"A ditadura perfeita terá a aparência da democracia, uma prisão sem muros na qual os prisioneiros não sonharão sequer com a fuga. Um sistema de escravatura onde, graças ao consumo e ao divertimento, os escravos terão amor à sua escravidão."
domingo, 8 de dezembro de 2024
O Chega Não Gosta de Presépios
segunda-feira, 25 de dezembro de 2023
Engordaram Todos!
domingo, 10 de dezembro de 2023
O Espírito de Natal está No Centro Comercial
Apenas 15% dos portugueses participam em iniciativas religiosas durante o Natal. Claro que a maioria faz a árvore e o presépio - e coitados dos pinheiros, arbustos e musgo do monte! - mas quase ninguém, provavelmente só mesmo meia dúzia de velhos, é que ainda vai à igreja.
Mas certamente que 99% dos portugueses vai às lojas porque o verdadeiro espírito de Natal está no Centro Comercial!
*Notícia publicada no Jornal de Notícias de 10/12/2023
sábado, 7 de janeiro de 2023
Se Deixei de Ser Benfiquista Também Posso Deixar de Comer Bolo-Rei
Desde pequeno, quando não havia a fartura de hoje, em que se estraga tanto, o que mais adorava pelo Natal, além de estar com o meu avô, ouvir as suas mesmas histórias de sempre, e vê-lo acender o madeiro, era comer bolo-rei.
Para mim hoje em dia Natal é, basicamente, um dia como os outros, mas dia assinalado no calendário de comer batatas cozidas com bacalhau e beber refrigerante. E se é Natal quando o Homem quiser, também é dia de comer bolo-rei quando o Homem quiser, mas a verdade é que isso não acontece frequentemente.
Este ano estava meio inclinado a nem sequer comprar bolo-rei porque a verdade é que o bolo monarca anda completamente falsificado, mas, lá acabei a ir comprar a uma pastelaria afamada de Gaia.
quinta-feira, 6 de janeiro de 2022
A Origem do Bolo-Rei (que deixou de ter fava)
"Se calhar a maioria das festas do meu quinteiro teve origem em comemorações remotas adaptadas a novos tempos. Assim, folguedose e costumes da Natividade foram - digamos - a cristianização das saturninas romanas.
As saturninas, celebradas a 16 e 17 de Dezembro - quando começa a novena de Natal -, eram grandes festejos a Saturno (que, na tradição romana promoveu a paz, trouxe a abundância e ensinou a agricultura aos homens). Tais honrarias celebravam a igualdade entre os indivíduos e davam origem às maiores licenciosidades e liberdades. Incusive dos escravos, a quem tudo permitiam. Rezam as crónicas que pessoas de bem e gent séria até abandonava Roma, ness ocasião, para não serem incomodadas.
Porém, não só herdámos do passado as grandes festividades - Natal, Páscoa, Entrudo, São João e outras - mas também pequenas tradições, humildes e significativas. É o que caso da fava que aparece no bolo-rei, estranho costume hoje visto ao contrário do seu significado original. A história é assim: o alimento base dos primeiros romanos, camponeses e rudes e sóbrios, tinha o nome de pulmentum, composto de farinha de trigo (ou cevada) e água. No serão que precedia a festa saturnal - que tem evidente analogia com a atual consoada -, era costume comer daquela espécie de pão, em cujas entranhas se escondia uma fava seca. O comensal que, bafejado pela sorte, a recebesse no prato convertia-se no homem principal da comemoração de Saturno. E isto independentemente da sua condição social, já que, por sorteio, a igualdade da condição humana era proclamada.
O crescimento do Império transformou o pulmentum em pão de qualidade e a própria festa saturnal em extensa e imaginativa orgia. Neste novo contexto festivo-luxirioso, os escravos, vestidos como os amos, vinham para as ruas fazer pantominas nas calendas de Januaris, e o velho costume do sorteio gastronómico da fava converteu-se em jogo erótico. Mediante ele elegia-se o rei escravo que encontrasse o fruto seco, aquando da partilha de um grande doce chamado scriblita. O poder daquele "rei por um dia" não era mais do que possuir mulher (ou homem - conforme os gostos) que quisesse escolher, de qualquer condição social.
Estes saturnais, criticados por Séneca na frase non semper sunt saturnalia (nem tudo são saturnais), foram abolidos após a cristinização do Império, que, todavia, não conseguiu evitar o enraizamento da crença nas virtudes da fava. Desde há mais de 2000 anos ela adquiriu novos cambiantes, deslizando das formulações eróticas e sexuais romanas para as interpretações que atualmente lhe damos: encontrar a fava é pouca sorte, pois implica comprar um novo bolo-rei para a festa seguinte.
No entanto, mesmo este costume pacífico e amigável não corresponde à lenda cristã sobre a origem do bolo-rei e do uso da fava: aquando do nascimento do Menino-Deus, começaram a chegar a Belém sábios, sacerdotes e magos. Vinham prestar homenagem ao anunciado redentor do mundo. Os magos não chegaram, todavia, a acordo sobre qual deles seria o primeiro a oferecer os presentes ao Menino. Resolveram então fazer um bolo contendo, no interior, uma fava (a continuidade do uso romano). O bolo seria repartido por todos, em partes iguais, e aquele a quem saísse a fava teria sorte de oferecer o presente antes dos outros (é a crença num objeto benfazejo e signo da sorte).
