segunda-feira, 30 de julho de 2018

Conversas Improváveis (29) - Atriz MILF

"Detesto as novelas da TVI. Até me podem dizer que Alexandra Lencastre é boa atriz. Mas para mim ela só sabe fazer papeis de MILF... ou de má!"



domingo, 29 de julho de 2018

Às Vezes Sinto-me um....




"Começas uma conversa que nem consegues terminar
Falas de caralho mas não estás a dizer nada
Quando eu não tenho nada para dizer a minha boca não se abre
Dizes uma vez, para quê dizer outra vez?"


"Psycho Killer" / Talking Heads / 1977


sábado, 28 de julho de 2018

A Partir de Quanto Tempo Um Telemóvel é Considerado Clássico?

Pois é, mudei de telemóvel. Que grande novidade não é?! Pode-se dizer que é um telemóvel "novo" mas calma! É um modelo de 2005 e tem portanto treze anos!

Mas de repente perguntei-me se este se poderia considerar um telemóvel clássico, à semelhança da terminologia que se usa para os automóveis. Um automóvel é considerado um clássico a partir dos vinte e cinco anos de vida. E um telemóvel? Quanto tempo é preciso para ser considerado um clássico? Três anos? Um ano? Seis meses? Um mês?

Imagem emprestada da net

A Flexibilização Laboral é Só Para um Lado: O dos Patrões

Os políticos, principalmente os mais à direita (incluindo o PS) falam constantemente que é preciso flexibilizar o mercado de trabalho, que dito por palavras mais acessíveis às pessoas, é como quem diz poder despedir só porque apetece. Chegamos ao trabalho e como o patrão anda com os quilhões inchados porque se chateou com a mulher, vai daí e despede o primeiro trabalhador que lhe aparece à frente só porque sim. Flexibilizar é isto, é simplesmente poder despedir só porque apetece aos patrões. Flexibilizar é o eufemismo para precarizar. 

Mas não basta poder despedir quando apetece. Isso seria pouco. Era preciso despedir quando apetece sim, mas fazê-lo de forma a não gastar muito dinheiro, porque senão era uma chatice! Os patrões queriam poder despedir mas dar um pontapé no cu de um trabalhador que está numa empresa há quinze ou vinte anos mas sem ter que pagar o que sempre foi devido! E esse foi um dos muitos favores que Passos Coelho e Paulo Portas fizeram aos patrões, no fundo para quem a direita, mais ou menos neoliberal governa. 

Antigamente uma pessoa que estivesse numa empresa vinte anos, caso fosse despedida, trazia de indemnização de vinte salários (30 dias por cada ano de trabalho) enquanto que a partir de 2012, passou -se a receber doze dias de indemnização por cada ano de trabalho. 



No entanto a tão apregoada "flexibilização laboral", vendida tantas vezes como uma coisa boa, só é pena que só funcione para um dos lados: sempre para o lado dos patrões! Os patrões, após o governo de Portas e Passos, puderam passar a despedir quase livremente não pagando nada por isso, nem pelas horas-extra que tiveram uma redução brutal na sua compensação, e pior ainda, inventou-se uma coisa extraordinária: trocou-se trabalho suplementar por não trabalho!

Sempre que, por exemplo, tenho de ir trabalhar para fora, para Lisboa, por exemplo, e mesmo que saia da empresa ás cinco da manhã e chegue ao hotel às duas da manhã, vou ganhar quanto? Nada! Zero cêntimos! Vou depois ficar essas horas a não trabalhar! Fantástica a flexibilização laboral não é? Fantástica para os patrões que não me pagam nada pelo esforço suplementar de trabalhar doze ou dezasseis horas seguidas. 

Como se não tivesse bastado permitir que se pudesse despedir quase livremente, e tornado o valor do trabalho suplementar irrisório, reduziram-se também os dias de férias (de 25 para 22 dias), mas não satisfeitos, ainda acabaram com quatro feriados porque os portugueses ainda só eram o segundo país da União Europeia em que os trabalhadores mais horas trabalhavam por ano e com um jeitinho podíamos chegar a número um!

Então já sabemos que a "flexibilização laboral" é uma coisa muito boa, mas o que é que se flexibilizou a favor das trabalhadores?

Nada! Pois é, a flexibilização é boa mas é se for a nossa favor. Se for a favor dos outros já não presta!

Vamos a um exemplo prático. Eu vou entrar no quinto ano de trabalho na mesma empresa. A flexibilização laboral é muito boa, mas se eu hoje encontrar uma empresa que me dê melhores condições e eu me quiser mudar, continuo a ter que esperar os mesmos dois meses, para poder sair da empresa onde estou. Por que é que não se passou todo esse tempo, sei lá, para no máximo quinze dias? Pois é.  Então deixem de atirar areia para os olhos das pessoas e vão-se mas é foder todos mais a precarização laboral.


