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terça-feira, 12 de agosto de 2025

É Como se os Pais Não Morressem

 


"Não fiques triste. Olha que eu acredito que os pais ficam nos filhos. É como se os pais não morressem. Porque tiveram filhos. Percebes?"



Mal Viver - João Canijo (2023)

domingo, 17 de setembro de 2023

A Vida Secreta das Palavras

Há filmes que tenho de voltar a rever e, um deles, é este "A vida secreta das palavras". 

"Eles fecharam a plataforma. 
E para onde é que irão todos?
Ofereceram-nos trabalho no Chile. O Simon vai voltar e tentar o negócio do restaurante.

Chile...
Eu ainda não decidi o que fazer.
Ando a pensar nisso.
Que bom.

Eu pensei que... tu e eu...
Talvez pudéssemos ir para algum lugar juntos.
Um destes dias. Hoje.
Agora mesmo.
Anda comigo, Hanna.

Não, eu...
Não creio que isso seja possível.
- Por que não?

Porque acho que se formos embora,
para algum lugar juntos...
Tenho medo de que um dia...
Talvez não hoje...
Talvez amanhã também não,
mas um dia, de repente...
posso começar a chorar e chorar muito
que nada nem ninguém pode me impedir.
E as lágrimas encherão a sala,
Eu não vou conseguir respirar,
e eu vou levar-te comigo para o fundo comigo,
e os dois nos afogaremos.

Mas vou aprender a nadar.
Juro.

domingo, 10 de abril de 2022

Blade Runner Passa-se no Início da Pandemia de 2019

Rever um filme anos mais tarde, chama-nos a atenção para pormenores que antes não interessavam e muitas vezes, com o passar do tempo determinado filme, livro ou outra obra qualquer ganha uma dimensão diferente. Blade Runner (que traduziram para "Perigo Iminente" em português apesar de ser o nome da personagem principal) é um filme de ficção científica de 1982 realizado por Ridley Scott. 

O mais curioso é que o filme foi um fiasco de bilheteira, mas, tal como dizia, com o passar dos anos acabou por se tornar num filme de culto. 

Mas o que desde logo me chamou a atenção no filme foi passar-se em Novembro de 2019, início da pandemia de COVID-19. 


E, mais curioso ainda, é, ao longo do filme, vermos várias imagens de uma senhora asiática nas paredes de um prédio, a sorrir e a comer uma espécie de pequena cápsula. 


Blade Runner (vi a versão integral) é de facto um filme interessante. Confronta-nos com questões éticas e morais perante o evolução tecnológica. No fim de contas até os replicantes só querem viver um pouco mais e viver para ter as suas próprias memórias. 

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

O Jardim de um Filme Espetacular



Foi em 2007 a primeira vez que fui à Opera. Um colega tinha arranjado bilhetes e ia com a irmã. Talvez os amigos dele, que eram mais meus colegas que amigos, tenham achado que ser gótico ou metaleiro não se coadunava com idas ao Coliseu para ir ver La Traviata e acabou por me perguntar se eu queria ir com eles. Por essa altura todas as desculpas eram boas para não estar em casa, mas também aceitei pela curiosidade. Por vezes na vida há oportunidades que, se não as agarrarmos nesse exato momento, elas passarão e não mais voltaremos a ter a oportunidade de fazer determinada coisa. E assim foi. Nunca mais voltei a ir à Opera e devo dizer que gostei bastante de ter ido, mas, temos que ter em conta que, já na altura os bilhetes mais baratos andavam à volta de 30/35€ daí que não tivesse estranhado em ter visto toda a gente muito bem vestida na plateia. 

Tudo isto da Opera para dizer que, só conhecendo de facto determinada coisa é que estaremos preparados para a melhor poder apreciar (ou não). 

Por estes dias recebi mais um monte de filmes em DVD (é o Netflix de quem não tem televisão) e desse lote foi o primeiro filme que quis ver foi "O meu tio" que ganhou o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1958. 

"O senhor e a senhora Arpel têm uma casa moderna num quarteirão asséptico. Eles têm tudo, conseguiram tudo, na casa deles é tudo novo: o jardim é novo, a casa é nova, os livros são novos. Neste universo tão confortável, tão clean, tão high-tech, tão bem programado, o humor, os jogos e a sorte não têm lugar. E o filho Gérard aborrece-se de morte. É então que irrompe o irmão da senhora, o tio, o Sr. Hulot. Personagem inadaptada, habituada ao seu mundo caloroso, vai, para delírio do sobrinho, virar tudo de pernas para o ar." 

Quando acabei de ver o filme só pensava: "mas como é possível que eu nunca tinha visto isto antes"? 

 Se "Tempos Modernos" de Chaplin é um filme (que também recebi neste lote) é muito conhecido por ser uma sátira ao capitalismo bem como ao nazismo e, aos maus tratos dos trabalhadores na indústria, "O meu tio" é uma sátira à vida moderna, das pessoas com muito dinheiro, que vivem em casas que mais parecem caixotes, com eletrodomésticos sofisticados e botões onde se carrega para fazer tudo de forma automática. Vidas modernas a fazer lembrar o Admirável Mundo Novo mas onde se calhar falta o mais importante. 