A lenda não diz a quem saiu. Mas o facto correu de boca em boca e, a partir daí, propagou-se o hábito de cozinhar um bolo com a fava dentro sempre que fosse necessário resolver - pela sorte - qualquer divergência. Posto isto, se lhes sair a fava, em vez de chorarem o que vão ter que pagar, pensem como, há milhares de anos, em Roma, ficaria o felizardo a quem caberia ser rei por um dia - com os atributos e facilidades daí advindas.
"Vistas do Meu Quinteiro" / Hélder Pacheco (1995)
domingo, 23 de dezembro de 2018
O Natal é Como Uma Dor de Dentes Que Passa com Uma Ida ao Dentista
É Natal e já sentes aquela dorzinha irritante desde o Dia-de-Ação-de-Graças-ao-Consumismo-Americano, mas há-de passar. Também a broca do dentista incomoda. É aquele chiar estridente que entra ouvidos adentro, às vezes até cheira a queimado quando perfura o dente, por vezes até magoa ainda que nos digam que estão só a "pôr água", mas no meio daquilo tudo só pensas que é um pesadelo. Um pesadelo que sabes que há-de passar quando acordares e tudo ficará bem. Pagas a consulta e vais à tua vida, porreiro da vida, como novo, sem dorzinha nenhuma. De igual forma também Janeiro há-de chegar num piscar de olhos, e tudo voltará a entrar nos eixos sem luzinhas a piscar, nem musiquinhas insuportáveis por todo o lado; sem multidões nas compras, e sem nenhum desconhecido a desejar-nos "Bom Natal" como se por obrigação tivéssemos todos de ser cristãos. Mas tudo isto há-de passar.
É desde cedo mentir às crianças que vem aí o menino Jesus dar prendinhas no sapatinho. Entretanto o menino foi despedido pelo capitalismo e substituído pela invenção da Coca Cola: um Pai Natal obeso, vermelho e de barbas brancas que gosta de sentar criancinhas no colo. E o Natal é isto, uma grande mentira. Da comemoração do Solstício passamos à anexação Católica que mente e inventa o nascimento do menino que, se alguma vez existiu (coisa que eu tenho muitas dúvidas) certamente não nasceu a 25 de Dezembro.
Natal é hipocrisia.
É a obrigação que as pessoas têm para fingirem que se lembram dos outros e fingirem que se importam e fingirem que se dão todas muito bem. Não houvesse Natal e parece que as famílias nunca se reuniam, quando as famílias e as pessoas em geral têm todo um ano para se encontrarem.
Natal é consumismo.
Toda a gente compra uma merda qualquer para toda a gente. O comércio agradece e os impostos também. A maior parte das pessoas nem gosta do que recebe e é ver os centros comerciais cheios no dia 26, em que toda a gente vai trocar o que recebeu. Sustentável não é de certeza, basta depois ver o estado em que ficam os caixotes do lixo nos dias seguintes.
Mas respira fundo. Tudo isto do Natal vai passar. É só um pesadelo como estar na cadeira do dentista. Fecha os olhos e relaxa. Janeiro está já aí ao virar da esquina e tudo voltará à normalidade.
# Natal, Up-To Date
sábado, 15 de setembro de 2018
Emigrantes: Carros de 50 Mil Euros, T-Shirts de 2 Euros
quarta-feira, 20 de dezembro de 2017
Natal, Up-to-Date
domingo, 25 de dezembro de 2016
O Amigo Oculto e a Seita do Ping Pong
sexta-feira, 2 de dezembro de 2016
HO HO HO!!!
Alegremo-nos, o Natal aproxima-se
É a época mais maravilhosa do ano
Pega na carteira, e vai estourar dinheiro
Esconder os presentes no armário
E esperar que ninguém os encontre
Enviar postais e escrever mentiras de Natal
Yule!
Toda a gente estoura dinheiro com pessoas que não gosta
Comem demais até rebentar
Tentam adivinhar o que está dentro dentro os presentes
Decoram as casas com luzinhas e sininhos
Exércitos de mortos-vivos sentem-se obrigados a comprar enquanto nós cantamos
Onde quer que formos ouvem-se musiquinhas de Natal
Maratonas intermináveis de "It's a Wonderful life"
Toda a gente a cantarolar
É melhor fugir!
Compra merdas
É Natal e vivemos num país consumista
Black Friday
Atropelar os outros para conseguir comprar o que se quer
Estas promoções vão começar uma guerra
Por que é que não visitas mais a família?
Compra mais
Até todos ficarem pobres
Por que é que não gastas mais?
terça-feira, 8 de dezembro de 2015
Jantar de - não sei quê - da empresa
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Yule celebrava o Solstício de Inverno no norte da Europa (hoje chamado Natal) |