Vender Gato por Lebre

Já por diversas vezes falei aqui no blogue sobre compras on-line em sites como OLX e Custo Justo e sobre os cuidados que é preciso ter visto que as fraudes abundam, uma vez que ambos os sites não têm um índice de reputação dos utilizadores. Um dos principais problemas é não se ter confiança quando o negócio não é efetuado em mãos.

Mas há mais. Por vezes há vendedores a vender algo que não corresponde ao que dizem. Por estes dias contactei um vendedor que tinha à venda um corta-relva a gasolina à venda no site OLX. Na descrição não estava identificado qual o modelo. Contactei então o vendedor que me disse que o modelo em questão se tratava do STERWINS 450 HSP-3, que se vende novo por cerca de 400€. No dia seguinte o vendedor atualizou o anúncio.

Fui fazer um pesquisa sobre os diferentes modelos da marca STERWINS e rapidamente dei-me conta do insólito! O vendedor está a vender um corta relva em que o modelo em questão tem motor Honda, quando coloca fotografias de um corta-relva que tem motor Briggs & Stratton que se vende novo em Portugal por cerca de 300€.

Vejamos as diferenças. Este é o modelo STERWINS 450 HSP-3 que o vendedor diz que está a vender:


E agora atente-se nas fotografias do corta-relva que estão no anúncio. Parece igual mas é muito diferente:



Mesmo que a pessoa compradora não repare nas diferenças óbvias da marca do motor, em que num motor diz GVC e por baixo tem uma chapa que diz HONDA, e o outro tem o logótipo da marca Briggs & Stratton, repara-se logo por certo nas rodas detrás, que saltam logo à vista pois são bem maiores, ao passo que o corta-relva que está à venda tem todas as rodas do mesmo tamanho.

Contactado o vendedor e mostrando o erro, este responde-me que não, que está mesmo tudo corrreto.

Tenham cuidado, não falta por aí gente a vender gato por lebre. 


Ponte da Barca


quinta-feira, 26 de julho de 2018

Quanto é que a Levis Paga para o Pessoal andar com Tshirt's a fazer-lhes Publicidade?

Quase todos os dias, no carro a caminho do trabalho, cruzo-me com gente jovem a caminhar pelas ruas, vestidos de T-shirt branca com umas letras garrafais no peito a fazer publicidade à marca Levis. Alguém me sabe dizer quanto é que a Levis está a pagar para o pessoal andar com aquilo a fazer publicidade? Acho que se for bom negócio até eu equaciono andar com uma!



Lembro-me que há uns bons anos havia pessoal que comprava um carro Smart e depois colocavam vinis com publicidade a marcas e eram pagos (supostamente) conforme os quilómetros que faziam. O negócio ia correndo bem até ter implodido e se ter vindo a saber que era um esquema fraudulento. 

Mas certamente que a Levis deve pagar muito bem para agora toda a gente andar com T-shirts com letras garrafais a fazer-lhes publicidade. 

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Oh Não se Mate


Via Pinterest


Não se mate

Carlos, sossegue, o amor 
é isso que você está vendo: 
hoje beija, amanhã não beija, 
depois de amanhã é domingo 
e segunda-feira ninguém sabe 
o que será.

Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
Reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virão,
se é que virão.

O amor, Carlos, você telúrico,
a noite passou em você,
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam,
anúncios do melhor sabão,
barulho que ninguém sabe
de quê, praquê.

Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira, você é o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém,
ninguém sabe nem saberá.
Não se mate

Lado B: Está bonita a dona Irene

Quase dez anos depois encontrei a Dona Irene...  


Foi mais ou menos dez anos antes que, precisamente entre Setembro e Outubro, eu haveria de ficar bastante doente, acamado e de baixa. Foi também por essa altura que a filha haveria de me escrever por mensagens enviadas para o telemóvel que eu era mesmo o companheiro de vida que ela precisava e que só mesmo eu é que a compreendia. Mais ninguém. Mas isto no fundo - ficaria eu a perceber meses depois - foi mais ou menos aquela conversa de presidente de clube de futebol que quando as coisas começam a correr mal, além de culparem os árbitros pela incompetência própria, vêm também logo afirmar convictamente que mantêm toda a confiança no seu treinador. Mas já se sabe, semanas depois despedem-no após novo mau resultado.

