Como contei, na semana passada recebi mais umas cinco dezenas de livros antigos, maioritariamente da coleção "Série Popular" da Livraria Civilização Editora dos anos cinquenta. Estamos a falar de pequenos livros de bolso, de capa mole. Na contracapa o preço: 7$50 (três cêntimos nos dias de hoje)
Comentário da minha mãe:
"Sabes quanto é que nessa altura, o teu avô ganhava a trabalhar (de picareta na mão o dia inteiro) nas obras da marginal? À volta de vinte escudos (seriam hoje dez cêntimos).
Quando este fim-de-semana comentei com uma amiga, disse-me ela precisamente o que eu penso: o conhecimento é muito perigoso, daí que seja tão inacessível. E isto aconteceu na mesma semana em que ficámos a saber que, Portugal é dos países da Europa onde menos alunos ingressam nas universidades, certamente não porque não tenham capacidades, mas porque, como já sabíamos, Portugal é dos países da Europa em que as famílias mais suportam as despesas com o ensino superior.
Certamente que nem sempre ensino superior e cultura andam de mãos dadas. Há gente que acaba um curso superior e não tem cultura nenhuma. Ainda assim, o que me parece é que, em Portugal, ainda se vivem tempos idos, salazaristas, onde quem tem dinheiro não gosta de se misturar com a plebe. Gente que tem horror a pobre. Gente que está bem na vida mas que não suporta que os outros também possam vir a estar.
E é por este tipo de coisa que, mal se fala, ainda que só por alto, (como se falou esta semana) em facilitar às famílias portuguesas o acesso dos seus filhos ao ensino superior, que logo venham berrar que não pode ser. Há um certo tipo de políticos de Direita, que representa um certo tipo de pessoas, que tem horror a pobre e veste uma roupa de trazer por casa quando vai aos bairros sociais. Gente que é contra a obrigatoriedade do ensino até ao décimo segundo ano. Gente que queria era que se voltasse ao tempo (como no tempo dos meus pais) em que o ensino era a quarta-classe e dar uma enxada para mão, para as crianças trabalharem. Gente que por certo ainda suspira pelo trabalho infantil, de crianças de doze aos a trabalhar em fábricas, como ainda se via muito no Portugal dos ano oitenta e que fazia as delícias de patrões sem escrúpulos.
E querem agora facilitar o acesso dos pobres às universidades? Onde é que isto já se viu?
De igual forma os livros sempre foram extremamente caros, e são-no especialmente caros em Portugal. O conhecimento é muito perigoso. É muito complicado ter pessoas bem informadas, cultas e com espírito crítico. Assim sendo, é normal que se limite o acesso ao conhecimento. O que se quer é gente acéfala, que come o que as televisões lhes dá a comer, e que sigam as últimas convulsões violentas (que no dia seguinte já ninguém se lembra) nas redes sociais.
Quando este fim-de-semana comentei com uma amiga, disse-me ela precisamente o que eu penso: o conhecimento é muito perigoso, daí que seja tão inacessível. E isto aconteceu na mesma semana em que ficámos a saber que, Portugal é dos países da Europa onde menos alunos ingressam nas universidades, certamente não porque não tenham capacidades, mas porque, como já sabíamos, Portugal é dos países da Europa em que as famílias mais suportam as despesas com o ensino superior.
E é por este tipo de coisa que, mal se fala, ainda que só por alto, (como se falou esta semana) em facilitar às famílias portuguesas o acesso dos seus filhos ao ensino superior, que logo venham berrar que não pode ser. Há um certo tipo de políticos de Direita, que representa um certo tipo de pessoas, que tem horror a pobre e veste uma roupa de trazer por casa quando vai aos bairros sociais. Gente que é contra a obrigatoriedade do ensino até ao décimo segundo ano. Gente que queria era que se voltasse ao tempo (como no tempo dos meus pais) em que o ensino era a quarta-classe e dar uma enxada para mão, para as crianças trabalharem. Gente que por certo ainda suspira pelo trabalho infantil, de crianças de doze aos a trabalhar em fábricas, como ainda se via muito no Portugal dos ano oitenta e que fazia as delícias de patrões sem escrúpulos.
E querem agora facilitar o acesso dos pobres às universidades? Onde é que isto já se viu?
De igual forma os livros sempre foram extremamente caros, e são-no especialmente caros em Portugal. O conhecimento é muito perigoso. É muito complicado ter pessoas bem informadas, cultas e com espírito crítico. Assim sendo, é normal que se limite o acesso ao conhecimento. O que se quer é gente acéfala, que come o que as televisões lhes dá a comer, e que sigam as últimas convulsões violentas (que no dia seguinte já ninguém se lembra) nas redes sociais.
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