Em 2019 regressei pela segunda vez a Allariz para o Festival de Jardins espanhol que tinha por tema "Jardins de Cinema". E nos jardins a concurso tinha precisamente um jardim espanhol que era uma representação da casa e jardim dos Arpel, a família rica do patrão de uma fábrica de plásticos. 



Infelizmente, devido ao meu desconhecimento do filme, que só conheci na altura ao ler a descrição no próprio jardim, não pude valorizar a representação do jardim como certamente valorizaria se já tivesse visto o filme. Este vai diretamente para a lista dos meus filmes preferidos de sempre

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Porque é que Não se Ama Quem Não Ouve a mesma Canção?



"Contigo aprendi uma grande lição 
Não se ama alguém que não ouve a mesma canção"

Carlos Tê, no último programa "Fala com Ela" da Antena 1 explica estes versos que escreveu para a música de Rui Veloso "Anel de Rubi": 

"Eu quando escrevi essa canção estava-me a pôr na pele de quem tem quinze anos em 1968. Alguém que em 1989 se estava a pôr na pele de alguém m 1968 num outro quadro mental e saiu-me aquilo assim. 

Claro que eu também tenho um bocado dessa pessoa mas, sempre tive essa noção de que, obviamente, isso é uma cena muito a preto e branco, não é?, mas, em 1968-70, as coisas estavam tão extremadas que se podia dizer quem estava do nosso lado e que não estava só pela roupa que vestia. só pela música que ouvia. Hoje isso já não acontece, já nos anos noventa não acontecia... as coisas mudaram tanto. Mas, nos anos sessenta, era  exatamente assim. Havia em "eles" e um "nós". Nós, os que éramos os bons, que estávamos pelos lados das mudanças, que queríamos a revolução sexual, que usávamos a cor certa, que ouvíamos a música certa, o cabelo certo... E os outros eram os caretas. Tão simples quanto isto. E havia essa divisão e querer, de algum modo misturar os dois mundos era quase impossível. E ao nível do amor isso era muito claro". 

É muito curioso como eu acho que, nos tempos atuais, de novos desafios com a subida ao poder da extrema-direita populista nos Estados Unidos, Itália e Brasil e a tornarem-se relevantes em França, Itália, Espanha, e, pasme-se, até em Portugal, e com os recentes movimentos "negacionistas", muitos deles financiados por grandes magnatas de extrema-direita, e com todas estas clivagens políticas, acho mesmo que estamos precisamente a voltar ao tempo dos anos 68-70, um tempo, como Carlos Tê refere, do" nós" e do "deles". "Nós" que defendemos o ambiente, os direitos das minorias, a democracia, e "eles", o inimigo, que defende voltarmos a um tempo não muito distante de obscurantismo, de guetos para minorias raciais, do regresso da pena de morte e da tortura, de prisões políticas e expatriamentos. 

Ainda assim, e graças à aberrante globalização, hoje é muito mais difícil olhar e separar as águas. Se antigamente um nazi rapava o cabelo e usava botas de combate, hoje, o mesmo indivíduo com ideias nazis, pode ser o teu vizinho, que veste camisinha ou polo Lacoste e pullover pelas costas, com cabelinho à foda-se e, aparentemente, ser aquele indivíduo bonitinho ideal para se levar lá a casa a conhecer os pais. 

Como várias vezes costumo repetir (frase de Bernard Shaw) a História ensina-nos que não aprendemos nada com a história. E se é verdade que não são fáceis estes tempos, ainda assim, e porque são insondáveis os mistérios do amor, acho perfeitamente possível que nos possamos encantar ou criar empatia por quem, à partida, qualquer pessoa vendo de fora acharia impossível de acontecer. 

Mas entristece-me ler determinadas coisas na internet como "eu simplesmente não me dou com pessoas diferentes de mim ou que não pensam como eu". Toda esta loucura irracional está a levar que pessoas outrora veneradas, artistas respeitados por toda a gente, como, por exemplo, Chico Buarque ou Caetano Veloso,  de repente, passaram a ser censurados ou, como agora se diz "cancelados". 

Mas, se até Wilhelm Hosenfeld, um oficial alemão nazi, ajudou a salvar a vida do pianista polaco e judeu Wladyslaw Szpilman (ver filme: O pianista de 2002)  porque é que duas pessoas que pensam diferente não podem encontrar pontos comuns? Porque raio é que não podemos amar quem vota num partido diferente do nosso?

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Ler é como ir ao Cinema Sozinho

The Book Of Secrets by ShaynART

 Foi quando estava a ler Memórias Íntimas e Confissões de um Pecador Justificado que, ao sentir a falta de ter alguém com quem trocar ideias sobre o enredo que estava a ler e do que tudo aquilo poderia poderia ser, que me lembrei precisamente disto: o ato de ler um livro é  mais ou menos como ir ao cinema sozinho, só que, mas ainda mais solitário.