O treinador tem sempre as costas muito largas e é sempre o culpado de tudo (ainda que às vezes até seja mesmo). Mas às vezes as costas do treinador são tão largas que ele até é culpado dos remates que os avançados falham com a baliza escancarada; culpado das bolas que batem no poste mas não entram; culpado dos penaltis ou fora-de-jogo que os árbitros não marcam ou culpado até dos frangos que o guarda-redes-maravilha deixa entrar. E claro, no meu caso, semanas depois eu deixaria de ser o "Paulo-Bento-Forever" e seria substituído por um novo treinador, certamente tão cheio de melhores qualidades, ambição desmedida e de novos conhecimentos e táticas prontas a ser postas em prática num novo projeto que durante tantos anos foi o meu projeto de vida.  

Ser trocado não é lá muito bom. Nem nos faz lá muito bem à auto-estima. Ninguém nos troca e acha que vai de cavalo para burro não é? As pessoas mudam (seja lá no que for) porque acham sempre que vão para melhor, ou pelo menos quando o fazem têm essa convicção. E afinal que é que esta nova pessoa tem assim de tão espetacular, tão melhor que nós que justifique mandar às malvas uma amizade e uma relação de tantos anos? E depois a constatação. Afinal não era "para sempre"? E então não ia ser eu que, por ser quase uma espécie de Deus Grego (pelo menos aos vinte anos era o que ela achava) e que eu é que a ia deixar por outra mulher qualquer, lá está, sempre mais qualquer coisa que ela?

Foi num certo domingo de manhã, cedo, que percebendo que se estavam a arranjar desculpas só para discutir, porque mais parecia que de repente somos culpados por todos os males do mundo, do cancro, das guerras e da corrupção, em que parece que tudo está errado só por nossa causa (cá entre nós porque se calhar não se tem coragem de colocar as cartas na mesa e dizer a verdade), que então eu decidi premir o botão da bomba atómica fazendo a pergunta sacramental que nunca havia pensado fazer:

- "Existe outra pessoa"?
"Sim".
E o meu mundo, tal como eu o conhecia, acabava de ruir nesse momento. 

No pior momento possível, (claro que nunca há bons momentos para sermos preteridos) uma nova realidade paralela estava a acontecer-me. Só depois percebi como afinal tudo se encaixa na perfeição. O porquê disto, o porquê daquilo. Tudo ficava claro. Depois percebi também o porquê de tanto cansaço...
Percebi então o porquê de, num certo dia me ter vindo ver quando eu estava doente e mal me ter falado, de ter quase acabado a dormir do meu lado esquerdo, virada para a janela de costas para mim, como que não me querendo olhar, ou enfrentar os seus demónios. Percebi também o porquê de me dizer que me vinha ver no dia seguinte, mas afinal depois não apareceu. E de dia seguinte em dia seguinte, o cansaço acumulado já era tanto que  acabou mesmo por passar toda a semana sem me  vir ver.   

Há formas diferentes de encarar as situações. Claro que sendo multi-resistente não faltei um só dia ao trabalho. Ela acabou por ficar toda uma semana inteira de baixa e andou a tomar uns compridos quaisquer. Eu não tomei nada mas deixei de dormir. Bem que tomei infusões mas nada fez efeito. E haveria de estar mais de um mês sem pregar olho e sempre a trabalhar em modo automático no momento em que, ainda por cima, acabava, finalmente, de ser promovido. Cheguei ao cúmulo de chegar ao trabalho às seis da manhã porque já não aguentava mais estar na cama. E durante alguns anos, sempre que chegavam os primeiros dias mais frios de inverno e saía cedo de manhã para ir para o trabalho, ainda sentia as lágrimas gélidas a escorrer-me pela cara abaixo tal como em todos aqueles primeiros dias de Dezembro daquele ano.

Mas claro que nunca ninguém me haveria de ver chorar. Um homem é forte, aguenta tudo e não chora. Chorar é coisa do sexo fraco, coisa de mulher. Os homens são frios e não têm sentimentos. Não foi assim que a sociedade nos ensinou? E só muitas semanas depois, quando estava a almoçar no restaurante do costume e um colega me pergunta por ela, é que, pela primeira vez, tive que pronunciar a muito custo, tive que me ouvir a mim mesmo dizer, com voz de derrota, que não fazia ideia pois já não estávamos juntos. E para mim era o assumir, pela primeira vez, da vergonha da derrota pessoal. Porque para mim sim, foi uma derrota pessoal. Afinal nós não éramos o casal perfeito apontado como exemplo. Afinal éramos como todos os outros, pois também a nossa relação tinha ido pelo esgoto abaixo depois de uma descarga de água em cima.

