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domingo, 8 de dezembro de 2024

O Chega Não Gosta de Presépios

A história de José e Maria e do bebé que nasceu numa manjedoura é a história de uns migrantes, feios e pobres, que viviam graças ao Rendimento Social de Inserção. E no Chega ninguém se gosta de imigrantes pobres que vivem à custa do Estado porque simplesmente não tiveram o empreendedorismo de acreditar e ter nascido numa família rica. Eles que vão mas é para a terra deles! 

No Chega gostam mesmo muito é de imigrantes ricos, esses é que são bons. Imigrantes ricos, fira da Europa mas, que chegam aqui e compram as casas todas. E depois os nossos jovens ou ficam em casa dos pais à espera que eles morram ou têm que emigrar porque nestes tempos atuais que vivemos nem sequer uma casa terão possibilidades de comprar. 


segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

Engordaram Todos!

 



O mundo acordou em choque e o pior confirmou-se. Não há sobreviventes da noite de 24 de Dezembro. Engordaram todos!

domingo, 10 de dezembro de 2023

O Espírito de Natal está No Centro Comercial

 Apenas 15% dos portugueses participam em iniciativas religiosas durante o Natal. Claro que a maioria faz a árvore e o presépio - e coitados dos pinheiros, arbustos e musgo do monte! - mas quase ninguém, provavelmente só mesmo meia dúzia de velhos, é que ainda vai à igreja. 

Mas certamente que 99% dos portugueses vai às lojas porque o verdadeiro espírito de Natal está no Centro Comercial! 




*Notícia publicada no Jornal de Notícias de 10/12/2023

sábado, 7 de janeiro de 2023

Se Deixei de Ser Benfiquista Também Posso Deixar de Comer Bolo-Rei


 Desde pequeno, quando não havia a fartura de hoje, em que se estraga tanto, o que mais adorava pelo Natal, além de estar com o meu avô, ouvir as suas mesmas histórias de sempre, e vê-lo acender o madeiro, era comer bolo-rei. 

Para mim hoje em dia Natal é, basicamente, um dia como os outros, mas dia assinalado no calendário de comer batatas cozidas com bacalhau e beber refrigerante. E se é Natal quando o Homem quiser, também é dia de comer bolo-rei quando o Homem quiser, mas a verdade é que isso não acontece frequentemente. 

Este ano estava meio inclinado a nem sequer comprar bolo-rei porque a verdade é que o bolo monarca anda completamente falsificado, mas, lá acabei a ir comprar a uma pastelaria afamada de Gaia. 

Chego lá e a bicha já estava no passeio da rua. O remédio era esperar. Uns vinte minutos depois lá chega a minha vez e:
- Era um bolo-rei por favor...
 Olhe, desculpe, tem que subir ao primeiro andar...

Puta que pariu! Uma pessoa fica ali imenso tempo para depois ter que subir as escadas e enfrentar nova bicha e esta ainda maior que a anterior! Mas o remédio é continuar a esperar e, passada uma meia-hora, lá comprei um bolo-rei a 16€ o Kg. 

Provou-se depois de jantar e aquela merda era tão boa que eu preferia ter comprado uma broa de milho. Seco, completamente seco, como se estivesse a comer pão com meia dúzia de dias! Era tão intragável que o raio do bolo, para não ir para o lixo, foi comido aquecido com manteiga! Vou chorar aqueles 25€ enquanto me lembrar! 

Em conversa fiquei a saber que não fui só eu. O meu colega de trabalho que também comprou no mesmo sítio levou com a mesma receita e, o chefe, que comprou noutro sítio de Gaia, foi mesmo lá reclamar porque estava intragável, uma massa sem frutos nenhuns. 

Vende-se gato por lebre, batiza-se o vinho e o leite e é sabido que há vendedores a passar louro prensado por ganza. E eu gostaria de saber o que é que andam a meter dentro dos bolo-rei a fazer de conta de que é bolo-rei, porque bolo-rei não sabe assim. 

quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

A Origem do Bolo-Rei (que deixou de ter fava)

"Se calhar a maioria das festas do meu quinteiro teve origem em comemorações remotas adaptadas a novos tempos. Assim, folguedose e costumes da Natividade foram - digamos - a cristianização das saturninas romanas. 

