"A ditadura perfeita terá a aparência da democracia, uma prisão sem muros na qual os prisioneiros não sonharão sequer com a fuga. Um sistema de escravatura onde, graças ao consumo e ao divertimento, os escravos terão amor à sua escravidão."
quinta-feira, 19 de junho de 2025
Onde Estão os Patriotas que Queiram Trabalhar?
sábado, 14 de junho de 2025
A Pressa Suicida dos Jovens
quinta-feira, 8 de maio de 2025
A Minha Frase do Dia (3) - Os Estranhos
A minha geração, que cresceu na rua a jogar à bola e à malha, e a última ainda a fazer um sem número de coisas na rua, cresceu também a ouvir os pais a dizer-lhes para para nunca falarem com estranhos.
sexta-feira, 1 de novembro de 2024
O Chefe, o Canário e a Roseira
sábado, 31 de agosto de 2024
Conversas Improváveis 84 - Carros Voadores e Ananases num Hipermercado
O cinema prometeu carros voadores, disseram-nos quando eu era pequeno que as máquinas iriam trabalhar para nós, que, com a chegada dos computadores (e eu ainda sou do tempo das máquinas de escrever) o papel iria deixar de se usar.
E, afinal, o papel só se deixou de usar nas cartas de amor porque as únicas cartas que ainda recebemos são com contas para pagar. A socialização passou da rua para os ecrãs dos telemóveis. No entanto, apesar das redes sociais prometerem conectar as pessoas, elas nunca como agora estiveram tão sozinhas e até os sites de encontros estão em declínio. E acabamos todos sós, a marcar encontros com ananases numa campanha de marketing de um qualquer hipermercado perto de si.
sábado, 27 de abril de 2024
Quantas Mais Opções de Escolha Temos, Mais Infelizes Somos
domingo, 10 de setembro de 2023
Não São Elas as Faladoras, São Eles
"As mulheres não falam mais que os homens, isso é um mito, e eles interrompem muito mais, segundo apontam diferentes estudos recolhidos pelo jornalista Dan Lyons em seu novo livro"
domingo, 20 de agosto de 2023
Intimidade Artificial - A Calamidade do Século
Este artigo foi publicado no jornal Folha de São de Paulo a 20 de Março de 2023.
"Esther Perel é psicoterapeuta. Nasceu na Bélgica, filha de sobreviventes do holocausto. Hoje é professora da universidade de Nova York e especialista em temas como solidão e relacionamentos contemporâneos, incluindo relações amorosas.
Quando nos relacionamos com nossos amigos, amantes ou familiares nunca estamos 100% presentes. Nossa atenção está sempre dividida entre as pessoas e o nosso telemóvel, redes sociais, notificações e assim por diante. Neste contexto não é possível ter intimidade real.
As redes sociais e o telemóvel funcionam como anestesia seletiva para as relações humanas. Queremos as partes boas do convívio, que são do nosso interesse, mas evitamos ao máximo atritos, conversas desconfortáveis, o tédio etc. Sempre que algo desconfortável começa a materializar-se, partimos para o mundo confortável e controlado do telemóvel, que nos distrai do que é verdadeiramente humano.
Esta é a intimidade artificial. Estamos todos a viver coletivamente a experiência do rosto parado que o psicólogo Edward Tronick realizou nos anos 1970. Nele, uma mãe primeiro é gravada relacionando-se normalmente com seu bebé de 6 meses. Ela sorri, o bebé sorri de volta. Ela fala qualquer coisa e o bebé dá uma gargalhada. No segundo momento a mãe paralisa seu rosto. Olha fixamente para o bebé, sem expressar reação. O bebê então gargalha. A mãe permanece impassível. O bebé começa então a gritar. Nenhuma reação da mãe. O bebé então chora e grita desesperadamente, até que a mãe retoma suas reações normais e acolhe a criança.