E claro que quando duas pessoas gostam mesmo uma da outra, uma relação não acaba assim, do nada, só porque alguém decide olhar para o lado. Como é lógico já existiam problemas que iam fragilizando e criando fissuras na fuselagem da relação. Claro que só se dá espaço para que alguém ronde as nossas janelas quando as coisas não estão bem. E logo eu, que sempre fui muito atento aos gatos vadios que gostavam de rondar. E eu nunca menosprezei nenhum gato vadio, precisamente por ter a humildade suficiente para não me achar melhor do que ninguém, ainda que, como é lógico, também soubesse reconhecer o meu valor.

Pensei em suicidar-me até porque como Nietzsche disse: "a ideia do suicídio é uma grande consolação: ajuda a suportar muitas noites más". Porque quando a dor é insuportável e queremos que ela cesse, sabemos sempre que temos uma forma de o conseguir. Debati-me até, muitas vezes, a pensar sobre se ao não fazê-lo se tratava de ser corajoso ou um cobarde. Acho que até hoje nunca encontrei a resposta. Certo dia até me contaram a história verdadeira que determinada mulher também deixou um homem. Este, certo dia, ligou-lhe, ela atendeu o telefone, e do outro lado do telefone só ouviu o som de um tiro. Poético.

Durante todo este tempo, e apesar de, ao que parece, até termos vivido sempre tão perto, nunca nos cruzamos. E foi muito melhor assim. Passei sim inúmeras vezes pelos pais, maioritariamente de carro, nunca tendo no entanto passado ao lado deles na rua e sido obrigado a cumprimentá-los. Mas dela nem sinal. Mas lá haveria de chegar o dia em que me haveria de cruzar cara-a-cara com a mãe.

Esse foi um dia foi cheio de imprevistos, de coisas que queria fazer mas em que outras ficaram por fazer. E vá lá saber-se porquê, haveria de andar às voltas, ali pela sede do município, sem me lembrar que era a festa do santinho padroeiro da terra, e que as ruas já estavam cheias de comes e bebes. E acabei por dar umas quantas voltas até conseguir estacionar o carro, mas ainda assim cismei que haveria de passar na biblioteca. E quando dobrei a rua dou de caras com ela. 

E claro que eu sou (por norma) um cavalheiro. Logo me dirigi a ela e, genuinamente sorri e cumprimentei-a com dois beijos. Estes encontros imediatos, mesmo tantos anos depois, nem sempre são fáceis. Perguntou-me se estava tudo bem comigo e começamos a falar normalmente. Segundos depois do desconforto inicial já estávamos a falar das nossas maleitas. Entretanto pouco tempo depois o seu telemóvel tocou. Apressei-me a despedir-me, de novo com dois beijos, e a desejar-lhe tudo de bom para ela e para a família.

Virei costas a sorrir e a pensar: "Está bonita a Dona Irene".

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Lado B: Textos que por vezes ficam anos  nos rascunhos do blogue mas que um dia vêem a luz do dia.
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domingo, 22 de julho de 2018

E por Falar em Masculinidade Frágil

Então parece que anda para aí um cantor qualquer, que não conheço nem estou interessado em saber, um tal de Khalifa que veio dizer esta semana que os homens têm de partir as bananas e comê-las em pedacinhos porque comendo-as sem as partir isso é "suspeito", como quem diz que é gay.


Foto emprestada da net
Sinceramente o que me parece é que este artista americano de trinta anos (sim, fui ver quantos anos tinha) não está muito seguro da sua masculinidade e então prende-se com detalhes e rótulos daquilo que possa ser ou não uma característica homossexual. "O que é que os outros vão pensar"? Mas estamos só a falar de comida! Só que muitos homens são tão inseguros que qualquer imagem lhes coloca fantasmas na cabeça com medo de poderem deixar de ser heterossexuais, com medo de poderem deixar de ser "homens de verdade".

Pois eu sou homem de verdade (com uma banana no meio das pernas) e como bananas inteiras, tal como gelados, lambo-os e chupo-os tranquilamente, aliás, um dos meus gelados preferidos até o Calipo de limão, e nem sequer me inibo de lhe fazer um belo felatio! E certamente que ainda estarão lembrados da polémica causada pelas afirmações de Richard Hammond que associou comer gelados a ser-se gay:




Por amor da santa, estamos a falar de comida, não estamos a falar de sexo! Mas isto tanto vale para a comida, como para a roupa - "ui estás a usar essa cor? isso é gay"! - e estou por exemplo a lembrar-me de quando cheguei a um festival de Heavy Metal e um amigo pergunta-me que sandálias eram aquelas que eu estava a usar porque ele certamente tinha medo de ser visto com um amigo que poderia ser confundido com um gay!

