segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Fumadores que Fumam Mais Cigarros Vivem Mais Anos

A memória é uma coisa muito chata não é jornal "Público"?



No dia 20 de Junho de 2017 (aqui) o Público publica uma crónica (que não teve qualquer partilha nas redes sociais - mas eu nunca mais me esqueci dela) em que fala sobre como se pode mentir com a estatística. Nada de novo. Todos nós sabemos o que Pitigrilli disse a esse respeito:

"Estatística: a ciência que diz que se eu comi um frango e tu não comeste nenhum, teremos comido, em média, meio frango cada um."

Na crónica do Público de Diogo Trigo ficamos a saber coisas como:

"A manipulação ou distorção de dados científicos é frequentemente usada como contra-informação para vender ou rebater uma ideia. Este processo assume vários aspetos e pode acontecer independente da integridade da investigação em si. Um dos processos mais comuns é o embelezamento de dados estatísticos, conferindo-lhes uma carga positiva ou negativa consoante a agenda a vender."

"Outro ardil frequente é a utilização de correlação como exemplo de causalidade, isto é, confundir o facto de duas coisas estarem associadas com uma delas ser especificamente um resultado da outra. Como dissemos no título, de facto, um fumador que morra de causas naturais aos 95 anos terá fumado na sua vida toda, em média, mais cigarros do que um fumador que morre de acidente de viação com 23, mas isto não quer dizer que a vida tenha sido prolongada pelos cigarros consumidos adicionalmente."

"Estes casos sucedem-se nos diferentes meios de comunicação, caindo-se por vezes em desgraça quando por negligência ou por irresponsabilidade se fazem afirmações ridículas com certezas de autoridade, sem ter havido um estudo prévio das fontes originais dos factos anunciados. "

Entretanto, na semana passada, no dia 10 de Janeiro, o mesmo jornal Público faz esta capa:



Perguntas: Era só para vermos se estávamos atentos? ou andam a tentar imitar o escarro jornalístico mais vendido do país?

Os alunos com piores notas reprovam. Os alunos com melhores médias escolhem e entram no curso que querem.

Lamentável.

4 comentários:

  1. Se as noticias falsas podem ser desmascaradas, já a manipulação exige um sentido critico mais apurado.
    Mas este sentido critico, esta reflexão consciente não se constrói numa escola com programas estupidamente extenso, nem com modelos de mestre/aluno, nem com turmas enormes e muito menos com cultura cara num pais de rendimentos baixíssimos...
    Mas a falta deste sentido critico serve os propósitos da classe no poder e dos interesses económicos

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    1. Ceres, as notícias falsas podem ser desmascaradas mas não é assim tão fácil quanto isso. Ainda no último programa "O amor é", o Júlio M. Vaz falava sobre isso e dava o seu exemplo pessoal. Ele relembrava que uma partilha de uma notícia falsa dá a volta ao planeta num abrir e fechar de olhos; mas quando há um desmentido nos média, o número de partilhas nas redes sociais nem se compara, porque as pessoas querem é notícias escabrosas. Isso é que vende. E deu o seu exemplo, dizendo (minuto 35):
      "Outro dia, lá apareceu, divertidíssima, outra pessoa a pergunta: então senhor professor - continua a achar que é muito terapêutico olhar para o peito das mulheres? E eu lá respondi que estava muito admirado, porque já se estavam a passar dois ou três meses sem aparecer isso. Não fui eu que escreveu isso. Foram uns colegas meus alemães, e alguém (que deve ser de uma simplicidade tecnológica espantosa) pespegou o meu retrato lá, e disse que o estudo era meu".
      A manipulação sim, já exige mais sentido crítico, pensar fora da caixa, estar distante da manada, ver de um outro ângulo e tentar perceber o porquê de certas notícias, quantas vezes plantadas num momento em que interessa. E depois pensar dá trabalho, nada como ter alguém que pense por nós! E logicamente que, quanto menos esclarecidas as pessoas estiverem, mais facilmente o poder/dinheiro as pode manipular sem sequer se aperceberem.

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  2. Muito bom!
    Muito atento a tudo, como sempre :)

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    1. Olá!
      Também não exageremos! Há coisas que me chamam a atenção, outras, se calhar, estão à frente dos meus olhos e não as vejo!

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