No mundo atual somos todos simultaneamente a mãe e bebé. Como somos incapazes de dar atenção integral ao outro, estamos sempre em dívida emocional com os que nos rodeiam. Ao mesmo tempo, somos o bebé, sedentos por atenção. Nunca houve uma carência tão grande por escuta e acolhimento como a que viver coletivamente no mundo de hoje.
Esther nos conclama a nos rebelarmos contra a intimidade artificial. A exigir e a dar atenção total para aqueles com quem nos relacionamos. A darmos o difícil passo de aceitarmos o conflito e o atrito, parando assim de nos anestesiarmos parcialmente o tempo todo. Sem isso seremos obrigados a conviver com relações que julgamos “defeituosas” o tempo todo.
Uma investigação realizada nos EUA em 2019 apontou que 22% dos “millenials” têm hoje zero amigos; 25% dizem não ter conhecidos. Muitos têm um número de seguidores gigantesco, mas amigos mesmo, nenhum. Nas gerações anteriores só 9% afirmavam não ter amigos. E não é por acaso que ansiedade e depressão são um dos assuntos que hoje mais circulam nas redes sociais entre adolescentes e crianças.
Na era da intimidade artificial, não são só as amizades que estão em risco, mas também as relações amorosas e familiares. Apertem os cintos para a sociedade da solidão, com consequências nefastas para todos os campos da vida humana.
sábado, 10 de setembro de 2022
Geração Mais formada de Sempre é a Primeira Menos Inteligente Que os Pais
Consulta de infeciologia. O médico, que é um bacano e muito boa onda vem à porta chamar, vestido à civil, sem a bata vestida. Pesa-me, pergunta se está tudo bem e vamos conversando. Conversa vai e conversa vem e acabamos a falar de leitura.
Manifesta preocupação por causa das filhas, que, apesar de lerem, principalmente a mais velha de dez anos, estão constantemente cercadas de distrações. E talvez por isso, continuou, esta é a primeira geração que será menos inteligente que a dos seus pais.
domingo, 31 de janeiro de 2021
O Flagelo de que Ninguém Fala
Há um terrível flagelo a acontecer um pouco por todo o lado e que não está a ter a devida atenção. Muito pior que abandonar os animais de estimação, e ainda pior que o abandono dos velhos, é o abandono das piscinas desmontáveis e insufláveis.
Por altura dos reis, o pessoal que liga a essas coisas, começa a desmontar a árvore de Natal. Em boa verdade, eu nem sei porquê esse trabalho todo, se, afinal, se diz que o Natal é todos os dias e ao menos mantendo a árvore montada, cheia de luzinhas e tudo, talvez lembrasse as pessoas que podem ser hipócritas e fingir que são amigas dos outros o resto do ano. Mas, já no que se refere às piscinas não é bem assim, mas já lá vamos.
Antes de mais a compra das ditas piscinas. Se nós temos o privilégio de viver junto ao rio, com praias fluviais, até com piscinas municiais aqui na freguesia, e com o mar a vinte minutos de carro, a pergunta que faço é: há realmente necessidade de comprar um atranquilho do imenso tamanho que é uma piscina de superfície?
Ah, mas tu não gostavas de ter uma bela casa com piscina?
Eu estava-me a referir ao comum dos mortais portugueses, que é a maioria, e que tem salários baixos, não me estava a referir às pessoas carenciadas com casas de um milhão de euros que se mostraram muito indignadas quando tiveram que pagar um imposto por elas. Porque com certeza que se eu tivesse o salário do Mexia que parece que ainda trabalha na Eletricidade da China, pois certamente que, por exemplo, não tinha que fazer as contas ao balúrdio que iria gastar só para encher a dita piscina!
Porque é o que me parece. As pessoas compram por impulso e não fazem bem as contas ao gasto. Quer-se uma piscina, e então compra-se e está feito! Depois de instalada é que se apercebem que têm que se encher com água, porque só com ar não dá muito jeito. É depois, é pá, mas aqui em Gondomar a água é cara comó caralho! Olha, não tinha pensado nisso! Deixa lá, enchemos só metade e já fica muito bem assim!
