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sábado, 14 de junho de 2025

A Pressa Suicida dos Jovens



Primeiro apercebi-me que começaram a ouvir audios e ver vídeos e filmes em velocidade aumentada e ninguém achou mal... 

De repente percebeu-se que as crianças começaram a falar sem os verbos e muitos especialistas acham que é só uma mutação da língua quando, na verdade, os jovens estão tão apressados que já nem sequer pronunciam os verbos.

Mas o que eu ainda não percebi é qual é a urgência dos jovens. Bom, ir para o comboio não deve ser certamente, porque andam todos de UBER, aquela empresa que corrompeu grande parte dos líderes mundiais, mas que, ironicamente, ninguém a "cancelou", como dizem os jovens. 

Ao mesmo tempo, no mundo inteiro, todos os adolescentes entraram em modo de ansiedade. 

Ao mesmo tempo todos passaram a ver filmes e ouvir audios com a velocidade aumentada (e só o fazem porque houve um idiota ou génio qualquer que achou boa ideia disponibilizar essa ferramenta. 

Ao mesmo tempo, os jovens de todo o mundo começaram a aderir à extrema-direita... 

E agora alguém que me responda, porquê? Porque é que ao mesmo tempo, qual vírus, por todo o mundo, os jovens começaram a aderir à extrema-direita?

Ah, já sei, a culpa foi da Esquerda. Foi a Esquerda que deixou os jovens ansiosas e que criou as redes sociais, e que aumentou a velocidade dos filmes, e que propalou mentiras que os jovens, que não sabem história, acreditaram. 

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Como a Direita Enfrenta as Catástrofes

Um excelente artigo de Ignacio Sánchez-Cuenca, catedrático de Ciência Política da Universidade Carlos III de Madrid, publicado hoje no El País, a propósito da catástrofe de Valência, mas recordando vários outros tristes episódios, como, por exemplo, o atentado de Atocha ou o do petroleiro Prestige, entre outros, e explicando muito bem o modus operandi da direita espanhola. 

O PP Perante a Catástrofe, ou a Catástrofe do PP

"A esta altura, não parece controverso afirmar que o atraso de mais de 12 horas do presidente da Generalitat Valenciana, Carlos Mazón, em lançar o alerta e pedir à população que tomasse medidas drásticas de proteção teve consequências muito graves. Se as pessoas tivessem sido devidamente informadas, não se teriam registado tantas mortes. As chuvas e as inundações teriam sido as mesmas, os municípios afetados teriam ficado igualmente devastados, mas um alerta atempado teria reduzido consideravelmente a tragédia vivida em Valência.

Os motivos que levaram Mazón a cometer um erro desta natureza serão matéria de especulação durante muito tempo. Talvez o presidente valenciano não tenha levado suficientemente a sério as advertências dos peritos em clima, talvez não tenha havido consenso entre os seus assessores e técnicos, talvez não quisesse criar alarme, ou pesasse o interesse em manter a atividade económica; enfim, ainda não sabemos o que aconteceu, mas é difícil evitar a conclusão de que houve negligência com um enorme custo em vidas humanas. Muitas pessoas que levavam uma vida normal ficaram presas ou morreram afogadas antes de receberem o alerta.

Este é um daqueles erros que é impossível apagar. No dia seguinte, Alberto Núñez Feijóo deslocou-se a Valência e fez declarações que não o deixam bem posicionado. Para justificar Mazón, criticou o serviço da Aemet (quando as previsões sobre a gravidade da depressão isolada em níveis altos eram públicas e inequívocas) e tentou desviar a responsabilidade para o Governo central.

Desde então, o presidente Mazón tem tido uma gestão errática e hesitante, com atrasos inexplicáveis na solicitação de ajuda ao Governo central, descoordenação nos serviços de resgate e decisões difíceis de compreender (como anunciar a criação de grupos de emergência quatro dias depois da catástrofe).

A reação do Governo popular em Valência tem precedentes. O PP teve de gerir várias catástrofes e, em todas elas, seguiu um padrão recorrente de conduta. Esse padrão caracteriza-se por uma mistura, em grau variável, de vários elementos: 

1. Ocultação de informação
2. Desconfiança em relação aos peritos
3. Incapacidade de admitir erros 
4. Politização da catástrofe 
5. Falta de empatia e pouco respeito pela população



Durante o segundo mandato de José María Aznar, houve vários casos em que o Governo perdeu completamente o norte. Em 2002, com a crise do Prestige, foi tomada a pior decisão possível: afastar o petroleiro avariado para o mar alto, contaminando grande parte da costa galega. O PP governava tanto a Xunta como em Madrid. Os seus dirigentes tentaram ocultar a dimensão do desastre, recusaram-se a admitir o erro e, além disso, houve declarações incompreensíveis, como a de Mariano Rajoy, então vice-primeiro-ministro, a referir-se aos “fios de plastilina”. Antes, na crise das vacas loucas, a então ministra da Saúde, Celia Villalobos, já tinha deixado todos perplexos com as suas afirmações sobre a utilização de ossos na preparação do caldo. Este tipo de comentários frívolos em momentos de crise desorienta profundamente a opinião pública e contribui apenas para aumentar a inquietação.

