domingo, 23 de setembro de 2018

Que Tipo de Casamento Vai Escolher Hoje?

"Os Últimos Dias da Monogamia" 
Laslo Havas - Louis Pauwels 
(1969)
A liberdade para um casal viver a sua vida à sua maneira está, de facto, conquistada, com a condição de respeitar a regra do jogo. Consiste em poucas palavras: fingir.
Largo uso tem sido feito desta liberdade. É provável que restem por inventar formas inéditas da vida a dois. Mas já se oferece uma bela gama de possibilidades (...) Nas sociedades avançadas da segunda metade do século XX, um homem e uma mulher casados (só falamos aqui destes) podem escolher as seguintes soluções:

1. Castidade Absoluta

Os cônjuges não têm relações sexuais nem entre si, nem com terceiros.
Os motivos são diversos. O mais respeitável, senão o mais difundido, é a fé (...)
Estes abstinentes permanecem agarrados a uma conceção antiga. Obedecem a S. Jerónimo para quem "a virgindade é o estado natural". Receiam as ameaças de S. João Crisóstomo "O casamento é o fruto da desobediência do primeiro casal, da maldição e da morte". Seguem o exemplo de S. Aleixo que, contraindo o matrimónio, não tinha a intenção de o consumar. E, acima de todos, veneram S. José, cuja união com a Virgem mostra,  segundo S. Agostinho, "magnificamente que o casamento pode subsistir sem as relações conjugais e até com o consentimento a uma continência recíproca" (...) 

2. Castidade Conjugal com adultério

O casamento não está consumado, mas um dos cônjuges, ou ambos têm relações com terceiros (...)

3. Alibigamiade

A união legal dos homossexuais com pessoas do sexo oposto, destinada a afastar suspeitas (...)



4. Monogamia para toda a vida

Os cônjuges casam virgens e mantêm-se fieis um ao outro.
Esta fidelidade não termina antes da morte de uns dos cônjuges. Para maior segurança, nas Índias, até 1829, a mulher era queimada com os despojos do seu marido. Devemos todavia fazer notar que que os padres, herdando todos os bens da viúva sacrificada, por alguma razão forçavam o respeito deste costume (...)

5. Monogamia Temporária

Fidelidade absoluta dos dois cônjuges limitada à duração do casamento (..)

6. Monogamias Sucessivas

Diz-se igualmente monogamias seriais ou poligamia serial. Pode-se igualmente falar de fidelidade intercambiável: é mesmo disto que se trata (...)

7. Adultério sem Consentimento

O homem ou a mulher, ou os dois, têm relações extra-conjugais que o outro ignora e tudo é feito para que assim aconteça (...)

8. Adultério com Consentimento Tácito

O outro sabe-o, mas não se fala disso (...)

9. Adultério com Consentimento

Ambos o sabem e disso falam (...)

10. Lar a três

Coabitação do casal com o ou a amante (...)

11. Spouse trading 

Troca dos cônjuges entre dois ou mais casais, para uma noite ou um fim-de-semana (...)

12. Casamento Intermutável

Troca de cônjuges de duração prolongada (...)

13. Sexo Coletivo 

O casal conduz-se quotidianamente como qualquer outro casal, mas participa em orgias programadas. Para que esta fórmula se torne uma forma de vida, é preciso que a participação seja regular e as reuniões organizadas, isto é premeditadas (...)

14. Omnigamia

Promiscuidade absoluta, liberdade sexual total, sem restrição alguma. Os adeptos do sexo coletivo formam uma sociedade, com as suas regras os seus usos, a sua sabedoria de vida. Os adeptos da omnisexualidade são os fora-da-lei daquela sociedade. Eles trocam de mulheres mas também as roubam. Tanto os companheiros do mesmo sexo como os do sexo oposto são bem-vindos. O incesto é quotidiano e as menores não são banidas. As orgias de massa alternam com noites íntimas e mesmo uma conversa a dois é tolerável (...)

15. Grande Família

Comunidade de vários casais que dividem a sua mesa e a sua cama frequentemente, mas não necessariamente, os seus bens. Esta grande família, também chamada "kolkose amoroso" ou "kibutze sexual" começa com quatro pessoas, não havendo limite para o máximo 
(...)

Os julgamentos, autoritários ou sumários, não faltam. Pseudo-científicos, moralistas, imoralistas, avançam a sua formula e afirmam-na universalmente boa. Esse não é o nosso caso. Nós recenseamos. A variedade da escolha é, de facto, desconcertante. Mas cada um que decida, no conhecimento da sua própria causa. Basta saber por que e como viver a dois, o que é o casamento e o que dele se espera. Mas sabêmo-lo?

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