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sábado, 2 de outubro de 2021

Brinquedos Sexuais Vão Passar a Ter Inspeção Obrigatória



Pois é. Depois dos automóveis, das motos e ciclomotores, das roçadoras e moto-serras e até depois das bicicletas, eis que o Parlamento Europeu se prepara para fazer aprovar uma lei no sentido de tornar obrigatória a inspeção dos brinquedos sexuais em todos os países da União Europeia. 

Numa primeira instância pensava-se que só brinquedos com funcionalidade elétrica seriam inspecionados, contudo há já rumores que essa inspeção será obrigatória para todo o tipo de modelo de brinquedos sexuais, com efeito vibração ou não, como dildos, plugs, bolas, e até algemas e chicotes, etc.

Ainda não sabe ao certo o que irá ser avaliado, mas em princípio passará por uma inspeção visual e controlo do desgaste do piso exterior do brinquedo. Obviamente será também feita uma análise às rotações dos motores elétricos, no sentido de saber se estas se encontram dentro dos parâmetros definidos e, caso não estejam, serão reprovados e utilizador terá trinta dias para levar o equipamentos a uma empresa de metrologia que fará a aferição e/ou calibração dos mesmos. 

Um dos controlos mais rigorosos será a nível do controlo de germes. A Comissão Europeia está particularmente preocupada com a proliferação de germes, porque os brinquedos sexuais não são só de uso próprio, mas de uso no casal, bem como com pessoas exteriores ao casal, e são levados à boca e podem ser uma grave fonte de transmissão de doenças. A lei irá permitir que a polícia vá a casa das pessoas e peça para ver os brinquedos sexuais, e caso estes não estejam em conformidade, poderão ser aplicadas coimas e perda de pontos, que, no limite, poderão implicar a apreensão dos brinquedos de um mês a um ano. 

Estas medidas estão já a causar forte contestação nas redes sociais por parte dos utilizadores de brinquedos sexuais,  mas por outro lado tem o apoio dos empresários que vêem aqui uma boa excelente oportunidade de negócio. 

Para já ainda não está em cima da mesa a aplicação de um Imposto Único de Fornicação, bem como de um Imposto Verde por causa de todo o plástico usado na fabricação destes brinquedos sexuais, mas prevê-se que este venha a ser criado já em 2023. 

sábado, 7 de dezembro de 2019

Regras de Etiqueta e de Boa Educação Numa Orgia

Imagine o leitor que, inesperadamente, se encontra no centro de uma orgia. Saiba que existem regras de etiqueta e de boa educação que convém saber para não passar por rude e mal educado e depois acabar por ser excluído de novos convites.
"Um advogado de Hanovre, 44 anos:  "Quando nos casámos, a minha mulher tinha 20 anos e eu 26. Passaram-se burguesmente quinze anos. A minha mulher não teve nenhuma aventura e eu deitei-me uma vez ou outra com uma prostituta, mas isso, então, não o sabia a minha mulher. Depois, fomos convidados para a casa de um dos meus colegas de Hamburgo. Éramos oito a jantar e a seguir ao café toda a gente se despiu e aqui a coisa pegou. Ninguém nos tinha prevenido e claro está foi um choque. Olhei para a minha mulher, ela olhou-me, encolhemos os ombros e então fizemos como os outros. Depois disto, tínhamos serões em nossa casa, ou em casa de amigos, duas vezes por semana. 

(...) A monotonia da sexualidade conjugal é, com toda a evidência, o primeiro motivo para a conversão. 

(...) A boa educação também conta, mas a que se recebeu em casa não conta: existe um savoir-vivre paralelo. As regras são estrictas e mais de um amador viu fecharem-se-lhe as portas do paraíso por ter esquecido que nem tudo é permitido na "sociedade permissiva". E essas regras variam segundo os grupos que têm princípios diferentes, quando não opostos. 

(...) Participar numa orgia significa para aquelas ter aceite todos os homens presentes como virtuais amantes; aquelas que têm de escolher devem tomar a iniciativa. Neste caso, é o homem que se encontra embaraçado, porque repelir as avançadas de uma mulher é grosseiro. Enfim, é também repreensível escapar-se às relações lesbianas, que são de rigor. A homossexualidade masculina, pelo contrário, é excecional e sobretudo desconsiderada. 

O casal é sagrado. Casados ou não, os que vêm juntos, juntos devem partir. É muito inconveniente segredar ao ouvido de uma mulher acompanhada para lhe pedir o seu número de telefone ou propor-lhe um encontro a "solo" para o dia seguinte. É permitido cumprimentar uma mulher sobre a sua beleza e até recomendado exaltar a sua habilidade; ridículo é, todavia, puxá-la ao sentimento, cair no romanesco, numa palavra "baratinar". 

É indecente lançar-se quando uma mulher está muito rodeada. Convém tomar honestamente a sua vez. Melhor, ainda, ocupar-se das damas que "fazem renda". Do mesmo modo, é deslocado, para uma mulher, manobrar para arrancar um homem à sua parceira do momento. 

A discrição é de regra, salvo para os velhos conhecimentos ou por virtude de um comum. A etiqueta manda que não se pronunciem senão os apelidos, até que uma simpatia mútua se manifeste e incite à troca de nomes e moradas. 

Ficar vestido no meio da multidão despida, é grotesto e suspeito. Talvez se passe por um desses indiscretos que "vieram ver como aquilo se passa". Não se dão espetáculos para estranhos curiosos. 

Antes que se desencadeie a ação propriamente dita, - o que acontece muito rapidamente, de costume - e logo que toda a gente se voltou a vestir, o tom é mundano e não é feita nenhuma alusão ao que se vai seguir, ou ao que acabou de terminar. A não ser para uns tantos libertinos intelectuais e combativos, a orgia é uma distração, não um assunto de conversa. 

Nas reuniões de massas, a proporção exata de participantes dos dois sexos não é primordial. Certos "simétricos", contudo, não admitem homens ou mulheres sozinhos: o número deve ser par e os dois sexos representados em igualdade.

"Os Últimos Dias da Monogamia" / Laslo Havas - Louis Pauwels  (1969)

segunda-feira, 10 de junho de 2019

Estar Atento

"Uma vez, durante as férias grandes do meu primeiro ano da universidade, fui até ao Norte do Japão, e no comboio conheci uma mulher oito anos mais velha do que eu, também ela a viajar sozinha, com quem passei uma noite. Na altura, lembro-me de ter pensado que tudo aquilo parecia tirado das primeiras páginas do Sanshiro.

Ela trabalhava na secção de operações cambiais num banco de Tóquio. Sempre que tinha uns dias de férias, agarrava num punhado de livros e metia-se à estrada por sua conta e risco. - Viajar sozinha é muito menos cansativo - confidenciou-me. 

Tinha o seu encanto e ainda hoje estou para perceber como se foi logo interessar por um estudante universitário de dezoito anos, magro e taciturno como eu. E, contudo, parecia sentir-se nas suas sete quintas, ali sentada à minha frente naquela carruagem de comboio, a falar de tudo e mais alguma coisa. Fartava-se de rir à gargalhada. Por uma vez, até eu dei por mim a falar pelos cotovelos. Por mero acaso, saímos ambos na estação de Kanazawa.

- Tens onde ficar? - perguntou-me ela. 
- Não - respondi eu, que nunca na vida fizera uma reserva de hotel. 
- Tenho um quarto disse-me. - Se quiseres, podes ficar comigo. Não te preocupes - acrescentou -, o preço é exatamente o mesmo quer esteja ocupado por uma ou duas pessoas. 

Estava nervoso na primeira vez que fizemos amor, o que fez com que o meu desempenho deixasse algo a desejar. Apresentei-lhe as minhas desculpas. 
- Mas que bem educado me saíste! - exclamou ela. - Não precisas de pedir desculpa por tudo e por nada. 

(...)

Pronto, imagina o seguinte. Supõe que vais fazer uma longa viagem de carro com outra pessoa qualquer, e que vão conduzir por turnos. Nesse caso que tipo de pessoas escolhias? Uma que guiasse bem, mas que fosse imprudente, ou uma que não guiasse tão bem, mas que fosse prudente?
- A segunda, provavelmente - respondi eu.
- Também eu - retorquiu ela. - Temos aqui uma situação muito parecida. Ser bom ou mau, ser despachado ou desajeitado, isso são coisas de somenos. Na minha opinião, o que é importante é estar atento. Ficar calmo, estar atento ao que se passa à nossa volta. 
- Atento? repeti eu.

