bocadinho chateado mas aquilo só serviu para me motivar, e achar que ia ganhar na mesma. E assim foi. Venci as duas partidas sem grande dificuldade e estava na final.


Tal como eu previa, o meu adversário cilindrou no jogo de atribuição de terceiro e quarto lugar. Pouco depois ouvia-se nos altifalantes. "Não percam já a seguir a final, entre..." Mas as centenas de pessoas que estavam, depois de meio-dia, a encher o bandulho nas tasquinhas, deixaram-se estar. Na final estava o senhor de amarelo, e se sapatilhas com riscas amarelas. Bons serviços que o adversário raramente conseguia devolver provocavam estragos, e sem grade dificuldade vencia a final por 2-0. 

Tudo aquilo tinha-me deixado com muita fome! Eu não deixo estas coisas ao acaso! Na mochila, além da raquete, tinha uma garrafa de água, e algo para comer. A água fui sempre bebendo entre os jogos, apesar de nem ter transpirado muito. Era agora preciso esperar pela entrega dos prémios, pelo pódio e pelas fotografias, e que chegassem as pessoas da Junta (claro que os políticos não faltam nestas ocasiões). 

Foi um dia diferente em que saí da caverna para jogar e socializar um pouco. Irei-me fazer sócio do clube organizador, e aparecer por lá para dar umas raquetadas bem dadas! 

Não deixa de ser interessante que nada disto teria acontecido se eu não tivesse ido trabalhar para onde fui, e um certo jantar da empresa, me tivessem oferecido umas raquetes de ping pong:


... e aos poucos a minha nova menina vai somando vitórias:


.... quase como se, vitória atrás de vitória, a nossa raquete, adquirisse os poderes do adversário que acabamos de derrotar!

sábado, 8 de setembro de 2018

Esta Semana Houve Cinema

É raro participar em passatempos de cinema, até porque sou seletivo. Não vou concorrer por concorrer, até porque eu não moro propriamente perto dos cinemas. E se por um lado o bilhete é oferta, acabo por gastar mais do que esse dinheiro que poupei da entrada no jantar. Saio da empresa, e já nem vou a casa, aproveito para fazer qualquer coisa (desta vez aproveitei para estar uma hora de volta de um novo livro bastante interessante que comprei) janto tranquilamente, sozinho, enquanto aproveito para observar de perto os humanos no seu habitat preferido (o centro comercial) e então lá vou ver que filme me sai na rifa. 



E desta vez acabei mesmo a participar em dois diferentes passatempos para este filme. Pensava eu que nada tinha ganho desta vez, quando recebo um e-mail já depois das dez da noite, dando-me a boa notícia. 

Fui ver o BlacKkKlansman . Gostei de filme e até reencontrei de novo o Adam Driver que tinha visto no Paterson. O filme é uma espécie de comédia dramática baseada em factos reais, ocorridos nos anos setenta, com um toque de documentário lá pelo meio. Quarenta anos depois não poderia estar mais atual. Infelizmente. 



A Mulher Mais Tímida

Ontem, enquanto trabalhava ao lado da minha colega, quase como dois coleguinhas na mesma carteira da escola  ia-se conversando sobre o que calhava. E de repente voltou-se a falar no caso de um casal conhecido, em que o homem, com uns quarenta anos, abandonou mulher e filho adolescente por causa duma miúda de vinte anos. E eu vi fotografias da jovem, aquelas típicas fotos em que as mulheres se fotografam para as redes sociais, anunciando uma total disponibilidade mas, apesar do corpinho já bem desenvolvido e apto a levar uns bons açoites, trata-se ainda de uma cabrinha recentemente desmamada.

O meu colega, que também conhece o casal, logo alvitrou que por certo o homem iludiu-se, pois se calhar esta faz tudo com a roda no ar, ao passo que a outra, a esposa que conhece bem, aposta que será muito pudica e casta. 