Quando vamos ao cinema sozinhos não temos ninguém ao nosso lado para falar sobre as expectativas do filme. Quando lemos um livro quanto muito alguém já nos pode ter falado do livro, que é muito bom, que a história prende o leitor, que é muto interessante para conhecer determinados factos da História, etc. Por exemplo, comecei a ler o primeiro livro de Murakami porque coloquei uma fotografia no Instagram de vários livros que tinha recebido e uma pessoa comentou que "Murakami é muito bom". Quando vemos um filme, se formos daquelas pessoas que olham primeiro para o nome do realizador do que dos atores, também já dará para ter algumas informação, ainda que, no meu caso, tal como acredito que seja a larga maioria, as pessoas olham sim para os nomes dos atores e não propriamente para o nome do realizador. Se calhar nem os conhecem, se calhar ninguém sabe quem é o realizador do "Sozinho em Casa" que deu passou mais vezes na televisão do que o número de testes à COVID-19 que o Marcelo fez no último ano! O que não deixa de ser algo injusto para o realizador, porque o artista, a obra, o filme neste caso é do realizador e quem tem quase sempre « os louros da fama são os atores, ainda que todos os realizadores precisem de bons atores  para terem uma boa obra. 

No que aos livros diz respeito, também já podemos conhecer o escritor de uma obra anterior e saber, mais ou menos, ao que vamos. Mas, por mais livros que tenhamos lido, uma obra de ficção é sempre algo novo e diferente. Temos que ser nós, ao contrário, por exemplo, da televisão ou do cinema, a criar os nossos cenários com as descrições que nos vão sendo feitas. E, tal como no cinema, se lá estivermos sozinhos na sala, quando o livro acaba e as luzes se acendem enquanto passam os créditos finais, não temos ninguém ao lado com quem trocar impressões sobre o livro que acabamos de ler como quem pergunta: "então, gostaste do filme"?

Enquanto li "Memórias íntima e confissões de um pecador justificado" senti essa falta de ter alguém alguém com quem conversar sobre o livro. Naquela alegoria, afinal, o homem estaria possuído por espíritos malignos; era o próprio chifrudo do "Balha-me Deuz"; era tudo fruto da sua imaginação e sofria de perturbações mentais, ou sofria de dupla-personalidade? O que é que outra pessoa pensaria daquilo? Se calhar até teria precisamente as mesmas dúvidas que eu, porque o livro foi precisamente escrito desta forma para não dar a papinha toda feira ao leitor, mas para o deixar a pensar.  

Contudo, talvez essa seja a vantagem dos clubes de leitura. Colocar várias pessoas a ler o mesmo livro e a opinar sobre ele. Sei que existem mas nunca estive em nenhum e duvido que venha a estar. Conheço também dos filmes e séries americanas. Em Lost, por exemplo, existia um "Book Club", e ao longo da série muitos livros iam sendo sugeridos sub-repticiamente. Eu não sei se os clubes de leitura funcionam bem ou nem por isso. Mas, na falta de um clube de leitura, cabe-nos conversar connosco próprios e tirar as nossas próprias conclusões. E, quem sabe, sugerir, ou não, um determinado livro aos amigos e colegas. Como quem sugere, ou não, um bom filme. 

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Os Velhos Sonhos não se Realizaram Mas Estou Feliz Por os Ter Tido

"... É importante ter crianças.
Já não são crianças. As coisas mudam.
Sempre foi assim. É uma das leis da natureza. As pessoas têm medo de mudanças mas se tomarmos uma atitude de confiança, fica a ser um reconforto. Não há muitas coisas em que se pode confiar.
Sem dúvida.
Creio que faço parte dos medrosos...
Duvido.
Porque diz isso?
De Itália para o Iowa é uma mudança importante.
O Richard fez lá a tropa. Conheci-o quando vivia em Nápoles. Não sabia nada do Iowa. O importante é que era a América e que ia estar com o Richard.
Como é que ele é?
É muito asseado.
Asseado?
Quero dizer...tem outras qualidades também. É muito trabalhador, muito atencioso, honesto. É meigo, e é um bom pai.
E asseado...
Sim...
... E agrada-lhe viver no Iowa, suponho?
....
Diga lá, não vou contar a ninguém!
Devia dizer: é ótimo, calmo, e as pessoas são muito simpáticas." Tudo isto é verdade, a maior parte. É calmo... e as pessoas são simpáticas. De uma certa maneira... ajudamo-nos uns aos outros. Se alguém fica doente, os vizinhos vêm ajudar... Colhem o milho, ceifa a aveia, o que for preciso. Não é preciso fechar o carro e as crianças andam à vontade sem nos preocuparmos. As pessoas daqui têm excelentes qualidades. Respeito-as por isso. Mas...
Mas...?
Não é bem o que eu sonhava quando era jovem.
Eu anotei algo no outro dia, é um hábito quando viajo. Era mais ou menos isto:
"Os velhos sonhos eram bons sonhos. Não se realizaram mas estou feliz por os ter tido."