Ela não respondeu e limitou-se a sorrir. Mais tarde quando fizemos amor pela segunda vez, tudo correu na perfeição. Tive a sensação de começar a perceber o significado de "estar atento". Foi também a primeira vez que vi como reage uma mulher quando se abandona a um prazer intenso. 

No dia seguinte, depois de tomarmos o pequeno-almoço juntos, foi cada um para seu lado. Ela seguiu o seu caminho, e eu o meu. À despedida, contou-me que se ia casar daí a dois meses com um colega de trabalho. 
É ótima pessoa - acrescentou - toda sorridente. - Já andamos juntos há cinco anos, e agora vamos finalmente oficializar a situação, o que significa que, uma vez casada, vou deixar de poder andar a viajar por aí sozinha. Talvez seja esta a última vez. 

Eu era ainda muito jovem e pensava que histórias como excitantes destas aconteciam com frequência. Mais tarde, acabei por compreender, e de que maneira, que as coisas não eram bem assim. 

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Tantos corpos nus são todos iguais

Spencer Tunick
"Sobretudo os jovens estão continuamente em busca de experiências eróticas. Podem assim considerar incompleta, parcial, uma relação que não teve como saída uma relação sexual. A busca sexual, a vagabundagem erótica, pode tornar-se paroxismo em certos períodos da vida. Então a pessoa procura "seduzir" ou "conquistar" o maior número possível de pessoas do outro sexo. Em certos aspetos é uma forma de poder, noutros uma exploração, um conhecer. O número, no entanto, acaba por anular o conhecimento, por mascarar as experiências e por destruir, definitivamente, o erotismo. Começando por conhecer, por encontrar pessoas, por viver aquilo que aquela pessoa devia de dar de mais seu e, mesmo, de mais extraordiário, a busca perde exatamente a novidade, o inesperado. As pessoas confundem-se uma com a outra. Tantos corpos nus são todos iguais. O erotismo desvanece-se na diferenciação total.

"A Amizade" / Francesco Alberoni (1984)


domingo, 23 de setembro de 2018

Que Tipo de Casamento Vai Escolher Hoje?

"Os Últimos Dias da Monogamia" 
Laslo Havas - Louis Pauwels 
(1969)
A liberdade para um casal viver a sua vida à sua maneira está, de facto, conquistada, com a condição de respeitar a regra do jogo. Consiste em poucas palavras: fingir.
Largo uso tem sido feito desta liberdade. É provável que restem por inventar formas inéditas da vida a dois. Mas já se oferece uma bela gama de possibilidades (...) Nas sociedades avançadas da segunda metade do século XX, um homem e uma mulher casados (só falamos aqui destes) podem escolher as seguintes soluções:

1. Castidade Absoluta

Os cônjuges não têm relações sexuais nem entre si, nem com terceiros.
Os motivos são diversos. O mais respeitável, senão o mais difundido, é a fé (...)
Estes abstinentes permanecem agarrados a uma conceção antiga. Obedecem a S. Jerónimo para quem "a virgindade é o estado natural". Receiam as ameaças de S. João Crisóstomo "O casamento é o fruto da desobediência do primeiro casal, da maldição e da morte". Seguem o exemplo de S. Aleixo que, contraindo o matrimónio, não tinha a intenção de o consumar. E, acima de todos, veneram S. José, cuja união com a Virgem mostra,  segundo S. Agostinho, "magnificamente que o casamento pode subsistir sem as relações conjugais e até com o consentimento a uma continência recíproca" (...) 

2. Castidade Conjugal com adultério

O casamento não está consumado, mas um dos cônjuges, ou ambos têm relações com terceiros (...)

3. Alibigamiade

A união legal dos homossexuais com pessoas do sexo oposto, destinada a afastar suspeitas (...)



4. Monogamia para toda a vida

Os cônjuges casam virgens e mantêm-se fieis um ao outro.
Esta fidelidade não termina antes da morte de uns dos cônjuges. Para maior segurança, nas Índias, até 1829, a mulher era queimada com os despojos do seu marido. Devemos todavia fazer notar que que os padres, herdando todos os bens da viúva sacrificada, por alguma razão forçavam o respeito deste costume (...)

5. Monogamia Temporária

Fidelidade absoluta dos dois cônjuges limitada à duração do casamento (..)

6. Monogamias Sucessivas

Diz-se igualmente monogamias seriais ou poligamia serial. Pode-se igualmente falar de fidelidade intercambiável: é mesmo disto que se trata (...)

7. Adultério sem Consentimento

O homem ou a mulher, ou os dois, têm relações extra-conjugais que o outro ignora e tudo é feito para que assim aconteça (...)

8. Adultério com Consentimento Tácito

O outro sabe-o, mas não se fala disso (...)

9. Adultério com Consentimento

Ambos o sabem e disso falam (...)

10. Lar a três

Coabitação do casal com o ou a amante (...)

11. Spouse trading 

Troca dos cônjuges entre dois ou mais casais, para uma noite ou um fim-de-semana (...)

12. Casamento Intermutável

Troca de cônjuges de duração prolongada (...)

13. Sexo Coletivo 

O casal conduz-se quotidianamente como qualquer outro casal, mas participa em orgias programadas. Para que esta fórmula se torne uma forma de vida, é preciso que a participação seja regular e as reuniões organizadas, isto é premeditadas (...)

14. Omnigamia

Promiscuidade absoluta, liberdade sexual total, sem restrição alguma. Os adeptos do sexo coletivo formam uma sociedade, com as suas regras os seus usos, a sua sabedoria de vida. Os adeptos da omnisexualidade são os fora-da-lei daquela sociedade. Eles trocam de mulheres mas também as roubam. Tanto os companheiros do mesmo sexo como os do sexo oposto são bem-vindos. O incesto é quotidiano e as menores não são banidas. As orgias de massa alternam com noites íntimas e mesmo uma conversa a dois é tolerável (...)

15. Grande Família

Comunidade de vários casais que dividem a sua mesa e a sua cama frequentemente, mas não necessariamente, os seus bens. Esta grande família, também chamada "kolkose amoroso" ou "kibutze sexual" começa com quatro pessoas, não havendo limite para o máximo 
(...)

Os julgamentos, autoritários ou sumários, não faltam. Pseudo-científicos, moralistas, imoralistas, avançam a sua formula e afirmam-na universalmente boa. Esse não é o nosso caso. Nós recenseamos. A variedade da escolha é, de facto, desconcertante. Mas cada um que decida, no conhecimento da sua própria causa. Basta saber por que e como viver a dois, o que é o casamento e o que dele se espera. Mas sabêmo-lo?

sábado, 8 de setembro de 2018

A Mulher Mais Tímida

Ontem, enquanto trabalhava ao lado da minha colega, quase como dois coleguinhas na mesma carteira da escola  ia-se conversando sobre o que calhava. E de repente voltou-se a falar no caso de um casal conhecido, em que o homem, com uns quarenta anos, abandonou mulher e filho adolescente por causa duma miúda de vinte anos. E eu vi fotografias da jovem, aquelas típicas fotos em que as mulheres se fotografam para as redes sociais, anunciando uma total disponibilidade mas, apesar do corpinho já bem desenvolvido e apto a levar uns bons açoites, trata-se ainda de uma cabrinha recentemente desmamada.

O meu colega, que também conhece o casal, logo alvitrou que por certo o homem iludiu-se, pois se calhar esta faz tudo com a roda no ar, ao passo que a outra, a esposa que conhece bem, aposta que será muito pudica e casta. 

Foto emprestada da Net
E ora aqui está uma coisa com a qual não concordo de todo e se calhar também é preciso desmistificar. Para mim é ponto assente que, de uma pessoa mais ou menos tímida, mais ou menos descarada, nada podemos verdadeiramente saber sobre a sua sexualidade. Aliás, já por diversas vezes me referi não conhecer verdadeiramente ninguém que trabalha naquela empresa. Nem coloco as mãos no fogo por ninguém. Isso de se dizer que as mulheres da empresa só o fazem de luz apagada e à missionário pode não ser mais do que um valente tiro na água. Nós sabemos lá se aquela colega do escritório que parece não partir um prato, depois na intimidade não pega num chicote, coloca um strapon, dá umas valentes chibatadas e sodomiza o marido? Ou se este ou aquele casal, não recebe de vez em quando lá em casa outros casais para trocarem de parceiros no ping-pong? Sabemos lá nós!

