domingo, 11 de dezembro de 2022

Reencontros com Desconhecidos


Ao longo da minha vida estive sempre muito ativo nas idas aos Correios. 
Esta 6a feira, dia seguinte ao feriado, acabei por sair um pouco mais tarde do trabalho e ainda queria passar no hipermercado para trazer uma coisa para a minha mãe. E como o posto dos correios que utilizo é um daqueles em que só lá está uma pessoa e que até está fechado nas pontes, acabei a perguntar ao segurança do centro comercial se por aí havia uma loja dos CTT e havia e até me vai dar muito jeito porque só fecha às 20h.

Antes de ir aos correios ainda passei por uma cena a destilar testosterona, ou melhor, estrogénio com duas mulheres pegadas no acesso às caixas de auto-pagamento. Gerou-se uma confusão e discussão e fiquei sem perceber se afinal aquilo é fila única para todas as caixas ou fila individual para cada caixa. Percebi no entanto que as pessoas andam sempre com muita pressa. Pressa para chegar a algum lado.

Cheio de pressa fui eu ao parque de estacionamento buscar dois embrulhos ao carro, que mais parecem pacotes droga, mas na verdade são livros. Continuo a comprar muitos livros mas também vou vendendo alguns. Se calhar um dia destes 

E afinal não precisava de pressa pois como referi a loja dos CTT no centro comercial só fecha às 20h. Tinha seis pessoas à minha frente, estavam duas a atender, um homem e uma mulher, ainda que, passado poucos minutos o senhor tenha abandonado o seu lugar. 

Ali fiquei a fazer tempo, não saquei do telecrã e com isso pude, por exemplo, consolar a vista nas curvas do corpo de uma jovem que acabava de chegar. Calças justinhas a salientar a proeminência dumas nádegas, que, atendendo à juventude presumi firmes. E um casaco igualmente preto, tal como as calças, mas ao contrário destas bastante enfolipado, quase parecendo uma boneca da Michelin. Cabelos curtos, escuros, tal como os olhos e um rosto largo, bem delineado pelo artista que a desenhou.

Pude também reparar melhor na senhora da caixa. "Mas eu reconheço aquela cara", pensei. "Será que era da Areosa ou ainda antes, já no final dos anos noventa do Freixieiro? 
E devo-lhe dizer que a reconheço ou será impróprio? Fiquei ali a debater-me, tentando-me lembrar até que o sinal sonoro chamou por mim. 

"Eu sei que devia ter atado com um fio porque são livros, mas se quiser pode abrir para confirmar..."
Ela foi simpática, e, conversa vai, conversa vem, acabei a dizer-lhe que a estava a reconhecer e, na verdade ela esteve, como suspeitei, em ambos os sítios!

"Nós rodamos muito!..."

No final dos anos noventa ela deveria receber as minhas cartas para a minha correspondente da altura, que anos depois se tornaria na primeira namorada, pelo menos a primeira oficial. E anos depois receberia os meus envios desde que me tornei numa espécie de "cigano cibernético" em que importava cenas lá fora e revendia cá. Tempos em que ainda não havia Amazon, AliExpress, Paypal...

"Está tudo bem contigo"?

Sim, "vai-se andando", "nunca pior"! E consigo tudo bem?

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