Eu observo os vizinhos. Compram as ditas piscinas e, se durante o verão passado a usaram cinco vezes foi muito. O miúdo, coitado, para lá ia chafurdar mas depois saía todo embrulhado na toalha com frio. Lembro-me muito bem do calor do verão passado, porque saiu-me da carteira. Gastei 70€ para carregar o ar condicionado, e quantas vezes é que tive mesmo que o usar porque estava um calor estúpido, que não se aguentava mesmo com as janelas do carro abertas? Três ou quatro vezes, se tanto!
Gasta-se dinheiro num imenso atranquilho que ali fica a estorvar. Tem-se o grande gasto a enchê-la com água da torneira e depois? Pois bem, era aqui que queria chegar. Depois de usada meia dúzia de vezes, pois ali fica, abandonada, a ganhar algas e porcaria, porque depois dá muito trabalho desmontar e as pessoas cansam-se só de pensar que no trabalho que isso vai dar! Até o senhor nazi, sempre muito simpático comigo, e que, por estes dias, no último telefonema até me disse que sou uma pessoa culta, com quem se pode conversar, até ele já me quis oferecer a sua piscina insuflável, que tinha no terraço do último piso onde vive no seu prédio! (Sempre que se quer desfazer de alguma coisa lembra-se de mim!)
Eu deixo aqui um sentido apelo. Se querem mesmo comprar uma piscina tratem-na bem. Não as abandonem como a todas as bugigangas que compram Tv Shop e depois as deixam encostadas. As piscinas também têm sentimentos! E depois ainda por cima são de plástico e vocês sabem bem do grave problema que temos com o plástico, não sabem? Então pronto.
sábado, 12 de setembro de 2020
A Ida à Tropa na Sociedade Rural
O Estado e a Sociedade Em Portugal 1974-1988 / Boaventura Sousa Santos (1990)
segunda-feira, 22 de junho de 2020
Cristianismo Cultural
sábado, 29 de fevereiro de 2020
Escravos na Roda Gigante
Como já andava há algum tempo para querer passar no Parque de São Roque para ver como ficou o restauro do Palacete Ramos Pinto decidi-me a passar por lá. Visto e fotografado o palacete repintado de amarelo e revisto o parque, resolvi pegar na bicicleta e fazer os passadiços de Rio Tinto que abriram há uns meses e que também tinha alguma curiosidade de ver como ficou a obra.
Enquanto pedalava devagar ia olhando para toda aquela gente. Uns a caminhar sozinhos, outros acompanhados; uns a passear o cão, outros de bicicleta como eu, outros a passear os filhos pequenos... Cada uma daquelas pessoas no seu momento de lazer.
E pensei para com os meus cabelos brancos:
"Aqui estão os escravos humanos, quais ratos de estimação do capitalismo, na sua gaiola dourada, aqui, no seu momento de prazer e aparente liberdade, correndo na roda gigante sem parar e sem chegar a lado nenhum, tentando aproveitar estas míseras duas horas de sol para amanhã voltarem para a prisão do trabalho".
sábado, 14 de dezembro de 2019
Pintainhos Num Caixote Com Um Candeeiro
segunda-feira, 3 de junho de 2019
Pobres São Aqueles Que Precisam de Muito
domingo, 25 de fevereiro de 2018
Retirar o Time de Campo
domingo, 14 de janeiro de 2018
Declaração Amigável de Engate & Foda
Eu tenho para mim que, a continuar assim, em breve todos nós, homens e mulheres, teremos de andar connosco com uma declaração. Estão a ver aquelas declarações amigáveis que preenchemos quando temos um acidente, em que cada uma das pessoas preenche os seus dados, e até faz um desenho e tudo de como aconteceram as coisas?
Para esta gente muito em breve terá de ser assim.
