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O choque foi tanto que me questionei do porquê de eu querer ser sempre tão honesto, tão coerente e tão leal com os outros. Que é que ganha uma pessoa assim na vida? Nada. Absolutamente nada. Só se prejudica constantemente. Porquê? Porque na selva, se não jogamos com as armas dos outros estamos sempre em desvantagem. Em tudo. Temos sempre de fazer um esforço suplementar para nos conseguirmos impor. E ainda por cima porque ser íntegro não é nada sexy. As mulheres ficam molhadas é com os homens de mau caráter e com as falinhas mansas que toda a gente já está a ver que são uma cambada de balelas só para as levarem para a cama e só elas é que não vêem.
Mais tarde até me pus a pensar se há muitos anos não terei sido trocado por aquela espécie de homem de Neandertal. Será? E seria mesmo muito irónico até, se eu tivesse estado ao lado dele agora. Eu tive que a obrigar a dizer-me quem ele era. Ela não queria dizer e para mim também não era assim tão óbvio, afinal, nós andávamos sempre juntos para todo o lado. De onde é que, do nada, ela se tinha apaixonado por outro? Onde é que ele estava escondido que eu não vi? E esqueçam a internet, por isso, não era assim tão óbvio para mim. Mas no mínimo acho que merecia saber. No mínimo. E por obrigar leia-se persuadir a, e não propriamente apertar-lhe o gasganete até ela me confessar.
Quando alguém decide trocar-nos, bom, nós achamos sempre que será por alguém melhor que nós. Como quem troca de carro por outro mais moderno, mais potente, ou para uma casa com mais assoalhadas. Mas afinal de contas o que é um namorado melhor? É que os namorados também são como os melões. Só depois de abertos é que as mulheres podem saber como é que eles são. E tal como dizia a Céline "tu nunca podes substituir ninguém, porque cada pessoa é única e feita de lindíssimas especificidades". Ou seja, nunca se troca totalmente para melhor ou para pior, troca-se necessariamente para diferente porque não há duas pessoas iguais. Ninguém é totalmente melhor ou pior que outrem. E alguma coisa eu haveria de ter de bom... Alguma coisa de absolutamente tão belo e específico que, tendo-me afastado da sua vida, ela nunca mais voltaria a ter. E eu conheço muito bem as minhas especificidades únicas. Nem precisava sequer que ela mo confirmasse, da falta que já lhe faziam.
Claro que há muitos anos que isto não interessa para nada, além de fazer parte das nossas memórias. Cada pessoa faz as suas escolhas e tem de viver com elas, e, já agora, também nós temos de viver com as escolhas dos outros. Mas fiquei a pensar. Eu fiquei com uns esboços verbais que ela foi desenhando do perfil dele. E sinceramente estava à espera de melhor. Uma mulher, por norma, comete o erro de avaliar a sua concorrência unicamente pelo aspeto exterior das rivais. Mas uma pessoa vale muito mais (ou menos) que a sorte de ter nascido mais ou menos bonita aos olhos dos outros. E como eu nunca sequer conheci a tal criatura, fui absorvendo, sem distrações, o perfil consoante ia ouvindo, com as orelhas espetadas, um comentário aqui outro acolá. Daí a surpresa quando finalmente se revelou o nome daquele que me iria substituir. E para mim foi uma tremenda desilusão. Esperava mesmo muito melhor. Ou então eu sempre me tive em melhor conta do que na realidade sou.
E de repente, tantos anos depois, eu podia estar agora ao lado dele. Acho que o perfil até se encaixava bem. E depois as mulheres acham sempre que conseguem mudar os homens. Acham sempre que com elas será diferente do que eles foram com as outras. Tão ingénuas! Mas quão irónico não seria, estar agora, sentado no carro dele, passando horas a fio a ouvi-lo contar como te enfia os cornos?
E sabes, de repente a palavra "Amor" aparece na consola do carro dele e toca o telefone. Sabes quem era? Vê lá que podias ser tu! Preocupada! E não é adorável o cinismo e ironia da coisa? Não é tão querido que ele não te tenha o mínimo respeito, nem por ti nem pelos filhos, mas depois nem sequer tem o teu nome na lista telefónica, tem algo muito mais especial! Vê lá tu que ele chama-te de "Amor". Que lindo! Estou mesmo sensibilizado. Verdadeiramente tocado!
Só que Amor, lá na definição do dicionário dele, significará: "Aquela cabra que vive comigo lá em casa há não sei quantos anos e que só me fode o juízo, que torna a minha vida miserável, e que bem que podia morrer que não me fazia falta nenhuma".
