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sábado, 7 de junho de 2025

Os Números da Nossa Vergonha

Vou começar por este número mágico:

Acabar com a Pobreza custaria 1,3% do PIB

"Em Portugal, 1,761 milhões de pessoas vivem com menos de 632 euros por mês. Uma em cada dez famílias vive em pobreza extrema. E um em cada quatro pobres trabalha a tempo inteiro. Sem as transferências sociais, mais de 40% da população estaria naquela condição. Mas, afinal, quanto “custaria” erradicar este flagelo, no sentido de subir os rendimentos daqueles quase dois milhões de portugueses ao limiar de pobreza? Cerca de 3,5 mil milhões de euros, aproximadamente 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional". (Jornal de Notícias 4 de Junho de 2025)



Acabar com a Pobreza ou gastar quatro vezes mais em armas?




"As empresas em Portugal gastam em média 14% em salários".


"Empresas estrangeiras em Portugal pagam mais 61% dos que as portuguesas"

Um estudo publicado na Revista de Estudos Económicos do Banco de Portugal (BdP), com base em dados de 2014 a 2022, conclui que as multinacionais, em média, pagam salários médios quase 61% mais elevados, são cerca de 57% mais produtivas, utilizando a produtividade do trabalho, e 65% utilizando a receita por trabalhador.


O preço dos produtos alimentares básicos subiu, em média, 35% desde 2022. O aumento está acima do verificado no salário mínimo nacional, que cresceu 23,4% no mesmo período:


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Política é fazer opções, é onde aplicar o dinheiro dos impostos que todos pagamos. E eu olho para este cenário e vejo que tudo é demasiadamente mau. As pessoas não têm juízo nenhum na cabeça, comem as barbaridades que se diz nas televisões - e por isso eu sempre fui contra a democracia - e depois escolhem para as representar quem lhes vai meter o pé no pescoço. E andamos eternamente nisto. 

Vêm com a cantilena falsa que as empresas não podem aumentar salários senão vão todos à falência mas ficamos a saber que o custo da exploração da mão de obra dos trabalhadores custa às empresas essa enorme quantia de 14%!

Depois vendem a cartilha que o nosso problema são os impostos, que se baixassem os impostos todos ganhávamos mais, mas ficamos a saber que as empresas estrangeiras chegam cá a Portugal e, pagando os mesmos impostos que as empresas portuguesas, pagam logo à cabeça mais de 60% que as empresas portuguesas. 

Sim, eles defendem que devemos baixar os impostos mas é para as empresas pagarem menos impostos e lucrarem muitos mais milhões. Os trabalhadores que se fodam, que fiquem na miséria e continuem a receber cada vez menos, porque o aumento do salário mínimo não acompanhou sequer o aumento do custo do cabaz de alimentos básicos. 

Podíamos facilmente acabar com a pobreza em Portugal, mas ah e tal, como um país pobre, mas depois vamos gastar quatro vezes mais do que isso na indústria da morte, e comprar armamento aos americanos para ver se eles melhoram a economia deles porque estão todos fodidos. 

É simplesmente revoltante o estado de coisas atual e estar rodeado de atrasados mentais que não sabem pensar e que, por causa disso, e dessa coisa linda da "democracia"  (mas não há democracia sem pessoas bem informadas e que votem de forma esclarecida) acabam por nos prejudicar a todos. Voltarão a torcer as orelhas, mas depois não valerá a pena chorar. 

terça-feira, 12 de outubro de 2021

Há Patrões que Não Querem Trabalhar


Por estes dias muito se tem falado e ouvido que há muitos empregos sem um único candidato, e vários empresários deste país, a queixar-se que as pessoas não querem trabalhar, que preferem ficar em casa com subsídios do que aceitar um trabalho. Coitados, não conseguem encontrar trabalhadores para a agricultura ou para as vindimas, trabalhos tão bons e bem remunerados.  

Eu gostaria de deixar aqui uma mensagem de solidariedade para com estes empreendedores porque eu compreendo-os muito bem. Também eu tenho andado por aí com 665€ na mão, a querer comprar o novo Land Cruiser, e acreditam que ninguém mo quer vender?