As saturninas, celebradas a 16 e 17 de Dezembro - quando começa a novena de Natal -, eram grandes festejos a Saturno (que, na tradição romana promoveu a paz, trouxe a abundância e ensinou a agricultura aos homens). Tais honrarias celebravam a igualdade entre os indivíduos e davam origem às maiores licenciosidades e liberdades. Incusive dos escravos, a quem tudo permitiam. Rezam as crónicas que pessoas de bem e gent séria até abandonava Roma, ness ocasião, para não serem incomodadas. 

Porém, não só herdámos do passado as grandes festividades - Natal, Páscoa, Entrudo, São João e outras - mas também pequenas tradições, humildes e significativas. É o que caso da fava que aparece no bolo-rei, estranho costume hoje visto ao contrário do seu significado original. A história é assim: o alimento base dos primeiros romanos, camponeses e rudes e sóbrios, tinha o nome de pulmentum, composto de farinha de trigo (ou cevada) e água. No serão que precedia a festa saturnal - que tem evidente analogia com a atual consoada -, era costume comer daquela espécie de pão, em cujas entranhas se escondia uma fava seca. O comensal que, bafejado pela sorte, a recebesse no prato convertia-se no homem principal da comemoração de Saturno. E isto independentemente da sua condição social, já que, por sorteio, a igualdade da condição humana era proclamada.

O crescimento do Império transformou o pulmentum em pão de qualidade e a própria festa saturnal em extensa e imaginativa orgia. Neste novo contexto festivo-luxirioso, os escravos, vestidos como os amos, vinham para as ruas fazer pantominas nas calendas de Januaris, e o velho costume do sorteio gastronómico da fava converteu-se em jogo erótico. Mediante ele elegia-se o rei escravo que encontrasse o fruto seco, aquando da partilha de um grande doce chamado scriblita. O poder daquele "rei por um dia" não era mais do que possuir mulher (ou homem - conforme os gostos) que quisesse escolher, de qualquer condição social. 

Estes saturnais, criticados por Séneca na frase non semper sunt saturnalia (nem tudo são saturnais), foram abolidos após a cristinização do Império, que, todavia, não conseguiu evitar o enraizamento da crença nas virtudes da fava. Desde há mais de 2000 anos ela adquiriu novos cambiantes, deslizando das formulações eróticas e sexuais romanas para as interpretações que atualmente lhe damos: encontrar a fava é pouca sorte, pois implica comprar um novo bolo-rei para a festa seguinte. 

No entanto, mesmo este costume pacífico e amigável não corresponde à lenda cristã sobre a origem do bolo-rei e do uso da fava: aquando do nascimento do Menino-Deus, começaram a chegar a Belém sábios, sacerdotes e magos. Vinham prestar homenagem ao anunciado redentor do mundo. Os magos não chegaram, todavia, a acordo sobre qual deles seria o primeiro a oferecer os presentes ao Menino. Resolveram então fazer um bolo contendo, no interior, uma fava (a continuidade do uso romano). O bolo seria repartido por todos, em partes iguais, e aquele a quem saísse a fava teria sorte de oferecer o presente antes dos outros (é a crença num objeto benfazejo e signo da sorte). 

A lenda não diz a quem saiu. Mas o facto correu de boca em boca e, a partir daí, propagou-se o hábito de cozinhar um bolo com a fava dentro sempre que fosse necessário resolver - pela sorte - qualquer divergência. Posto isto, se lhes sair a fava, em vez de chorarem o que vão ter que pagar, pensem como, há milhares de anos, em Roma, ficaria o felizardo a quem caberia ser rei por um dia - com os atributos e facilidades daí advindas. 

"Vistas do Meu Quinteiro" / Hélder Pacheco (1995)

domingo, 23 de dezembro de 2018

O Natal é Como Uma Dor de Dentes Que Passa com Uma Ida ao Dentista

Banksy
Respira fundo. 