Muito me tinhas falado em vermos As Pontes de Madison County juntos, mas, por este ou por aquele motivo isso acabou por não acontecer e eu acabei por ver o filme, só agora, este fim-de-semana, sozinho, porque acabei de o receber conjuntamente com muitos outros que queria colecionar.

Não sei se sabias, provavelmente sim, mas podes não ter reparado que este filme, que eu não tenho dúvidas que seja um dos teus filmes preferidos, é do mesmo ano do meu filme preferido do mesmo género, o "Antes do Amanhecer". São ambos de 1995 e já têm vinte e cinco anos, vê lá tu! E como acho que de facto o filme é muito bom, até fui ver um listagem do The Guardian com os melhores filmes de sempre para ver em que lugar estava classificado, mas se o filme do Linklater está num espetacular 3º lugar, este, muito injustamente a meu ver, não figura no ranking porque se devem ter esquecido dele ou então por causa dum argumento muito batido: "mulher-casada-trai-o-marido".

E já agora, sabes que filme está também nos vinte e cinco melhores filmes de sempre na categoria Romance? Aquele outro que na altura emprestei, o "Eternal Sunshine of the Spotless Mind", que está no oitavo lugar! Acho que não é um filme muito falado, mas eu sei que sempre gostei muito desse filme, e afinal parece que tinha motivos para isso porque os críticos são da mesma opinião.  

Voltando ao filme. É assim, o Antes do Amanhecer é um filme romântico do ponto de vista da juventude, dos primeiros amores, da ilusão que aquilo que lhes aconteceu naquela noite na Áustria se irá repetir inúmeras vezes ao longo da vida. As Pontes de Madison County é um filme de amores já vividos e solidificados ou de sonhos destruídos, de uma outra fase da vida, até porque a Francesca e o Robert têm idade para ser pais da Celine e do Jesse. Se o Antes do Amanhecer é todo ele encantamento, As Pontes de Madison County é encantamento mas é também culpa, porque a Francesca é casada e tem dois filhos.

Mesmo antes do final há uma grande decisão a ser tomada: a italiana Francesca que casou com um americano e que foi viver para o Iowa parte com o fotógrafo Robert divorciado que corre o mundo a tirar fotografias para a National Geographic e com quem viveu quatro dias tórridos de amor que lhe abanaram as estruturas ou decide ficar com o seu marido honesto e trabalhador e bom pai de família? Sim, e asseado.

Eu não estou a estragar o final a quem eventualmente não viu o filme (e não leu o livro) dizendo que ela decide não viver o amor deste forasteiro porque o filme começa precisamente com os filhos a tratarem da sua morte e com a descoberta, depois de lido o testamento, deste seu romance secreto e com a sua vontade que lancem as suas cinzas da ponte (um choque para a população do Iowa de 1965).

Provavelmente a tua parte preferido do filme, como se calhar da maioria das pessoas, é aquela cena à chuva, a caminhar para o final, quando os carros ficam um atrás do outro no semáforo, o Robert coloca no retrovisor a cruz celta que era dela (e que tem o seu nome e que ela lhe deu como uma espécie de proteção)  e entretanto o sinal passa a verde. O Robert não arranca, a Francesca põe a mão na porta e começar a abri-la e não sabemos o que irá acontecer em seguida.

Mas se analisarmos bem a decisão mais importante da Francesca foi tomada bem antes, no momento em que, depois de lhe ter ido mostrar onde ficava a ponte que ele andava à procura, e quando depois ele a deixa em casa, ela, uma senhora casada, convida-o para entrar e beber um chá gelado (a cena que mostrei acima) e depois acontece o que se sabe... E mesmo tendo decido não viver aquele amor, vive-o no seu coração, a quem decide entregar os seus restos depois da sua morte.

"Num universo de ambiguidades, este tipo de certezas só existe uma vez, e nunca mais, não importa quantas vidas se vivam" (Robert)

domingo, 5 de julho de 2020

O Que é o Sonho Americano?

"Eu estava tão longe que já era de noite quando as torres ruíram. A princípio não percebi o que se passava, só ouvia as pessoas... A aplaudirem.
- A aplaudirem?
Juntou-se uma multidão na rua, perto de onde vivíamos. 
Terroristas.
Não, e essa foi a parte que mais doeu, era apenas gente normal. 
Então por que raio aplaudiram? 
Porque nos odeiam. Porque odeiam a América. E aquele lugar era tão normal, e aquilo vinha de tanta gente, que soube que alguma coisa estava muito errada... Esse tornou-se o meu pesadelo. 
Mais de três mil civis morreram naquele dia... Todos eles inocentes.
Pois, e são as vozes deles que preciso de ouvir. Porque não acho que quisessem que mais gente morresse por eles. 

Land of Plenty - Wim Wenders (2004)

domingo, 28 de junho de 2020

A Vida é Como uma Caixa de Chocolates...

