Que puta de morte mais estúpida, pensei. Como é que eu me fui matar assim? Isto até poderia aparecer naquele programa das mil diferentes maneiras de morrer, simplesmente duvido que eles fossem descobrir as verdadeiras circunstâncias da minha morte. Afinal, eu apareci ali, morto, sozinho num quarto de Hotel (que na verdade até era um prédio de Alojamento Local).
Quem havia de dizer. Foi mesmo caso para pensar "ninguém diga que está bem"! Um gajo trabalha uma vida toda para ter uma morte em condições, para depois morrer assim, da forma mais estúpida possível, num quarto em Lisboa na Praça da Figueira.
Deitei-me cedo e cedo terei aterrado pouco depois, afinal, passear também cansa. Antes de adormecer nem sequer ainda me tinha apercebido que o quarto tinha televisão. Só reparei nela depois, de manhã já depois de morto.
Acordei a meio da noite e, ao acordar, não sei como é que consegui aquele feito de bater com a cabeça na quina viva da mesinha de cabeceira que estava mesmo encostada à cama que era pequena. Passo a mão pela cabeça e sinto os dedos todos molhados. Acendo a luz do candeeiro e de imediato vejo os dedos marcados a vermelho no interruptor. Tinha as mãos cheias de sangue.
Levanto-me, vou ao espelho, e vejo o sangue a escorrer todo pela cara abaixo. O meu sangue era bastante fluido e não era azul como o dos ricos, era mesmo de um vermelho bem vivo. Mais parecia que tinha entrado num filme de terror e ia sair daquele quarto para a morgue.
E é assim que um gajo morre, sozinho num quarto de um prédio de Alojamento Local a pensar como é que será quando de manhã, quando nos descobrirem ali morto, tudo nu, e cheio de sangue na cabeça e na cara e com vestígios de sémen nos lençóis.
Mas ainda não foi desta que o jogo acabou. Foi só apenas uma vida que se foi ao ar e agora tenho é de passar a ter mais cuidado com as que restam.
Quem havia de dizer. Foi mesmo caso para pensar "ninguém diga que está bem"! Um gajo trabalha uma vida toda para ter uma morte em condições, para depois morrer assim, da forma mais estúpida possível, num quarto em Lisboa na Praça da Figueira.
Deitei-me cedo e cedo terei aterrado pouco depois, afinal, passear também cansa. Antes de adormecer nem sequer ainda me tinha apercebido que o quarto tinha televisão. Só reparei nela depois, de manhã já depois de morto.
Acordei a meio da noite e, ao acordar, não sei como é que consegui aquele feito de bater com a cabeça na quina viva da mesinha de cabeceira que estava mesmo encostada à cama que era pequena. Passo a mão pela cabeça e sinto os dedos todos molhados. Acendo a luz do candeeiro e de imediato vejo os dedos marcados a vermelho no interruptor. Tinha as mãos cheias de sangue.
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E é assim que um gajo morre, sozinho num quarto de um prédio de Alojamento Local a pensar como é que será quando de manhã, quando nos descobrirem ali morto, tudo nu, e cheio de sangue na cabeça e na cara e com vestígios de sémen nos lençóis.
Mas ainda não foi desta que o jogo acabou. Foi só apenas uma vida que se foi ao ar e agora tenho é de passar a ter mais cuidado com as que restam.
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