Já tinha feito muita coisa sozinho. Já tinha ido a festivais de música e a concertos, e a inúmeros de outros eventos sozinho, mas curiosamente, e vá lá saber-se porquê, nunca tinha ido ao cinema sozinho. Talvez porque cedo associamos o ato de ir ao cinema, naquela grande e escura sala, na maior parte das vezes muito barulhenta, a algo que se faça, pelo menos a dois, e quantas vezes associado às primeiras descobertas de mãozinhas a desvendar a anatomia desconhecida. E talvez tenhamos metido na cabeça que, sem companhia, não faça sentido ir ao cinema. O que não deixa de ser parvo, até porque ver um filme acaba por ser um ato solitário, pois enquanto estamos a ver um filme não estamos (ou ninguém deveria) estar a conversar sobre o desenrolar da ação do filme. Quanto muito conversa-se depois no final, quando as luzes se acendem.
Talvez a dificuldade em ir sozinho ao cinema, precisamente por na nossa memória coletiva associarmos a um evento a que não se vai sozinho, resida no facto de não querermos assumir publicamente que, em determinado momento das nossas vidas, não tínhamos ninguém que pudesse ir connosco. Mas não deixa de ser estúpido visto que nós podemos ir ao cinema sozinhos pelos mais variados motivos, e nenhuma daquelas centenas de pessoas anónimas sabe nem está minimamente interessada em saber porquê.
Eu tinha um convite para duas pessoas para uma antestreia e até fazia mais sentido que aproveitasse para levar mais alguém mas levei-me só a mim mesmo. Não gastei dinheiro no bilhete, gastei mais no jantar. Escolhi o sítio naquela praça de alimentação de centro comercial e sentei-me tranquilamente a comer enquanto ia observando outras pessoas em volta. Os casais, as mulheres bonitas, na mulher da limpeza que passava com o carrinho, as pessoas que se sentaram depois ao meu lado a comer mac-merda enquanto eu já estava a fazer tempo lendo o último livro que comecei a ler. Entretanto a hora aproximava-se e lá fui fazer o xixinho dirigi-me para a sala.
Entrei, olhei em volta, e já estava muita gente sentada. Sentei-me ali perto da entrada, mais ou menos ao mesmo nível e a meio do ecrã e fiquei à espera de ser surpreendido. E gostei. Ri-me até por diversas vezes com esta comédia romântica de época francesa. Saí a sorrir, agradado com o espetáculo, e a pensar que, afinal, ir ao cinema sozinho não dói.
Talvez a dificuldade em ir sozinho ao cinema, precisamente por na nossa memória coletiva associarmos a um evento a que não se vai sozinho, resida no facto de não querermos assumir publicamente que, em determinado momento das nossas vidas, não tínhamos ninguém que pudesse ir connosco. Mas não deixa de ser estúpido visto que nós podemos ir ao cinema sozinhos pelos mais variados motivos, e nenhuma daquelas centenas de pessoas anónimas sabe nem está minimamente interessada em saber porquê.
Eu tinha um convite para duas pessoas para uma antestreia e até fazia mais sentido que aproveitasse para levar mais alguém mas levei-me só a mim mesmo. Não gastei dinheiro no bilhete, gastei mais no jantar. Escolhi o sítio naquela praça de alimentação de centro comercial e sentei-me tranquilamente a comer enquanto ia observando outras pessoas em volta. Os casais, as mulheres bonitas, na mulher da limpeza que passava com o carrinho, as pessoas que se sentaram depois ao meu lado a comer mac-merda enquanto eu já estava a fazer tempo lendo o último livro que comecei a ler. Entretanto a hora aproximava-se e lá fui fazer o xixinho dirigi-me para a sala.
Entrei, olhei em volta, e já estava muita gente sentada. Sentei-me ali perto da entrada, mais ou menos ao mesmo nível e a meio do ecrã e fiquei à espera de ser surpreendido. E gostei. Ri-me até por diversas vezes com esta comédia romântica de época francesa. Saí a sorrir, agradado com o espetáculo, e a pensar que, afinal, ir ao cinema sozinho não dói.
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