Foto emprestada da Net
E ora aqui está uma coisa com a qual não concordo de todo e se calhar também é preciso desmistificar. Para mim é ponto assente que, de uma pessoa mais ou menos tímida, mais ou menos descarada, nada podemos verdadeiramente saber sobre a sua sexualidade. Aliás, já por diversas vezes me referi não conhecer verdadeiramente ninguém que trabalha naquela empresa. Nem coloco as mãos no fogo por ninguém. Isso de se dizer que as mulheres da empresa só o fazem de luz apagada e à missionário pode não ser mais do que um valente tiro na água. Nós sabemos lá se aquela colega do escritório que parece não partir um prato, depois na intimidade não pega num chicote, coloca um strapon, dá umas valentes chibatadas e sodomiza o marido? Ou se este ou aquele casal, não recebe de vez em quando lá em casa outros casais para trocarem de parceiros no ping-pong? Sabemos lá nós!

Nas caras das pessoas não está escrito "só faço sexo de luz apagada" ou "o meu fetiche é fazer sexo com dois homens ao mesmo tempo". Tal como também não é pela maneira de ser de uma pessoa, como referi, mais tímida, recatada ou antissocial ou por outro lado mais extrovertida, descarada e popular que lhe podemos colocar um rótulo de pudica ou de verdadeira Catherine M.! De todo.

Um homem pode sair com uma mulher, que se veste pior que uma puta e logo achar que tem ali uma catedrática do sexo mas depois de tirar a prova dos nove, pode sair dali completamente frustrado. O filme Beleza Americana ilustra isso muito bem na pele da personagem Angela (Mena Suvari). 


Esta adolescente toda sexy e saída da casca tem a mesma idade da filha de Lester (Kevin Spacey). Lester é um homem de meia idade, com um casamento completamente frustrado que se encanta por Angela. E quando Lester, finalmente está ali pronto para chegar a vias de facto, ficamos a saber que, todas as pilas que Angela disse à amiga ter chupado, fazendo-se passar por uma verdadeira galdéria, afinal, mais não era que uma máscara para ocultar a sua própria virgindade. 

Tal como um homem pode sair com uma mulher muito tímida, de quem só se lhe conheceu um namorado, e se calhar pensar que está ali na presença de uma quase freira, e depois na verdade sair da cama dela a pensar que acabou de ter sexo com algo ainda muito pior melhor que uma atriz pornográfica! 

A mulher mais tímida, a senhora mais recatada da sociedade, pode, subitamente, transformar-se numa verdadeira meretriz na intimidade. Uma coisa não está necessariamente relacionada com a outra. A mulher mais tímida, na intimidade, pode subitamente surpreender o homem abocanhando-lhe o biberão como nunca alguém tinha abocanhado antes, ou com a língua fazer-lhe sentir arrepios que nunca tinha sentido antes.

E a mulher mais tímida pode ainda muito bem lembrar-se de tomar as rédeas do jogo mostrando quem manda. Pode muito bem, ao invés de adotar uma postura submissa, quem sabe, mais apropriada à sua timidez, lembrar-se de montar e começar cavalgar, qual amazona, vigorosamente, como se estivesse numa corrida, imparável, num galope profundo, sendo neste caso o homem que terá de se agarrar muito bem para não cair. E a mulher mais tímida pode muito bem, na cavalgada final, mostrar ao homem como é que não se deixa perder uma só gota do precioso sumo agridoce da vida.

Cuidado com os estereótipos, com as suposições e com os juízos de valor. Sim, uma mulher mais recatada e tímida pode de facto ser também tímida no campo sexual. Mas por alguma coisa se diz "fugir dos calados", porque essas pessoas fazem-nas pela calada! Porque nem sempre é assim. E a mulher mais tímida pode ocultar dentro de si coisas verdadeiramente surpreendentes.

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Cenas das Próximas Publicações II

Imagem emprestada da Net

Tal como escrevi no primeiro capítulo, eu não sou daquelas pessoas que sofrem com do síndrome da página em branco mas sim do síndrome da página sempre cheia. Infelizmente nem sempre há disponibilidade mental para chegar à noite e escrever. De qualquer das formas, estas podem muito bem vir a ser algumas das próximas publicações:

- Coisas que te fazem lembrar de mim

- A passadeira vermelha que não me deverias ter estendido

- Oito meses depois fizemos sexo sem nos vermos

- Para quando um jogador ou treinador da bola a fazer comentário político?

