domingo, 27 de janeiro de 2019

As Feministas São Mesmo Muito Feias

Porque hoje é Domingo, dia mais dado a trivialidades, mas principalmente porque este fim-de-semana uma mulher, que eu nem sequer conhecia, em conversa, fez questão de me mostrar, orgulhosamente, os pêlos das suas pernas, lembrei-me de deixar aqui vários rostos de conhecidas mulheres feministas (com ou sem pêlos!)
E como facilmente se pode ver, tal como a nova ministra e pastora brasileira do governo do Bolsonaro disse, são extremamente feias e como não têm homens que as queiram, por isso é que deram em feministas e lutam pela igualdade. Senão eram lindas, iam para a cozinha e faziam o que os homens lhe mandassem. Caso contrário levavam nas trombas e ficavam satisfeitas. 
(A laranja clicar para ler a biografia)

Começando talvez com a figura maior: Simone de Beauvoir, na imagem com o marido Jean Paul Sartre.


Keira Knightley




Gloria Steinem




Emma Watson




Angela Davis




Oprah Winfrey


sábado, 26 de janeiro de 2019

"O que eu gosto em si é a sua alegria e otimismo"

Em poucos minutos a conversa estava já incontrolável, o que comigo não é nada difícil de acontecer. Eu pareço uma espécie de soldado com a metralhadora descontrolada a disparar palavras por todos os lados. Acho que no entanto deixei espaço para a ouvir, ainda por cima ela é daquelas pessoas que tem um timbre de voz que dá gosto ouvir. Há pessoas assim, que ainda não conheço pessoalmente mas já gosto da sua voz. Ela foi um desses casos.

E assim do nada disparo inesperadamente:
- Já viu como tenho as mãos?
"Já tinha reparado, mas não disse nada."
Ela já tinha reparado... Recentemente é pelo menos já a segunda pessoa que me diz que "já tinha reparado". E se calhar, agora que penso, já não há mesmo como não reparar. Mas não interessa, porque fui eu que fiz questão de lhe mostrar! Na verdade, pensando bem, acho que agora passo a vida a mostrar as minhas mãos às pessoas.

Foto emprestada da net
E já agora, faço aqui um parêntesis para me dirigir às duas leitoras que comentaram na publicação "As últimas palavras que me escreveste". Da mesma forma que vos disse na altura, que, só quem está à vontade com o seu passado é que fala abertamente dele, também só quando aceitamos uma doença ou uma deficiência é que, alegremente, até fazemos reclame dela. Porque se querem saber, durante muito tempo eu escondi as mãos, e logo eu, que sempre falei muito com elas... E ter de passar a escondê-las não era fácil. 

Muito bem. Ela tinha então já reparado nas minhas mãos...
Mas o mais engraçado foi que, minutos depois, sem nada que o fizesse prever, e com todo o à vontade do mundo, aquela mulher, que nada sabe de mim e com quem só tinha estado uma meia dúzia de vezes, talvez uns dois ou três minutos de cada vez, o tempo suficiente para pegar numa encomenda e colocá-la na mala do carro, e a quem eu sempre, respeitosamente, estendi a mão, de repente, com enorme à vontade (defeito profissional?) pega-me nas mãos e lentamente começa a massajá-las...

Ainda conversamos mais uns quantos minutos, até que a chuva fez questão de nos interromper, e também de me lembrar que tinha de ir trabalhar. Coloquei-lhe a encomenda na mala do carro, mas desta vez não lhe estendi a mão. Disse-lhe-lhe:
- Olhe, vou-lhe dar dois beijos! 
"Também já tinha pensado nisso", respondeu-me! 

Cada um foi à sua vida e eu fiquei a reviver aquele encontro meio surreal. Retive uma frase que ela me disse:
"O que eu gosto em si é a sua alegria e otimismo"...

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Sempre Com o Último Grito da Tecnologia....

...no mínimo, com dez anos de atraso!

É verdade, tenho um telemóvel novo. Custou dez euros usado!
Até partilho o atual e o de há dez anos, numa cena ao estilo  #10yearchallenge que o Facebook se lembrou de inventar, das pessoas colocarem uma fotografia atual e como eram há de anos, que dá sempre imenso jeito quando pretendes desenvolver um algoritmo de reconhecimento facial!!



Ainda se lembram destes telefones icónicos da Nokia?

Quando o Meu Avô Rasgou o Cartão de Sócio

Passava os olhos pelas capas dos jornais desta manhã, e uma frase de um treinador ("marcamos mais golos mas não ganhámos") fez-me lembrar de uma das muitas histórias que o meu avô contava e que eu nunca me cansava de ouvir: o dia em que ele, em pleno campo da bola, rasgou o cartão de sócio e decidiu nunca mais ir ver um jogo de futebol.

Apesar de ter ouvido esta história dezenas de vezes (peço desculpa mas o neologismo "estórias" faz-me bué da comichão na psoríase) na verdade já não sei bem todos os pormenores.

Creio que se tratava de um daqueles clássicos, um Medas - Zebreiros (ou seria um Medas - Melres?) jogos que na certa acabam em pancadaria, e que, segundo o meu avô, o árbitro esteve sempre a prejudicar o clube que era associado. E por falar em associado, ainda por cima, o meu avô já andava a ficar chateado porque, lá de longe a longe, quando se lembrava de ir ver um jogo, chegava ao lá e, azar, era "Dia de Clube" e lá tinha de pagar! E até que, nesse tal clássico da terrinha, houve um lance por demais evidente da roubalheira. Farto daquilo, o meu avô, ainda no campo rasgou o cartão de sócio e fez promessa de não voltar a meter os pés num campo de futebol. 

"Ando-me para aqui a chatear, a gastar dinheiro, quando na verdade só ganha quem aqueles senhores de preto quiserem? Não!"

Eu estou em crer que, quando a maioria das pessoas fizer o mesmo, talvez os senhores que mandam tomem de facto medidas para que o futebol deixe de estar aVARiado. 

Imagem emprestada da net

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Ninguém é Aquilo Que Diz que É

"Não, ninguém é aquilo que diz que é. Quanto muito, diz, com alguma sinceridade, aquilo que está. Nós é que, por defeito ou feitio, não sabemos usar a língua e, atrás da língua, lá nos vai também a cabeça. Ninguém é ministro, está ministro. Governar-nos-íamos melhor se evitássemos este tipo de confusão entre os dois verbos. Ninguém é advogado, professor, funcionário, médico, passageiro de autocarro ou de metro. Podemos estar, por algumas horas, nessas funções que, durante algumas horas das suas vidas, ocupam.


Luto pela Felicidade dos Portugueses / Rui Zink (2007)

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Marcelo e Cristina Ferreira: Favores que se Pagam

No passado sábado estive com aquele meu amigo de há muitos anos. Não tenho mais nenhuma amizade (com um homem) assim. Mantemos uma daquelas verdadeiras amizades que o Alberoni descreve no seu livro.
Várias horas a caminhar, mesmo que, quase sempre debaixo de chuva permanente, deu para muitos temas e para pôr a conversa em dia. E até que, de repente, (e nem sequer falamos muito de política) lá se falou no célebre (e patético) telefonema do senhor Presidente da República à Cristina Ferreira no seu primeiro dia na SIC.