Nas caras das pessoas não está escrito "só faço sexo de luz apagada" ou "o meu fetiche é fazer sexo com dois homens ao mesmo tempo". Tal como também não é pela maneira de ser de uma pessoa, como referi, mais tímida, recatada ou antissocial ou por outro lado mais extrovertida, descarada e popular que lhe podemos colocar um rótulo de pudica ou de verdadeira Catherine M.! De todo.

Um homem pode sair com uma mulher, que se veste pior que uma puta e logo achar que tem ali uma catedrática do sexo mas depois de tirar a prova dos nove, pode sair dali completamente frustrado. O filme Beleza Americana ilustra isso muito bem na pele da personagem Angela (Mena Suvari). 


Esta adolescente toda sexy e saída da casca tem a mesma idade da filha de Lester (Kevin Spacey). Lester é um homem de meia idade, com um casamento completamente frustrado que se encanta por Angela. E quando Lester, finalmente está ali pronto para chegar a vias de facto, ficamos a saber que, todas as pilas que Angela disse à amiga ter chupado, fazendo-se passar por uma verdadeira galdéria, afinal, mais não era que uma máscara para ocultar a sua própria virgindade. 

Tal como um homem pode sair com uma mulher muito tímida, de quem só se lhe conheceu um namorado, e se calhar pensar que está ali na presença de uma quase freira, e depois na verdade sair da cama dela a pensar que acabou de ter sexo com algo ainda muito pior melhor que uma atriz pornográfica! 

A mulher mais tímida, a senhora mais recatada da sociedade, pode, subitamente, transformar-se numa verdadeira meretriz na intimidade. Uma coisa não está necessariamente relacionada com a outra. A mulher mais tímida, na intimidade, pode subitamente surpreender o homem abocanhando-lhe o biberão como nunca alguém tinha abocanhado antes, ou com a língua fazer-lhe sentir arrepios que nunca tinha sentido antes.

E a mulher mais tímida pode ainda muito bem lembrar-se de tomar as rédeas do jogo mostrando quem manda. Pode muito bem, ao invés de adotar uma postura submissa, quem sabe, mais apropriada à sua timidez, lembrar-se de montar e começar cavalgar, qual amazona, vigorosamente, como se estivesse numa corrida, imparável, num galope profundo, sendo neste caso o homem que terá de se agarrar muito bem para não cair. E a mulher mais tímida pode muito bem, na cavalgada final, mostrar ao homem como é que não se deixa perder uma só gota do precioso sumo agridoce da vida.

Cuidado com os estereótipos, com as suposições e com os juízos de valor. Sim, uma mulher mais recatada e tímida pode de facto ser também tímida no campo sexual. Mas por alguma coisa se diz "fugir dos calados", porque essas pessoas fazem-nas pela calada! Porque nem sempre é assim. E a mulher mais tímida pode ocultar dentro de si coisas verdadeiramente surpreendentes.

sábado, 14 de julho de 2018

Quando Ele Deixou de Lhe Saltar Para Cima

É sabido que as relações dos casais podem ter problemas de vária ordem. Só assim de repente estou a pensar nos ciúmes doentios, muitas vezes da vida do outro em que o casal ainda nem sequer se conhecia ("antes de mim o dilúvio"); as diferenças comportamentais em casa; personalidades incompatíveis; a gestão do dinheiro; e por fim, e não menos importante, claro, o sexo.

Quando nos interessamos por alguém (por norma) não sabemos como o outro é do ponto de vista sexual. A pessoa pode ser mais ou menos culta, mais ou menos bonita, mais ou menos qualquer outra coisa qualquer, mas não sabemos como ela é do ponto de vista sexual. Digo por norma, porque eu ainda sou do tempo em que primeiro conhecíamos a pessoa, sabíamos o seu nome e a sua maneira de ser e só depois, mais à frente, se entrava noutras aventuras, ao passo que hoje em dia nem sempre é bem assim. Hoje em dias, muitas vezes as pessoas encontram-se, dão umas traulitadas com perfeitos desconhecidos, e de quem nada sabem, e isso não invalida que depois de umas ramboiadas, as pessoas até se queiram conhecer e entrem numa relação afetiva. Mas "por norma", o percurso natural nos humanos não é esse. Conhece-se a pessoa e então só mais à frente desvendamos alguém que só quer fazer sexo com a luz apagada, ou alguém verdadeiramente ninfomaníaca que não descansa enquanto não nos esvaziar o saco escrotal!

As pessoas conhecem-se, apaixonam-se, entram numa relação e têm sexo (não necessariamente por esta ordem, pois como disse anteriormente podem ter sexo, conhecer-se, apaixonar-se e só depois entrar numa relação ou nunca sequer se apaixonarem). E "por norma" as pessoas vão-se ajustar em tudo. Nos interesses, na divisão do tempo, nas escolhas para sair, e também poderão ter necessidade de se ajustar no sexo, pois quem vê caras não vê libidos. Tentarão ajustar o número de vezes, a variedade, a duração, tudo na tentativa de manter ambos os elementos mais ou menos satisfeitos.

A relação segue o seu percurso, mais ou menos feliz, e sempre numa base de fidelidade, com mais ou menos sexo, que "por norma" irá acentuadamente decrescer ao longo do tempo, mas o casal vai vivendo bem com isso. Mas o que acontece se, de repente, um dos elementos do casal não mais quer ter sexo? Como é que ficamos?

E eu estou em crer que, numa relação nenhuma pessoa chega ao pé do outro e diz "olha, ando sem vontadinha nenhuma. Por favor deixa-me estar no meu canto. Não me apetece. Agora se te apetecer usa as mãozinhas, ou compra uns brinquedos porque eu não estou para aí virado(a) e não sei quando ou se voltarei a estar".

Não, "por norma" imagino que os problemas simplesmente se vão empurrando para a frente como a dívida portuguesa. Quem não tem vontade não procura o outro. Se o outro não procura ótimo, problema resolvido. Mas se procura então vai ter de arranjar desculpas. É o cansaço; são as dores de cabeça; é o sono; é o ter de levantar cedo de manhã; é a desculpa de andar deprimido; porque afinal o Benfica não foi penta; porque a seleção foi eliminada no mundial e não há clima; qualquer desculpa servirá. E não se faz hoje; não se faz amanhã; não se faz para a semana; não se faz daqui por um mês. Quando se dá conta não se faz há anos.

Foi ao ler este artigo em que uma mulher se queixa que só tem uma vez sexo por ano com o marido, que relembrei um caso que fui acompanhando de perto, e em que se passaram vários anos até que a mulher tivesse decido pôr ponto final na relação.

"Ainda sou muito nova para passar o resto da vida sem sexo", disse-me.



E o que é que se faz numa situação destas? Quem não quer sexo sente-se incomodado com as pressões do outro para o fazer. Quem quer fazer sente-se completamente frustrado e diminuído na sua auto-estima. Começa-se a ficar farto de ouvir "só pensas nisso" como se desejar a pessoa que se ama fosse uma doença, como se quem tem vontade de está ali pronto para a ação é que estivesse errado. É a frustração e a culpa de, por exemplo ter de meter mãos à obra para acalmar o problema quando, supostamente, um companheiro(a) serve também para não ter que se usar as mãos sozinho.
As dúvidas começam a assaltar-nos a mente. "Ele(a) ainda gosta de mim"? "Será que já não me deseja?" "Será que tem outro(a)"? "Será que afinal descobriu que é gay"? Isto não é minimamente saudável, mas quando se gosta deixa-se a situação ir-se arrastando, mantendo a secreta esperança que aquilo seja só "uma fase". O problema é quando a fase passa a ser o estado habitual e até nós já nos cansamos de tentar.

E se até aqui só ouvíamos os homens queixarem-se das eternas dores de cabeça das mulheres que não queriam nada "ir ao castigo", agora, fruto no meu entender da sua emancipação, são também as mulheres que reivindicam a sua sexualidade e saem porta fora se os companheiros ficam eternamente com enxaquecas e sem vontade nenhuma de lhes saltarem para cima.