A mentira, a incompetência e a falta de respeito pelas vítimas e pelos seus familiares foram as notas dominantes no acidente do Yak-42 em 2003 (62 militares mortos). Para além da polémica sobre as condições penosas em que viajavam os militares, houve uma negligência grave na identificação dos corpos, causando sofrimento às famílias. Algo semelhante ocorreu no acidente do metro de Valência em 2006 (43 mortos): Juan Cotino, então vice-presidente da Generalitat, enganou as famílias das vítimas, pressionou os meios de comunicação para não relatarem a verdade e influenciou o encerramento da investigação sobre a tragédia.

Esta forma de reação atingiu o seu auge após o atentado jihadista de 11-M (192 mortos). Nesse caso, o Governo de José María Aznar mentiu, colocando em primeiro lugar a sua permanência no poder em detrimento das vítimas. Aznar e os seus aliados acreditaram que, se se soubesse a verdade sobre a autoria do pior ataque terrorista em Espanha, perderiam as eleições. E decidiram ocultar a autoria o máximo que puderam. Nunca admitiram a mentira; preferiram incentivar a teoria da conspiração.

Muitos dos traços anteriormente descritos são reconhecíveis nesta primeira semana da crise de Valência. Primeiro, falta de confiança nos peritos e nas entidades públicas encarregadas de lidar com este tipo de situações (críticas à Aemet). Segundo, um erro grosseiro (lançar o alerta quando a situação já estava fora de controlo). Terceiro, incapacidade de admitir erros, optando por uma fuga para a frente. Quarto, falta de informação sobre mortos e desaparecidos, como se a população não estivesse preparada para saber a verdade. Quinto, desviar responsabilidades para o Governo central, quando a competência é exclusiva da comunidade autónoma. E, finalmente, falta de sensibilidade para com as vítimas, como se viu nas declarações da conselheira Nuria Montes (posteriormente corrigidas).

O estranho é que este padrão se repita tantas vezes. Seria de esperar que o PP tivesse aprendido com os erros do passado. No entanto, sempre que surge um acontecimento extraordinário, o Partido Popular volta a cair nas mesmas armadilhas. É evidente que, se não tivesse gerido tão mal as catástrofes, o PP não teria passado da maioria absoluta em 2000 para a oposição quatro anos depois. Contudo, não tiram as lições necessárias, talvez por contarem com um apoio incondicional dos meios conservadores que lhes dá uma falsa sensação de segurança, mas a opinião pública acaba por se cansar de tanta mentira e ineficácia. Às vezes demora, mas este tipo de gestão acaba por ter um custo reputacional e eleitoral significativo.

É nos momentos extraordinários que um partido no poder revela a sua verdadeira natureza. Uma coisa é governar no dia a dia, outra é enfrentar uma catástrofe. Perante as sucessivas catástrofes ocorridas durante os seus períodos de governo, seja a nível regional ou central, o PP tem-se caracterizado por cometer erros importantes de gestão e por evitar a responsabilidade, recorrendo até a informações falsas e manipulação. Parece que estamos novamente no mesmo ponto. A situação atual é muito confusa, e o PP e os meios conservadores já estão a tentar desculpar a Generalitat, desviando a responsabilidade para o topo. O ocorrido no passado domingo, quando a indignação popular se transformou em agressões por parte de membros da extrema-direita, revela uma vontade deliberada de ampliar o caos político. Alguns tentam encobrir os erros cometidos, enquanto outros procuram atingir Pedro Sánchez, o prémio mais ambicionado. Contudo, a origem da tragédia é clara e tem múltiplos precedentes.

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Qual o Significado Político de Direita?

Qualquer pessoa minimamente interessada por política conhece a origem das palavras e o porquê de se designar "esquerda ou "direita" aos diferentes partidos. Ainda assim tenho sérias dúvidas que a maioria das pessoas, até das pessoas que votam, que conheçam saibam porquê, o que, diga-se, considero grave. 