Primeira abordagem do meu amigo, quase em tom de desculpa: "Eu adoro uma boa Teoria da Conspiração"!
Ó Diabo!, pensei. Isto já parece que estamos no trabalho, e nos dizem, a mim e à minha colega de trabalho, que só alimentamos teorias da conspiração! Pois, por mim podem sempre chamar-lhe o que quiserem, contudo, eu suspeito sempre de coincidências muito convenientes! E que las ay las ay!

"Por mim foi um favor que foi pago" desenvolveu. "Havia um favor que precisava ser pago, isto foi ponderado, e abdicando de uma eventual perda de popularidade, tinha de ser agora que o favor teria de ser pago". 



Em boa verdade, a  meu ver, isto nem sequer se trata de uma verdadeira teoria da conspiração, mas sim de uma análise perfeitamente lógica. Ainda assim, partilhei hoje esta ideia, ou a teoria se quiserem, com a minha colega, que, rapidamente, comprovou toda a asseertividade e lógica desta dedução!

Relembrou a minha colega - algo que que eu não fazia ideia porque não consumo televisão, muito menos o universo cor-de-rosa das revistas - que, a primeira entrevista, para o primeiro número da revista Cristina foi, precisamente, Marcelo Rebelo de Sousa!, a pessoa que poderia vir a ser presidente da República! Disse-me a minha colega que, na altura, muito se especulou sobre quem seria o primeiro convidado. Que poderia ser o Cristiano Ronaldo, que poderia ser o Mourinho, mas acabou por ser o Marcelo Rebelo de Sousa, aquele que, caso fosse eleito presidente, seria o primeiro presidente (segundo a própria) de quem a Cristina Ferreira tinha o número pessoal. 

E de facto, se o comentador Marcelo Rebelo de Sousa deve, e muito, a sua eleição como presidente da república à TVI (relembre-se que, enquanto político, até então, Marcelo era um total fracasso, desde a candidatura à Câmara Municipal de Lisboa, à liderança do PSD)  e na TVI, passou anos e anos a fio em pleno Tempo de Antena gratuito, vendendo-se a si mesmo e granjeando simpatias. Ainda assim, ter a possibilidade de aparecer no primeiro número daquela que foi, enquanto existiu, a revista de maior sucesso do país, também terá ajudado à festa, por pouco que tenha sido, ainda por cima a poucos meses das eleições presidenciais.

E foi assim que, duas pessoas que nem se conhecem entre si, me conseguiram explicar, cada uma com o seu ângulo de visão e conhecimento, e me fizeram crer que, o telefonema de Marcelo Rebelo de Sousa ao novo programa da Cristina Ferreira, foi simplesmente um favor que se pagou. 

P.S. Já sei que revista ainda existe! 

domingo, 20 de janeiro de 2019

Conversas Improváveis (34) - Direitos Paroquiais

"Eu sou católico mas há uns anos que não pago os direitos paroquiais por causa do padre. O padre decretou que para entregar o dinheiro, tem que ser à quarta-feira, entre as três e as quatro da tarde. Só nesse horário. E eu ia agora faltar ao trabalho para ir entregar o dinheiro ao padre! 
Como a minha filha é acólita, então eu preparei um envelope com o dinheiro correspondente à minha família para ela entregar ao padre. Certo dia ela levou o envelope e eu estava cá fora a fumar e ouvi o que se estava a passar. Tal como eu lhe disse para fazer ela falou com o padre mas ele de imediato respondeu-lhe que tinha que ser à quarta-feira, entre as três e as quatro. Eu nem acabei de fumar, atirei o cigarro ao chão, pisei-o com o pé, entrei porta adentro, tirei o envelope à minha filha e disse: "filha, como o senhor abade é  muito rico e não precisa do dinheiro, eu levo-o connosco porque faz-nos falta. 


As Brumas Matinais do Rio Douro

As brumas matinais do rio Douro, hoje, em Melres, na viagem a caminho do treino.


sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

"Enfim, As Coisas São Como São... Não é Verdade"?

"Querida Bárbara Alexeievna:

Encontrei hoje a Fédora e estive a conversar com ela, meu anjo. Contou-me que se realiza amanhã o seu casamento e que depois de amanhã segue viagem. O senhor Buikov já alugou os cavalos (...)
Olhe, desejo-lhe muitas felicidades, querida! Que a sorte a proteja sempre é a minha maior alegria ; é verdade, a sua felicidade será sempre para mim motivo de satisfação. Bem queria ir amanhã á igreja, mas não posso; é demasiado violento. 
Mas como havemos de continuar a corresponder-nos? Insito outra vez neste ponto...
Quem se há-de encarregar de fazer chegarem ao seu destino as nossas cartas? (...)

Como sabe, vou mudar deste quarto para o quarto onde você morou, onde a Férola me alugará um compartimento. Jamais me separarei desta honrada e boa velhinha. Demais, trabalha tanto! Ontem percorri os seus antigos aposentos demoradamente. Ainda se vê o bastidor com o trabalho principiado. Deixámos tudo exatamente como estava. Demorei-me também a ver os seus bordados . Ainda por lá ficaram uns restos de coisas . Dei com uma carta minha com linhas enroladas nela. Na sua mesinha encontrei uma folha de carta em que a Bárbara escrevera: Meu querido Makar Alexeievitch..." E nada mais. Certamente entrara alguém no momento em que principiara a carta. No canto, separada por um biombo, está a sua caminha... Oh meu anjo querido!
Bem, com isto, adeus, adeus. Por amor de Deus, escreva-me alguma coisa em resposta à minha carta, o mais breve possível!

Makar Dievuchkin



Meu Querido Makar Alexeievitch:

Está tudo acabado! A minha sorte está lançada e não sei o que o futuro me reserva, mas desde já me entrego nas mãos de Deus.
Partimos amanhã e venho, pela última vez, despedir-me de si, meu único, meu fiel, meu querido e bom amigo. É o meu único parente, a única pessoa que me valeu nas minhas dificuldades!
Não sofra por minha causa, seja feliz, lembre-se algumas vezes de mim e que Deus o abençoe! Pensarei muito em si e não o esquecerei nas minhas orações. Acabou-se a nossa convivência! São poucas as recordações agradáveis do passado que levo para a minha futura vida; por isso mesmo, mais querida e apreciada se me torna a sua lembrança e maior estima lhe consagra o meu coração. É o meu único amigo, a única pessoa que aqui me quis bem. Não sou nenhuma cega, pude avaliar bem o afeto que sempre me dedicou. Um simples sorriso meu era o bastante para o fazer feliz, e uma linha minha tinha o condão de o reconciliar com tudo. Agora tem de me esquecer (..)

Prometo-lhe escrever-lhe, meu bom amigo; mas só Deus sabe o que pode acontecer. Por isso, é melhor despedirmo-nos para sempre, meu amiguinho, meu adorado, meu tesouro, como o senhor me chama a mim. Para sempre!... Ai, que abraço tão apertado lhe daria agora! Adeus, querido amigo. Desejo-lhe muitas felicidades! Deus permita que goze sempre de boa saúde; nunca me esquecerei de rezar por si. Oh, se soubesse como estou triste, que horrível peso tenho na minha alma!
O senhor Buikov está a chamar.
Sou eternamente dedicada.