É Natal e já sentes aquela dorzinha irritante desde o Dia-de-Ação-de-Graças-ao-Consumismo-Americano, mas há-de passar. Também a broca do dentista incomoda. É aquele chiar estridente que entra ouvidos adentro, às vezes até cheira a queimado quando perfura o dente, por vezes até magoa ainda que nos digam que estão só a "pôr água", mas no meio daquilo tudo só pensas que é um pesadelo. Um pesadelo que sabes que há-de passar quando acordares e tudo ficará bem. Pagas a consulta e vais à tua vida, porreiro da vida, como novo, sem dorzinha nenhuma. De igual forma também Janeiro há-de chegar num piscar de olhos, e tudo voltará a entrar nos eixos sem luzinhas a piscar, nem musiquinhas insuportáveis por todo o lado; sem multidões nas compras, e sem nenhum desconhecido a desejar-nos "Bom Natal" como se por obrigação tivéssemos todos de ser cristãos. Mas tudo isto há-de passar. 

Não, eu não gosto do Natal. 
Não gosto do Natal porque não gosto de mentiras. Nem de hipocrisia, cinismo, nem deste consumismo desenfreado que não sei onde vai parar.

Natal é mentira.
É desde cedo mentir às crianças que vem aí o menino Jesus dar prendinhas no sapatinho. Entretanto o menino foi despedido pelo capitalismo e substituído pela invenção da Coca Cola: um Pai Natal obeso, vermelho e de barbas brancas que gosta de sentar criancinhas no colo. E o Natal é isto, uma grande mentira. Da comemoração do Solstício passamos à anexação Católica que mente e inventa o nascimento do menino que, se alguma vez existiu (coisa que eu tenho muitas dúvidas) certamente não nasceu a 25 de Dezembro.

Natal é hipocrisia.
É a obrigação que as pessoas têm para fingirem que se lembram dos outros e fingirem que se importam e fingirem que se dão todas muito bem. Não houvesse Natal e parece que as famílias nunca se reuniam, quando as famílias e as pessoas em geral têm todo um ano para se encontrarem.

Natal é consumismo.
Toda a gente compra uma merda qualquer para toda a gente. O comércio agradece e os impostos também. A maior parte das pessoas nem gosta do que recebe e é ver os centros comerciais cheios no dia 26, em que toda a gente vai trocar o que recebeu. Sustentável não é de certeza, basta depois ver o estado em que ficam os caixotes do lixo nos dias seguintes.

Mas respira fundo. Tudo isto do Natal vai passar. É só um pesadelo como estar na cadeira do dentista. Fecha os olhos e relaxa. Janeiro está já aí ao virar da esquina e tudo voltará à normalidade.


# Natal, Up-To Date


sábado, 15 de setembro de 2018

Emigrantes: Carros de 50 Mil Euros, T-Shirts de 2 Euros

No mês passado, tinha acabado de deixar o segurança do Lidl de Dark para trás e uma meia hora depois já estava no Outlet de Vila do Conde. O parque estava bastante cheio, mas acho que isso é normal. É verdade que lá devo ir duas ou três vezes por ano, se tanto, e sempre que lá passo o parque encontra-se cheio, mas o que não é normal, pelo menos no resto do ano que não Agosto, é ter o parque cheio de carros com matrícula estrangeira, maioritariamente matrículas suíças e francesas. 

Lá dentro nas lojas só se ouvia falar francês. A determinado momento comecei a achar que era o único português naquele enorme espaço comercial. Melhor dito, comecei a achar que era o único português que não estava a falar francês naquele enorme espaço comercial! Ainda assim, quando queriam pedir ajuda às empregadas das lojas, a muito custo, que eu bem vi, lá perguntavam, em português, se tinha outro tamanho ou coisas do género. 

No fim do mês, o Jornal de Notícias até fazia destaque com a notícia que as vendas de Agosto, por causa das compras dos emigrantes, já valem mais que as vendas no Natal, o que não deixa de ser impressionante.  


Entretanto, na oficina do mecânico, estive à conversa com um emigrante na Suiça. Estava lá com uma Volkswagen Transporter para mudar a bateria, coisa que qualquer leigo como eu até sabe fazer. E entretanto o homem gaba-se que enche a carrinha, cheia de produtos como vinho, para levar para lá e vender, e à minha pergunta, se vendia a portugueses ou suíços, responde: "a quem quiser". E que depois cá volta, carrega de novo a carrinha e para lá voltar de novo para vender. Portanto, há compras de produtos a serem feitas cá em Portugal por emigrantes, com o intuito de depois serem vendidos lá na Suíça (ou noutros países também).