- Premiar o regresso dos filhos pródigos que abandonaram o país

- Afinal quem é que sabe de futebol?

- A mulher que me vai autopsiar

- Os portugueses são bons é com o pau na mão

- A SIC é o novo Sporting

- O mito da monogamia

- Os animais têm medo do escuro?

- Por que é que as pessoas defendem sempre os agressores?

- Palavras a cair em desuso

- Conversas improváveis: A sorte da empresa

- Como fodem os políticos I: Assunção Cristas

... e do primeiro capítulo ainda ficaram por escrever estas, e que , eventualmente, ainda faça sentido escrever:

- O meu primeiro computador portátil chinês

- Sem ninguém para proteger...

- As pessoas não gostam de ser corrigidas

- Todos gostam da Anabela

- Cristas, sabias que o PSD é um partido de Esquerda?

- A namorada da minha namorada é minha namorada também

- Dúvidas existenciais: Cupido


Sim, se eu tivesse leitores era engraçado fazer uma coisa ao estilo, não Discos Pedidos, mas Publicações Pedidas! E nem precisavam de dizer a frase nem nada! 


domingo, 2 de setembro de 2018

Nenhuma Esperança à Vista


"É uma batalha como os anos começam a desvanecer-se"

"No Hope In Sight "/ Paradise Lost (2015)


Para Acabar de Vez com a Discussão da Mudança da Hora

Os animais não precisam de relógios nem de despertadores que lhes digam que é hora de acordar, hora de ir almoçar, hora de ir dormir, ou os dias em que se pode ou não pinar. Os animais nunca precisaram de relógio, muito menos precisaram de mudar a hora. Os dias são maiores no Verão e são mais curtos no Inverno. Qualquer bichinho sabe disto. Mas há cerca de cem anos que em alguns países, como Portugal, decidiram andar com os ponteiros para a frente e para trás. 

Oitenta e quatro por centro dos europeus votaram pelo fim da mudança da hora. Em Portugal foram 85%. Mas mal a Comissão Europeia, na voz do senhor esquentador Junker, manifestou a vontade de cumprir a vontade expressa na consulta pública mais participada de sempre, logo vieram os velhos do Restelo que não pode ser. Então já estávamos tão habituadinhos a atrasar e a adiantar o relógio e vão agora acabar com isso?  

Não!, porque o que já percebi é que as pessoas querem sol às sete horas da manhã e sol às dez da noite quer seja Verão ou Inverno!

Brian Snyder/Reuters
As pessoas querem cortar o cabelo, mas não querem o cabelo cortado. As pessoas, como se viu com os britânicos, querem sair da União Europeia, mas quando acordam depois do referendo e já estavam foram da UE entram todos em pânico, porque na verdade não queriam sair da União Europeia.  Ou melhor, queriam só as coisas boas, mas estavam revoltados com as más. Votaram para sair, mas era só para ser do contra, na verdade não queriam sair. E o que acontece é que as pessoas hoje em dia não sabem o que querem. As pessoas querem o melhor, não é de dois, é dos mundos todos! As pessoas só querem as vantagens. E não se gosta da mudança da hora, que causa sempre mais mortes e problemas na biologia das pessoas, mas decidir não mudar a hora também é uma chatice porque as pessoas, especialmente os portugueses, que são os que eu conheço, não gostam nada de mudanças!

E neste caso da mudança da hora nem se interessaram em votar. Mas houve uma votação? A mim ninguém me perguntou nada?, li na blogosfera. Certamente que é muito mais importante estar a fazer gosto num gatinho fofinho ou numa mamalhuda de biquini, que se interessar pelas coisas que verdadeiramente mexem nas nossas vidas. Ah, mas a política é uma coisa tão chata - quem é que se preocupa com isso?

O que é que eu acho? Acho que devíamos ser todos obrigados a trabalhar de noite. Então uma das vantagens apontadas para a mudança da hora não é a poupança de energia? O que se ia poupar a trabalhar de noite - tal como com as máquinas de lavar! - na tarifa bi-horária!