B.


P.S. - A minha alma está tão cheia, tão cheia de lágrimas! Parecem querer afogar-me, despedaçar-me... Adeus, adeus, Makar Alexeievitch! Que tristeza meu Deus! 
Não esqueça, não esqueça nunca a sua pobre Bárbara

B.


Pobre Gente - primeiro livro de Fiódor Dostoiévski (escrito com 25 aos) e publicado em 1846  

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Despedir o Treinador Que Ainda Nem Sequer Fez Um Jogo

Rui Rio é presidente do Partido Social Democrata (que já foi PPD) há precisamente um ano (13 de Janeiro). Ganhou as eleições depois de Passos Coelho se ter cansado de anunciar a vinda do Diabo, que nunca mais havia jeito de vir.

A primeira pessoa a chegar-se à frente na sucessão foi Rio, ex-presidente da Câmara Municipal do Porto. Na iminência de não ter qualquer oponente, apareceu Santana Lopes (para delírio das Santanetes) que como se sabe "anda sempre por aí". E, mesmo depois de ter dito em 2013 que (depois da porcaria que fez nos quatro meses em que foi primeiro-ministro em 2005) "nem que o vento mudasse dez vezes teria hipótese de voltar a ser primeiro-ministro", foi mesmo a votos para disputar a liderança do PSD. Mas perdeu. 

Rui Rio ganhou com 55% dos votos. Só que Rui Rio começou a mandar no partido, mas contra a maioria dos deputados eleitos pelo PSD e escolhidos por Passos Coelho para o parlamento. E desde então, em vez do partido se unir para tentar ser uma alternativa ao governo socialista (acho que é isso que se deveria chamar, "alternativa" e não "oposição") não, entraram em guerrilha permanente. E o que eu gostaria de saber é, como é que um partido que nem sequer se entende, pode ousar pensar que as pessoas lhes confiarão votos para governar um país?

A liderança foi então disputada por Rui Rio e Santana Lopes porque mais ninguém quis avançar, queimar-se perante a impressionante cavalgada da coligação de esquerda no parlamento. 

O ex-líder da bancada parlamentar, Luís Montenegro, que em pleno período de cortes e roubos de salários teve esta tirada: "A vida das pessoas não está melhor mas o país está muito melhor", que me deixou a pensar até hoje, afinal, o que é um país? Será um pedaço de terra em que não vive ninguém?
Montenegro, muito apoiado para uma eventual candidatura, acabou por decidiu não concorrer à liderança do partido, alegando razões "pessoais e políticas" e por entender que “não estavam reunidas as condições necessárias” para o fazer.

Entretanto passou um ano. Não houve qualquer eleição para tentar aferir da opinião dos portugueses acerca da popularidade de Rui Rio, mas agora sim, já aparece Luís Montenegro a exigir novas eleições no PSD! Claro, agora sim já era o momento certo, porque há um cheiro de poder no ar, porque se avizinham eleições legislativas lá para Outubro!



No Partido Socialista passou-se o mesmo. José Sócrates decidiu abandonar a liderança do partido e José Seguro foi eleito líder do partido com quase 70% dos votos contra Francisco Assis que teve pouco mais de trinta. Repito: António José Seguro foi eleito em 2011 líder do PS com quase setenta por cento dos votos!! 

António José Seguro, como líder do partido, venceu duas eleições: as autárquicas de 2013 e as Europeias de 2014. Só que, de novo, o cheiro a poder já fedia no ar porque havia Legislativas no ano seguinte, em 2015. E foi então que deu à costa a oposição interna. António Costa começou a criticar o líder e a dizer que "não basta ganhar" porque "quem ganha por poucochinho é capaz de poucochinho". 

Olhemos então para o que aconteceu. António José Seguro ganhou duas eleições como líder, mas ao fim de três anos apareceu António Costa para lhe puxar o tapete em eleições internas criticando-o por vencer por "pouco". António Costa vai a votos e, perante o governo mais odiado de sempre, perde para a coligação (PSD+CDS) e com um resultadozinho de 32%!! 

Temos então que, no PS mandou-se embora um treinador que só sabia ganhar por 1-0 ou 2-0 mas ganhava. No PSD são ainda mais inteligentes, querem despedir um treinador que ainda nem sequer fez um só jogo!! 

Não, isto não faz sentido nenhum e estamos a falar dos dois maiores partidos em Portugal. PS e PSD só estão interessados no poder, o resto nada interessa. Vai-se para a política, não para tentar fazer algo pelas pessoas, mas sim para satisfazer clientelas e agendas próprias. E depois queixam-se da escalada de votos em partidos fascistas de extrema-direita. 

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Dúvida Existencial (4): As Médias de Acesso à Cadeia

Pelo que tenho percebido também nas cadeias não entra quem quer, só mesmo quem pode. Suponho que só mesmo quem estudou muito e teve médias altíssimas é que pode ir para uma cadeia que todos querem. 

Alguém me sabe dizer qual é a média que é preciso ter para poder ter acesso ao Estabelecimento  Prisional de Évora? 

Ou então só os senhores presidiários que possam pagar as propinas altíssimas que eles devem cobrar é que lá pode entrar e, mais uma vez, os coitados dos pobres têm que se contentar com as cadeias que os ricos não querem!

E prova-se mais uma vez que a Constituição não serve para nada. O tão famoso artigo 13º da Constituição Portuguesa:

Artigo 13.º - (Princípio da igualdade)

1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei. 
2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica ou condição social.




segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Fumadores que Fumam Mais Cigarros Vivem Mais Anos

A memória é uma coisa muito chata não é jornal "Público"?



No dia 20 de Junho de 2017 (aqui) o Público publica uma crónica (que não teve qualquer partilha nas redes sociais - mas eu nunca mais me esqueci dela) em que fala sobre como se pode mentir com a estatística. Nada de novo. Todos nós sabemos o que Pitigrilli disse a esse respeito:

"Estatística: a ciência que diz que se eu comi um frango e tu não comeste nenhum, teremos comido, em média, meio frango cada um."

Na crónica do Público de Diogo Trigo ficamos a saber coisas como:

"A manipulação ou distorção de dados científicos é frequentemente usada como contra-informação para vender ou rebater uma ideia. Este processo assume vários aspetos e pode acontecer independente da integridade da investigação em si. Um dos processos mais comuns é o embelezamento de dados estatísticos, conferindo-lhes uma carga positiva ou negativa consoante a agenda a vender."

"Outro ardil frequente é a utilização de correlação como exemplo de causalidade, isto é, confundir o facto de duas coisas estarem associadas com uma delas ser especificamente um resultado da outra. Como dissemos no título, de facto, um fumador que morra de causas naturais aos 95 anos terá fumado na sua vida toda, em média, mais cigarros do que um fumador que morre de acidente de viação com 23, mas isto não quer dizer que a vida tenha sido prolongada pelos cigarros consumidos adicionalmente."

