"Daqui nasce um dilema: é melhor ser amado que temido, ou o inverso? Respondo que seria preferível ser ambas as coisas, mas, como é muito difícil conciliá-las, parece-me muito mais seguro ser temido do que amado, se só se puder ser uma delas. Há uma coisa que se pode dizer , de uma maneira geral, de todos os homens; que são ingratos, mutáveis dissimulados, inimigos do perigo, ávidos de ganhar; enquanto lhes fazes bem, são teus, oferecem-te o seu sangue, os seus bens, a sua vida e os seus filhos, como disse atrás, porque a necessidade é futura; mas, quando ela se aproxima furtam-se.
As amizades que se conquistam com dinheiro, e não pelo coração nobre e altivo, fazem sentir os seus efeitos - mas são como se não as tivéssemos, pois de nada nos servem quando delas precisamos. Os homens hesitam menos em prejudicar um homem que se torna amado do que outro que se torna temido, pois o amor mantém-se por um laço de obrigações que, em virtude de os homens serem maus, se quebra quando surge ocasião de melhor proveito; mas o medo mantém-se por um temor do castigo que nunca nos abandona (...)
Voltando ao que disse acerca de ser temido e amado, concluo que, visto os homens amarem segundo a sua fantasia e temerem à mercê do príncipe, um príncipe prudente e sensato deve basear-se no que dele depende, e não no que depende dos outros, e deve estudar a maneira de não ser odiado, como já disse.
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