Desde pequeno, quando não havia a fartura de hoje, em que se estraga tanto, o que mais adorava pelo Natal, além de estar com o meu avô, ouvir as suas mesmas histórias de sempre, e vê-lo acender o madeiro, era comer bolo-rei.
Para mim hoje em dia Natal é, basicamente, um dia como os outros, mas dia assinalado no calendário de comer batatas cozidas com bacalhau e beber refrigerante. E se é Natal quando o Homem quiser, também é dia de comer bolo-rei quando o Homem quiser, mas a verdade é que isso não acontece frequentemente.
Este ano estava meio inclinado a nem sequer comprar bolo-rei porque a verdade é que o bolo monarca anda completamente falsificado, mas, lá acabei a ir comprar a uma pastelaria afamada de Gaia.
Chego lá e a bicha já estava no passeio da rua. O remédio era esperar. Uns vinte minutos depois lá chega a minha vez e:
- Era um bolo-rei por favor...
Olhe, desculpe, tem que subir ao primeiro andar...
Puta que pariu! Uma pessoa fica ali imenso tempo para depois ter que subir as escadas e enfrentar nova bicha e esta ainda maior que a anterior! Mas o remédio é continuar a esperar e, passada uma meia-hora, lá comprei um bolo-rei a 16€ o Kg.
Provou-se depois de jantar e aquela merda era tão boa que eu preferia ter comprado uma broa de milho. Seco, completamente seco, como se estivesse a comer pão com meia dúzia de dias! Era tão intragável que o raio do bolo, para não ir para o lixo, foi comido aquecido com manteiga! Vou chorar aqueles 25€ enquanto me lembrar!
Em conversa fiquei a saber que não fui só eu. O meu colega de trabalho que também comprou no mesmo sítio levou com a mesma receita e, o chefe, que comprou noutro sítio de Gaia, foi mesmo lá reclamar porque estava intragável, uma massa sem frutos nenhuns.
Vende-se gato por lebre, batiza-se o vinho e o leite e é sabido que há vendedores a passar louro prensado por ganza. E eu gostaria de saber o que é que andam a meter dentro dos bolo-rei a fazer de conta de que é bolo-rei, porque bolo-rei não sabe assim.
Sem comentários:
Enviar um comentário