domingo, 2 de setembro de 2018

Serviço Nacional de Saúde - A Puta da Hipocrisia dos Partidos de Direita

“O direito à proteção da saúde é realizado pela criação 
de um serviço nacional de saúde universal, geral e gratuito”
(Constituição Portuguesa)

Para os fachos e salazaristas de direita, o Estado deve ser mínimo. É cada um por si, a comerem-se uns aos outros. Os mais fortes safam-se, os outros que se fodam, que "aguentem" que morram de fome se for preciso, ou então que emigrem, como fomos convidados a fazê-lo por suas excelências Passos Coelho e Paulo Portas na sua coligação destrutiva do Estado Social. 

Para esta gente distinta, que se veste sempre de forma elegante, de fato e gravata, excetuando quando se vão visitar os pobrezinhos, aí é que não, leva-se umas calças de ganga para não ser contagiado, mas para esta gente, há sempre funcionários públicos a mais. É preciso cortar, é preciso cortar nas "gorduras do Estado". É preciso despedir funcionários públicos, claro, desde que não sejam do partido deles. 

Para eles fecham-se escolas, hospitais, tribunais, maternidades, e de preferência dá-se o negócio a amigos que pratiquem a caridade, que estejam à frente  de IPSS ou que sejam donos de colégios privados. E a saúde, claro, a saúde entrega-se aos hospitais privados e é bom que as pessoas tenham seguros de saúde, se não, acontece como naquele país de terceiro mundo, os Estados Unidos, em que se um operário corta as mãos e chega ao hospital sem a apólice de seguro de saúde em dia, e tem de escolher qual das mãos vai para o lixo. 

Portugal, felizmente, tem uma coisa que se chama Serviço Nacional de Saúde, apontado e estudado por muitos países mais ricos do que nós como exemplo. Todos, especialmente os mais pobres, estão protegidos e, se algum infortúnio, alguma doença ou acidente acontecer, podem ir ao serviço público de saúde. 



Este serviço público de saúde, conhecido por Serviço Nacional de Saúde (SNS), nasceu por iniciativa e teimosia de António Arnaut, fundador do partido socialista e que em 1978 era ministro dos Assuntos Sociais de um governo de coligação entre PS e CDS liderado por Mário Soares. 

Submetido ao parlamento para votação, em maio de 1979, os diferentes partidos com assento parlamentar votaram da seguinte forma:

A favor votaram: PS, PCP e UDP (atual Bloco de Esquerda)
Contra: PSD e CDS


E é curioso que um dos deputados que votou contra o Serviço Nacional de Saúde foi um tal de Marcelo Rebelo de Sousa. Sim, o atual Presidente da República votou contra a criação do serviço nacional de saúde. Sim, é por estas e por outras que os seus abraços, beijinhos e falinhas mansas nunca me convenceram. 

Estamos então conversados sobre o que pensam os partidos de Direita sobre a saúde pública. Mas, depois de PSD e CDS terem estado, juntos em coligação a governar o país durante quase cinco anos, e de quase terem desmantelado e quase privatizado o Serviço Nacional de Saúde, em coerência com o que pensam, mas de forma contrária ao que diz a Constituição, o que é que nos andam agora a dizer todos os dias?

"Vejam como está o Serviço Nacional de Saúde! É preciso contratar médicos e enfermeiros. É preciso investir em mais meios para os hospitais..."

Claro que neste momento o Serviço Nacional de Saúde está com problemas. O próprio António Arnaut, dias antes de morrer, pedia "Temos que defender o serviço nacional de saúde". É óbvio que há problemas, mas ouvir os partidos de direita, em muito responsáveis pelos problemas que agora temos na saúde pública, e que são totalmente contra o SNS e contra a contratação de mais funcionários públicos, virem agora gritar em defesa do SNS, é mesmo não ter uma ponta de vergonha na cara não é? 

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