Maldita modernidade que deu direitos às pessoas e oportunidade de as ouvir. Coitados dos fachos e salazaristas. Antigamente é que era. Trabalha-se de sol a sol (se bem que agora é quase igual) seis ou sete dias por semana, e não havia cá de discussões estéreis sobre a mudança da hora!

Serviço Nacional de Saúde - A Puta da Hipocrisia dos Partidos de Direita

“O direito à proteção da saúde é realizado pela criação 
de um serviço nacional de saúde universal, geral e gratuito”
(Constituição Portuguesa)

Para os fachos e salazaristas de direita, o Estado deve ser mínimo. É cada um por si, a comerem-se uns aos outros. Os mais fortes safam-se, os outros que se fodam, que "aguentem" que morram de fome se for preciso, ou então que emigrem, como fomos convidados a fazê-lo por suas excelências Passos Coelho e Paulo Portas na sua coligação destrutiva do Estado Social. 

Para esta gente distinta, que se veste sempre de forma elegante, de fato e gravata, excetuando quando se vão visitar os pobrezinhos, aí é que não, leva-se umas calças de ganga para não ser contagiado, mas para esta gente, há sempre funcionários públicos a mais. É preciso cortar, é preciso cortar nas "gorduras do Estado". É preciso despedir funcionários públicos, claro, desde que não sejam do partido deles. 

Para eles fecham-se escolas, hospitais, tribunais, maternidades, e de preferência dá-se o negócio a amigos que pratiquem a caridade, que estejam à frente  de IPSS ou que sejam donos de colégios privados. E a saúde, claro, a saúde entrega-se aos hospitais privados e é bom que as pessoas tenham seguros de saúde, se não, acontece como naquele país de terceiro mundo, os Estados Unidos, em que se um operário corta as mãos e chega ao hospital sem a apólice de seguro de saúde em dia, e tem de escolher qual das mãos vai para o lixo. 

Portugal, felizmente, tem uma coisa que se chama Serviço Nacional de Saúde, apontado e estudado por muitos países mais ricos do que nós como exemplo. Todos, especialmente os mais pobres, estão protegidos e, se algum infortúnio, alguma doença ou acidente acontecer, podem ir ao serviço público de saúde. 



Este serviço público de saúde, conhecido por Serviço Nacional de Saúde (SNS), nasceu por iniciativa e teimosia de António Arnaut, fundador do partido socialista e que em 1978 era ministro dos Assuntos Sociais de um governo de coligação entre PS e CDS liderado por Mário Soares. 

Submetido ao parlamento para votação, em maio de 1979, os diferentes partidos com assento parlamentar votaram da seguinte forma:

A favor votaram: PS, PCP e UDP (atual Bloco de Esquerda)
Contra: PSD e CDS


E é curioso que um dos deputados que votou contra o Serviço Nacional de Saúde foi um tal de Marcelo Rebelo de Sousa. Sim, o atual Presidente da República votou contra a criação do serviço nacional de saúde. Sim, é por estas e por outras que os seus abraços, beijinhos e falinhas mansas nunca me convenceram. 

Estamos então conversados sobre o que pensam os partidos de Direita sobre a saúde pública. Mas, depois de PSD e CDS terem estado, juntos em coligação a governar o país durante quase cinco anos, e de quase terem desmantelado e quase privatizado o Serviço Nacional de Saúde, em coerência com o que pensam, mas de forma contrária ao que diz a Constituição, o que é que nos andam agora a dizer todos os dias?

"Vejam como está o Serviço Nacional de Saúde! É preciso contratar médicos e enfermeiros. É preciso investir em mais meios para os hospitais..."

Claro que neste momento o Serviço Nacional de Saúde está com problemas. O próprio António Arnaut, dias antes de morrer, pedia "Temos que defender o serviço nacional de saúde". É óbvio que há problemas, mas ouvir os partidos de direita, em muito responsáveis pelos problemas que agora temos na saúde pública, e que são totalmente contra o SNS e contra a contratação de mais funcionários públicos, virem agora gritar em defesa do SNS, é mesmo não ter uma ponta de vergonha na cara não é?