Ainda me lembro bem. Estávamos em Agosto de 2005.
(Sim, grandes incêndios não é de agora. Tem décadas. Os eucaliptos também.)
Francisco Louça insurge-se na Assembleia da República contra a cobertura televisiva dos incêndios em Portugal. E lembrou o antigo líder do Bloco de Esquerda que, em muitos outros países, as televisões não mostram as imagens das chamas. Fazem as suas reportagens, e cumprem o seu dever de informar, mas nunca mostram as imagens, pois, como se sabe, as imagens dos incêndios são um incentivo para os pirómanos. Como em tudo, é o efeito imitação.
Mas curiosamente, na altura, António Costa (atual primeiro-ministro) e ministro da administração Interna da altura, disse que era "errado os agentes políticos pronunciarem-se sobre este assunto". No entanto lembrou que, por exemplo, em Espanha, "há um acordo estabelecido segundo o qual não há exibição de chamas. Muito menos existe um pivot de telejornal com chamas em fundo".
Na sequência destas declarações, o diretor de informação da RTP, Luís Marinho afirmou que "temos de ver refletir e ver o que fazer". Ainda assim, e apesar do serviço público a que está obrigado o canal do Estado, lembrou que a fazer-se algo teria que ser a três, entre a RTP, SIC e TVI.
Só que os canais privados não quiseram fazer este pacto para ajudar a travar este flagelo. E se um ou dois pirómanos não se sentissem motivados a provocar incêndios, estou em crer que já seria uma vitória para todos.
Mas esta gente, que não faz a mínima ideia do que seja jornalismo, e que se limita a cumprir uma determinada ideologia e determinada linha editorial, vive e respira para as audiências e dá às pessoas o que de pior pode haver, e relatar os dramas individuais, de quem tudo perdeu, na sequência de um incêndio, é um prato cheio.
O senhor Presidente da República, figura decorativa da democracia portuguesa, veio dizer - de forma despropositada - dizer que não se recandidataria a um segundo mandato caso voltássemos a ter uma tragédia este ano com os incêndios.
Então e os diretores das Televisões? Lavam as mãos?
Pois é...
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