terça-feira, 30 de outubro de 2018

Plantas por Livros


A ideia surgiu-me por mero acaso. Eu gosto de ler mas os livros são muito caros, especialmente caros para os baixos salários praticados em Portugal, onde a mão-de-obra é muito barata quando nos comparamos com os outros países europeus e, um livro, mesmo português e que não foi alvo de nenhuma tradução, é quase um objeto de luxo. Por outro lado, há algo que eu tenho em excesso e que preciso despachar, não tanto para fazer dinheiro, que ainda assim nunca é de desprezar, mas para libertar espaço, porque acabei por me tornar um quase perigoso acumulador de plantas, que além de as propagar às dezenas, detesta deitar o que quer que seja fora, porque é uma planta, um ser vivo.

E, se isto é um mero passatempo, se calhar até aqui está uma ideia que poderia ser engraçada para um negócio, porque se calhar não é assim tão disparatada quanto isso. Temos então que eu tenho muitas plantas e as plantas são cada vez mais caras. E se calhar tu até tens muitos livros em casa que te queres desfazer. Porque até deixaste de ser solteiro e foste viver com uma pessoa parecida contigo e que se calhar até tem muitos livros que tu também já tinhas. E qual o sentido de terem livros repetidos em casa não é? E entretanto descobriram o gosto por plantas e queriam começar a comprar algumas mas apercebem-se que até é uma coisa dispendiosa. Ou então já estás reformado e queres começar a despachar mais de metade dos livros que tens numa estante (vê lá que até deitaste uns caixotes de livros fora!) porque já não fazem sentido para ti e queres-te ver livre deles. E assim por mero acaso encontras alguém na internet que até aceita livros como moeda de troca, que até te dá uma série de dicas e, até se voluntaria vê lá tu, para ir lá casa colocar as plantas em vasos novos(deve ser por ser demasiado simpático que estou solteiro!) e sem gastares dinheiro algum, resolves o problema.  

Como disse, isto começou por brincadeira mas estou a gostar cada vez mais da ideia. Quem sabe um dia ainda me vai tornar numa espécie de jardineiro-alfarrabista que fala de Pitigrilli enquanto muda umas plantas de vaso! E se calhar até seria engraçado ter um espaço, uma espécie de viveiro de plantas, onde as pessoas as poderiam comprar, mas em alternativa poderiam levar uns livros e levá-las de borla. Um espaço onde coexistissem plantas e livros, se calhar nem seria assim tão disparatado... Onde até se pudesse ler e/ou aprender sobre plantas. Onde se fizessem oficinas de plantas, para aprender sobre jardinagem, e porque não, onde se fizessem clubes do livro para se aprender mais sobre determinados autores ou diferentes temas. E já agora, curiosamente os livros, (além do pergaminho) primeiro vieram da planta do papiro, e depois das árvores.

E a brincar a brincar, nesta última troca recebi mais de sessenta livros, e só um deles, um livro de poemas dos anos quarenta que me chamou logo a atenção, e que tive a curiosidade de ir investigar, e fui encontrá-lo à venda num alfarrabista por vinte e cinco euros.  Logo, se calhar isto até seria rentável! E se eu tivesse uma sócia muito entendida em literatura para ficar responsável pela parte dos livros, então é que era!

2 comentários:

  1. Uma excelente ideia. Uns têm a mais umas coisas outros outras e assim ficam todos felizes.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Marisa, obrigado pela visita.
      É uma forma de ambos ganharem e sem se gastar dinheiro!

      Eliminar