"Estes casos sucedem-se nos diferentes meios de comunicação, caindo-se por vezes em desgraça quando por negligência ou por irresponsabilidade se fazem afirmações ridículas com certezas de autoridade, sem ter havido um estudo prévio das fontes originais dos factos anunciados. "

Entretanto, na semana passada, no dia 10 de Janeiro, o mesmo jornal Público faz esta capa:



Perguntas: Era só para vermos se estávamos atentos? ou andam a tentar imitar o escarro jornalístico mais vendido do país?

Os alunos com piores notas reprovam. Os alunos com melhores médias escolhem e entram no curso que querem.

Lamentável.

domingo, 13 de janeiro de 2019

O Maior Salário Mínimo do Mundo

Os portugueses são muito empreendedores. E adoram recordes e o livro do Guiness.

Ele é o Maior desfile de Pais Natal do mundo; A maior bandeira bandeira e logótipo humano; a Maior feijoada do mundo na Ponte Vasco da Gama e Maior mesa e Maior número de pratos lavados do mundo; o Maior arroz de lapas do mundo; a Maior aula de judo do mundo; a Maior sardinhada do mundo; o Maior assador de castanhas do mundo; o Maior pão com chouriço do mundo; o Maior prato de bacalhau de mundo; o Maior bolo-rei do mundo; o Maior tacho de caracóis do mundo; o Maior número de colorações de cabelo do mundo; o Maior lançamento em simultâneo de aviões de papel do mundo; o Maior bouquet de noiva do mundo; o Maior piquenique do mundo; os Maiores chifres de bode do mundo; o Maior número de t-shirts vestidas de uma marca de roupa.... 

Não há nada que os portugueses vejam que não querem logo ser os maiores do mundo. Só é pena que os patrões portugueses não serem nada empreendedores. Quando é que os patrões portugueses metem na cabeça em colocar Portugal no Guiness com o Maior Salário Mínimo do Mundo?




O Conhecimento É Muito Perigoso

Como contei, na semana passada recebi mais umas cinco dezenas de livros antigos, maioritariamente da coleção "Série Popular" da Livraria Civilização Editora dos anos cinquenta. Estamos a falar de pequenos livros de bolso, de capa mole. Na contracapa o preço: 7$50 (três cêntimos nos dias de hoje)




Comentário da minha mãe:

"Sabes quanto é que nessa altura, o teu avô ganhava a trabalhar (de picareta na mão o dia inteiro) nas obras da marginal? À volta de vinte escudos (seriam hoje dez cêntimos). 




Quando este fim-de-semana comentei com uma amiga, disse-me ela precisamente o que eu penso: o conhecimento é muito perigoso, daí que seja tão inacessível. E isto aconteceu na mesma semana em que ficámos a saber que, Portugal é dos países da Europa onde menos alunos ingressam nas universidades, certamente não porque não tenham capacidades, mas porque, como já sabíamos, Portugal é dos países da Europa em que as famílias mais suportam as despesas com o ensino superior. 




Certamente que nem sempre ensino superior e cultura andam de mãos dadas. Há gente que acaba um curso superior e não tem cultura nenhuma. Ainda assim, o que me parece é que, em Portugal, ainda se vivem tempos idos, salazaristas, onde quem tem dinheiro não gosta de se misturar com a plebe. Gente que tem horror a pobre. Gente que está bem na vida mas que não suporta que os outros também possam vir a estar.

E é por este tipo de coisa que, mal se fala, ainda que só por alto, (como se falou esta semana) em facilitar às famílias portuguesas o acesso dos seus filhos ao ensino superior, que logo venham berrar que não pode ser. Há um certo tipo de políticos de Direita, que representa um certo tipo de pessoas, que tem horror a pobre e veste uma roupa de trazer por casa quando vai aos bairros sociais. Gente que é contra a obrigatoriedade do ensino até ao décimo segundo ano. Gente que queria era que se voltasse ao tempo (como no tempo dos meus pais) em que o ensino era a quarta-classe e dar uma enxada para mão, para as crianças trabalharem. Gente que por certo ainda suspira pelo trabalho infantil, de crianças de doze aos a trabalhar em fábricas, como ainda se via muito no Portugal dos ano oitenta e que fazia as delícias de patrões sem escrúpulos.

E querem agora facilitar o acesso dos pobres às universidades? Onde é que isto já se viu?
De igual forma os livros sempre foram extremamente caros, e são-no especialmente caros em Portugal. O conhecimento é muito perigoso. É muito complicado ter pessoas bem informadas, cultas e com espírito crítico. Assim sendo, é normal que se limite o acesso ao conhecimento. O que se quer é gente acéfala, que come o que as televisões lhes dá a comer, e que sigam as últimas convulsões violentas (que no dia seguinte já ninguém se lembra) nas redes sociais. 

Debates Verdadeiramente Importantes

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Qual é o Livro Mais Antigo que Tens?

Sempre que recebo livros transformo-me numa espécie de criança fascinada como se acabasse de receber um brinquedo. Pego neles, folheio-os, descubro os seus títulos e autores. E se tudo num adulto se explica (ou quase tudo) graças à infância que teve, talvez a explicação para que isto em mim se manifeste resida no facto de eu ter crescido no seio de uma família pobre, onde apesar de haver muito amor não existiam quaisquer livros. E tal como muitos outros portugueses pobres cresci sem o hábito da leitura. Ainda assim, cedo revelava algum jeito para as "redações" (palavra que na altura levava dois "c"), e que depois se começaram a chamar "composições", e tinha algum jeito, principalmente porque acho que sempre fui muito criativo. 


E esta semana recebi mais um saco de livros. Mais de cinquenta! Lembram-se da brincadeira das "Plantas por Livros"? Foi daí a sua proveniência. São quase todos muito antigos, aliás, mais de quarenta são duma coleção da Livraria Civilização dos anos cinquenta.



No meio de todos aqueles clássicos encontrei quatro livros franceses de capa dura, ainda mais antigos. Dois de Física, e um de iniciação à Literatura e Ciência francesa, com duzentas e cinquenta ilustrações. Mas um outro ainda mais antigo, de filosofia, "La Famille - Leçons de Philosophie Morale" de Paul Janet, chamou-me logo a atenção pela dedicatória que tem na primeira página, pois a assinatura é de 1886! Hei lá, isto é antigo! Trata-se de uma terceira edição de 1871. Tem quase cento e cinquenta anos!! Eu não tinha nenhum livro do século XIX!

Eu sei que tenho que ter cuidado com as acumulações, e se continuar assim, a receber aos cinquenta livros de cada vez a coisa pode-se complicar. Outro problema é, com quanto tanto livro para ler, nem sei por onde comece. E hoje acabei, finalmente, "A amizade" do Alberoni. Um bom livro para se oferecer a um amigo.

Talvez pegue neste aqui que se chama "Pobre Gente" de Dostoïewsky e que começa assim:

Ontem fui feliz, excessivamente feliz, como não se pode sê-lo mais! Até que enfim, uma vez na vida, você, sempre tão inacessível, satisfez os meus desejos!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Entrevista: Casal a Trabalhar Junto é Bom ou Mau para a Relação?