Lembro-me de ouvir, nos tempos em que ainda via televisão, a ginecologista Maria do Céu dizer que aconselhava sempre as suas pacientes a fazer sexo com os maridos quando eles queriam. Não estão com vontade? Deixem-se levar na mesma. Depois de começarem começam a lubrificar, ficam excitadas e até vão gostar. Aliviam a pressão dos os companheiros e no fim ficam todos satisfeitos.

Outra coisa que acho é que, excluindo situações de doença, ou de tomas de medicamentos que tenham implicações na libido, a ausência de sexo, ou a falta de intimidade no casal, seja por ambos ou por parte só de uma das pessoas, "por norma" significará que algo não vai bem no reino de suas majestades. Acho que o sexo poderá ser um bom barómetro da relação, mas, logicamente, tendo em conta que, nada será igual aos primeiros tempos, porque aos poucos tudo está desvendado. Mas quando, sem nada que o fizesse esperar, as coisas mudam radicalmente, então é porque algo se passa. E se, como eu costumo dizer, não vai ser o sexo que vai manter uma relação insuportável, pode muito bem ser o sexo um motivo que, aos poucos, possa começar a minar uma excelente relação.

E como é que se resolve então uma situação em que, numa relação baseada na fidelidade, um deixa de querer sexo?
- Deve a pessoa sujeitar-se a estar toda a vida sem sexo, porque afinal é "na saúde e na doença" e se for preciso toda a vida sem sexo só porque o outro não quer?
- Tentar falar, expor o que se sente e se as coisas não melhorarem termina-se a relação?
- E se a pessoa que não quer sexo se virasse para a pessoa que e lhe desse um livre trânsito para ela, só durante o tempo que durasse o retiro sabático, pudesse fornicar com quem quisesse? Não seria isso aceitável? Mas também ninguém disse que a outra pessoa aceitaria não é?

Não será nada fácil. E foi por isso que na situação que fui acompanhando ela acabou mesmo por ter de terminar com a relação que era vista por todos como a relação perfeita. Ela passou a ser a má da fita, a cabra (ou outro animal se preferirem), porque abandonou o lar e deixou um excelente marido. Na volta tem algum amante a puta. Só que nunca ninguém soube que as coisas acabaram tão simplesmente porque ele deixou de lhe saltar para cima. Pois é...

sábado, 2 de junho de 2018

Entrevista a uma Mulher que Gosta de Pornografia

A grande generalidade das pessoas, a começar pelos homens, tem a ideia estereotipada de que as mulheres não gostam e por isso não vêem pornografia. Muitas pessoas acham, erradamente, que pornografia é sinónimo de coisa de homens, um produto consumido quase em exclusivo por eles, isto apesar de cada vez mais frequentemente serem divulgados estudos que provam precisamente o contrário. Já se sabe, por exemplo, que as mulheres consomem cada vez mais pornografia e um estudo recente veio mesmo demonstrar que as mulheres já vêem mesmo mais pornografia que os próprios homens nos telemóveis. E eu mesmo ao longo a minha vida conheci diversas mulheres, mais ou menos jovens, e que sei perfeitamente que sempre consumiram muita pornografia. Tal como também, conheci  várias mulheres que, por exemplo, nem sequer se masturbam. E foi por saber que muita gente tem essa perceção errada da realidade, que me surgiu a ideia de entrevistar uma mulher que consume bastante pornografia, se calhar bem mais do que muitos homens juntos!

Não esperem por uma coisa extraordinária, afinal, eu nunca tinha entrevistado ninguém, e ainda por cima quem me conhece pessoalmente sabe que eu nunca fui de fazer muitas perguntas. Ainda assim isto foi algo que me divertiu fazer, e quem sabe se até no futuro não surjam novas entrevistas sobre diferentes temas.


Convidei então a French Lady para me responder a algumas perguntas e que talvez possam ajudar a desvendar um pouco mais deste mundo secreto das mulheres. Ela simpaticamente de imediato aceitou o desafio. Como é óbvio quisemos manter a sua identidade sob anonimato, mas para ajudar a traçar o seu perfil, posso-vos dizer que é uma mulher casada, heterossexual, e que está na faixa etária entre os trinta e os quarenta anos de idade. É licenciada e trabalha num escritório.

Comecemos então pelo início. French Lady, tens ideia com que idade é que começaste a ver pornografia? Queres contar como é que foi?

Tudo começou por acaso, naqueles dias sem aulas da parte da tarde, em que um grupo de raparigas se juntou em casa de uma e tropeçamos numa velha cassete de VHS.

E o que é que te chama mais a atenção na pornografia? São os atributos físicos dos atores, é a performance; são os diálogos!? É o guarda-roupa? É o quê?

O que me puxa é a historia do filme em si, não ser sexo por sexo, dou muito valor a atores bem vestidos, uma boa representação do papel em si (e não falo do sexo!!) gosto muito de nos dias de hoje encontrar excertos ou peças de filme que tenha visto quando era mais nova e recordar.


Tens categorias de vídeos pornográficos preferidos ou consomes vídeos pornográficos à toa?

Vintage, italianos, alemães franceses.

E o que é que é há de diferente entre a pornografia dos anos oitenta e noventa para a pornografia que se faz agora?

Hoje em dia o pessoal so gosta do caseiro porque dizem ser caseiro, mas a má qualidade e a péssima performance tira a "pica" toda de se apreciar o filme. Sem duvida o porno de finais de oitenta, noventa e 2000 são dos melhores.

Eu tenho colegas que sabem os nomes e seguem até determinadas atrizes (passo a vida a ouvir falar no Cu-de-Melancia!)  Tu também tens atores ou atrizes preferidos, ou não ligas nenhuma a isso?

Não ligo mesmo… existe um ou outro que me recordo apenas para reviver velhas películas (risos).

Tens ideia quantos dias por semana vês pornografia?

Não tenho dias certos, talvez no mínimo 1 a 2 vezes por semana gosto :)

Sendo tu uma mulher casada, que terá certamente um homem sempre à disposição para te satisfazer, queres-me explicar a necessidade que sentes para ver pornografia? Ou a pornografia é uma rotina como quem vê todos os dias a novela da noite?

São coisas diferentes, sexo/ amor e masturbação, são ambas importantes no meu ponto de vista.


É já uma espécie de vício, como quem tem de comer chocolate todos os dias ou serve muitas vezes de motor de arranque para te masturbares? É frequente masturbares-te enquanto vês pornografia ou até é algo esporádico?

Gosto de ver e apreciar, e serve sempre para uma boa masturbação (riso)
Pode acontecer, como pode também não acontecer nada depende da qualidade e da sorte desse dia, há dias em que não se vê um filme de jeito!

Conta aqui aos seguidores-fantasma deste blogue, que tipo de relação tens com o teu marido para as pessoas entenderem. É uma relação tradicional, baseada na fidelidade; ou é uma relação aberta em que cada um pode pode ir petiscar ao restaurante que lhe apetecer?

Tradicional! Fidelidade, respeito, mas não se cruza o risco. É importante o balanceamento na relação caso contrario não funciona.

E o que é que tu dirias aquelas mulheres que acham que os maridos as estão a trair quando os apanham com a boca na botija vendo pornografia?

Não tem nada a ver. Não vivemos enclausurados, somos todos livres dentro do bom senso, e a ver pornografia não arrancamos bocado a ninguém nem ninguém nos arranca bocado.

Tu e  o marido vêem pornografia juntos, ou a pornografia funciona para ti como um refúgio e um mundo secreto?

Se calhar calha, mas não é frequente. Considero mais aquele teu tempo particular de qualidade ao qual o teu corpo merece.

Se é um mundo mais secreto: não receias ser descoberta?

Não há receios desde que tenhas os teus limites bem definidos e em ocasião alguma os ultrapasses.

Outra questão. Vocês mulheres, à semelhança dos homens - e eu ainda me lembro de, de manhã chegar ao trabalho e ter o e-mail cheio de pornografia enviada por colegas de trabalho - vocês mulheres também partilham vídeos pornográficos, ou ainda funciona tudo em segredo de justiça?


Algumas!! (Risos) As mulheres também tem o seu tempo de extravaganza.

Sinceramente: que é que achaste desta minha ideia parva de te entrevistar?


Simpática.

