Toda a gente tem a sua opinião sobre o que está pior no seu país, eu também tenho. Para mim, desde que me conheço, o que está pior, é, sem dúvida, a Justiça (ou a falta dela). Diz-se que a justiça é cega, mas em Portugal a justiça anda de olhos bem abertos, e distingue muito bem o pobre, muitas vezes de espírito, do homem rico, que por ter dinheiro é certamente pessoa de bem.
Vamos tentar perceber um pouco da arbitrariedade da justiça portuguesa, analisando três diferentes penas atribuídas muito recentemente pelos tribunais portugueses.
Primeiro caso. O banqueiro João Rendeiro, acusado de burla e falsear a contabilidade do BPP, banco que foi à falência porque andou a vender gato por lebre, estilo Dona Branca prometendo juros de 5%, e já depois de ter sido declarado inocente em tribunal (sim, a sério!) e por recurso do Ministério Público, foi agora condenado. A sério que a justiça portuguesa colocou um banqueiro na cadeia? Acham mesmo? Claro que não! Um banqueiro é o supra-sumo da pessoa de bem! João Rendeiro que saiu em liberdade com pena suspensa!
Segundo caso. Dois homens violam uma mulher desmaiada numa discoteca de Gaia. Não mostram qualquer arrependimento perante o tribunal. O coletivo de juízes aplica-lhes uma pena suspensa porque afinal a culpa até foi da mulher, que como mulher de bem tinha era que estar em casa na cozinha e não num espaço de diversão noturna, onde só vão as galdérias que querem foder!
Terceiro caso. Homem de 25 anos apedrejou um gato. Pena: dois anos de cadeia efetiva!
Disto concluirmos então que: para a justiça portuguesa, é muito mais grave apedrejar um gato que violar uma mulher ou roubar e levar um banco à falência! No meio disto tudo, a minha pergunta é: e se fosse um banqueiro a apedrejar um gato, também ia para o chelindró dois anos? Oh, estupidez minha! Claro que não, como disse no início, estava-me a esquecer que um banqueiro, sendo rico, é inevitavelmente pessoa de bem!
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