Depois de me ter divertido bastante a fazer uma primeira entrevista aqui para o blogue, resolvi voltar à carga, mas desta feita, como convinha, com um tema que completamente diferente. Contudo, de novo com uma perspetiva diferente e a tentar fugir às ideias pré-concebidas e às generalizações. E, de novo, acho que esta entrevista pode surpreender muita gente. 

Durante os últimos três anos (quase até ao fim de 2018) trabalhei diretamente com um casal.  Eram os meus únicos colegas ou, pelo menos, aqueles com quem trabalhava todos os dias, no mesmo departamento, oito horas por dia. Trabalhei inicialmente só com o colega, e pude assim acompanhar bem de perto todo o processo até ao dia em que o casal começou a trabalhar junto. A doença da esposa; o desemprego (porque há patrões que não percebem que mesmo a pessoa mais saudável num dado momento da sua vida pode adoecer); a possibilidade do recrutamento para a nossa empresa (que desde o primeiro momento incentivei); as conversas informais em que surgiam as dúvidas e as motivações. Acho até que tudo isto foi uma riquíssima experiência sociológica. Quem saiba talvez dê  até uma equivalência a um doutoramento numa qualquer universidade privada!

Foi ouvindo o colega que me falava dos contornos sua vida, dos amigos e dos problemas familiares, da esposa que eu não conhecia (tal como eu lhe falava da minha vida);  e anos mais tarde trabalhar com o casal e perceber como funcionam: a cumplicidade; os maus humores dos pequenos conflitos; as diferentes perspectivas perante os problemas que surgem nas suas vidas e as diferentes perspetivas duma mesma história. Cada casal vive uma história, mas há sempre duas visões do mesmo caminho percorrido.

A entrevista surgiu assim na minha cabeça de forma muito natural, e há muito que estava prometida porque, além destas duas pessoas terem marcado um período da minha vida, achei também que poderia ser interessante para as outras pessoas lerem e, acaba por sair agora, um mês depois deles terem deixado de trabalhar juntos, e uma nova fase das suas vidas se ter iniciado.

Para contextualizar dizer que se trata de um casal na casa dos trinta anos (ela vai já reclamar e afirmar que ainda está nos vinte!), a relação deles já dura há cerca de dez anos (casados há oito anos)  e, já agora, para quem tem curiosidade (como eu) com as coisas da astrologia, dizer que ela é de signo Sagitário (Fogo) e ele Balança (Ar), uma conjugação astrológica que até me parece que tem boa compatibilidade. Mas vamos lá mas é às perguntas!




Para início de conversa, digam-me lá como é que surgiu a oportunidade de trabalharem juntos?

Cristina: Na altura estava desempregada há quase um ano, não estava a conseguir arranjar emprego, surgiu a oportunidade de trabalhar nesta empresa uma vez que eles iam admitir algum pessoal.

Filipe: Falei com o meu responsável e visto a minha esposa estar na situação de desemprego, sugeri que fosse lá para uma entrevista uma vez que iam precisar de alguém


Quais as expectativas que tinham de como é que seria trabalharem juntos na mesma empresa, e ainda por cima directamente e um ao lado do outro?

Cristina: Bem eu confesso que na altura eu estava com algum receio, visto que se ouve falar tanto no desgaste que isso causa nas relações.

Filipe: Por um lado tinha a sensação que ia ser algo bom, por outro lado sempre um pouco de receio, por não ter a certeza como ia correr.

Tinham alguns receios que isso pudesse interferir com a vossa relação?

Cristina: Sim tinha. Nós por vezes tínhamos alguma chatices um com o outro e nem sequer trabalhávamos juntos. O meu maior receio era que trouxessemos alguns problemas do trabalho para casa. Tinha medo também que o facto de trabalharmos os dois juntos acabasse por afectar a relação que iríamos manter com os nossos colegas de trabalho.

Filipe: Inicialmente existem sempre medos e receios. Muitas vezes pela forma como se lidam com os outros no trabalho, que possam trazer alguns problemas, bem como também o desgaste da relação.

O que é que vos diziam as pessoas mais próximas sobre isso? Metiam-vos medo ou incentivavam-vos? Contaram-me, por exemplo, que a colega dos Recursos Humanos vos perguntou se estavam preparados para o fim do vosso casamento....!

Cristina: Bem, a família mais próxima incentivava, o importante era eu ter arranjado trabalho. Às vezes os amigos vinham com aqueles comentários que se fosse com eles talvez não iriam querer trabalhar juntos, e perguntavam se não tínhamos medo do tal desgaste na relação.

Filipe: A esmagadora maioria desde amigos a família, tinham quase todos a mesma frase: " Isso vai ser bom para o vosso relacionamento"? Acho que poucas pessoas apoiavam.

Como é que foi a experiência de, de um dia para o outro passarem o dia todo juntos?

Cristina: Ao inicio foi um pouco estranha. Não sei se talvez um pouco influenciada pelo que os nossos amigos as vezes diziam, de que poderia não ser bom para nossa relação. Surpreendentemente com o passar do tempo passei a gostar de trabalhar com ele.

Filipe: Costuma-se dizer primeiro estranha-se mas depois entranha-se. Com o passar do tempo foi fácil estar habituado a essa ideia.

E que diferenças (positivas ou negativas) notaram na vossa vida pessoal?

Cristina: As diferenças positivas são que a nossa cumplicidade aumentou com o facto de trabalharmos juntos. Nós antes de trabalharmos juntos, só nos víamos ao final do dia, e depois cada um tinha um seu hobbie, os seus afazeres quando chegava a casa. Praticamente só tínhamos mesmo mais tempo um para o outro aos fins de semana.
Ao trabalhar juntos começamos a passar mais tempo um com o outro, a conversar mais e acho que foi uma experiência que nos permitiu conhecermo-nos melhor um ao outro, apesar de já estarmos casados na altura há uns 5 anos. Por vezes quando um de nós ficava de férias ou então ia para fora em trabalho, chegávamos mesmo a sentir saudades um do outro.
Tenho um colega de trabalho que diz muitas vezes que o melhor sítio para conhecermos a essência das pessoas é no local de trabalho. E acho que tem razão!! ( risos)
A parte negativa é que quando alguma coisa corre mal com a empresa o prejuízo connosco é sempre a dobrar.

Filipe: Foi positivo conhecer em outro contexto além daquele em que estávamos habituados, para além de depois, em casa, naquilo que gostávamos de fazer não termos tanta necessidade de atenção pelo facto de passarmos já muito tempo juntos. Para além de conhecermos bem melhor a forma como se lida com determinadas situações em contexto de trabalho.
Aspectos negativos, o facto de o salário em casa estar dependente da mesma fonte.

Foi fácil separar o que era a vida pessoal da vida laboral?

Cristina: Sim foi. Uma coisa era o trabalho, e por lá pela empresa não gostávamos de dar muito a conhecer sobre a nossa vida pessoal, por muito que às vezes quisessem saber não dávamos confiança para isso. Quando saíamos da empresa era normal por vezes conversarmos um pouco sobre certos assuntos, mas não fazíamos daquilo o nosso tema de conversa.