E para terminar...  Frech Lady, o que é que diz a tua vagina?

Não me diz nada!!

Ah ah ah!! Muito obrigado pela disponibilidade. Foi um prazer perder a minha virgindade como entrevistador contigo! Espero que tenha sido tão prazeroso para ti como foi para mim, e claro, desculpa a minha inexperiência! Para a próxima será melhor certamente!

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Com Que Então os Atores Porno Têm Ciúmes!

É muito curioso pois, mal publiquei "Cenas das próximas publicações" em que escrevi "entrevista a uma mulher viciada em pornografia", por artes mágicas, vem logo o Youtube (grupo Google) "recomendar-me" dois vídeos: "Nos bastidores dos filmes pornográficos "e "Interview with Porn Star Dani Daniels". 

De facto foi uma grande coincidência pois eu nunca pesquisei nada sobre este assunto no Youtube, e mal escrevi as palavras entrevista+pornografia no Blogger, de imediato tenho estas sugestões no no Youtube. 

E eu nem sequer sou de aceitar grandes sugestões, tirando quando uso o Youtube para ouvir música, e então sim, é normal que ouça e descubra uma ou outra banda na sequência de ter estado a ouvir uma outra. Mas tirando isso é raro, e não, não vou abrir o videozinho que toda a gente está a ver. Mas pronto, lá fui dar uma vista de olhos na entrevista que fizeram e ouvir o que senhora tinha a dizer. 

E então a senhora começa por dizer que na "indústria" (o putedo todo que se prostituiu para todos os outros verem e bateram umas),  chamam às outras pessoas de "civis". Já dá para perceber que este putedo acha que está acima dos comuns mortais. É mais ou menos como se fossem bombeiros ou militares! Gente de nível pois claro! E no entanto a única coisa que fazem na vida é foder, e acham-se especiais. Os outros são comuns civis. 

Depois a entrevistadora pergunta-lhe como é arranjar namorado e ela diz que é complicado porque os companheiros(as) sentem-se desconfortáveis porque ela passam o dia a foder com pirocas do tamanho do antebraço dela... e então parece que é normal que se sintam inseguros.  No entanto diz que é irritante ouvir isso deles(as). E depois ainda há o facto dos amigos todos dele(a) já a terem visto nua e que isso não vai desaparecer da internet. Os buracos dela estarão sempre na internet, preenchidos com pilas ou com outras coisas. E depois fala na questão técnica de um namorado ter que ser também ele testado, porque se ele a "trair" - curiosa palavra! nesta situação não é? - isso pode-lhe custar o emprego. E quando ela "tenta ser responsável e obriga o namorado(a) a fazer testes, leva com um "tu não confias em mim", em cima. Então, mesmo que ela confie, um companheiro também tem de ser testado (se calhar isto deveria ser válido para toda a gente e para todas as relações, não será?)

Dani Daniels
E então a senhora diz, bom se calhar o melhor será não namorar com um "civil" porque é uma complicação. Se calhar o melhor será andar com alguém da "indústria", não acham?. Mas ela responde: Não, não, não! Mas então por que é que não resulta?

Porque têm .... ciúmes!! Espetacular! Isto nunca me tinha ocorrido! Atores e atrizes porno, que passam o dia a foder com um monte de gente, todo o santo dia, depois têm ciúmes se namorarem com alguém dentro da mesma profissão!!

Ela dá um exemplo:

"Imagina que andas numa escola e fodes toda a gente da escola, e depois tentas namorar com alguém dessa escola, mas ele fodeu a tua amiga no dia anterior. Vamos todos jantar, mas o meu namorado enrabou-te na noite passada. Não importa o quão sério levas o teu trabalho porque vão haver sempre ciúmes". 

Não! Não consigo compreender! Namorar com alguém que também passa o dia todo a foder outras pessoas, e que está no mesmo barco que tu, não funciona. Mas depois acha que é "irritante" ouvir as inseguranças de alguém, que ainda por cima tem de passar a vida a ser testado (mesmo que ela diga que até confia). Não miúda, não entendo que raio de ciúmes são esses. Não mesmo, e para mim quase parece piada. 

(Entretanto já fiquei a saber que se um dia virar estrela porno, chamar-me-ão Koni Konigvs! Qualquer coisa assim "Koni Konigvs analise Dani Daniels"!) 

domingo, 14 de janeiro de 2018

Declaração Amigável de Engate & Foda

Esta semana, quando lia um artigo do The Guardian percebi que as neo-feministas americanas começaram a deixar as verdadeiras feministas, as francesas, com os cabelos dos sovacos em pé. Tudo porque, segundo a própria atriz francesa Catherine Deneuve, toda esta onda de denúncias de mulheres americanas acabou por se tornar numa verdadeira caça às bruxas e a colocar em causa a liberdade sexual.

Eu tenho para mim que, a continuar assim, em breve todos nós, homens e mulheres, teremos de andar connosco com uma declaração. Estão a ver aquelas declarações amigáveis que preenchemos quando temos um acidente, em que cada uma das pessoas preenche os seus dados, e até faz um desenho e tudo de como aconteceram as coisas?

Para esta gente muito em breve terá de ser assim.


Olhe, peço desculpa, mas olhei para si e gostaria de a conhecer. Quer avançar com o preenchimento de uma Declaração Amigável de Engate?

É neste momento que ambas as pessoas preenchem na mesma folha o formulário em que descriminam muito bem o que permitem que vá acontecer. Ficará decidido o tipo de abordagem e linguagem - não se estão a esquecer que o piropo já é crime pois não?  (portanto, muito cuidado!) ficará também decidido quem pagará os não sei quantos jantares que irão acontecer, até que, alguém se lembre de perguntar ao outro se podem preencher uma Declaração Amigável de Foda.

Atenção que, quando estamos a falar de uma Declaração Amigável de Engate, não estamos necessariamente a falar da procura de namorado(a) ou da busca de uma relação. Estamos só a falar do interesse normal que as pessoas têm em se conhecer ou relacionar-se, e logicamente, também do interesse em ter sexo, afinal, o sexo é uma das forças que movem o mundo.
Mas será expressamente proibido duas pessoas terem sexo sem terem antes uma Declaração Amigável assinada. A Declaração Amigável de Engate será uma espécie de Seguro que cada pessoa terá, principalmente se, muitos anos mais tarde vier a ser a ser muito conhecida, correndo o sério risco de vir a ser acusada, por não sei quantas pessoas, que se lembrarão que afinal, no passado, andou a tentar engatar alguém.

Para se passar ao nível seguinte e assinar uma Declaração Amigável de Foda as pessoas serão obrigadas a ter primeiro terem uma Declaração Amigável de Engate. Faz sentido não é? Os bois vão sempre à sempre à frente da carruagem. Na Declaração Amigável de Foda constarão lá todos os elementos em que cada pessoa permite envolver-se com outra(s) pessoa(s). Se gosta de minete e broche, se gosta de anal e a menstruação até só uma lubrificação extra, ou, se pelo contrário, só se permite sexo às escuras, com um lençol por cima do corpo e à missionário, tal como manda expressamente a santa madre igreja. Obviamente que só se pode fazer o que um e outro tenham assinalado em comum. Mas, de qualquer forma, em qualquer momento, qualquer um dos dois pode atualizar a sua Declaração Amigável de Foda e acrescentar mais alguns elementos.

Estou certo que este é o caminho que muitas pessoas querem. Ser humano, ter desejos e tesão é um ultraje para muitas pessoas. Acredito que as Declarações Amigável de Engate e de Foda serão uma realidade a breve prazo. Ninguém poderá falar para outra pessoa sem primeiro ter uma Declaração Amigável de Engate. Chamar amigo a quem se acaba de conhecer na net, e até tirar fotografias completamente nu e enviá-las para o telemóvel de alguém que se acaba de conhecer virtualmente é um comportamento normal e perfeitamente aceitável. Ousar dirigir palavra a outrem, abordar alguém que está à nossa frente, e manifestar-lhe o nosso interesse, seja ele qual for, é um injúria grave e que merece, no mínimo, o empalamento na praça pública. E com tudo isto, o verdadeiro assédio sexual,  agressivo e criminoso começará a passar despercebido.


domingo, 10 de setembro de 2017

É Mais Fácil Viver com uma Mulher que se Sente Amada

Então porque não a deixas?
Quem?
À Edith.
- E ia deixá-la porquê?
Por estares apaixonado por outra.
Não estamos na Idade Média...
- Tem acontecido, homens têm deixado as mulheres por outras e sido felizes.
Até começarem a enganar a nova.
Pois, tu é que sabes...
- Contigo não vale a pena falar.
És amoroso de mais para foder sem sentir amor, certo? Portanto comer outra era prova de que não amas a Terry?
Tens falado com a minha amante?
Olha, ama todas as que puderes. E os teus filhos, a tua mulher, mantém a harmonia. E uma vez, só por uma vez, tenta foder alguém só por te saber bem. A tua mulher bem pode estar a viver segundo esses princípios...


