Nos últimos tempos temos sido confrontados com sucessivas greves e contestações, em que diferentes profissões (maioritariamente vindas do setor Estado) reivindicam melhores salários. São os enfermeiros, os médicos, os professores, os juízes, etc. Na verdade é tudo gente que trabalha imenso e ganha muito pouco! Suponho que lixeiros, auxiliares, e indiferenciados ao serviço do Estado ganhem mesmo muito bem, porque desses nunca ouço dizer que estão em greve.
E o que eu acho é que os salários deveriam ter diferenças mínimas. Sim, mínimas e não como se vê em Portugal, que temos das maiores diferenças salariais na Europa, e pelos vistos irão aumentar ainda mais.
“Ah, mas eu sou juiz, tive que aprender a aplicar a lei da idade média e a favorecer a maçonaria e os ricos. Tenho muita responsabilidade, tenho até que ganhar mais que o primeiro-ministro”.
“E eu que sou enfermeiro ou médico, tenho que ganhar muito mais que os outros porque estudei muitos anos e sou doutor”.
Pois é, uns acham que precisam de ganhar muito mais que os outros (a eterna guerra de classes em que cada um só olha para o seu umbigo) mas depois vêm uns tipos que até podem só ter a quarta classe, mas que conduzem uns camiões, e se esses tipos se recusam a trabalhar, os juízes, médicos, enfermeiros, professores, deputados (que parece que também ganham muito mal no nosso país), toda essa gente fica em casa e não pode ir trabalhar porque não há combustíveis nas bombas.
Então por essa lógica de pagar muito a uns e mal a outros, pela “importância”, então digam-me lá qual é mais importante: um juiz, um médico, um deputado, um professor, ou um motorista de matérias perigosas que pode simplesmente paralisar o país?
Quem sabe o que é uma linha de produção, sabe que tão importante é o tipo que aperta parafusos, como o que está no fim a fazer o controlo de qualidade. E numa linha de produção, dependem todos uns dos outros. A linha de produção (e a empresa) vale sempre por aquilo que o trabalhador mais lento fizer! De nada adianta ter cinquenta trabalhadores muito rápidos, se um for muito lento. Todos dependem uns dos outros, todos têm que se ajudar, tudo tem que funcionar verdadeiramente em equipa.
E para mim, uma sociedade é como uma linha de produção. Todos dependem uns dos outros. Todos são importantes. Hoje não fazemos troca direta de produtos, como antigamente, existe o salário em dinheiro (e não em sal), mas todos são precisos, todos são importantes. Só numa sociedade muito injusta é que se permite que 1% das pessoas tenha tanto dinheiro como todas as outras juntas. Os ricos são muito ricos, mas se os pobres deixarem de trabalhar para eles, todo o dinheiro que eles possam ter no banco não vale nada! E nem sequer podem limpar o cu às notas porque todos esse dinheiro é virtual, são zeros e uns e não existe na realidade.
E num país justo, nunca que poderia haver pessoas a ganhar cinco, dez, vinte, cem salários mínimos ou cem vezes mais. Porque não há nenhuma pessoa, por melhor que seja, que valha por outras cem.
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