Filipe: Sim, para mim muito fácil. Sou uma pessoa que por natureza não fala muito, por isso se na empresa não gostava muito de falar sobre a minha vida pessoal, também em casa não tinha muito o hábito de falar sobre o que se passava no trabalho.

E pelo facto de serem um casal de que forma isso afetou a relação com colegas e patrões?

Cristina: Ao inicio, tanto com os patrões como com os colegas, eu senti que era um apêndice do meu marido. Não me viam como uma profissional individual mas como a mulher do Filipe. Com o passar do tempo isso foi mudando. Quanto ao relacionamento interpessoal com os nossos colegas, nunca houve qualquer tipo de problema.

Filipe: Foi engraçado porque um dos patrões perguntou : " tens mesmo a certeza disto?", mas ao longo do tempo, nunca existiu qualquer tipo de problema, seja com a entidade patronal, seja com os colegas de trabalho, tirando aqueles que gostam sempre de espetar a faca e se meter em assuntos que não dizem respeito, mas tirando isso, sempre foi boa.

E o facto de estarem sempre juntos e se relacionam com outros homens e mulheres e eventuais questões de ciúme, como é que foi?

Cristina: Quanto a esse aspecto sempre pudemos brincar e conversar com todos, desde que existisse respeito. Nunca senti ciumes das minhas colegas, nem ele dos meus colegas. Talvez porque conhecíamos ambos as pessoas e também estávamos sempre por ali a controlar a situação. (risos!)

Filipe: Penso que nunca se pôs em causa esse tipo de situação.

Tanta gente diz cobras e lagartos sobre um casal que trabalhe junto. Vocês encontram vantagens em terem trabalho juntos? 

Cristina: Sim, primeiro quando vamos os dois para o mesmo local de trabalho as despesas são menores uma vez que podemos partilhar carro. Parecendo que não é algo que nos permite poupar algum dinheiro.

Filipe: Sim conheces melhor a pessoa que está ao teu lado, acho que o segredo é separar sempre a vida pessoal e a vida no trabalho. Acabas por estar atento a certos detalhes na outra pessoa.

E que aspetos menos positivos é que pode haver? Já falaram por exemplo da questão dos salários...

Cristina: Isso depende muito de casal para casal. Muitos o que vão falar é do desgaste. Mas para mim talvez seja as fases más pelas quais por vezes as empresas passam. Se, por azar, houverem salários em atraso, no caso de um casal, será sempre pior.

Filipe: Pode ser o desgaste, o facto de alguém ter dito ou feito algo no trabalho que a outra pessoa possa não ter gostado, mas nada que depois não se fale e resolva.

O facto de terem trabalhado juntos certamente fez com que se conhecessem ainda melhor. Houve algumas coisa que vos surpreendeu no outro e que ainda não conhecessem?

Cristina: Sim no local de trabalho dá para ver muita coisa e conhecer bem as pessoas. Percebi, não que já não o soubesse, que ele é bom profissional, e muito metido no canto dele também.

Filipe: Sabia que quando falei não me ia arrepender, porque estava convicto de que ia desempenhar bem o seu papel, pela forma de estar que tinha. Acho que a forma como começou a lidar com outras pessoas no trabalho, mudou um pouco, porque sempre lhe dizia que o trabalho ás vezes é como na selva, temos que ser fortes e astutos para não sermos engolidos

Estar juntos no trabalho originou mais discussões e atritos, ou pelo contrário foi igual ou até reduziu as discussões em casa?

Cristina: Muito pelo contrario, passamos a discutir muito menos. Ao inicio acho que começamos a evitar discutir porque como iríamos passar mais tempo juntos se discutíssemos iríamos tornar esse processo mais difícil. Então começamos a evitar certos assuntos que já sabíamos que poderiam acabar em discussões. Mas com o tempo acho que começamos a ficar muito mais ligados um ao outro que discutíamos muito pouco mesmo. Acabamos por nos tornarmos mais flexíveis um com o outro.

Filipe: Acho que foi uma mudança para melhor, acabamos por discutir menos, pelos simples facto de depois não ir no dia seguintes chateados para o trabalho, ou pelo menos evitávamos que isso acontecesse.

Então se calhar, pode-se dizer que em nenhum momento dos três anos equacionaram passar a trabalhar em sítios diferentes porque estarem sempre juntos estava a desgastar a vossa relação?

Cristina: Não nunca aconteceu, porque eu acho que estávamos mesmo a gostar da experiência de trabalhar um com o outro.

Filipe: Da minha parte como sou uma pessoa que gosta sempre de procurar vôos, mas nunca equacionei sair do trabalho por causa da relação, isso para mim nunca foi problema.

E que conselhos é que davam a um casal que vá começar a trabalhar juntos na mesma empresa?

Cristina: Acima de tudo que tentem separar bem as coisas e que olhem para o seu cônjuge no local de trabalho como mais um colega. Que se tratem sempre com respeito quando estão na empresa e que não dêem a conhecer a ninguém mais do que é necessário saberem da sua vida pessoal.

Filipe: Divertir com a situação. Não pensar que isso irá ser só coisas más, saber o lugar que cada um ocupa, e aproveitar essa experiência.

Que avaliação é que fazem? Valeu certamente a pena...

Cristina: Na minha opinião acho que valeu a pena. Acho que fez crescer mais o carinho que temos um pelo o outro e acima de tudo o respeito também.

Filipe: Sim valeu, se fosse hoje tornava a fazer a mesma coisa, tomava a mesma decisão.

Repetiam a experiência no futuro?

Cristina: Sim. Porque não?

Filipe: Sim, sem dúvida.

E acham que mais à frente no futuro, ainda vão ter saudades dos tempos em que trabalharam juntos?

Cristina: Talvez. Foi uma boa experiência, e assim sendo não tem porque não a querermos repetir.

Filipe: Eu sou uma pessoa mais pragmática neste tipo de situações, mas claro que no inicio estamos habituados a uma coisa e de repente as coisas alteram, cria sempre uma saudade, porque a experiência correu bem, que sabe no futuro não façamos uma sociedade.

Eu queria desde já agradecer a ambos a disponibilidade para terem alinhado nesta brincadeira e deixo votos para que, a trabalhar juntos ou como agora, cada um na sua empresa, saibam sempre levar a relação pelos melhores caminhos possíveis.

