Dia de hoje, dezassete de Setembro de 2018
Saí de casa à mesma hora de sempre.
Depois de deitar comida às tartarugas, saí, fechei o portão que está cada vez menos branco, e montei no cavalo preto. Liguei os médios e o relógio marcava 7H43
Todos os dias atravesso a estrada nacional Nº1 mais ou menos a quinze minutos de chegar ao trabalho. E há muitas semanas que vinha sendo um sossego atravessar a estrada nacional, bastando para isso chegar ao semáforo e atravessá-lo nos dez segundos enquanto não muda de novo para vermelho.
Mas hoje estranhamente algo se passava. Não conseguia perceber muito bem o porquê mas, setecentos metros antes de chegar ao semáforo tinha uma enorme bicha de trânsito à minha frente.
(É curioso que sempre se disse, nas rádios e televisões, bicha de trânsito, tal como as pessoas sempre disseram bicha no centro de saúde. Muitas pessoas à nossa frente era uma bicha. Mas de repente, com a inundação de programas brasileiros nas televisões portugueses, de repente, as pessoas começaram a sentir-se inseguras quanto à sua sexualidade, e então higienizaram o português passando a dizer "fila". "Estava uma fila muito grande. E não deixa de ser muito irónico que, as mesmas pessoas que hoje acusam o acordo ortográfico de ceder aos brasileiros, depois sejam as primeiras a deixar de usar as palavras que sempre usaram, para não serem confundidas com os significado dúbios que têm no Brasil).
Estranhamente estava uma enorme bicha de trânsito à minha frente. Teria sido algum acidente? Os carros lá iam andando, a passo de caracol, e eu, ora metia a primeira, ora estava parado, até que finalmente percebi, quando passava pelas várias escolas que estão antes do semáforo, que seria o primeiro dia de escola para muita canalha, pois bem via, algumas mamãs, com as crias ao lado. E depois de ter atravessado o semáforo, e quando atravessava a estrada, tive mesmo que buzinar pois vinha um enorme bando de pré-adolescentes no meio da estrada, tranquilamente como se nada fosse. E eu tenho muito mais pena de atropelar um cão ou um gato, que passar por cima de uma pessoa que parece que anda desgostosa para atravessar uma estrada sem passadeira ou atravessar quando está vermelho para os peões.
Quando eu tinha seis anos e fui pela primeira vez para a escola primária, ia a pé, sozinho, todos os dias. Tinha de andar uns vinte minutos, por estradas de terra batida, subir um monte e andar por um carreiro de cabras até chegar à escola. Quando deixei a escola primária e fui para o quinto ano, passei a andar de transportes públicos, e até ao dia que deixei de estudar, nunca que os meus papás me foram levar à escola. Mas hoje, em pleno século vinte e um, como estamos a criar uma geração de incapazes os papás têm de ir levar os filhinhos à escola.
E esse simples gesto complica a vida de toda a gente. Há o trânsito normal quando as escolas estão fechadas, e depois há o trânsito quando a escola começa. E é absurda a diferença!
Ainda estava no carro e tive a ideia genial (mais uma!). Já temos o corredor BUS, onde também podem andar os táxis e as motas, mas agora há algo ainda bem mais importante.
É preciso criar a faixa para os papás que vão levar os filhos à escola de carro. Para que a vida de todos os outros que vão trabalhar fique melhor.
Ideia muito boa, mas já não é nova...
ResponderEliminarEm frente ao Externato das Escravas do Sagrado Coração de Jesus do Porto, já há uma destas faxas!
A sério?! Uma pessoa goza com a situação mas afinal a realidade já se tinha antecipado!
EliminarMas nessa rua, à esquerda, isso era terrível, com os carros dos papás todos ali parados a estorvar ao trânsito!
Passei por lá na 2a feira! Uma via só para papás, com uns círculos azuis no chão!
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