"E sabes bem que Gerry Somercotes te adora.
- Oh, mas eu odeio tipos que me adoram! - gritou Yvette, erguendo o seu delicado nariz. - Eles aborrecem-me. Não nos largam!
- Então, o que é que queres, se não suportas que te adorem? Acho que está perfeitamente certo que sejamos adoradas. Sabes que nunca virás a casar com eles, portanto, por que é que não havemos de deixar que continuem a adorar-nos, se isso os diverte?
- Oh, mas eu quero casar-me! - exclamou Yvette.
- Então nesse caso deixa que eles continuem a adorar-te até que encontres um com quem te seja possível casares-te.
- Dessa maneira, nunca! Nada me irrita mais do que um tipo adorador. Aborrecem-me tanto. Fazem com que me sinta abominável.
- Oh, também a mim, quando se tornam insistentes. Mas, à distância, penso que são muito agradáveis.
- Gostaria de me apaixonar violentamente.
- É natural! Pois eu nunca! Odiaria tal coisa. E, provavelmente, o mesmo sucederia contigo, se na verdade isso te viesse a acontecer. No fim de contas, temos de assentar um pouco, antes de sabermos o que queremos.
A Virgem e o Cigano / D.H. Lawrence (1926)
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