Mas tudo isto deixou-me sem dúvida a pensar, pois como diria o camarada Jerónimo, isto não bate a bota com a perdigota. Vamos lá ver uma coisa. Os emigrantes chegam cá a Portugal, em grandes máquinas, carros que devem valer cá, no mínimo de cinquenta mil euros para cima....

... mas depois vão comprar t-shirts a dois euros a um Outlet!
Qual e a lógica disto tudo? Se eu tenho muito dinheiro para comprar um carro de 100 mil Euros, vou ter um padrão de vida condizente com isso, certo? Se eu tenho cem mil euros para dar por um carro, terei muito mais para comprar roupa no país em que vivo, ou não? Por que é que estes emigrantes todos, se vivem assim tão bem como os seus carros querem fazer parecer, parece que passam o ano todo sem fazer compras, para depois cá chegarem a Portugal e desatarem a comprar a torto e a direito tudo que é roupa barata? 

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Natal, Up-to-Date


Em vez da consoada há um baile de máscaras
Na filial do Banco erigiu-se um Presépio
Todos estes pastores são jovens tecnocratas
Que usarão dominó já na próxima década

Chega o rei do petróleo a fingir de Rei Mago
Chega o rei do barulho e conserva-se mudo
Enquanto não se sabe ao certo o resultado
Dos que vêm sondar a reacção do público

Nas palhas do curral ocultam microfones
O lajedo em redor é de pedras da Lua
Rainhas de beleza hão-de vir de helicóptero

E é provável até que se apresentem nuas

Eis que surge no céu a estrela prometida
Mas é para apontar mais um supermercado

Onde se vende pão já transformado em cinza
Para que o ritual seja muito mais rápido

Assim a noite passa. E passa tão depressa
Que a meia-noite vós nem se demora um pouco

Só Jesus no entanto é que não aparece
Só Jesus afinal não quer nada convosco

David Mourão Ferreira / 1969

domingo, 25 de dezembro de 2016

O Amigo Oculto e a Seita do Ping Pong

Mais um ano, mais um jantar de empresa, ou jantar de Natal da empresa, ou "daquilo que vocês quiserem", como escreveu por e-mail a colega que tratou do evento, sabendo que à partida há colegas mais resistentes à coisa. E não é o meu caso! 

Não pense quem por aqui passar, que eu estou sempre do contra. Não é verdade, e a prová-lo, a verdade é que alinho sempre na troquinha de presentes e até incentivo. E é a única prenda que compro! porque o Natal a mim não me diz absolutamente nada, mas acho que este tipo de eventos estimulam a socialização entre as pessoas e criam boa disposição. Acho positivo apesar de achar que era muito melhor fazer estes jantares em Julho, com o calor e os dias grandes, numa esplanada e não em Dezembro com a noite a cair às cinco da tarde e com frio e ainda a ter de levantar o cu cedo da cama e ter de trabalhar no dia seguinte. 

Terceiro jantar - e parece que ainda foi ontem que escrevi aqui no blogue sobre o que é ser desempregado em Portugal - e por incrível que pareça fiquei de novo ao lado da mesma colega de trabalho. Não, não sou eu que me colo a ela. E não poderia ser, porque este ano fui o primeiro a chegar ao restaurante! E só depois é que todas as outras pessoas foram chegando e cada um sentou-se ao lado de quem quis. Claro que eu acho piada a estes eventos de rara probabilidade... A mesma colega junto a mim nos três anos seguidos, bem com a outra, a que me perguntou no ano passado: "sabias que aqui a Ana cantou numa banda conhecida"?