"Morreste num sábado de manhã e eu trouxe-te para debaixo da nossa árvore. 
Não sei quem tinha razão, se a minha mãe, se o Tenente Dan. Não sei se cada um de nós tem um destino ou se andamos apenas à deriva, ao sabor do vento. Acho que talvez ambas se dêem... talvez aconteçam ambas ao mesmo tempo. Tenho saudades tuas, Jenny. Se precisares de alguma coisa, eu não estarei longe."




"A vida é como uma caixa de chocolates... nunca sabemos o que nos vai calhar"


Forrest Gump (Robert Zemeckis) / 1994



quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

#1000 - Quando me seguravas a mão, isso não era real?

Há filmes que, por este ou aquele motivo, nos ficam na memória por muitos anos.
Estávamos em 2001, ano do Dragão (e também eu nasci num ano do Dragão) quando fui ao cinema ver o filme "O Tigre e o Dragão" de Ang Lee. Já não sei ao certo de quem terá sido a escolha do filme, se minha se dela, mas suspeito que terá sido minha. 


À primeira vista é só mais um filme de artes marciais de exímios guerreiros(as) com espadas, que levantam voo e saltam por cima de casas e andam sobre florestas de bambus. Mas o filme é muito mais que efeitos especiais e muito mais que artes marciais. Este filme é bem mais que um Matrix asiático. Tal como está descrito na sinopse do filme, O Tigre e o Dragão é um filme de amor:

Dois romances ligados às artes marciais, um incapaz de reconhecer o seu amor e o outro vivendo uma relação apaixonada, cruzam-se num cenário de crime e de disputas políticas da China Imperial, quando a preciosa espada "Destino Verde" é roubada. À medida que cada guerreiro luta pela justiça, depara-se com o seu maior inimigo - e o inevitável e sofredor poder do amor...

De diferentes filmes que vi no cinema guardo diversas memórias e diferentes sensações que me causaram. E o final deste filme, e talvez não consiga explicar bem porquê, teve o condão de me causar um grande impacto emocional. Ainda bem antes da cena final e de se perceber o que iria acontecer em seguida, já os meus olhos se enchiam de lágrimas...


Revi o filme por estes dias. Foi o segundo filme do ano que (re)vi. O primeiro foi o Cyrano de Bergerac (1990). E ao rever o Tigre e o Dragão, mal ouvi o nome Li Bu Mai como que fui, de novo, transportado no tempo para aquela sala de cinema. 

Não há eternidade nas coisas que podemos tocar. O meu mestre costumava dizer:
Não há nada a que nos possamos agarrar neste mundo. Só deixando ir é que podemos possuir o que é real". 
Mesmo para um velho tauísta como tu, nem tudo é real. Quando me seguravas a mão, isso não era real?
A tua mão é fria e tem calos de praticares com a faca. Todos estes anos nunca tive coragem de lhe tocar. Há tigres aninhados e dragões escondidos no submundo, tal como os sentimentos. As espadas e as facas têm perigos escondidos, tal como as relações humanas. 
Eu dei a Espada Verde do Destino com sinceridade, mas trouxe-nos problemas. 
Reprimir os sentimentos só os torna mais fortes. 
Eu não posso reprimir o meu desejo. Quero estar contigo. Estar sentado assim, dá-me uma sensação de paz.


O Tigre e o Dragão teve dez nomeações aos Oscares e é considerado por alguns críticos como um dos melhores filmes de sempre. Para mim, mais importante que a crítica mais ou menos positiva é tratar-se de um dos meus filmes preferidos. 

E esta é a publicação 1000 deste blogue. 


segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Tu és uma Pessoa Tarte de Mirtilo?

"Bem, pelo que tenho observado é melhor não saber... e outras vezes não há razão nenhuma para encontrar. 
Tudo tem uma razão. 
Como estas tartes e estes bolos. No final de cada noite... o cheesecake e a tarte de maçã estão todos vendidos. A torta de pêssego e o bolo de chocolate estão no fim, mas fica sempre uma tarte de mirtilo inteira. 
Então qual é o problema da tarte de mirtilo? 
Não há nenhum problema com a tarte de mirtilo, só que as pessoas fazem outras escolhas. 
Não podes culpar a tarte de mirtilo, simplesmente ninguém a quer. 
Espera! Eu quero uma fatia. 
Com gelado? 



My Blueberry Nights / Kar-Wai Wong / 2008

sábado, 15 de setembro de 2018

Cinemas com Filmes à Porta Fechada Durante uma Semana

Na sequência do mau comportamentos dos espetadores (que muitas vezes até vão mesmo para o cinema para espetar) e que culminaram em avultadas indemnizações, foi decidido pelos empresários do setor, que na próxima semana todos os filmes em cartaz passariam a ser exibidos à porta fechada.

As muitas queixas que resultaram em avultadas indemnizações, reportam a factos como: o uso  reiterado (fica sempre mais chique aos advogados dizerem reiteradamente que repetidamente) o uso reiterado do telemóveis já após o início do filme. Foram levantados também milhares de autos de ocorrência de pessoas que mastigam pipocas dezenas de decibéis acima do limite máximo permitido por lei, e que, como toda a gente sabe, não pode ultrapassar os 10 decibéis. 