E em jeito de conclusão eu gostaria de dizer que, na minha opinião, não há uma resposta certa à pergunta que deixei no título. Trabalhar junto não é, obrigatoriamente, bom ou mau. Pode ser muito positivo para uns casais como vimos neste caso, tal como pode ser mau para outros casais, porque terá muito a ver com a personalidade de cada elemento do casal e até como o casal funciona em conjunto a trabalhar um com o outro. Contudo, sem experimentarem primeiro, nunca poderão ter certezas de como seria. Num determinado momento da vida deste casal, o mais importante era a falta que um salário fazia no orçamento familiar. Isso era a prioridade. Nesse momento a eventual rotina e desgaste na relação era o menor dos seus problemas. E vejam só, trabalharam juntos durante três anos e, no fim de contas, acabaram por se conhecer ainda melhor e  ficaram ainda mais cúmplices. Portanto cuidado com as ideias pré-concebidas, porque podem-se surpreender.

sábado, 5 de janeiro de 2019

As Últimas Palavras Que me Escreveste

Imagem emprestada da net
"Sinto falta das nossas conversas e das pequenas coisas também! Sabes que durante tanto tempo fomos companheiros de vida... Não é de um dia para o outro que passa tudo... Fazes-me falta em muita coisa! O teu apoio, a tua amizade... Eu sei que perdi tudo...
Com a decisão que tomei perdi o amor e o amigo. Tenho que viver com isso. Por mais que custe e que magoe... Faz de conta que não recebeste esta sms. Foi um desabafo... Um beijo.

Fiquei com lágrimas nos olhos... Sei que me conheces melhor do que ninguém... E tenho as minhas dúvidas se algum dia alguém conhecerá tão bem... Mas tenho de ser forte... A fragilidade fica mais para a noite, quando estou só serenidade da minha cama... Nunca duvides da tua importância na minha vida! Só peço isso. Beijo

És tão duro nas tuas palavras, mas eu perdoo e aceito. Não mereço outra coisa mesmo. Só o teu desdém. Meu amor, meu amigo, encontrar-nos-emos um dia! Acredita!"

Sinais dos tempos. Começamos por nos corresponder no milénio passado com esferográfica e papel. Já as últimas palavras que me escreveste vieram pelo ar, do teu telemóvel para o meu. E há muitos anos que tinha estas tuas mensagens guardadas num telemóvel. Na altura transferia-as de um outro telemóvel para este, e depois apaguei o teu número. E por estes dias voltei a pegar nesse mesmo telemóvel antigo (porque num qualquer dado momento volto sempre a pegar num qualquer telemóvel antigo) e ao remexer-lhe nas gavetas, voltei a dar de caras com as mensagens (como com outras mensagens guardadas de outras pessoas que foram também importantes em determinada altura da minha vida). Mas não penses que foi uma enorme surpresa o que ali encontrei escrito por ti. E não foi porque eu sempre retive essas palavras no disco rígido mais importante: o meu cérebro.

No entanto acho que o mais interessante para mim, foi depois fazerem-me saber que, meses depois destas tuas palavras que me escreveste tinhas casado. Estavas mesmo aflitinha, pá! Está bem, eu retiro o "pá" porque acabei de me lembrar que detestavas que eu te chamasse "pá"! 

Eu sei que em momentos como aqueles, de tão grande intensidade emocional, acho que é normal dizerem-se coisas que não se sentem. E eu sei que me foste dizendo umas quantas que não sentias. Não podias sentir. Eu sei que era só para me magoar (ainda mais). 
Acho que foi mesmo por eu te ter dito isso, que escreves ali a determinada altura que não conseguiste segurar as lágrimas. Talvez porque, como também disseste, afinal, eu era aquela pessoa que, eventualmente, nunca nenhuma outra te iria conhecer melhor que eu, não é? 
E também eu te disse umas quantas coisas das quais não me orgulho. Mas sabes que quando se deita álcool diretamente numa ferida aberta arde. Tu sabias que me iria arder muito, mas talvez só te tenhas querido iludir a ti mesma que não, que eu iria ser uma espécie de Rambo que deita pólvora numa ferida aberta e lhe chega fogo como se nada fosse!

Mas ardeu e tu não estavas muito preparada para as dores que isso me ia causar. Acho que no fundo, já antevendo isso, tu foste um bocadinho cobarde e não tiveste coragem de o fazer por ti mesma, de forma frontal, preferindo fazer as coisas de modo a que, tivesse que ser eu mesmo que, de uma vez por todas tomasse uma decisão. Então, tirei-te o frasco das mãos e despejei eu a merda do álcool todo sobre mim mesmo. E ardeu. Mesmo muito. 

Eu não vou negar que às vezes, e passados todos estes anos - fazem vinte este ano, não é? (eu a fazer de conta que não sei as datas todas de cor!) ainda dou por mim a pensar se ainda te lembras de mim. 

(Não, minha querida e linda e muito inteligente e culta futura namorada: não é porque eu ainda acalente o sonho de um dia voltar  a reencontrá-la e fodermos como martas (como nós dizíamos) e, mais importante, de retomarmos o ponto de separação para então sim sermos finalmente felizes para todo o sempre! Não! É mesmo só uma mera pergunta retórica sem segredos escondidos. A minha querida e linda futura namorada deveria sim preocupar-se quando as pessoas não falam de determinados assuntos, e não quando os outros têm as situações bem resolvidas na sua cabeça)

Sinceramente? Acho mesmo que não, que não te lembrarás mais de mim. Admito que possa estar enganado, mas... acho mesmo que não. Ainda por cima acho que isto de relembrar as relações passadas é muito mais coisa de gajo. Nós homens é que nos pomos a falar de antigos amores. Acho que nisso as mulheres - sem querer generalizar! - são muito mais pragmáticas. Acabou? Siga para Vigo. Ou é para Bingo? Nunca sei!

Mas não vou negar que acharia muito curioso e interessante ter hoje uma conversa contigo. Passaram-se muitos anos. Estamos mais velhos, passamos por diferentes experiências na vida. Tu casaste, até ouvi dizer recentemente que tens uma menina, e tudo isso mudará necessariamente a vida de uma pessoa; ao passo que eu continuo solteiro e fiel ao que era há vinte anos. 
Não sei, e se calhar até talvez achasses curiosas algumas particularidades da minha vida, como as pessoas que conheci, de quem me tornei amigo, das coisas que gosto de fazer... 

Tal como eu também eu em relação a ti. Não faço a mais pequena ideia do que farás hoje profissionalmente, ainda que, não seja a profissão que nos defina, que diga alguma coisa sobre o que nós somos. Não sei que filmes é que gostaste; nem das músicas que ouves nos dias de hoje; ou dos livros que entretanto leste e gostaste ou se deixaste de ler; dos sítios que visitaste e mais gostaste; das coisas em que te envolveste e que te orgulhas... No fundo saber que escolhas fizeste e saber da pessoa em que te tornaste. 

E logicamente que, se, como eu acredito, que já nem te lembrarás de mim, há muito tempo que não pensas que "nos encontrarnos-emos um dia". São são coisas que se dizem num determinado momento tal como quando eu e a Tina fizemos um pacto de quando um de nós morresse fosse ter com o outro para contar como é! A Tina lembrar-se-à agora de mim! E eu sei lá bem por onde é que ela andará agora para, quando eu morrer ir ter com ela! E depois e se eu lhe aparecesse ela ainda morria de susto!

São coisas que se dizem num determinado momento mas lembras-te de uma coisa que eu te dizia muito frequentemente nos tempos em que começamos a namorar e éramos estupidamente felizes?
"- Vamo-nos acertar definitivamente neste vida?, ou ainda vamos precisar de mais umas quantas encarnações"? Se calhar tens razão, como dizias, ainda teremos mesmo de nos encontrar um dia. Mas  certamente não será nesta, terá mesmo que ser noutra encarnação para nos pacificarmos.