Olhe, peço desculpa, mas olhei para si e gostaria de a conhecer. Quer avançar com o preenchimento de uma Declaração Amigável de Engate?
É neste momento que ambas as pessoas preenchem na mesma folha o formulário em que descriminam muito bem o que permitem que vá acontecer. Ficará decidido o tipo de abordagem e linguagem - não se estão a esquecer que o piropo já é crime pois não? (portanto, muito cuidado!) ficará também decidido quem pagará os não sei quantos jantares que irão acontecer, até que, alguém se lembre de perguntar ao outro se podem preencher uma Declaração Amigável de Foda.
Atenção que, quando estamos a falar de uma Declaração Amigável de Engate, não estamos necessariamente a falar da procura de namorado(a) ou da busca de uma relação. Estamos só a falar do interesse normal que as pessoas têm em se conhecer ou relacionar-se, e logicamente, também do interesse em ter sexo, afinal, o sexo é uma das forças que movem o mundo.
Mas será expressamente proibido duas pessoas terem sexo sem terem antes uma Declaração Amigável assinada. A Declaração Amigável de Engate será uma espécie de Seguro que cada pessoa terá, principalmente se, muitos anos mais tarde vier a ser a ser muito conhecida, correndo o sério risco de vir a ser acusada, por não sei quantas pessoas, que se lembrarão que afinal, no passado, andou a tentar engatar alguém.
Para se passar ao nível seguinte e assinar uma Declaração Amigável de Foda as pessoas serão obrigadas a ter primeiro terem uma Declaração Amigável de Engate. Faz sentido não é? Os bois vão sempre à sempre à frente da carruagem. Na Declaração Amigável de Foda constarão lá todos os elementos em que cada pessoa permite envolver-se com outra(s) pessoa(s). Se gosta de minete e broche, se gosta de anal e a menstruação até só uma lubrificação extra, ou, se pelo contrário, só se permite sexo às escuras, com um lençol por cima do corpo e à missionário, tal como manda expressamente a santa madre igreja. Obviamente que só se pode fazer o que um e outro tenham assinalado em comum. Mas, de qualquer forma, em qualquer momento, qualquer um dos dois pode atualizar a sua Declaração Amigável de Foda e acrescentar mais alguns elementos.
Estou certo que este é o caminho que muitas pessoas querem. Ser humano, ter desejos e tesão é um ultraje para muitas pessoas. Acredito que as Declarações Amigável de Engate e de Foda serão uma realidade a breve prazo. Ninguém poderá falar para outra pessoa sem primeiro ter uma Declaração Amigável de Engate. Chamar amigo a quem se acaba de conhecer na net, e até tirar fotografias completamente nu e enviá-las para o telemóvel de alguém que se acaba de conhecer virtualmente é um comportamento normal e perfeitamente aceitável. Ousar dirigir palavra a outrem, abordar alguém que está à nossa frente, e manifestar-lhe o nosso interesse, seja ele qual for, é um injúria grave e que merece, no mínimo, o empalamento na praça pública. E com tudo isto, o verdadeiro assédio sexual, agressivo e criminoso começará a passar despercebido.
domingo, 17 de dezembro de 2017
Viver é só Resolver Problemas?
sábado, 22 de outubro de 2016
Campeões Europeus do Divórcio
segunda-feira, 17 de outubro de 2016
As pessoas bonitinhas

E nunca se pode confiar. Julgamos sempre os outros à nossa imagem. Talvez seja por isso que os traidores são sempre tão desconfiados. Afinal eles conhecem-se muito bem! Tudo deveria ser o que parece, nas raramente o é. Mas as pessoas só têm uma oportunidade de serem confiáveis. Depois da confiança perdida, acabou-se, nunca mais a vão ter. E confiar é dar armas às pessoas bonitinhas. Parecemos seguros e no minuto seguinte lá estão as pessoas bonitinhas prontas a tirar-nos o tapete.