terça-feira, 9 de outubro de 2018

Livrai-nos Senhos dos Maus Vizinhos

Hoje deixei aqui a vizinhança em polvorosa. A vizinha e a mãe é que é uma grande cabra (que sai ao seus...) mas eu é que certamente ficarei com a fama. Porque só vão ouvir a versão delas. Também não me interessa.  

A vizinhança dos meus pais começou por me ignorar quando para cá vim morar. Algum tempo depois, começou por ser extremamente simpática. Se ao início nem bom dia nem boa tarde, depois, quando se começaram a aperceber onde eu trabalhava, rapidamente mudaram o seus semblantes e começaram a aproximar-se. Porquê? Porque eu lhes podia ser útil, só por isso. No fundo precisavam de mim, dos meus favores. Chama-se a isto usar os outros. Mas como por aqui já aqui referi, por vezes até nos dá jeito deixar-mo-nos usar, principalmente se até nos der jeito. Trata-se de um jogo ganhar-ganhar, desde que, claro, não sejamos ingénuos. 

Só que entretanto a grande multinacional onde trabalhava encerrou portas. Eu deixei de lá trabalhar e por consequência deixei de ter qualquer utilidade para a vizinhança. Os meus pais são pessoas que se metem na sua vida. Não frequentam cafés, não vão caminhar à noite pelas ruas da aldeia, não falam da vida alheia para os outros. E o tempo foi passando, algumas peripécias dignas de novela foram acontecendo e, ao que parece, toda esta vizinhança (duas casas) que não interessa nem ao Diabo, parece que além de falaram imenso de nós e inventam também algumas calúnias. E rapidamente, tudo voltou à forma inicial. Deixaram novamente de falar, e nem bom dia, nem boa tarde.


Vamos aos acontecimentos. Quando para cá vim morar, deixava o meu carro no monte. A partir de 2008, quando mudei de carro e comprei o meu cavalo preto, fizemos uma garagem para o guardar, visto que o carro era semi novo e tinha algum valor e tal e coisa. Na altura, sempre que eu deixava o carro junto ao monte, onde havia lugar para três carros, por inúmeras vezes tinha de estacionar na rua onde mal passam dois carros um pelo outro. E apesar de terem toda a rua para estacionar, era curioso como decidiam estacionar junto ao meu carro. Por vezes tinha mesmo aquele espaço todo ocupado e era eu que tinha de ir estacionar mais longe, na rua. Entretanto eu comecei a deixar o carro na garagem, deixando mais um lugar vago para os vizinhos, mas, ironicamente, aos poucos, a vizinhança começou a estacionar os carros, não no monte, mas cada vez mais perto da minha garagem! Se calhar devia ser para os carros não se sentirem sozinhos de noite, podiam ter medo!

Neste domingo, na dúvida entre sair ou não sair e ir dar uma volta, acabei por decidir-me ficar em casa. Decidi sair por volta das quatro da tarde, mas quando vou à garagem para sair, vejo que a carrinha da vizinha, que tem mais um ano que eu, estava a obstruir-me a saída. Buzino e nada, ninguém aparece. Até que, lá tento sair, para trás e para a frente, e quando estou quase a sair ela aparece, passa por mim, com os cornos virados ao chão e nem és burro nem camelo, nem um ai, nem um "desculpa lá". Ontem, chego a casa e, de novo a mesma carrinha dela a obstruir-me a passagem. Novamente com muitas voltinhas lá consigo meter o carro dentro da garagem. Hoje chego do trabalho, e de novo a mesma situação. Terceira vez? Bom, se é provocação que queres, então vais ter reação. Tranquilamente estacionei a par da carrinha dela, em frente à minha garagem. Se não me permites estacionar na minha garagem, bom, então pelo menos acho que tenho o direito a estacionar, à minha mão, em frente da minha garagem. 

Sim, tinha acabado de bloquear a estrada e já ninguém ia passar se ela não tirasse o seu carro. Era uma mensagem, uma espécie de desenho que eu estava a fazer para ver se percebe. Buzinadelas, vizinhos cá fora. Não, não houve peixeirada apenas um "se fosse eu chamava a polícia" do irmão. Quase me ri! A cabra faz o que faz, e eles ainda se acham cheios de razão! Eu gostava mesmo era que viesse a polícia! Teria a sua graça! 

Uma pessoa mete-se na sua vida. Não tenho qualquer vida social aqui na aldeia. Ninguém sabe nada de mim, com quem ando, deixo de andar, o que faço o que deixo de fazer. Não frequento cafés, não estou nas redes sociais. Mas mesmo assim, vá la saber-se porquê, consigo incomodar as pessoas. Talvez porque não vibre na mesma frequência desta gentalha que não interessa nem ao Diabo, ou então talvez seja mesmo porque realmente a dor de cotovelo é muito fininha. 

Sabem uma coisa? Senhor nos livre de maus vizinhos!
 

2 comentários:

  1. Bolas!! Ninguém merece.
    SF

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Há certas alminhas que não interessam nem ao Diabo.
      No dia seguinte senti-me um pouco culpado... mas nós temos de fazer entender que não somos uns pacóvios que aturam tudo. Mas depois a minha mãe pediu-me para não voltar a fazer isso porque ela se aflige muito e que um dia lhe dá qualquer coisa, sem esquecer que esteve duas noites sem jantar. Enfim...

      Eliminar