Como não é surpreendente, o maior número de queixas, é por causa das pessoas que, em vez de se deslocarem a uma sala de cinema para ver um filme em silêncio, vão para lá para conversar, incomodando toda a gente em volta. Foram também registados quatorze óbitos, de pessoas que saíram de casa tranquilamente para ir ao cinema, mas que acabaram por  falecer dentro de uma sala de cinema, ou já a caminho do hospital, na sequência da libertação de ataques químicos por parte doutros espetadores, e que, involuntariamente ou não, constitui crime com penas até cinco anos de cadeia, pois como é sabido, é expressamente proibida a utilização de armas químicas dentro das salas de cinema, que disponibilizam casas de banho para o efeito. 

Segundo conseguimos ainda apurar junto de uma fonte anónima que trabalha num dos cinemas mais concorridos do grande Porto, há ainda a registar um elevado número de felatios praticados dentro das salas de cinema, e que, como facilmente se percebe, depois acabam por resultar na contaminação das cadeiras, e logicamente que ninguém quer ir ao cinema e vir de lá com uma doença venérea. 

Entretanto já depois de ter sido veiculada a notícia nos média, está já a crescer um enorme movimento de indignação nas redes sociais, com inúmeras pessoas revoltadas, afirmando que não faz sentido, por causa de uns meros casos isolados, prejudicar todas as pessoas que se comporta bem, impedindo-as assim de poderem ir ao cinema livremente. 


domingo, 9 de setembro de 2018

Coisas que se Compram por 1 Euro


Dracula de Bram Stoker é, provavelmente, o meu filme preferido dos anos noventa. "Pois, tem a Monica Bellucci", dizia-me uma amiga minha! Mas na verdade já nem me lembrava que ela entrava, porque já não vejo o filme há muitos anos! Mas sempre venerei o filme, com grandes interpretações, grande caracterização e guarda-roupa... e tem Monica Belluci!
Há algum tempo que gostava de o arranjar. E de repente tropecei nele quando procurava uma outra coisa qualquer. E a um euro melhor ainda!

Entretanto, também dos anos noventa, e também a um euro, comprei usado na net o Fight Club (Clube de Combate) edição especial dois discos, com embalagem de cartão que qualquer colecionador gosta de ter e fica logo todo húmido só de colocar a estante! 


Aproveitei, e à mesma pessoa comprei ainda outro filme de culto, desta vez o Laranja Mecânica, e outros dois que nem conhecia, mas logo vejo se gosto ou não. Por um euro cada, também não se há-de perder grande coisa.

(A propósito, para quem for fã de Woody Allen ou Hitchcock, o Jumbo estava a vender os filmes destes senhores todos a 1€)

sábado, 8 de setembro de 2018

Esta Semana Houve Cinema

É raro participar em passatempos de cinema, até porque sou seletivo. Não vou concorrer por concorrer, até porque eu não moro propriamente perto dos cinemas. E se por um lado o bilhete é oferta, acabo por gastar mais do que esse dinheiro que poupei da entrada no jantar. Saio da empresa, e já nem vou a casa, aproveito para fazer qualquer coisa (desta vez aproveitei para estar uma hora de volta de um novo livro bastante interessante que comprei) janto tranquilamente, sozinho, enquanto aproveito para observar de perto os humanos no seu habitat preferido (o centro comercial) e então lá vou ver que filme me sai na rifa. 



E desta vez acabei mesmo a participar em dois diferentes passatempos para este filme. Pensava eu que nada tinha ganho desta vez, quando recebo um e-mail já depois das dez da noite, dando-me a boa notícia. 

Fui ver o BlacKkKlansman . Gostei de filme e até reencontrei de novo o Adam Driver que tinha visto no Paterson. O filme é uma espécie de comédia dramática baseada em factos reais, ocorridos nos anos setenta, com um toque de documentário lá pelo meio. Quarenta anos depois não poderia estar mais atual. Infelizmente. 



sábado, 12 de maio de 2018

Afinal ir ao Cinema Sozinho não Dói


Já tinha feito muita coisa sozinho. Já tinha ido a festivais de música e a concertos, e a inúmeros de outros eventos sozinho, mas curiosamente, e vá lá saber-se porquê, nunca tinha ido ao cinema sozinho. Talvez porque cedo associamos o ato de ir ao cinema, naquela grande e escura sala, na maior parte das vezes muito barulhenta, a algo que se faça, pelo menos a dois, e quantas vezes associado às primeiras descobertas de mãozinhas a desvendar a anatomia desconhecida. E talvez tenhamos metido na cabeça que, sem companhia, não faça sentido ir ao cinema. O que não deixa de ser parvo, até porque ver um filme acaba por ser um ato solitário, pois enquanto estamos a ver um filme não estamos (ou ninguém deveria) estar a conversar sobre o desenrolar da ação do filme. Quanto muito conversa-se depois no final, quando as luzes se acendem.