Precisava que fizessem amor comigo. Tu já não fazes amor, já só me fodes. Sentei-me nos degraus e o Hank deu-me a mão. E ouviu-me. Ouviu-me enquanto eu falava desta merda de casamento. E disse que se sentia chegado a mim. E fiquei feliz por o ouvir. E feliz por fazer amor com ele, por um minuto senti-me tão estupidamente feliz... Até que pensei em ti. E só me apetecia estar aqui contigo e voltarmos ao que éramos e voltar para esta cama, para o meu marido e para os meus filhos, que é o meu lugar...
Sentimentos realmente admiráveis Terry.
Neste instante eu amo-te, talvez mais do que há anos. Mas estou furiosa, Jack, estão tão fodida...Porque tu preparaste isto tudo, e é claro que aconteceu! E não sei mais o que irá acontecer.
Vais voltar a vê-lo?
Credo, eu sei lá...
Então, está acabado? É o que estás a dizer?
Que se passa nessa cabeça? Para ti fazer amor é como fumar?
É...
- O quê? É uma promessa.
Prometeste-lhe que o voltavas a ver?
Não tive de dizer nada, abrir as pernas já é uma promessa.
E ele também não disse nada? Alguma coisa deve ter dito.
Tu estás a adorar isto...Queres pormenores?
Primeiro demos umas voltas. Depois pôs-me uma mão na mama. Quase me vim, mal me tocou.
E sabes o que aconteceu depois? Fodemos como doidos. E sabes que mais? Eu vim-me antes dele. E da segunda vez, estava eu por cima, olhei-o bem nos olhos e disse-lhe que o amava.
Bom, já chega. Chega.
Devias estar a partir-me os dentes, mas qual quê? Tu não, porque tu gostas. Queres ver-nos Jack? Queres assistir?
Fode quem e quanto queiras, mas poupa-me é as tuas estúpidas noções sobre a alma de um homem que nunca compreendeste. Porque são idiotas!
Estúpidas noções sobre a alma de um homem que não compreendo? Coitadinho...Falas e falas até achares que te conheces, mas olha, sabes? És um porco. Vou dormir; temos dois filhos que daqui a pouco acordam e pequeno-almoço é coisa que não lhe dás.
Eu dou-lhes, deixa que dou.
Ora aí está uma coisa que me podes ajudar...
Infelizmente com o meu outro problema já não podes. É que eu já não sei bem o que fazer...Amanhã que faço, digo ao Hank "Obrigadinha mas aquilo foi ontem, hoje é hoje e não sei se quero foder mais?Admitirás que até o adultério tem de ter alguma moral? Portanto vou ter de pensar bem.

We don't live here anymore / John Curran / 2004

sábado, 2 de setembro de 2017

Conversas Improváveis 13

"Ao menos tu tens muita sorte, porque tens mulheres que gostam muito de ti. Não te querem só conhecer para te levar para cama."



De facto, pensando bem, ser abordado por mulheres que só me quereriam usar para as foder à grande, isso deveria ser uma coisa mesmo muito desagradável e traumatizante de se viver...


domingo, 2 de julho de 2017

Para reler depois dos 60

Não que eu ache que vá chegar aos sessenta anos, afinal, desde pequenino que cresci a ouvir dizer que não passaria dos vinte. E depois a doença, todas as drogas que já tomei e continuo a tomar, e que me podem matar de mil maneiras diferentes, que sempre me fez ter a lucidez de me preparar para não morrer de velho. E é curioso que já me falaram de uma pessoa, com a mesma doença que eu, e que ao que parece tem os mesmos desabafos... Quem sabe talvez seja uma espécie de defesa que as pessoas doentes têm, de se preparem e verem a morte mais próxima que as outras pessoas que, cheias de saúde, não têm essa preocupação. Ainda assim, também acho que só morremos quando tivermos de morrer. 

Via Pintrest

Mas se lá chegares lembra-te disto:

Não te tornes um velho toleirão que se baba por qualquer rabo de saia e que faz figurinhas deprimentes como se atirar à auxiliar ou enfermeira do hospital, à empregada de mesa do restaurante, à massagista das termas, à mulher-a-dias, ou outra qualquer com quem te cruzes. Sim, é verdade que muitos homens sempre tiveram esse tipo de comportamento pouco civilizado desde jovens - ainda por estes dias uma amiga, quando passávamos por determinado local contava-te que se tinha cruzado ali por um homem a masturbar-se no carro - mas sempre ouviste histórias (muitas contadas pela tua mãe) de homens mais velhos que mais parece que chega ali uma altura e dá-se um clique. Perdem a noção do ridículo e parece que querem à força toda copular com tudo o que mexe, mesmo que muitas vezes já não tenham com o que mexer.  E lembra-te do que aconteceu com o teu próprio tio, aquele que foi o irmão que não tiveste, e que perdeu completamente o juízo.

Se chegares aos sessenta anos e estiveres sozinho, como é o mais provável que vá acontecer, não penses que de repente uma qualquer boazona de trinta ou quarenta anos, de repente se vai apaixonar por ti! Não, ela não vai interessar-se por ti. Não, não ela está interessada em ti por pareceres o Gandalf e não vai achar que tudo o que dizes é a coisa mais inteligente do mundo. Ela provavelmente só estará interessada em sugar-te o mais que puder. E se passaste toda a vida adulta sem recorreres a putas, não vais começar agora depois dos sessenta, pagando um preço ainda mais caro. Compra uma boneca mecânica robotizada. Nesse tempo qualquer adolescente terá uma pelo que custa agora um telemóvel. 

Confia em mim, o teu Eu de quarenta anos, que tem agora um cérebro em melhor estado do que oque vais ter. Sim, eu vou-te dando Ginkgo bilova a beber até lá! 

terça-feira, 14 de março de 2017

Irão os robots extinguir as putas?

Diz-se que a prostituição é a mais antiga profissão do mundo. Mas também se diz muita coisa. Talvez seja, talvez não, não sei. Se calhar a primeira profissão foi o agricultor, ou o pescador, ou o gaijo que afiava as pedras para ir à caça, ou o gaijo que aprendeu a fazer fogo - ou o tipo que descobriu a roda! Se calhar, muitas outras profissões chegaram antes da prostituição, ou não. Nunca saberemos, nem importa para o caso, mas assumamos que trocar favores sexuais por outros bens terá sido mesmo a profissão mais antiga do mundo. 

Via Pinterest
Há quem diga que não é uma profissão fácil. Mas se fosse uma profissão assim tão difícil, se calhar, digo eu, não haveria tanta tanta oferta. Basta abrir as páginas do Jornal de Notícias, um dos maiores chulos do país, que cobra cerca de 200€ por anúncio, numa prática, que não é preciso ter feito um curso de Direito para perceber que é lenocício.  

E também há diferentes tipos de prostituição. Na base da pirâmide temos aquele trabalho mais precário e sem direitos, que é a prostituição da beira de estrada; depois temos as putas que estão na rua mas têm o seu quarto na pensão; temos as putas que fazem da sua própria casa ou apartamento o seu bordel; depois há as mulheres que se despem na net e depois aí vamos nós, pirâmide acima, até chegamos lá ao pico, em que as próprias putas já se acham no direito de nem se chamarem putas, afinal só há sexo se quiserem. No fundo já se dão à esquisitice de não prestar o serviço a qualquer um. Mas um trolha, que só faz paredes para ricos não deixa de ser um trolha não é verdade?