Decorei textualmente as palavras que lhes disseste:
"- Vens jantar? Não disseste nada. Vem devagar".
E ele lá continuou a vir para casa, naquele dia de chuva, comigo ao lado, a 170Km/h.
Mais tarde até me pus a pensar se há muitos anos não terei sido trocado por aquela espécie de homem de Neandertal. Será? E seria mesmo muito irónico até, se eu tivesse estado ao lado dele agora. Eu tive que a obrigar a dizer-me quem ele era. Ela não queria dizer e para mim também não era assim tão óbvio, afinal, nós andávamos sempre juntos para todo o lado. De onde é que, do nada, ela se tinha apaixonado por outro? Onde é que ele estava escondido que eu não vi? E esqueçam a internet, por isso, não era assim tão óbvio para mim. Mas no mínimo acho que merecia saber. No mínimo. E por obrigar leia-se persuadir a, e não propriamente apertar-lhe o gasganete até ela me confessar.
Quando alguém decide trocar-nos, bom, nós achamos sempre que será por alguém melhor que nós. Como quem troca de carro por outro mais moderno, mais potente, ou para uma casa com mais assoalhadas. Mas afinal de contas o que é um namorado melhor? É que os namorados também são como os melões. Só depois de abertos é que as mulheres podem saber como é que eles são. E tal como dizia a Céline "tu nunca podes substituir ninguém, porque cada pessoa é única e feita de lindíssimas especificidades". Ou seja, nunca se troca totalmente para melhor ou para pior, troca-se necessariamente para diferente porque não há duas pessoas iguais. Ninguém é totalmente melhor ou pior que outrem. E alguma coisa eu haveria de ter de bom... Alguma coisa de absolutamente tão belo e específico que, tendo-me afastado da sua vida, ela nunca mais voltaria a ter. E eu conheço muito bem as minhas especificidades únicas. Nem precisava sequer que ela mo confirmasse, da falta que já lhe faziam.
Claro que há muitos anos que isto não interessa para nada, além de fazer parte das nossas memórias. Cada pessoa faz as suas escolhas e tem de viver com elas, e, já agora, também nós temos de viver com as escolhas dos outros. Mas fiquei a pensar. Eu fiquei com uns esboços verbais que ela foi desenhando do perfil dele. E sinceramente estava à espera de melhor. Uma mulher, por norma, comete o erro de avaliar a sua concorrência unicamente pelo aspeto exterior das rivais. Mas uma pessoa vale muito mais (ou menos) que a sorte de ter nascido mais ou menos bonita aos olhos dos outros. E como eu nunca sequer conheci a tal criatura, fui absorvendo, sem distrações, o perfil consoante ia ouvindo, com as orelhas espetadas, um comentário aqui outro acolá. Daí a surpresa quando finalmente se revelou o nome daquele que me iria substituir. E para mim foi uma tremenda desilusão. Esperava mesmo muito melhor. Ou então eu sempre me tive em melhor conta do que na realidade sou.
E de repente, tantos anos depois, eu podia estar agora ao lado dele. Acho que o perfil até se encaixava bem. E depois as mulheres acham sempre que conseguem mudar os homens. Acham sempre que com elas será diferente do que eles foram com as outras. Tão ingénuas! Mas quão irónico não seria, estar agora, sentado no carro dele, passando horas a fio a ouvi-lo contar como te enfia os cornos?
E sabes, de repente a palavra "Amor" aparece na consola do carro dele e toca o telefone. Sabes quem era? Vê lá que podias ser tu! Preocupada! E não é adorável o cinismo e ironia da coisa? Não é tão querido que ele não te tenha o mínimo respeito, nem por ti nem pelos filhos, mas depois nem sequer tem o teu nome na lista telefónica, tem algo muito mais especial! Vê lá tu que ele chama-te de "Amor". Que lindo! Estou mesmo sensibilizado. Verdadeiramente tocado!
Só que Amor, lá na definição do dicionário dele, significará: "Aquela cabra que vive comigo lá em casa há não sei quantos anos e que só me fode o juízo, que torna a minha vida miserável, e que bem que podia morrer que não me fazia falta nenhuma".
Decorei textualmente as palavras que lhes disseste:
"- Vens jantar? Não disseste nada. Vem devagar".
E ele lá continuou a vir para casa, naquele dia de chuva, comigo ao lado, a 170Km/h.
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