E mais grave ainda, é ir votar sem saber quem são aqueles que o defendem - sem ter "consciência de classe - e isso já não é uma suspeita, é mesmo uma constatação. Basta olhar para os resultados eleitorais para perceber isso. A maioria não tem qualquer conhecimento político e vota como quem anda no mundo - e é a maioria - por ver andar os outros. 

O jornalista e escritor argentino Martin Caparrós publicou na revista El País Semanal um texto extremamente interessante (também concedeu esta semana uma entrevista que saiu na revista do jornal La Vanguardia) porque responde a essa dúvida, da origem das palavras "esquerda" e "direita" na política, mas vai mais longe. Explica também, muito claramente, quais são os propósitos da direita. E fala numa só direita, não há cá centro direita, mais à direita ou extrema-direita, mas sim, "a direita". O que defende a direita?  


"Os espanhóis falam de direitas porque acreditam que são muitas; nós, os sul-americanos, dizemos direita porque talvez suspeitemos que todas são uma. Mas o significado político da palavra vem de Paris e celebrou, há algumas semanas, 235 anos: "No dia 29 de agosto começámos a reconhecer-nos: os que defendiam a sua religião e o seu rei reuniram-se à direita do presidente para evitar os gritos, os insultos e as indecências que ocorriam na parte oposta, à sua esquerda", escreveu nas suas memórias o barão de Gauville, deputado da nobreza na Assembleia da Revolução Francesa. Foi o nascimento da definição política mais eficaz dos últimos séculos: a esquerda, a direita.

Funcionou, manteve-se: era muito clara, muito gráfica e tão arbitrária que, embora agora pareça estranho, aqueles senhores poderiam ter ficado ao contrário e diríamos ao contrário, e seria o mesmo. De qualquer forma, continuamos a falar de direitas e esquerdas, com as suas matizes. Durante anos, as direitas quiseram disfarçar-se de centros. Mas viram que as esquerdas o conseguiam melhor e tiveram de se lançar à sua direita. Por isso, agora, as que mais se destacam chamam-se “extrema-direita” ou “ultradireita”.

Estamos impressionados porque a “extrema-direita” ressuscitou quando a dávamos por morta. Durante décadas, foi a etiqueta que quase todos evitavam; agora, pelo contrário, é uma que muitos procuram, mesmo quando não está muito claro o que significa, o que querem dizer. O que sim está claro é que nos vendem a ilusão de um movimento global unificado — “a extrema-direita avança no mundo” — quando as diferenças entre eles são inúmeras.

Às vezes parece que dizer “extrema-direita” é tão vago como dizer “populista”. Vago, digo, no sentido de preguiçoso, descuidado. É uma concessão que lhes fazemos e deveríamos deixar de a fazer. Definir todos esses oportunistas dispersos como parte do mesmo grupo dá-lhes poder, agiganta-os — e, por isso, vale a pena ser mais preciso e realçar as suas diferenças.

Que são tantas: alguns são estatistas, outros querem destruir o Estado; alguns são nacionalistas, outros são pura globalização; alguns veneram o mercado, outros desconfiam dele; alguns respondem a velhas tradições fascistas, outros acabaram de se inventar; muitos são bons cristãos, outros mais supersticiosos; vários são muito homofóbicos, outros um pouco menos. E costumam ser antissemitas como os seus antecessores, mas inventaram uma nova forma de o ser: apoiar o seu camarada de Israel.

O que os une, se é que há algo, é a forma como aproveitam a frustração reinante e oferecem a esses frustrados a expectativa de uma “mudança social”. É curioso: em vários países, essas direitas conseguiram aparecer como a única reacção contra um status quo que supostamente todos os outros representam. E assim tornam os outros em “conservadores” que querem manter a democracia, estas sociedades onde tantos não vivem as vidas que merecem.

Isso, sim, é uma mudança: a direita sempre se definiu por conservar, por lutar para que nada mudasse, porque qualquer mudança seria pior, destruía a ordem. Não se podia ser de direita sem uma religião, que garantia que tudo ia continuar igual, porque era a vontade de um deus. Nem se podia ser de direita sem algum dinheiro, porque a direita existia para garantir que os pobres não o “roubariam”. Nem sem se agarrar às velhas tradições e às velhas regras. Agora, pelo contrário, muitos dos eleitores de direita são trabalhadores que temem ser substituídos por migrantes, perder os privilégios que deveriam ter por terem nascido mais perto. Estas novas direitas expressam e exploram como ninguém o medo do diferente.

Mas a meta que realmente os unifica a todos é a que silenciam: melhorar a vida dos ricos. Fazem-no de muitas maneiras. O enredo fiscal é um dos seus favoritos: passa despercebido e beneficia-os muito. E assim alcançaram o seu objetivo.