É mesmo revoltante. Há pessoas que, de facto, não querem mesmo trabalhar nem fazer dinheiro. Preferem ficar lá com os carros empatados do que vender por um preço perfeitamente justo e aceitável. Mais, eu até me sujeito para ser pago e ficar com o carro - tal como muitos trabalhadores se sujeitam a pagar para trabalhar a recibos verdes - mas nem mesmo assim me querem vender o raio do carro. 

sexta-feira, 14 de junho de 2019

Salário Acessível

Na entrevista de emprego:

- Então diga-me lá, e quanto é que está a pensar ganhar?

Bom, olhe, para dizer a verdade eu nem sou muito exigente, porque para mim o dinheiro não é tudo na vida. Estava até a pensar meramente num salário acessível, que ao menos desse para pagar uma renda acessível. Um salário acessível de vinte e cinco, trinta mil euros anuais já me parece razoável. 





domingo, 5 de maio de 2019

Há Profissões que Justifiquem Diferenças Salariais Tão Grandes?

Nos últimos tempos temos sido confrontados com sucessivas greves e contestações, em que diferentes profissões (maioritariamente vindas do setor Estado) reivindicam melhores salários. São os enfermeiros, os médicos, os professores, os juízes, etc. Na verdade é tudo gente que trabalha imenso e ganha muito pouco! Suponho que lixeiros, auxiliares, e indiferenciados ao serviço do Estado ganhem mesmo muito bem, porque desses nunca ouço dizer que estão em greve.  

E o que eu acho é que os salários deveriam ter diferenças mínimas. Sim, mínimas e não como se vê em Portugal, que temos das maiores diferenças salariais na Europa, e pelos vistos irão aumentar ainda mais.



“Ah, mas eu sou juiz, tive que aprender a aplicar a lei da idade média e a favorecer a maçonaria e os ricos. Tenho muita responsabilidade, tenho até que ganhar mais que o primeiro-ministro”.

“E eu que sou enfermeiro ou médico, tenho que ganhar muito mais que os outros porque estudei muitos anos e sou doutor”.

Pois é, uns acham que precisam de ganhar muito mais que os outros (a eterna guerra de classes em que cada um só olha para o seu umbigo) mas depois vêm uns tipos que até podem só ter a quarta classe, mas que conduzem uns camiões, e se esses tipos se recusam a trabalhar, os juízes, médicos, enfermeiros, professores, deputados (que parece que também ganham muito mal no nosso país), toda essa gente fica em casa e não pode ir trabalhar porque não há combustíveis nas bombas. 

Então por essa lógica de pagar muito a uns e mal a outros, pela “importância”, então digam-me lá qual é mais importante: um juiz, um médico, um deputado, um professor, ou um motorista de matérias perigosas que pode simplesmente paralisar o país?

Quem sabe o que é uma linha de produção, sabe que tão importante é o tipo que aperta parafusos, como o que está no fim a fazer o controlo de qualidade. E numa linha de produção, dependem todos uns dos outros. A linha de produção (e a empresa) vale sempre por aquilo que o trabalhador mais lento fizer! De nada adianta ter cinquenta trabalhadores muito rápidos, se um for muito lento. Todos dependem uns dos outros, todos têm que se ajudar, tudo tem que funcionar verdadeiramente em equipa. 

E para mim, uma sociedade é como uma linha de produção. Todos dependem uns dos outros. Todos são importantes. Hoje não fazemos troca direta de produtos, como antigamente, existe o salário em  dinheiro (e não em sal), mas todos são precisos, todos são importantes. Só numa sociedade muito injusta é que se permite que 1% das pessoas tenha tanto dinheiro como todas as outras juntas. Os ricos são muito ricos, mas se os pobres deixarem de trabalhar para eles, todo o dinheiro que eles possam ter no banco não vale nada! E nem sequer podem limpar o cu às notas porque todos esse dinheiro é virtual, são zeros e uns e não existe na realidade.

E num país justo, nunca que poderia haver pessoas a ganhar cinco, dez, vinte, cem salários mínimos ou cem vezes mais. Porque não há nenhuma pessoa, por melhor que seja, que valha por outras cem. 

sábado, 5 de janeiro de 2019

Os Salários que o Correio da Manhã Oferece

Esta semana, apesar do desemprego ter caído para níveis históricos (o mais baixo dos últimos dez anos) o escarro jornalístico mais vendido no país, veio de novo com a notícia que os portugueses não querem não sei quantos milhares de empregos e que há não sei quantos mil que recebem subsídio de desemprego:




E de repente lembrei-me dos salários que o Correio da Manhã oferecia há não muito tempo (2013). A notícia correu pelas redes sociais:



Depois de, em Janeiro, ter anunciado através do Facebook que seria a nova correspondente da Correio da Manhã TV e do CM Jornal de Vila Real, cabe-me utilizar a mesma via para atualizar a informação. Decidi não continuar no projeto.

