domingo, 17 de dezembro de 2017

Novas gerações, Velhos Hábitos

"Olá,

Lamento, mas não vou falar mais contigo. Tu és impecável e espero que...blablabla"



Também lamento. Por ti, unicamente. Afinal, só tínhamos trocado três ou quatro e-mails, muito espaçadamente no tempo, e nem sequer te conheço ainda o carácter, muito menos tínhamos qualquer espécie de ligação. Mas lamento especialmente por ti, que ainda és jovem, com idade para seres minha filha, e por toda uma nova geração da tua idade, que, apesar de querer parecer tão diferente por ter nascido num tempo diferente, de internet e de novos direitos, irá continuar a perpetuar os mesmos erros das gerações anteriores. 

De facto nada parece mudar de essencial. E nem é preciso indagar o que se passou. É demasiado óbvio. Volta-se para o ex-namorado de quem se dizia que se passava a vida a discutir, que era demasiado controlador e os ideais eram completamente diferentes, mas tem que se fazer cedências. E eu nem quero imaginar de que ordem serão essas cedências na vida real, para que se tenha mesmo de cortar com uma mera pessoa (eu) que nem nos conhece e que simplesmente envia um e-mail a dar notícias. 

Lamento mesmo que as novas mulheres, que até já cresceram num mundo diferente, continuem a submeter-se ao velho jugo, à mesma burka, e que sejam elas mesmas a perpetuar o machismo. E depois queixam-se dos homens, da violência doméstica, quando são elas mesmas que simplesmente se deitam na cama que fizeram. 

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