Objetivo com renovada eficácia: se há algo que estas novas direitas têm em comum é a sua capacidade de conseguir que os pobres votem para defender os interesses dos ricos. Descobriram que estas novas máscaras extremistas podem dar um aspeto moderno e atraente às políticas de sempre, e tentam usá-las. Usar os descontentes para melhorar a situação dos mais satisfeitos é o truque mais velho do manual e, por isso, de vez em quando muda de nome comercial: agora chama-se extrema-direita quando deveria chamar-se grande direita, o governo tradicional dos poderosos de sempre. Ou direita pura e simples, que é o que é e tem sido desde aquele dia em que todos os nobres que defendiam o rei decidiram agrupar-se num dos lados da sala - e entrincheirar-se ali.

La Palabra derecha | Martín Caparrós | El País Semanal | 20 de Outubro de 2024

sábado, 10 de junho de 2023

As "Pessoas de Bem" da Extrema-Direita


Boris Johnson, Donald Trump, Jair Bolsonaro, André Ventura. 
O que têm em comum todas estas pessoas de países tão diferentes como Reino Unido, USA, Brasil e Portugal? São todos pessoas de bem! São todos religiosos e tementes a Deus , todos conservadores e defensores da moral e dos bons costumes e politicamente todos da extrema-direita populista. Resumindo, todos a mesma escumalha! 

Numa só semana, alguns até no mesmo dia, foram todos acusados de crimes, coisinhas menores como planear golpes de Estado, falsificação, mentir ao parlamento, apropriação de documentos classificados e ódio e perseguição a jornalistas! 

A extrema-direita populista é isto: corrupção, ódio, violência, mentira, perseguição. Deve ser isto que significa "pessoas de bem", expressão que anda sempre na boca deles. 


sábado, 4 de julho de 2020

A Manifestação Mais Idiota de Sempre em Portugal

Depois de no sábado passado Mário Machado, um nazi, racista e xenófobo de estrema-direita ter organizado para o Chega a manifestação intitulada "Não há racismo em Portugal"... 
Bom talvez isto tenha sido rápido demais. Vou recomeçar repetindo com muita calma para que o leitor que está fora do contexto possa interiorizar melhor, porque por vezes, eu mesmo como leitor tenho que voltar atrás e reler para perceber ou interiorizar melhor o que estou a ler. 
Então é assim: um polícia, militar da força aérea, racista e de extrema-direita, de seu nome Mário Machado, que foi condenado a dez anos de cadeia por ter matado (conjuntamente com mais um bando de terroristas neonazis) um Cabo Verdiano, Alcino Monteiro no 10 de Junho de 1995 em Lisboa, e que agora até já é convidado do programa do Goucha da TVI e tudo, organizou para o CHEGA uma manifestação intitulada "Não há racismo em Portugal"! 

Já perceberam certo? Um tipo neonazi, racista e xenófobo, que matou um ser humano simplesmente por se ter cruzado com ele na rua e ele ser preto, e que foi condenado a dez anos de cadeia, agora de regresso à vida civil apela a que todos os racistas e nazis de extrema-direita votem no CHEGA, organiza uma manifestação, muito indignado, porque no seu entender não há racismo em Portugal! 


Eu gostaria de deixar aqui mais algumas sugestões de manifestações originais. Posso começar por sugerir aos empresários que se manifestem contra a União Europeia, afirmando que não há discriminação salarial em Portugal. E já agora que as empresas portuguesas também não colocam o dinheiro em off-shores ou que fazem branqueamento de capitais. Nada disso é verdade! Tal como também não há salários baixos em Portugal!

Posso também deixar a sugestão para que todos os padres católicos portugueses acusados de pedofilia, que se manifestem e mostrem a sua indignação, pois como sabemos não há pedofilia em Portugal!

Já agora incito também todos os homens que foram condenados a cadeia por terem matado as suas companheiras, a manifestarem-se porque, como se sabe, não há violência doméstica em Portugal! 

Acho que até hoje nunca tinha ouvido falar numa manifestação que, em vez de reivindicar algo, como por exemplo, melhores condições de vida, não, fizeram uma manifestação de negação dos problemas! Fantástico! O CHEGA, partido formado a partir de recolha de assinaturas falsas, num ano consegue fazer a manifestação mais idiota de sempre em Portugal! Não é fácil mas conseguiram! 

Conseguiram também o feito de serem contra as manifestações, porque estamos em plena pandemia, mas depois, seguindo o exemplo do líder do partido que faz sempre o oposto do que diz, eles mesmos manifestaram-se... em plena pandemia! Espetacular, não é?!