Para que não restem dúvidas, depois de ter assinado contrato e de ter tido as melhores críticas na formação da empresa, fui informada que, além de ser, na altura, a única pessoa no país que iria desenvolver uma espécie de “one woman show” (repórter de imagem, editora de imagem, jornalista de tv, jornalista de imprensa e fotógrafa,) para as áreas de Vila Real e Bragança, e que “sobre folgas falamos lá para 2017”, também seria a única pessoa no país a utilizar viatura própria e a ter de suportar com o meu ordenado - de 680 euros, a recibos verdes – os gastos associados ao desgaste do carro. Ou seja, a Cofina propôs-me o trabalho de cinco profissionais pelo preço de um – 680 euros é o que vai pagar aos restantes colaboradores, contratados no mesmo sistema, mas “apenas” com uma das funções – e o pagamento de 18 cêntimos por quilómetro, quando paga, em média, 30 cêntimos por quilómetro aos colaboradores freelancer.

Não se preocupem, contudo, os futuros espectadores do novo canal, pois a empresa já arranjou novos colaboradores para os dois distritos. Quase fizeram tão bom negócio como teriam feito comigo. Um dos profissionais vai receber à peça e ao outro, além da avença mensal, vai ser pago apenas o combustível.

Resta-nos a esperança de que, com o que vai poupar com os jornalistas no terreno, o canal tenha capital suficiente para primar pela qualidade e pela diferença, para se poder assumir, como afirma, o novo canal líder generalista. Nós, espectadores, críticos e empresas de medição de sondagens, cá estaremos para o comprovar.


De facto é inadmissível como é que há portugueses a recusar-se a pagar para trabalhar. É o fim do mundo e merece destaque de primeira página!

domingo, 16 de setembro de 2018

Bem-vindos Às Falsas Promessas do que Seria o Trabalho no Século XXI

Quando eu era miúdo prometiam-nos uma vida muito melhor. Diziam-nos que num futuro próximo as máquinas de escrever iam ser substituídas por computadores e imaginem que até se dizia que o papel iria desaparecer. Infelizmente o papel não desapareceu, e por causa disso temos um país infestado de eucaliptos. Diziam também que iríamos ter de trabalhar muito menos horas por dia e com os computadores até se poderia passar a trabalhar de casa.

As novas máquinas vieram, e hoje, ao contrário de quando era criança, em que basicamente a maioria das pessoas só tinha uma motorizada para se deslocar, hoje, toda a gente tem o seu carro, dois ou mais até, ou pelo menos um para cada elemento do agregado familiar. Hoje, ao contrário do tempo em que era criança, todos já têm o seu computador de secretária ou portátil, têm dois ou três, e todos até têm o seu telemóvel com acesso à internet. A indústria sofreu uma verdadeira revolução e até aí estão os robots para, supostamente, substituir os humanos. Mas afinal, até que ponto a nossa vida mudou verdadeiramente para melhor? A vida mudou realmente para melhor, ou as pessoas passaram a ter de trabalhar muito mais para comprarem as merdas que o capitalismo meteu na cabeça das pessoas não podem sem as ter? 

Pois é. Afinal todas as promessas não passaram de mentiras deslavadas e continuamos a ter de trabalhar de sol a sol, tal como antigamente. Simplesmente já não nos levantamos com o sol com uma enxada na mão para ir cavar. A única coisa que mudou foram os objetos dos escravos trabalhadores. Se antigamente os trabalhadores usavam foices e martelos, hoje vão para a jorna de trabalho (olha o Google nem sabe o que é jorna e sublinha como se fosse erro!) e vão para a jorna dobrar roupa, estar o dia todo, de pé a passar códigos de barras ou de telefone na mão a atender clientes ou a impingir-lhes serviços. As ferramentas foram a única que mudou.