Os Salários que o Correio da Manhã Oferece

Esta semana, apesar do desemprego ter caído para níveis históricos (o mais baixo dos últimos dez anos) o escarro jornalístico mais vendido no país, veio de novo com a notícia que os portugueses não querem não sei quantos milhares de empregos e que há não sei quantos mil que recebem subsídio de desemprego:




E de repente lembrei-me dos salários que o Correio da Manhã oferecia há não muito tempo (2013). A notícia correu pelas redes sociais:



Depois de, em Janeiro, ter anunciado através do Facebook que seria a nova correspondente da Correio da Manhã TV e do CM Jornal de Vila Real, cabe-me utilizar a mesma via para atualizar a informação. Decidi não continuar no projeto.

Para que não restem dúvidas, depois de ter assinado contrato e de ter tido as melhores críticas na formação da empresa, fui informada que, além de ser, na altura, a única pessoa no país que iria desenvolver uma espécie de “one woman show” (repórter de imagem, editora de imagem, jornalista de tv, jornalista de imprensa e fotógrafa,) para as áreas de Vila Real e Bragança, e que “sobre folgas falamos lá para 2017”, também seria a única pessoa no país a utilizar viatura própria e a ter de suportar com o meu ordenado - de 680 euros, a recibos verdes – os gastos associados ao desgaste do carro. Ou seja, a Cofina propôs-me o trabalho de cinco profissionais pelo preço de um – 680 euros é o que vai pagar aos restantes colaboradores, contratados no mesmo sistema, mas “apenas” com uma das funções – e o pagamento de 18 cêntimos por quilómetro, quando paga, em média, 30 cêntimos por quilómetro aos colaboradores freelancer.

Não se preocupem, contudo, os futuros espectadores do novo canal, pois a empresa já arranjou novos colaboradores para os dois distritos. Quase fizeram tão bom negócio como teriam feito comigo. Um dos profissionais vai receber à peça e ao outro, além da avença mensal, vai ser pago apenas o combustível.

Resta-nos a esperança de que, com o que vai poupar com os jornalistas no terreno, o canal tenha capital suficiente para primar pela qualidade e pela diferença, para se poder assumir, como afirma, o novo canal líder generalista. Nós, espectadores, críticos e empresas de medição de sondagens, cá estaremos para o comprovar.


De facto é inadmissível como é que há portugueses a recusar-se a pagar para trabalhar. É o fim do mundo e merece destaque de primeira página!

E Tu, Queres Ser Quem És?



I Don't Wanna Be Me - Type O Negative (2003)

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Conversas Improváveis (33) - Casamento Perfeito

Depois de eu ter dito que alguma coisa há de errado as pessoas estão a fazer para termos temos uma taxa de divórcios à volta dos 70%:

Um dia destes casamos!
Boa ideia, nós realmente damo-nos muito bem! Nós nunca nos chateamos!
Pois não. E tens a minha permissão para comer todas as gajas que quiseres! Estás à vontade, e se elas tiverem uns gajos jeitosos também podem apresentar!


Foto emprestada da net

Tantos corpos nus são todos iguais

Spencer Tunick
"Sobretudo os jovens estão continuamente em busca de experiências eróticas. Podem assim considerar incompleta, parcial, uma relação que não teve como saída uma relação sexual. A busca sexual, a vagabundagem erótica, pode tornar-se paroxismo em certos períodos da vida. Então a pessoa procura "seduzir" ou "conquistar" o maior número possível de pessoas do outro sexo. Em certos aspetos é uma forma de poder, noutros uma exploração, um conhecer. O número, no entanto, acaba por anular o conhecimento, por mascarar as experiências e por destruir, definitivamente, o erotismo. Começando por conhecer, por encontrar pessoas, por viver aquilo que aquela pessoa devia de dar de mais seu e, mesmo, de mais extraordiário, a busca perde exatamente a novidade, o inesperado. As pessoas confundem-se uma com a outra. Tantos corpos nus são todos iguais. O erotismo desvanece-se na diferenciação total.

"A Amizade" / Francesco Alberoni (1984)


A Paz Vai Ter Um Novo Símbolo

A 1 de Janeiro instituiu-se (Papa Paulo - 1967) o Dia mundial da Paz. E por razões bíblicas, um dos símbolos universais da Paz é uma pomba branca (com ou sem um ramo de oliveira no bico). Mas a tradição já não é o que era. O mundo evolui e muitas coisas já não fazem qualquer sentido. 

Hoje, por obra e graça dos fascistas, que são pessoas realmente interessadas na paz mundial, garantem-nos que só se consegue a paz com armas. E assim sendo a pomba branca irá ser banida como símbolo de paz e fraternidade, e será substituída por uma arma de fogo como o novo verdadeiro símbolo da Paz!

Foto emprestada da net
Eu pergunto-me, por exemplo, como é que os clubes de futebol ainda não perceberam isso. Em vez de gastarmos imensos recursos da polícia a fazer segurança nos campos de futebol, por que é que não obrigamos todos os ferozes adeptos a entrar num campo de futebol de arma à cinta? Nunca mais haveria desacatos nas bancadas e as pessoas deixariam de se comportar como animais. Mais, armando cada pessoa com um revolver, nem sequer seria preciso a polícia! Que desperdício de dinheiros públicos! Realmente em Portugal somos muito atrasados! Nem sei como é que sendo proibidas as armas em Portugal, nós somos o terceiro país mais pacífico do mundo! Obra e graça do Espírito Santo certamente. 

Um Dia Depois do Outro

É um ano que se acaba outro que começa. Contudo é sempre só um dia depois do outro. 
As pessoas querem ter a ilusão que algo vai mudar. Precisam de novos recomeços. Novas bengalas psicológicas. Vem o 3,2,1... e todos ficam felizes e eu nunca percebi porquê, e ainda por cima festeja-se de noite! Não deveríamos era ficar felizes por o sol voltar a nascer todos os dias?
Mas não, espera-se pela meia-noite, comem-se as passas e fazem-se brindes. E eu só me pergunto como é que naquele stress da contagem final se consegue mandar para a boca doze passas, cada uma ao som de cada badalada e, ainda assim, passa-após-passa conseguir pedir um desejo? Doze desejos? Mas quem é que tem doze desejos para pedir? Isso como é que funciona, é quê, um por mês?
Fazem-se resoluções e agora é que vai ser. O ano que passou não contou, este ano é que vai ser. É a partir de hoje que vão todos deixar de fumar, que vão passar a fazer dieta e ir fazer exercício. É a partir de agora que se vai fazer tudo aquilo que se deveria e que não se fez. Todos nós precisamos de novos recomeços, mas qualquer dia é sempre bom para recomeçar, basta querermos realmente colocar os ponteiros a zero e recomeçar. Se não houver real vontade de mudar tudo continuará na mesma, ano após ano. Não é preciso esperar por um novo ano para mudar comportamentos, até porque um novo ano é somente mais um dia depois do outro.

Imagem emprestada da net