Feita a instrução primária, o meu primeiro e segundo ano da escola foram feitos na Telescola. A Telescola pareceu-me um bom método de ensino, aliás, tão repleto de sucesso, que ao que parece outros países vieram cá estudá-lo. A coisa funcionava mais ou menos assim. Os primeiros dez ou quinze minutos das aulas, eram ministrados com recurso à televisão. Naquelas horas, a RTP transmitia exclusivamente, do Monte da Virgem em Gaia, as emissões de cada aula específica (ciências, matemática, história, etc) e com recurso ao professor da televisão, que todos os alunos ouviam em silêncio, passavam-se então depois para os exercícios dos livros, com ajuda do professor presencial da sala de aula.
Tínhamos dois professores, um para Ciências e outro para Letras. E os testes era todos feitos no mesmo dia, para todas as escolas, e depois, se não estou em erro, eram sorteadas escolas que tinham de enviar os testes dos alunos para serem avaliados externamente.
E quando nós, alunos da Telescola, chegamos ao já chamado 7º ano, acho que estávamos muito bem preparados, porque os outros, os que vinham do sistema de ensino "normal" não tiravam melhores notas que nós, bem pelo contrário.
Ao fazer aqui umas arrumações deparei-me com fotos dos temos de escola e da minha turma do 6º B. Quase não sei o que é feito da maioria desta gente, mas acho que só não me lembro do nome do professor de Letras, de resto, mau era se não me lembrasse deles todos. O maior era o João Paulo, que está ao lado do Pedro, o filho da professora Luísa. Acho que aqui nestes tempos, com onze anos, ainda não tinha grande interesse pelas raparigas, aliás, algumas, duas ou três, até já tinham corpo de mulher.
Sei que a Nela e a Luísa mantêm a mercearia/tasco que era dos pais. E elas bem que eram espertas e vivaças. A Angelina sublinhava tudo muito bem sublinhado, com várias cores, mas tinha algumas dificuldades de aprendizagem, fruto talvez de uns pais muito mais velhos e muito antiquados e conservadores que não a souberam acompanhar. A Mafalda também está ali, é a tal que já tem uma filha adolescente com bom corpinho para levar umas boas palmadas. A Adélia ficou viúva ainda jovem... O Paulo Jorge, meu camarada da primeira-classe até aos 15 anos, e que desenhava bastante bem, é engenheiro civil e tem a sua empresa. O Eurico era muito bom de bola e maluco pelo Benfica! E agora que penso, talvez o seu nome não seja assim tão à toa, porque houve um Eurico que foi jogador do SL Benfica nos anos setenta, apesar de nos oitenta ter representado o Sporting e depois o FC Porto. Havia ainda os dois Carlos, o Rui que tinha uma voz anasalada; os dois nHugos, o Neca (com quem troquei a moeda do meu avô) a Célia, que parecia mais santinha do que na realidade era; a Marta com aqueles lábios grossos que faria muita inveja hoje em dia!; a São, a Natércia, a Anita, a Mónica, que certa vez desenhei numa aula de Educação Visual; o Cláudio, o Rui José, o Delfim e o Miguel. Não sei o que é feito da maioria desta gente. Cruzámo-nos nos tempos de escola, e cada criança cresceu e seguiu as suas vidas. A maioria crianças de pais humildes, ainda assim, acho que longe, o mais carenciado seria eu.
Sei que a Nela e a Luísa mantêm a mercearia/tasco que era dos pais. E elas bem que eram espertas e vivaças. A Angelina sublinhava tudo muito bem sublinhado, com várias cores, mas tinha algumas dificuldades de aprendizagem, fruto talvez de uns pais muito mais velhos e muito antiquados e conservadores que não a souberam acompanhar. A Mafalda também está ali, é a tal que já tem uma filha adolescente com bom corpinho para levar umas boas palmadas. A Adélia ficou viúva ainda jovem... O Paulo Jorge, meu camarada da primeira-classe até aos 15 anos, e que desenhava bastante bem, é engenheiro civil e tem a sua empresa. O Eurico era muito bom de bola e maluco pelo Benfica! E agora que penso, talvez o seu nome não seja assim tão à toa, porque houve um Eurico que foi jogador do SL Benfica nos anos setenta, apesar de nos oitenta ter representado o Sporting e depois o FC Porto. Havia ainda os dois Carlos, o Rui que tinha uma voz anasalada; os dois nHugos, o Neca (com quem troquei a moeda do meu avô) a Célia, que parecia mais santinha do que na realidade era; a Marta com aqueles lábios grossos que faria muita inveja hoje em dia!; a São, a Natércia, a Anita, a Mónica, que certa vez desenhei numa aula de Educação Visual; o Cláudio, o Rui José, o Delfim e o Miguel. Não sei o que é feito da maioria desta gente. Cruzámo-nos nos tempos de escola, e cada criança cresceu e seguiu as suas vidas. A maioria crianças de pais humildes, ainda assim, acho que longe, o mais carenciado seria eu.
Meu deus. Que memória a tua.
ResponderEliminarNão me lembro de quase nenhuma colega minha, dos anos do ciclo preparatório. :O
Recordo-me das aulas da Telescola, que adorava ver sempre que podia e que me ajudavam bastante.
Bom ano.:)
Beijinhos,
Ana
Olá Ana!
EliminarNão é tão impressionante assim. Repara que a maioria destas crianças eram aqui da aldeia e ou das terras vizinhas. Mas ainda assim já tive de editar o texto, porque também tinha estado com uma fotografia do 9º ano, e só agora que olhei de novo para esta foto, vi que um colega não ficou na minha turma no 5º e 6º ano. Fiquei também com vontade de um dia destes ir visitar, ainda que se calhar só a ver por fora, a escola onde tive Telescola :) se é que ainda existe!
Bom ano para ti também e para os teus.
Beijinhos