De resto, continuamos a ter que trabalhar de sol a sol, oito horas por dia. Talvez hoje ainda se trabalhe mais, visto que antigamente as pessoas só se levantavam com o sol, e hoje, graças aos carros, já todos poderemos ir trabalhar para bem longe de casa, nem que para isso tenhamos de sair de noite, e percamos duas horas de viagem, todos os dias e viagens essas que os patrões não pagam. Mas depois as pessoas revoltam-se é com a mudança da hora! Se trabalhássemos duas horas de manhã e duas horas de tarde, alguém andava a discutir se era preciso ou não mudar a hora? Andamos sempre a discutir o que não interessa para nada, em vez de exigirmos as mudanças que interessam verdadeiramente. 


Sim, o futuro chegou, a nossa realidade mudou e foi higienizada, e tomamos dois ou três banhos por dia, mas ao contrário do que se pensa, a nossa realidade mudou para pior. Acham que não? Então pensem um bocadinho. Hoje já ninguém se reforma aos cinquenta anos, ao contrário do tempo em que era criança. Hoje, em pleno século vinte e um, vamos ter de trabalhar em prol de outro ser humano, não até aos cinquenta anos mas sim até morremos! Quão espetacular é isso, trabalhar até morrer? E vamos ter de trabalhar até morrer porque não vai haver dinheiro para pagar as reformas. Mas dizem-nos até, como se nós fôssemos muito burros, que é por causa da "esperança média de vida"! Maldita esperança média de vida que deveria era de diminuir para não sermos obrigados a trabalhar, sem forças, até aos setenta anos! E dizem-nos ainda, como se fôssemos muito burros, que temos de fazer muitos bebés para que depois, quando eles crescerem, nos possam pagar as reformas que não vamos ter porque não há dinheiro para as pagar!

Quando eu era criança, maioritariamente só o homem o trabalhava e o dinheiro de uma só pessoa chegava para construir uma casa. Acham que estamos melhor hoje? Hoje quase nenhum jovem terá dinheiro para comprar um terreno e construir uma casa! Antigamente a mulher ficava em casa a tomar conta dos filhos que não precisavam de infantários nem de amas. Eram verdadeiramente educados pelos pais. Hoje são educados por quem? Eu vou ter um filho para quê? Para ter de pagar para os outros o educarem? Antigamente as crianças brincavam livremente, tal como eu brinquei, sem horários, pelo menos até aos seis anos de idade, quando então tínhamos de ir para a escola primária.  

Hoje trabalha o homem, trabalha a mulher e aos seis meses as crianças vão para a ama ou para o infantário que é mais uma despesa no orçamento familiar. As pessoas correm de um lado para outro, as crianças correm de um lado para o outro. As pessoas não têm tempo nem pachorra para se ouvirem. Não têm disponibilidade física nem mental para ainda chegar a casa, depois de um longo dia de trabalho, e terem de fazer as tarefas domésticas, cuidar dos filhos, ouvir os problemas do cônjuge ir para a cama e ainda ter vontade fazer sexo. Temos setenta, repito, 70% de divórcios e as crianças além de correrem de um lado para o outro por causa das dezenas de atividades que os pais agora as obrigam a fazer, têm ainda de correr de casa da mãe para casa do pai por causa da guarda partilhada. E há uma nova geração de gente que cresceu em famílias disfuncionais, que mais não foram que armas de arremesso entre pais e mães. 

A vida supostamente melhor que o século vinte e um prometia, no final de contas, é ser ainda mais escravo do trabalho e ter cada vez menos tempo. É trabalhar mais horas, é fazer mais horas-extra que agora deixaram de ser pagas porque se inventou uma coisa chamada banco de horas, e é trabalhar de noite com menos horas de subsídio noturno (muito obrigado aos senhores Passos Coelho & Paulo Portas), e é, por exemplo, trabalhar sábados e domingos no turismo, que em Portugal está a fazer dinheiro como ninguém faz no mundo, e ter um salário principesco de 620€. Repito: 620€ para trabalhar aos sábados e domingos!!  E é viver num dos países da Europa onde os patrões se aumentam a si mesmos 40%  em três anos, mas onde ironicamente os escravos, perdão, é a força do hábito, onde os trabalhadores (que agora lhes chamam colaboradores) são os menos aumentados da Europa.