sábado, 31 de dezembro de 2022

Pista Sobre uma Morte Inesperada

 

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Foi no verão de 2018 que acordei morto num quarto de Hotel. E, não sei como é com o resto das outras pessoas e se têm a mesma sensação do que eu, mas na minha vida parece que tudo se repete e volta a repetir - e é curioso que ainda hoje fiquei a saber que aquela cantora Claudisabel, que recentemente morreu de acidente de viação, já tinha dito que havia tido um outro no passado, e que lhe deixou sequelas - e também eu, lá voltei a morrer da mesma forma absolutamente estúpida. 

Tinha acabado de chegar ao quarto com a cabeça aberta e toda ensanguentada. Trouxe gelo. Mas mais importante, ainda me lembrei de escrever um bilhete a explicar o sucedido: "bati na mala e abri a cabeça". 

Já sabia que havia a possibilidade de acordar morto e depois como é que ia ser? Iam dar comigo com a cabeça toda ensanguentada. Ia ter que vir a polícia judiciária e chatear os meus pais e os meus colegas do ténis-de-mesa iam ser suspeitos, afinal, tinham sido as últimas pessoas que me viram vivo. E quem é que iria ser suspeito de me ter dado uma bordoada na cabeça? E porque motivo? Nunca ninguém iria desvendar o mistério! Isto ia ser pior do que o filme da Madeline McCann! Assim o mistério estava já desfeito numa folha branca com letras maiúsculas. Uma pessoa assim morre descansada!

Já era quase meia noite quando me lembrei que no dia seguinte tinha combinado de ir entregar as rodas do meu Scarlet. E ainda por cima ia trabalhar no dia seguinte, o último dia de trabalho de 2022, depois de uns dias de férias meio compulsivas, porque, voluntariamente, nunca me lembraria de gastar os poucos dias de férias que temos, ali entre o Natal e o ano novo. E lá as fui buscar aquela hora para não o ter que fazer na manhã seguinte antes de ir para o trabalho.

O impacto foi tão violento que percebi de imediato que a situação era grave. Meti a mão na cabeça e esta veio pintada de vermelho. Tinha aberto a cabeça e feito um belo dum hematoma, Enfiei a cabeça debaixo da caleira, e ali fiquei, durante uns minutos, a lavar a cabeça com água da chuva a jorrar por cima da cabeça tentando estancar a hemorragia.

Fui para casa, não incomodei ninguém. Meti-me na cama e esperei pelo sono profundo.

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