Talvez a dificuldade em ir sozinho ao cinema, precisamente por na nossa memória coletiva associarmos a um evento a que não se vai sozinho, resida no facto de não querermos assumir publicamente que, em determinado momento das nossas vidas, não tínhamos ninguém que pudesse ir connosco. Mas não deixa de ser estúpido visto que nós podemos ir ao cinema sozinhos pelos mais variados motivos, e nenhuma daquelas centenas de pessoas anónimas sabe nem está minimamente interessada em saber porquê.

Eu tinha um convite para duas pessoas para uma antestreia e até fazia mais sentido que aproveitasse para levar mais alguém mas levei-me só a mim mesmo. Não gastei dinheiro no bilhete, gastei mais no jantar. Escolhi o sítio naquela praça de alimentação de centro comercial e sentei-me tranquilamente a comer enquanto ia observando outras pessoas em volta. Os casais, as mulheres bonitas, na mulher da limpeza que passava com o carrinho, as pessoas que se sentaram depois ao meu lado a comer mac-merda enquanto eu já estava a fazer tempo lendo o último livro que comecei a ler. Entretanto a hora aproximava-se e lá fui fazer o xixinho dirigi-me para a sala.

Entrei, olhei em volta, e já estava muita gente sentada. Sentei-me ali perto da entrada, mais ou menos ao mesmo nível e a meio do ecrã e fiquei à espera de ser surpreendido. E gostei. Ri-me até por diversas vezes com esta comédia romântica de época francesa. Saí a sorrir, agradado com o espetáculo, e a pensar que, afinal, ir ao cinema sozinho não dói.

domingo, 2 de julho de 2017

As nossas rotinas dão poemas e filmes

Durante o dia apanhei na rádio - por duas vezes! - o programa CineMax, e daquela revista dos filmes que estão em cartaz, só um acabou por me captar a atenção. E começou por prender-me a atenção por causa do nome Jim Jarmusch, porque o último filme que tinha ido ver - sim já foi há muito tempo! - foi precisamente deste realizador, mas também já tinha visto pelo menos um outro, o "Homem morto".

E por grande coincidência, ao fim da tarde, uma amiga minha pergunta-me se não quero ir ao cinema ver o filme Paterson, precisamente o tal filme que me tinha chamado a atenção, e que tinha ficado a saber no programa, que se tratava do relato do quotidiano de um casal, durante uma semana. 


Escolhemos uma sala de um teatro onde eu nunca tinha estado, em detrimento das salas mais confortáveis dum num grande centro comercial, sem direito a pipocas nem refrigerante cancerígeno, nem a stress para estacionar o carro ou enorme bicha para a bilheteira.

Eu gostei do filme:

      

Não nos conta uma história com princípio e fim, conta-nos simplesmente o dia-a-dia, de Segunda-feira a Domingo, na vida de um de casal comum, desde o momento em que Paterson (Adam Driver) acorda, sempre depois das seis horas, mas sempre (como eu) sem despertador, até ao fim do dia, em que pega no cão Marvin (que a mulher terá querido comprar porque agora está muito na moda) e vai dar o seu passeio noturno, parando sempre no mesmo bar onde bebe a sua cerveja, e quando a sua cerveja chega ao fim ele sente-se feliz. Volta para casa, para no dia seguinte ter um dia exatamente igual ao anterior

O filme mostra-nos que a beleza da vida está nas pequenas coisas, nos pequenos detalhes. 

Paterson é motorista de autocarro na cidade onde nasceu e que se chama também Paterson. Todos os dias sai de casa, com a sua lancheira na mão, daquelas típicas que se vê nos filmes americanos, feitas de chapa (da marca Stanley, pormenor completamente irrelevante em que reparei) onde guarda a sande que a sua bonita, criativa e sonhadora mulher Laura (Golshifteh Farahani) lhe faz todos os dias, e onde vê a fotografia dela (que ela lá terá colocado) sempre que abre a tampa da lancheira. 


Peterson é motorista de autocarro numa cidade chamada Peterson. Peterson é também um livro de poemas escrito por William Carlos Williams que Peterson, o motorista, leu e tem na sua estante, juntamente com muitos outros livros só de poesia. No bar, o dono, coloca na parede todos os recortes de jornais de gente famosa que se relacionam com a pequena cidade Peterson, que nunca terá direito a autocarros novos. 

Certo dia o autocarro avariou. Não, "não explodiu numa bola de fogo", foi só um problema elétrico. E então Peterson tinha de contactar a empresa para rebocar o autocarro e uma menina perguntou-lhe se ele não tinha um smartphone, ao que ele respondeu que não. Ela ofereceu-lhe o seu para ele telefonar, que tinha um formato de boneco de criança. "Se calhar deverias comprar um", disse-lhe em casa a mulher. Ao que ele respondeu: "Durante milhões de anos o mundo viveu bem sem eles". Já a sua mulher tem computador portátil, Iphone, Ipad e essas bugigangas eletrónicas todas. 


