"A ditadura perfeita terá a aparência da democracia, uma prisão sem muros na qual os prisioneiros não sonharão sequer com a fuga. Um sistema de escravatura onde, graças ao consumo e ao divertimento, os escravos terão amor à sua escravidão."
quarta-feira, 6 de agosto de 2025
Alter Ego
sábado, 31 de dezembro de 2022
Não lhe Dava Mais de 36
A minha mãe pergunta-me que idade tinha a cantora (Cláudia Isabel) que morreu há dias de acidente de viação. Googlei mas o mais engraçado é que, os dois primeiros resultados, e estamos a falar de sites de jornais (Jornal de Notícias e Diário de Notícias), supostamente fontes de informação fidedigna, e surpreendentemente dão-me resultados bem diferentes:
Pista Sobre uma Morte Inesperada
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Foi no verão de 2018 que acordei morto num quarto de Hotel. E, não sei como é com o resto das outras pessoas e se têm a mesma sensação do que eu, mas na minha vida parece que tudo se repete e volta a repetir - e é curioso que ainda hoje fiquei a saber que aquela cantora Claudisabel, que recentemente morreu de acidente de viação, já tinha dito que havia tido um outro no passado, e que lhe deixou sequelas - e também eu, lá voltei a morrer da mesma forma absolutamente estúpida.
Tinha acabado de chegar ao quarto com a cabeça aberta e toda ensanguentada. Trouxe gelo. Mas mais importante, ainda me lembrei de escrever um bilhete a explicar o sucedido: "bati na mala e abri a cabeça".
Já sabia que havia a possibilidade de acordar morto e depois como é que ia ser? Iam dar comigo com a cabeça toda ensanguentada. Ia ter que vir a polícia judiciária e chatear os meus pais e os meus colegas do ténis-de-mesa iam ser suspeitos, afinal, tinham sido as últimas pessoas que me viram vivo. E quem é que iria ser suspeito de me ter dado uma bordoada na cabeça? E porque motivo? Nunca ninguém iria desvendar o mistério! Isto ia ser pior do que o filme da Madeline McCann! Assim o mistério estava já desfeito numa folha branca com letras maiúsculas. Uma pessoa assim morre descansada!
Já era quase meia noite quando me lembrei que no dia seguinte tinha combinado de ir entregar as rodas do meu Scarlet. E ainda por cima ia trabalhar no dia seguinte, o último dia de trabalho de 2022, depois de uns dias de férias meio compulsivas, porque, voluntariamente, nunca me lembraria de gastar os poucos dias de férias que temos, ali entre o Natal e o ano novo. E lá as fui buscar aquela hora para não o ter que fazer na manhã seguinte antes de ir para o trabalho.
O impacto foi tão violento que percebi de imediato que a situação era grave. Meti a mão na cabeça e esta veio pintada de vermelho. Tinha aberto a cabeça e feito um belo dum hematoma, Enfiei a cabeça debaixo da caleira, e ali fiquei, durante uns minutos, a lavar a cabeça com água da chuva a jorrar por cima da cabeça tentando estancar a hemorragia.
Fui para casa, não incomodei ninguém. Meti-me na cama e esperei pelo sono profundo.
segunda-feira, 10 de maio de 2021
Querido Blogue, desculpa...
Querido blogue, desculpa.
Sei que tenho andado muito ausente e não te tenho dado a devida atenção. Provavelmente nestes quase oito anos nunca passei tanto tempo sem te escrever e certamente que não foi por falta de assuntos ou acontecimentos para relatar. Mas a verdade é que, se comecei muito bem o ano com 22 publicações no mês de Janeiro, estas caíram para 10 em Fevereiro e para 2 em Março, desde então tem sido um longo vazio de cinquenta dias.
E, como já por aqui eu mesmo refletia em 2014:
"Os blogues são como o sexo, quanto menos se escreve menos apetece escrever".
quarta-feira, 9 de outubro de 2019
As Últimas Ameixas da Vida
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Via Piterest |
E se é verdade que eu sempre tive o hábito de me despedir das pessoas como se fosse a última vez que as vou ver - "tudo de bom!", até porque um dia isso irá mesmo acontecer, com ele, fazia mesmo sempre questão de, sempre que por ele passasse na rua, de carro, ou o via passar da minha casa, sempre fiz questão de lhe dar um aceno e um sorriso sincero. Em boa verdade, já fazia antes de saber que estava doente, mas agora fazia-o ainda com mais sentimento, como que a transmitir-se uma força subliminar, que estamos todos a torcer por ele.
Mas, inesperadamente, no penúltimo fim-de-semana, que ainda por cima fui passar fora, liga-me a minha mãe em choque. Ele tinha morrido e sido enterrado no dia anterior, sem que os meus pais, que moram a setecentos metros de distância, tivessem sabido e podido ir ao funeral, porque não tocou o sino da igreja, que na aldeia serve de alerta que alguém morre.
No telefonema a minha mãe dizia-me que já tinha chorado mais do que se fosse uma pessoa de família, porque, digo eu, não são os laços de sangue que obrigatoriamente nos fazem estar mais ou menos ligados a alguém, é o sentimento que temos por alguém que faz com que determinada pessoa seja importante para nós. E um vizinho, a quem quase só dizemos "olá", mas que temos em grande conta, pode-nos ser mais precioso que alguém da nossa família com quem não temos ligação e que só vemos, com sorte, de dez em dez anos em algum funeral.
A minha mãe viu naquele gesto generoso naquele saco de ameixas (que eram mesmo muito boas) oferecido semanas antes de partir, o simbolismo de se despedir de nós. Talvez tenha sido... não sei, só ele saberá. Mas o que sei é que aquela Rua das Flores ficará mais silenciosa, mais pobre e, senão todos, eu, pelo menos, lhe sentirei bastante a falta. Até sempre R...
domingo, 30 de setembro de 2018
Acordar Morto Num Quarto de Hotel
Quem havia de dizer. Foi mesmo caso para pensar "ninguém diga que está bem"! Um gajo trabalha uma vida toda para ter uma morte em condições, para depois morrer assim, da forma mais estúpida possível, num quarto em Lisboa na Praça da Figueira.
Deitei-me cedo e cedo terei aterrado pouco depois, afinal, passear também cansa. Antes de adormecer nem sequer ainda me tinha apercebido que o quarto tinha televisão. Só reparei nela depois, de manhã já depois de morto.
Acordei a meio da noite e, ao acordar, não sei como é que consegui aquele feito de bater com a cabeça na quina viva da mesinha de cabeceira que estava mesmo encostada à cama que era pequena. Passo a mão pela cabeça e sinto os dedos todos molhados. Acendo a luz do candeeiro e de imediato vejo os dedos marcados a vermelho no interruptor. Tinha as mãos cheias de sangue.
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E é assim que um gajo morre, sozinho num quarto de um prédio de Alojamento Local a pensar como é que será quando de manhã, quando nos descobrirem ali morto, tudo nu, e cheio de sangue na cabeça e na cara e com vestígios de sémen nos lençóis.
Mas ainda não foi desta que o jogo acabou. Foi só apenas uma vida que se foi ao ar e agora tenho é de passar a ter mais cuidado com as que restam.
sábado, 22 de setembro de 2018
Tenho que Avisar no Blogue que vou Morrer logo ao fim do Dia
sexta-feira, 6 de abril de 2018
Constatações Às 5 da Manhã
domingo, 28 de janeiro de 2018
Conversas Improváveis 18
segunda-feira, 20 de março de 2017
As fotografias dela: Nua
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Via Pinterest |
sábado, 29 de agosto de 2015
22 anos
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