Existe ainda, outro tipo de prostituição, mas que geralmente ninguém a vê como tal, que são aquelas putas travestidas de esposas, casadas e boas mães de família. Estas putas, são senhoras de bem, que se alugam por anos a fio num casamento, mas cá está, mais uma vez a troco de desafogo financeiro. Este tipo de prostituição mais comum, é um flagelo que atinge mulheres, mas não raras vezes, também muitos homens. 

A prostituição existe porque existem pessoas que a ela recorrem. Se não houvessem interessados nestes serviços, deixaria de haver prostituição. Assim, seguindo este raciocínio, a prostituição é algo necessário à sociedade, e como tal o Estado só teria que legalizar a atividade, e muito dinheiro se iria ganhar nos impostos. Assim, o Estado português continua a enterrar a cabeça na areia, fazendo de conta que não está a ver o problema.

Mas antes que me tomem por especialista no assunto, afirmar que não. De facto não sou especialista em putas porque tampouco recorri ao serviço de alguma. Na volta talvez não saiba o que ando a perder. Mas não sei, a mim a coisa nunca me entusiasmou. Se calhar acharia muito mais piada sair eu com o dinheiro, ser eu usado para, eu mesmo, como deve ser, fazer o serviço bem feito.
Mas ainda há não muitos anos, era quase tradição, aquando da inspeção para o serviço militar, os mancebos irem juntos às putas.

Mas as coisas têm mudado muito rapidamente. Também ainda há não muitos anos, era prática, de quem tivesse muito dinheiro, comprar apartamentos e meter lá dentro uma senhora, para todo o serviço. Depois, muitas vezes vendia-se o apartamento mais à frente, e anos depois de prazer ainda se ganhava dinheiro! Mas hoje em dia não acho que seja necessário ter amantes e sustentá-las em apartamentos. Existe uma coisa chamada Internet, existem os sites de sexo, e para quê sustentar uma só amante e trair a legítima sempre com a mesma cona? Na volta isso acaba também por se tornar aborrecido não? Então nada como o jogo de sedução constante e faturar, gratuitamente diferentes mulheres (ou homens).

Via Pinterest
O mundo está a mudar. Para grande parte dos jovens japoneses, por exemplo, é impensável ter uma namorada para lhe dar umas boas trancadas. Que coisa nojenta acham eles! Preferem jogar, e masturbar-se com brinquedos. E depois das bonecas insufláveis, que tinham uma cara que mais parece que acabaram de ter um AVC, chegaram agora as bonecas, mais realistas, que custam quase tanto como um automóvel. A par disto tudo o advento da robotizarão, que se estima que coloque, nos próximos anos, metade da população mundial no desemprego.

E irão os robôs também extinguir a prostituição?  Chegaremos aos tempos dos homens e das mulheres terem o seu robot-para-todo-o-serviço que trocarão de meio em meio ano, como fazem agora com os telemóveis?

Bom, para já, enquanto não chegam as robôs-humanoides, abriu em Barcelona o primeiro bordel com bonecas sexuais. Ali não há carne, só silicone. E uma hora com a bonecada custa 80€. Mas será este o futuro? Será que o futuro é os homens e mulheres, terem o seu robot-marido ou robot-esposa? Será que os robôs estão a chegar para nos foder literalmente?

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Como imagino a primeira vez que fizermos sexo

(...) As minhas mãos. Tu ainda não conheces bem as minhas mãos. Sei que tens uma ideia sobre elas, mas ainda não as conheces muito bem. Eu próprio me surpreendo com elas frequentemente. As minhas mãos vão procurar as formas do teu corpo. Gosto de começar por perceber a dimensão das coisas. Vou segurar-te nos ombros, nos braços, na barriga de lado, nas ancas e nas pernas. A escolha destes lugares do teu corpo não tem nada a ver com a procura de um crescendo, com uma gradação que, no seu auge, chegue a lugares mais intímos e/ou pornográficos. Aliás, não chegarei a estes lugares pela escolha, mas sim pelo instinto. Eu conheço os meus instintos, os bons e os maus, os que me fortalecem e os que me enfraquecem. Gosto de todos, não os contrario, todos fazem parte de mim, sou todos eles. Mais, nos teus ombros, braços, barriga, ancas e pernas estarei já inteiro. Nesse momento, não terei ainda a certeza de que iremos, de facto, fazer sexo.Não estarei preocupado. Não consigo imaginar-me preocupado enquanto estiver a beijar-te, a abraçar-te e enquanto as minhas mãos estiverem no teu corpo. Estar preocupado significaria estar longe de ti. Contigo, não consigo estar longe de ti. Contigo, apenas sou capaz de estar contigo.

Posso desabotoar-te as calças? O momento em que tiver nos dedos o botão das tuas calças será determinante. Se sentir que me facilitas o gesto que farei com o polegar e o indicador, se não sentir a tua mão a afastar a minha, será dado um grande passo entre nós. É claro que eu não pensarei isto com estas palavras. Estes pensamentos apenas são possíveis porque estou aqui, longe, e porque a minha mente se aventura por caminhos desaconselháveis. Baixar-te as calças com as duas mãos.

Certezas que tenho:

- A tua pele é suave.

- As minhas pernas cabem no interior das tuas.

- Aguento o teu peso com facilidade.





Vou querer abrir os olhos para, em instantes, ver o teu rosto. Vou querer guardar essas imagens paradas, fotografias do teu rosto. Após um vinco na respiração, entraremos num mundo que se construirá à nossa volta, um mundo que se propagará a partir de nós. Deixaremos de saber os nossos próprios nomes.

O meu corpo pesado, lançado pelos meus braços para o teu lado. Quanto tempo passou? Onde estamos? Enquanto recuperarmos a respiração, estaremos cheios de perguntas.

Além disso, há este texto. Se chegarmos a fazer sexo, há a possibilidade deste texto interferir, de nos sentirmos na obrigação de contrariar os seus detalhes para o garantirmos como ficcional e não nos acharmos previsíveis. Então, não me irás morder a língua, não ficaremos no sofá e não me deixarás desabotoar-te as calças, irás tu própria desabotoá-las. Mais tarde, daqui a semanas ou meses, falaremos deste texto e será como uma piada. Iremos rir-nos da própria dedicatória: para a L. Iremos, pelo menos, sorrir. Tudo estará bem se, semanas ou meses após termos feito sexo pela primeira vez, estivermos juntos a rir ou a sorrir.

Se nunca chegarmos a fazer sexo, este texto continuará a existir. Se tiver de ser assim, espero que estas palavras não tenham qualquer interferência com essa possibilidade, que ficará no lugar invisível onde se acumulam todas as possibilidades que nunca se concretizaram. Seria bastante rebuscado que este texto impedisse esse encontro, mas já me surpreendi com coisas bastante menos surpreendentes. Em todas elas, a vida e o tempo continuaram. Se assim for, se assim não for, espero que a memória deste texto seja a memória destes dias e que, dessa maneira, seja algo de bom, que nos faça bem, e que, nesse futuro, sozinhos ou acompanhados por rostos que agora desconhecemos, sejamos capazes de um sorriso que mais ninguém entenda e que não tentaremos explicar a ninguém.

Abraço / José Luís Peixoto (2011)


quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Os últimos serão sempre os primeiros?

Duas mulheres, na casa dos vinte, perguntavam-me recentemente sobre o porquê dos homens quererem saber tudo sobre a vida íntima passada das mulheres. E isto deixou-me a pensar algum tempo. As generalizações são sempre injustas e por isso eu as detesto tanto. "Os homens são todos uns..."; "As mulheres são todas umas..."; "A amizade entre um homem e uma mulher é sempre..." 

Parece que as pessoas sabem tudo, sobre como todas as pessoas vão reagir em determinadas situações. "Porque ele é homem" ou "porque ela é mulher". No fundo parece que é tudo a preto ou branco. No fundo parece que todas as pessoas são iguais. E não são. Somos todos diferentes, apesar de uns mais iguais que outros. 

Não, eu quando me apaixonei pela primeira vez, e era um homem inexperiente no campo sexual (tinha era muita teoria!) não quis saber da rodagem da senhora. Se tinha um motor com zero quilómetros ou se pelo contrário já tinha virado o conta-quilómetros do avesso. 

Mas será que todos os homens nessa situação perguntam? 
"Tu já...? e como é que foi? e o que é que ele te fez? e em que botões te carregou? mudou o óleo e filtros? E meteu-te peças de origem ou de marca branca" E a quantas oficinas é que já foste? E já afinaste o motor com dois mecânicos ao mesmo tempo? 