Também pensei nisso. Neste ano que agora está a terminar saíram três colegas. A colega da banda que eu tinha visto várias vezes a atuar ao vivo e que só viria a conhecer quando vim para esta empresa, e o colega, de 52 anos, com quem eu mais gostava de conversar, porque éramos muito coincidentes nas opiniões. Fiquei com pena, mas a vida é mesmo assim, um constante cruzar com pessoas que partem e chegam. E chegaram também três novas pessoas, uma delas, que trabalha diretamente comigo, mas com quem de vez em quando estou sempre a discutir, porque eu e ela temos vários assuntos dos quais não podemos mesmo falar: religião (criacionismo x evolução), política e Cristiano Ronaldo... tirando isso acho que até nos damos muito bem, e não estou a ironizar. Ela até me trata por "melhor amiga"! e diz-se, que é comigo com pode falar de pontas espigadas! Acho que ela é boa menina. Acho que tenho sempre boa impressão das pessoas que coram. 

O jantar correu bem. E quem sou eu para criticar a comida. Acho que por vezes as pessoas prendem-se com coisas muito pequeninas. Comi bem e não passei fome e o jantar não era para matar a fome a ninguém, era para socializarmos um pouco. Mas para memória futura, dizer que comi lasanha (o restaurante era italiano) e ainda comi duas fatias de pizza, uma de cada um dos colegas que estava ao meu lado. 

O meu amigo oculto esmerou-se, e eu acho que até gastou mais dinheiro do que deveria. Sem certezas, mas eu tenho as minhas suspeitas de quem foi... Eu recebi um conjunto com umas raquetes, uma rede e bolas de ping pong!! E ainda acrescentou um livro sobre o Jorge Jesus! Mas as raquetes foi porque eu comecei a sondar o pessoal se haveria possibilidade de comprarmos uma mesa de ping pong para jogar na empresa. E o que me pareceu é que toda a gente sempre pensou que eu estivesse a perder o meu tempo. 



No dia a seguir ao jantar, e um dia antes da auditoria, já estava eu com um dos patrões a trocar bolas com as novas raquetes! Era uma espécie de jogar raquetes de praia mas com material de ping pong! E pouco depois aparece o nosso CEO... e diz "isso é que é dar utilidade à prenda"! E se ao jantar já tinha deixado uma sementinha, dizendo que a empresa do lado - estão a ver uma daquelas melhores empresas do país para se trabalhar? Daquelas que têm mesa de ping pong, matraquilhos e sei lá mais ou quê? - e que o interessante seria se nós mesmos tivéssemos uma mesa para jogar. 

"Comprem a mesa que eu também participo! e até falo ali com a empresa ao lado e falo com eles para fazermos um torneio inter-empresas!"

E no dia a seguir já não jogávamos raquetes de praia com as raquetes de ping pong, porque eu peguei numas paletes, e num grande tampo de madeira que veio com uns equipamentos e improvisei uma mesa. Mas o mais estranho foi rapidamente ter descoberto que na empresa muita gente já jogou, e bem, ping pong! Até temos dois ex-federados! Mas o pior é que na empresa ao lado parece que até há gente a representar a seleção portuguesa de ténis-de-mesa! Foda-se!

De repente isto faz-me lembrar os tempos em que andava na escola e saíamos a correr das aulas para chegar primeiro à mesa de ping pong! Se até aqui, na meia hora livre do almoço cada um ocupava esse tempo como bem entendesse: dormir no carro, ir ao hipermercado, dar uma pequena caminhada, ler, etc, agora o nosso grupo vai para a mesa e fica a entreter-se um pouco, ainda na mesa improvisada com as paletes!

Eu ando a tratar de ver se compro uma mesa pelo preço certo. Alguém conhece alguém que tenha uma para vender? O dinheiro depois será dividido por entre os interessados em jogar. E depois logo se verá se o vício passará rápido ou será sempre motivo de convívio. 

Uma coisa é certa: o não é sempre garantido. E isto que aconteceu é como as relações ou como o sexo. Se não perguntarmos nunca saberemos se as pessoas alinham ou não!

Sim, também é verdade. Eu trabalho numa empresa surreal!

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

HO HO HO!!!



Alegremo-nos, o Natal aproxima-se
É a época mais maravilhosa do ano
Pega na carteira, e vai estourar dinheiro

Esconder os presentes no armário
E esperar que ninguém os encontre
Enviar postais e escrever mentiras de Natal

Yule!