Peterson é um motorista de autocarros,  mas é também um poeta. E em todos os tempos mortos, Peterson pega no seu caderninho secreto e põe-se a escrever poemas, que nem rimam, tal como ele gosta. No início da semana ele começa a escrever um poema para a sua mulher, e se é para ela, como ele diz, então é um poema de amor, mesmo que comece a descrever os fósforos preferidos do casal.  


A mulher há muito que insiste com ele, que ele deveria fazer alguma coisa com aqueles poemas, que ele guarda secretamente, até mesmo dela. E ela acha que "todo o mundo deveria conhecer". E isto deixou-me a pensar na minha última querida namorada... Também ela achava que eu deveria fazer qualquer coisa com a minha escrita, pois achava mesmo que eu escrevia muito bem, apesar de eu sempre lhe ter dito que achava que não, que só sabia escrevinhar, não sabia escrever. Pus-me também a pensar em todas as pessoas anónimas, com quem nos cruzamos todos os dias, pessoas com quem até podemos trabalhar e que pensamos que conhecemos, mas que não sabemos que, por baixo daquela camada da rotina de todos os dias, e muitas vezes de empregos pouco relevantes, escondem-se pessoas com dons que ninguém imagina. Um simples motorista de autocarros, pode ser um grande poeta e ninguém sabe. Nem ele mesmo. 


sábado, 31 de dezembro de 2016

A recusa em aceitar uma vida de infelicidade


Acho que compreendo o que sentes por este livro. Dantes também me custava a engoli-lo. Quando o li no liceu, achei a Madame Bovary uma parva. Casou com o homem errado, faz parvoice atrás de parvoíce...Mas quando o li desta vez, apaixonei-me por ela. Ela está encurralada, mas tem uma alternativa. Pode aceitar a vida de infelicidade, ou pode lutar contra ela. E ela escolheu lutar.



E que luta..! Meter-se na cama com qualquer um que lhe diga olá!
No fim acaba por falhar, mas há algo de belo e heróico na rebelião dela. Os meus professores matavam-me se me ouvissem dizer isto, mas... À sua maneira estranha, a Emma Bovary era uma feminista.
Que bonito!Então enganar o marido faz de ti uma feminista?
Não... Não é o enganar. É a fome. A fome duma alternativa, e a recusa em aceitar uma vida de infelicidade.


Litle Children / Todd Field / 2006

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Ainda há Relações que Duram

Por estes dias via o filme "Woodsman" com Kevin Bacon e uma outra atriz, Kyra sedgwick, que até achei alguma piada. A senhora trabalhava numa serração, usava um lenço na cabeça a prender o cabelo, manobrava um empilhador com grande destreza e tinha um carro todo-o-terreno. Certamente que não era a senhora tipicamente feminina, com maquilhagem e saltos altos. Mas eu achei-lhe muita piada e fui investigar. 

O nome Kyra Sedgwick não me dizia absolutamente nada apesar da cara não me ser estranha... mas há tanta mulher loira na indústria cinematográfica, sei lá, podia estar a confundir com outra parecida ou então até já me ter cruzado com ela antes num outro filme qualquer.

Via Pinterest
Mas o que me chamou logo à atenção, foi saber que ela é casada com o próprio Kevin Bacon. E mais interessante ainda, foi saber que eles estão casados há mais de 28 anos!

Um casal de Hollywood, bonito, que se deve cruzar com inúmeras outras pessoas, um caminho fácil de perdição, e que se mantêm juntos, firmes há vinte e oito anos...

Mas a história vai de encontro a um teoria em que eu acredito cada vez mais: há pessoas que circulam sempre muito perto de nós, e que terão de obrigatoriamente se cruzar connosco. Comigo isso tem acontecido muitas vezes. 

E também aconteceu com eles. Nos anos setenta, ele tinha 19 anos, e estava a fazer uma peça de teatro, e na plateia estava uma menina de 12 anos que gostou logo muito dele. Claro que, por causa da diferença de idades - naquelas idades - nada se passou, mas viriam de novo a encontrar-se, uns anos mais tarde e casaram em 1988.

Estão juntos há mais de trinta anos, pois como é lógico não se apaixonaram num dia e casaram no dia seguinte. Há gente que, contra todas as expectativas, está junta há imenso tempo, e depois todos nós ouvimos falar nos quatro meses da paixão, na crise dos sete anos... E eles têm dois filhos estão juntos há mais de 30 anos!! 



Acho que são este tipo de casais que ainda alimentarão a esperança daqueles que ainda acreditam no amor ou que a sua relação possa fazer parte daqueles clube muito restrito que fica junto para sempre. Mas a realidade é muito dura... Em Portugal, a cada ano que passa, somos campeões europeus do divórcio e em cada 100 casamentos há 70 divórcios... 

Mas então qual é o segredo? Num vídeo que encontrei por mero acaso, a atriz e produtora fala em sorte de encontrar a pessoa certa, mas menciona também a questão das prioridades.

"Há tantas outras partes das nossas vidas, mas é importante quando temos as mesmas prioridades e sabemos que a nossa relação está sempre em primeiro lugar". (aplauso)