Não. Não lhe perguntei nada. 
Mas digam-me - deveria ter perguntado? Parece que sim. Segundo estas duas mulheres os homens querem sempre saber tudo, e de forma muito detalhada. Será que eu não soube ser homem? Um homem como os outros todos que quer saber todos esses detalhes sórdidos. Para depois fazer o quê? Isso é o que eu queria saber. Para julgar? Ou se martirizar? Ou para saber se ela tem mais rodagem que ele? E isso é bom ou mau? É que também há homens especialmente atraídos por motores com a maior rodagem possível!

Mas o que está para trás, o que se fez com essas pessoas que ficaram para trás, que, ou porque nos magoaram, ou porque simplesmente as coisas não deram certo, interessa para alguma coisa? E vamos fazer o quê? Andar a comparar? "Ai a minha ex é que me mudava a correia de distribuição como ninguém. Tu devias fazer como ela!" Um conselho homens: nunca, mas nunca que tragam à baila a vossa ex. Nunca, mas nunca elogiem a vossa ex seja naquilo que for. Se eu o aprendi por experiência própria? Não. Não sou estúpido a esse ponto! Não. Eu não sou estúpido ao ponto de andar a tentar lembrar-me do que quer que seja que uma pessoa do meu passado bem longínquo me fazia ou deixava de fazer. E se fazia muito bem ou muito mal. Se estamos com alguém no presente é nessa, e só nessa pessoa que nos devemos focar. É a essa pessoa que nos devemos dedicar. 

Via Pinterest
E já agora sim, por experiência própria: a pessoa que mais vão amar nesta vida, não tem de ser necessariamente a pessoa que melhor sexo vos vai proporcionar. Pode acontecer, e se acontecer ótimo, dêem-se por muito felizes, mas podem muito bem, mais tarde, como no meu caso, descobrir que o sexo afinal poderia ser muito melhor. Mas isso não interessa nem muda nada. Não vão ter deixado de amar essa pessoa mais ou menos. Um sentimento não se mede por quantos malabarismos sexuais uma pessoa faz. Porque se não, se calhar, digo eu sem conhecimento de causa, mas então todos os homens apaixonavam-se pela puta a que mais recorrem - certo?
O amor é O amor, o sexo é  O sexo. E o sexo no amor para mim é o expoente máximo, e é o ideal de muitas outras pessoas, mas muitas outras acharão que o amor é só uma perda de tempo, um ritual para poder dar umas fodas. Visões diferentes de diferentes pessoas. Ninguém está certo ou errado, tão simplesmente, como dizia no início não somos todos iguais. 

Mas especulando um pouco sobre as pessoas perguntarem sobre as fodas passadas, eu acho que este fenómeno também pode estar associado às primeiras relações. Ou será que não tem nada a ver? Será que há pessoas que entram numa relação aos quarenta anos, várias relações falhadas depois, e querem saber o número de carburadores que já afinamos? Quantas, e o que fizemos com cada uma delas? Será que há pessoas assim? Não sei, mas quero acreditar que não.

E isto poderá ter a ver com quê? Saber se a outra pessoa teve mais sucesso que nós? Mas isto é uma competição? "Ela já pinou com 63 pirocas, duas conas e 23 brinquedos sexuais, ao passo que eu ainda só comi nove conas". Vamos comparar? Mas esperem lá, o ideal de grande parte das pessoas não era ficar com a mesma cona até que a morte a separe da minha piroca? E se eu estive dez anos numa relação com a mesma cona e esta minha nova companheira comeu uma data de salchichas nesse tempo? Isto não é absolutamente ridículo? Alguém se preocupa mesmo com isso?

O que eu acho é que não é o passado que é importante. O presente é que é importante. E é no presente que devemos sempre pensar. O nosso presente é o resultado do somatório de todo o passado que vivemos. Mas não existe futuro sem presente. Devemos sempre viver o presente. Pensar no futuro? Para quê? No futuro estamos todos mortos. 

É muito romântico querermos ser o primeiro da outra pessoa. E se isso acontecer devemo-nos sentir muito felizes por isso. Por aquela pessoa ter querido estar connosco. Idealmente grande parte das pessoas quereria ter podido ficar com aquela pessoa para sempre. Mas as coisas infelizmente não são ideias, raramente são como nós desejamos que fossem.  

Ser o primeiro é lindo, é muito simbólico. É lindo apaixonarmo-nos por alguém que é virgem como nós, e que connosco decide entregar-se pela primeira vez. É verdadeiramente muito especial e romântico. Mas com o tempo, com as várias desilusões e frustrações por que passamos, a nossa visão vai mudando. Não quer dizer que nós mudamos, mas simplesmente adaptamo-nos a novas realidades. Temos de nos ajustar. Talvez um dia percebamos que já não queremos ser o primeiro, queríamos mesmo era ter podido ser o último.

P.S: E pode parecer um paradoxo, mas pensando na resposta à pergunta destas duas mulheres, apercebi-me de uma coisa interessante: apesar de ser homem, sei muito mais sobre a cabeça das mulheres do que da dos homens. Curioso não é?

domingo, 10 de janeiro de 2016

Querido, curto ou comprido?

Reconhecidamente as mulheres queixam-se que a maioria dos homens nem sequer reparam quando cortam, pintam ou modificam um qualquer pormenor. E nem sequer é o meu caso. Sou relativamente despistado, mas por outro lado sou muito observador e nada me escapa ao meu olho (não de falcão mas) de... mocho?! 

Ainda por este dias comentei com uma colega que ela deu um corte no cabelo e que estava mais loira que o habitual. E até reparei, sem lhe dizer, não fosse ficar a pensar que lhe ando a olhar para as curvas, que também estava bem mais magra. 


via Pinterest

Mas quanto aos homens que não reparam nos cabelos das mulheres, eu estou em crer que estes acham que o cabelo nas mulheres só tem um motivo de existir e que é só para cumprir determinada função!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Como uma cona destrói o melhor treinador do mundo

Até fui pegar agora no telemóvel para ver em que dia tinha escrito que o Mourinho seria despedido, e a minha convicção era que seria mesmo despedido antes do Natal, e a nota que deixei, com o título deste texto, data de 3 de novembro. 

"Não sabias da médica ninfomaníaca do Chelsea"? havia-me perguntado certo dia o meu colega de trabalho. E de facto não, não fazia a mais pequena ideia. Sabia sim que Mourinho havia despedido a médica do clube, mas não fazia a mais pequena ideia, que esta médica era extremamente zelosa e prestável, vinte e quatro horas, sempre disponível, sempre a pensar no melhor para os jogadores do clube. E trabalhadores assim dedicados é muito raro hoje em dia! A médica, Eva Carneiro, segundo disse o ex-namorado, recebi inclusive chamadas a meio da noite, de jogadores com dói-dóis, e ela de imediato deixava a sua vida pessoal e lá cuidar deles, regressando na manhã seguinte.


Doutora Eva Carneiro ex-médica do Chelsea (Imagem Via Pinterest)

E o que fez José Mourinho, reconhecidamente o melhor treinador de futebol do mundo? Despediu-a, fundamentando a sua decisão no facto de ela distrair os jogadores!

"Pois então está explicado o porquê do Chelsea, um clube campeão na época passada, e agora com os mesmos jogadores estarem a perder jogos atrás de jogos depois da sua saída ainda em agosto" deduzi. 

Os jogadores ficaram amuados, tiram-lhes a médica querida, disponível para todo o serviço, que quando se queixavam de uma dor muscular a qualquer hora da noite, já não tinham quem lhes tratasse do dói-dói. E assim claro, não há condições, os jogadores entrarem em depressão!

"Pois bem podes ter a certeza que o Mourinho nunca mais dá a volta à situação" alvitrei. Já o meu colega achava que não, estava certo que ele ainda daria a volta à situação, afinal estávamos a falar de Mourinho, e ele achava que o Chelsea poderia ainda muito bem ainda ser campeão, ou quem sabe até mesmo campeão europeu! Mas eu não. Sempre estive muito ciente que nunca devemos menosprezar o poder da cona na sociedade e afinal tinha mesmo razão.

E foi assim que, uma simples cona destruiu o melhor treinador de futebol do mundo.