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domingo, 16 de setembro de 2018

Separar-nos-emos para que o nosso Amor Sobreviva. Entendes?

"No amor verdadeiro, a comunhão dos corpos realiza-se como o coito das flores, como as bodas dos insetos. Os insetos, que sublimes mestres do amor! É muito mais interessante ver como amam os coleópteros do que as cortesãs, as atrizes, os poetas, os frades, os filósofos e os reis. 
- Sinto-me inteiramente tua! confessava Mélita ao amante. - A minha peregrinação pelo mundo talvez fosse apenas a procura de um homem que me completasse, a procura de ti. 
- Não buscavas a solidão? 
- Há uma coisa mais bela que a solidão: a solidão a dois. Existiam em mim grandes reservas de amor em estado latente; tu foste aquilo que os fotógrafos chamam o líquido revelador. Deixarás um grande traço na minha vida!
- Falas como se tivéssemos de nos separar amanhã.
Amanhã, não; mas breve. O nosso amor foi episódio tão espontâneo e imprevisto na minha vida que não deve alcançar o peso de um vínculo, nem marchar num hábito. 
Separar-nos-emos para que o nosso amor sobreviva. Entendes?

A Virgem de 18 Quilates - Pitigrilli (1924)






quarta-feira, 15 de agosto de 2018

O Misantropo e a Vagabunda

"Não ver ninguém para conhecer todos, e ver todos para não conhecer ninguém"

- E o teu irmão?
- Compreendo o que queres dizer. Como é que, tendo o mesmo sangue, em vez de ser vagabundo como eu, é um misantropo, imobilizado como um cristal no meio do gelo? Explico-te: sou mulher: forte, como mulher, forte para reagir, forte para me defender; mas fraca para reagir contra mim mesma, fraca para me defender da minha melancolia.

"Meu irmão é forte: não tem necessidade de ver os aspetos caleidoscópicos da vida das cidades e de mergulhar na multidão para dominar a própria dor. Ele pensa, como Nietzsche, que a filosofia é via livre no meio dos gelos, no alto da montanha; é a procura de tudo que há de estranho e de enigmático na existência; de tudo que é vedado pela moral. 

Meu irmão segue um regime de solidão para higiene do espírito: impelido pela necessidade de conhecer todos os homens, afastou-se de todos e observa-os de longe; eu, para não conhecer nenhum, para não me afeiçoar a nenhum, procuro aproximar-me de todos. E, desse modo, o solitário misantropo e a irrequieta vagabunda acharam-se de acordo sobre o mesmo ponto, chegando a duas conclusões simétricas e equivalentes; não ver ninguém para conhecer todos, e ver todos para não conhecer ninguém". 



A Virgem de 18 Quilates - Pitigrilli (1924)

domingo, 5 de agosto de 2018

Só Há um Meio de Nos Defendermos da Opinião Pública

- Não te preocupes com a opinião pública - advertia-lhe ela. 
- Se te virem com uma mulher elegante, serás rufião; 
se for com tua mulher, corno;
com um amigo pederasta; 
se andares só, onanista.

Só há um meio de se defender da opinião pública: suportá-la. 



"A Virgem de 18 Quilates" - Pitigrilli (1924)

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Comprar um Livro só pela Primeira Frase


- O nosso amor durará um ano. 
- Ainda?
Um ano, contando tudo que já nos aturamos.



Há quem compre um livro pela capa... Pode-se dizer que eu comprei pela primeira frase. Mas também não é tanto assim. Sim, nunca li nada de Pitigrilli, mas conheço-lhe ao menos uma das frases mais conhecidas:

"Estatística: a ciência que diz que se eu comi um frango e tu não comeste nenhum, teremos comido, em média, meio frango cada um."

Daqui por uns tempos talvez lhe conheça a escrita. 


"A Virgem de 18 Quilates" - Pitigrilli (1924)