Toda a gente estoura dinheiro com pessoas que não gosta
Comem demais até rebentar
Tentam adivinhar o que está dentro dentro os presentes
Decoram as casas com luzinhas e sininhos

Exércitos de mortos-vivos sentem-se obrigados a comprar enquanto nós cantamos
Onde quer que formos ouvem-se musiquinhas de Natal
Maratonas intermináveis de "It's a Wonderful life"
Toda a gente a cantarolar
É melhor fugir!

Compra merdas
É Natal e vivemos num país consumista
Black Friday
Atropelar os outros para conseguir comprar o que se quer
Estas promoções vão começar uma guerra

Por que é que não visitas mais a família?
Compra mais
Até todos ficarem pobres
Por que é que não gastas mais?




N.O.E.L. / Psychostick / 2016

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Jantar de - não sei quê - da empresa

- "Já reparaste que há precisamente um ano, tu e eu estávamos sentados exatamente nestas posições, um à frente do outro?"

Foi o que perguntei ontem à colega do departamento financeiro, no jantar de "Natal" da empresa. E de facto, é incrível como este ano passou de forma tão rápida. Parece que me deitei ontem, vindo do jantar da empresa de 2014, em que recebi um mini-Kamasutra na troquinha de prendas, deite-me e acordei hoje a pensar no jantar de ontem em 2015. 

E foi precisamente este pormenor, estas pequenas coisas que presto atenção, este detalhe insignificante, esta coincidência de me ter sentado aleatoriamente, e de novo, um ano depois, precisamente em frente da mesma colega, que fez disparar um clique na minha cabeça, e me deixou a pensar "como este último ano voou tão depressa". 

E tanta coisa me aconteceu neste ano último que passou. Tantos acontecimentos surpreendentes e inesperados num turbilhão de intensas emoções. E esta minha colega já tem um filho que no jantar de 2014 ainda não existia... 

E tudo aconteceu num abrir e fechar de olhos. Deitei-me ontem no jantar de 2014, e acordei hoje, no dia seguinte ao jantar da empresa de 2015.


Yule celebrava o Solstício de Inverno no norte da Europa (hoje chamado Natal)


O Jantar? 

Correu muito bem até... tirando a parte da música brasileira em altos berros, em que quase se tinha de berrar à mesa e ninguém se ouvia, ah, e a bailarina - mas não tinha varão ok? - que animava as hostes dos juvenis do clube de futebol lá do sítio, enquanto dançava e se roçava neles, como se de um ritual de iniciação se tratasse.  

Mas correu muito bem. Sim é verdade, eu não celebro o Natal, ou se quiserem, celebro tanto o Solstício de Inverno como o Solstício de Verão ou os Equinócios da Primavera e do Outono. Ainda assim, apesar de não festejar, até nem me importava nada de poder gozar mais três feriados - afinal por que raio só é feriado no Solstício de Inverno? Não deveríamos festejar também os outros três? Os outros três não são igualmente importantes? Isso é uma completa descriminação... Até acho que vou já telefonar à Catarina Martins para ela falar com o primeiro-ministro que deu à Costa para propor três novos feriados! 

Mas apesar de não festejar o Natal, de não fazer árvore nem presépio, nem pôr pais-natal ridículos à janela, nem comprar prendinhas para dar a ninguém (nem as receber obviamente) acho que não devo dar uma de mal-disposto e recusar-me a fazer a troquinha de prendas (simbólicas) no jantar de "Natal" da empresa. E a palavra "Natal" eriça logo alguns colegas, como me eriça a mim, mas ironicamente, eu, que sou sempre tão "do contra", acho que devo socializar, porque este jantar, no meu entender, deve precisamente servir para isso, para nós (que somos tão poucos) socializarmos um pouco uns com os outros, e até nos divertirmos, fora daquela rotina de todos os dias. 

Ainda assim, o jantar da empresa, a meu ver, e já mandei a boca, deveria ser celebrado no dia em que a empresa faz anos, no dia em que foi registada. E nesse sim, todas as pessoas, de todas as empresas, de todo o mundo, poderiam socializar, num jantar ou noutra coisa qualquer. As empresas até poderiam dar o dia - porque não? - e fazerem uma qualquer atividade que estimulasse o espírito de grupo, e não se lembrarem só destes jantares, só porque estamos em dezembro, e é solstício de inverno, porque para quem não saiba, é o que significa Natal.