terça-feira, 19 de outubro de 2021

O Que Têm os Elefantes e os Gatos em Comum?


O elefante é um animal dotado de grande inteligência e memória. Que ninguém ouse maltratar um elefante porque, passem os anos que passarem, ele não se esquecerá e irá vingar-se. Recordo-me, vá lá saber-se porquê de Pitigrilli se ter referido a esse facto por mais do que uma vez em alguns dos seus livros que li, por exemplo, aqui, em "O homem que procura o amor":

"Um senhor, ao lado dele, contava à esposa a história do elefante que, reconhecendo, ao fim de quine anos, um homem que lhe tinha metido na boca um cigarro aceso, o agarrou com a tromba e o esmagou contra o teto. Paulo Pott respondeu delicadamente às desculpas pedidas por um desconhecido que o havia empurrado. O desconhecido aproveitou para contar uma história diferente, a do caçador que descobriu um dia na selva um pequeno elefante que caíra numa pequena armadilha feita pelos indígenas. Apiedade da graça e infelicidade do pequeno paquiderme, o caçador ajudou-o a libertar-se. Passado tempo, tendo o caçador voltado á Europa, assistia num circo de Amesterdão, a uma sessão em que figuravam elefantes. Ali estava o pequeno paquiderme que ele tinha salvo, mas que, caído numa nova armadilha, fôra capturado e vendido no mercado de Hamburgo. O elefante, apenas entrou na arena, reconheceu o seu salvador e dando ouvidos apenas à voz do reconhecimento, sabe o que ele fez?
- Não, respondeu Paulo Pott.
- Dirigiu-se para ele, fez voltear a tromba sobre a cabeça do homem, agarrou nele com toda a delicadeza e dos lugares populares de 3 francos e 50 cêntimos levou-o para as poltronas de 25 francos".

A gata cá de casa, está cada vez mais doente. De forma galopante, começaram-lhe a aparecer umas feridas nas orelhas, que uma amiga disse que quase de certeza seria cancro (típico dos gatos brancos) e nos últimos dias já nem saía da cama dela, que em tempo tinha sido da Pandora. Comia bem, mas já não saía de lá...

Por vezes diz-se, erradamente, que o ser humano é o único animal a ter consciência da morte. Mas outra característica que é atribuída aos elefantes é a de pressentirem a morte e deslocarem-se para retiros, se calhar, uma espécie de panteão dos elefantes. E os elefantes até velam o corpo e fazem o luto, tal como os seres humanos.

Os gatos não têm panteão mas, à semelhança dos elefantes, não raras vezes saem de casa para ir morrer longe de casa. Ainda era adolescente e lembro perfeitamente de um gato da senhora Zira, "ruim como as cobras" que ninguém lhe metia a mão, e que acabou por vir morrer numas prateleiras da nossa garagem. Só o descobrimos quando começou a cheira mal. 

Hoje de manhã a minha mãe disse-me que, a gata já estava tão mal que tinha desaparecido... Entretanto, já estava com este texto a meio e eis que a gata reapareceu para comer... só para me estragar o final do texto. Os gatos, tal como os elefantes, fogem quando pressentem que vão morrer. Só que os elefantes não têm nove vidas, não é?


Sem comentários:

Enviar um comentário