Há um terrível flagelo a acontecer um pouco por todo o lado e que não está a ter a devida atenção. Muito pior que abandonar os animais de estimação, e ainda pior que o abandono dos velhos, é o abandono das piscinas desmontáveis e insufláveis.
Por altura dos reis, o pessoal que liga a essas coisas, começa a desmontar a árvore de Natal. Em boa verdade, eu nem sei porquê esse trabalho todo, se, afinal, se diz que o Natal é todos os dias e ao menos mantendo a árvore montada, cheia de luzinhas e tudo, talvez lembrasse as pessoas que podem ser hipócritas e fingir que são amigas dos outros o resto do ano. Mas, já no que se refere às piscinas não é bem assim, mas já lá vamos.
Antes de mais a compra das ditas piscinas. Se nós temos o privilégio de viver junto ao rio, com praias fluviais, até com piscinas municiais aqui na freguesia, e com o mar a vinte minutos de carro, a pergunta que faço é: há realmente necessidade de comprar um atranquilho do imenso tamanho que é uma piscina de superfície?
Ah, mas tu não gostavas de ter uma bela casa com piscina?
Eu estava-me a referir ao comum dos mortais portugueses, que é a maioria, e que tem salários baixos, não me estava a referir às pessoas carenciadas com casas de um milhão de euros que se mostraram muito indignadas quando tiveram que pagar um imposto por elas. Porque com certeza que se eu tivesse o salário do Mexia que parece que ainda trabalha na Eletricidade da China, pois certamente que, por exemplo, não tinha que fazer as contas ao balúrdio que iria gastar só para encher a dita piscina!
Porque é o que me parece. As pessoas compram por impulso e não fazem bem as contas ao gasto. Quer-se uma piscina, e então compra-se e está feito! Depois de instalada é que se apercebem que têm que se encher com água, porque só com ar não dá muito jeito. É depois, é pá, mas aqui em Gondomar a água é cara comó caralho! Olha, não tinha pensado nisso! Deixa lá, enchemos só metade e já fica muito bem assim!
Eu observo os vizinhos. Compram as ditas piscinas e, se durante o verão passado a usaram cinco vezes foi muito. O miúdo, coitado, para lá ia chafurdar mas depois saía todo embrulhado na toalha com frio. Lembro-me muito bem do calor do verão passado, porque saiu-me da carteira. Gastei 70€ para carregar o ar condicionado, e quantas vezes é que tive mesmo que o usar porque estava um calor estúpido, que não se aguentava mesmo com as janelas do carro abertas? Três ou quatro vezes, se tanto!
Gasta-se dinheiro num imenso atranquilho que ali fica a estorvar. Tem-se o grande gasto a enchê-la com água da torneira e depois? Pois bem, era aqui que queria chegar. Depois de usada meia dúzia de vezes, pois ali fica, abandonada, a ganhar algas e porcaria, porque depois dá muito trabalho desmontar e as pessoas cansam-se só de pensar que no trabalho que isso vai dar! Até o senhor nazi, sempre muito simpático comigo, e que, por estes dias, no último telefonema até me disse que sou uma pessoa culta, com quem se pode conversar, até ele já me quis oferecer a sua piscina insuflável, que tinha no terraço do último piso onde vive no seu prédio! (Sempre que se quer desfazer de alguma coisa lembra-se de mim!)
Eu deixo aqui um sentido apelo. Se querem mesmo comprar uma piscina tratem-na bem. Não as abandonem como a todas as bugigangas que compram Tv Shop e depois as deixam encostadas. As piscinas também têm sentimentos! E depois ainda por cima são de plástico e vocês sabem bem do grave problema que temos com o plástico, não sabem? Então pronto.
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