Mais um ano, mais um jantar de empresa, ou jantar de Natal da empresa, ou "daquilo que vocês quiserem", como escreveu por e-mail a colega que tratou do evento, sabendo que à partida há colegas mais resistentes à coisa. E não é o meu caso!
Não pense quem por aqui passar, que eu estou sempre do contra. Não é verdade, e a prová-lo, a verdade é que alinho sempre na troquinha de presentes e até incentivo. E é a única prenda que compro! porque o Natal a mim não me diz absolutamente nada, mas acho que este tipo de eventos estimulam a socialização entre as pessoas e criam boa disposição. Acho positivo apesar de achar que era muito melhor fazer estes jantares em Julho, com o calor e os dias grandes, numa esplanada e não em Dezembro com a noite a cair às cinco da tarde e com frio e ainda a ter de levantar o cu cedo da cama e ter de trabalhar no dia seguinte.
Terceiro jantar - e parece que ainda foi ontem que escrevi aqui no blogue sobre o que é ser desempregado em Portugal - e por incrível que pareça fiquei de novo ao lado da mesma colega de trabalho. Não, não sou eu que me colo a ela. E não poderia ser, porque este ano fui o primeiro a chegar ao restaurante! E só depois é que todas as outras pessoas foram chegando e cada um sentou-se ao lado de quem quis. Claro que eu acho piada a estes eventos de rara probabilidade... A mesma colega junto a mim nos três anos seguidos, bem com a outra, a que me perguntou no ano passado: "sabias que aqui a Ana cantou numa banda conhecida"?
Também pensei nisso. Neste ano que agora está a terminar saíram três colegas. A colega da banda que eu tinha visto várias vezes a atuar ao vivo e que só viria a conhecer quando vim para esta empresa, e o colega, de 52 anos, com quem eu mais gostava de conversar, porque éramos muito coincidentes nas opiniões. Fiquei com pena, mas a vida é mesmo assim, um constante cruzar com pessoas que partem e chegam. E chegaram também três novas pessoas, uma delas, que trabalha diretamente comigo, mas com quem de vez em quando estou sempre a discutir, porque eu e ela temos vários assuntos dos quais não podemos mesmo falar: religião (criacionismo x evolução), política e Cristiano Ronaldo... tirando isso acho que até nos damos muito bem, e não estou a ironizar. Ela até me trata por "melhor amiga"! e diz-se, que é comigo com pode falar de pontas espigadas! Acho que ela é boa menina. Acho que tenho sempre boa impressão das pessoas que coram.
O jantar correu bem. E quem sou eu para criticar a comida. Acho que por vezes as pessoas prendem-se com coisas muito pequeninas. Comi bem e não passei fome e o jantar não era para matar a fome a ninguém, era para socializarmos um pouco. Mas para memória futura, dizer que comi lasanha (o restaurante era italiano) e ainda comi duas fatias de pizza, uma de cada um dos colegas que estava ao meu lado.
O meu amigo oculto esmerou-se, e eu acho que até gastou mais dinheiro do que deveria. Sem certezas, mas eu tenho as minhas suspeitas de quem foi... Eu recebi um conjunto com umas raquetes, uma rede e bolas de ping pong!! E ainda acrescentou um livro sobre o Jorge Jesus! Mas as raquetes foi porque eu comecei a sondar o pessoal se haveria possibilidade de comprarmos uma mesa de ping pong para jogar na empresa. E o que me pareceu é que toda a gente sempre pensou que eu estivesse a perder o meu tempo.
No dia a seguir ao jantar, e um dia antes da auditoria, já estava eu com um dos patrões a trocar bolas com as novas raquetes! Era uma espécie de jogar raquetes de praia mas com material de ping pong! E pouco depois aparece o nosso CEO... e diz "isso é que é dar utilidade à prenda"! E se ao jantar já tinha deixado uma sementinha, dizendo que a empresa do lado - estão a ver uma daquelas melhores empresas do país para se trabalhar? Daquelas que têm mesa de ping pong, matraquilhos e sei lá mais ou quê? - e que o interessante seria se nós mesmos tivéssemos uma mesa para jogar.
"Comprem a mesa que eu também participo! e até falo ali com a empresa ao lado e falo com eles para fazermos um torneio inter-empresas!"
E no dia a seguir já não jogávamos raquetes de praia com as raquetes de ping pong, porque eu peguei numas paletes, e num grande tampo de madeira que veio com uns equipamentos e improvisei uma mesa. Mas o mais estranho foi rapidamente ter descoberto que na empresa muita gente já jogou, e bem, ping pong! Até temos dois ex-federados! Mas o pior é que na empresa ao lado parece que até há gente a representar a seleção portuguesa de ténis-de-mesa! Foda-se!
De repente isto faz-me lembrar os tempos em que andava na escola e saíamos a correr das aulas para chegar primeiro à mesa de ping pong! Se até aqui, na meia hora livre do almoço cada um ocupava esse tempo como bem entendesse: dormir no carro, ir ao hipermercado, dar uma pequena caminhada, ler, etc, agora o nosso grupo vai para a mesa e fica a entreter-se um pouco, ainda na mesa improvisada com as paletes!
Eu ando a tratar de ver se compro uma mesa pelo preço certo. Alguém conhece alguém que tenha uma para vender? O dinheiro depois será dividido por entre os interessados em jogar. E depois logo se verá se o vício passará rápido ou será sempre motivo de convívio.
Uma coisa é certa: o não é sempre garantido. E isto que aconteceu é como as relações ou como o sexo. Se não perguntarmos nunca saberemos se as pessoas alinham ou não!
Sim, também é verdade. Eu trabalho numa empresa surreal!
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