Não sei como é que esta consegue viver. Ser-se homem com estas teias de aranha na cabeça deve ser um terror. Vou pintar a casa - que cor escolher? Não pode ser uma cor gay! Vou comprar umas calças, ui mas não pode ser um modelo gay! Dou-me muito bem com os meus amigos, mas há que ter comportamento de homem, nada cá de intimidades que isso é gay! 

Eu cá para mim, é esta gente, são estes homens que se preocupam tanto em não ser gays, que se calhar, bem lá no fundo têm medo de o ser, e então o seu drama diário é parecer um homem másculo, e na conceção deles, um verdadeiro homem (como se um homossexual fosse um homem falso!) não come gelados muito menos pode comer uma banana sem a partir.

Querem um conselho? Tratem-se!

sábado, 21 de julho de 2018

Tudo o que me resta de ti...

Sempre fui fazendo, mesmo quando na minha cabeça não havia motivos para tal , tudo o que me pedias com um propósito, e que se calhar só estado na tua cabeça e entendendo melhor todas as possíveis implicações, eu compreenderia melhor. E resta talvez uma só coisa que talvez eu devesse fazer... 

E só ainda não fiz, porque acho que é quase a última coisa que me resta de ti... 

E isto fez-me lembrar do filme Definitely, Maybe (que teve as brilhantes traduções de "Para sempre talvez" em Portugal, e pior ainda de "Três vezes amor" no Brasil") e sim, eu sou homem e seguro como sou da minha sexualidade não tenho problemas em assumir que gosto daquilo que se catalogou de "comédias românticas", ainda que, muitos desses filmes até dêem pouco para rir.



E lembrei-me precisamente deste filme porque, já quando o filme caminha a passos largos para o fim, e quando confrontando acerca do porquê de não ter devolvido logo algo que não lhe pertencia, a personagem Will Hayes respondeu precisamente: "porque era tudo que me restava de ti"...






Melhor do que Andar à Chuva!

Há pessoas muito criativas nos anúncios que colocam à venda. Vejamos este anúncio que encontrei no OLX de uma pessoa de Leiria:

"De qualquer forma não estou a vender um carro novo para ir passar férias ao Algarve, mas sim um carro barato, fiável e que paga muito pouco de seguro e IUC, ou seja, por este valor é melhor do que andar à chuva nas voltinhas ao pé de casa e a caminho do trabalho."


Se tiverem interesse podem encontrar o anúncio aqui.


Filhos dum Deus Incógnito

Sempre que eu respondo que a minha visão de Deus é a mesma que a de Alberto Caeiro (heterónimo de Fernando Pessoa), recebo sempre, por parte dos partidários (para não dizer fanáticos) da crença religiosa a mesma resposta, o mesmo argumento que não tem ponta por onde se lhe pegue, e voltou a acontecer esta semana:

Mas tu achas que és assim tão importante para Deus vir falar contigo?

Mas que raio de argumento é esse? Se tivessem tido um pai que emprenhou a vossa mãe (ainda que pelos ouvidos!) que cagou literalmente em vocês, que vos deixou sozinhos no mundo, continuariam a adorá-lo e achar que é um Deus todo poderoso que quer o vosso bem? Eu gosto de discutir ideias, mas há que ser minimamente razoável e este argumento é tudo menos racional! É assim que vêem os vossos pais? São sempre os melhores mesmo se vos abandonarem à vossa sorte?

O que eu acho é que Pai não é aquele que faz e deixa abandonado no mundo à sua sorte. Pai é aquele que cuida, aquele que se preocupa. Nem sequer é preciso ser pai para saber isso. Eu não sou pai e preocupo-me com as pessoas de quem gosto. E um pai que faz, mas que deixa ao abandono, e que nem sequer se digna a mostrar-se e a dizer quem é, então vão-me perdoar mas não é um bom pai.

E não é arrogância achar que Deus deveria vir falar comigo porque eu não me acho melhor que ninguém. É simplesmente uma questão de justiça.



domingo, 15 de julho de 2018

E a Esperança Morrerá...


"E a esperança morrerá
Quando as cortinas caírem
E silenciarem a dor"


"Hope" / Swallow the sun (2006)

Quando as Testemunha de Jeová te Baterem à Porta

Queiram desculpar, mas vocês não estão enganados? Então vocês, que são da religião que em 1966 , no livro "Vida eterna na Liberdade dos Filhos de Deus", anunciaram o fim do mundo para 1975 e afinal o fim do mundo não veio, nem os bons (vocês claro, os escolhidos por Deus!) não foram os únicos que se salvaram e não ficaram num paraíso para todo o sempre, continuam a apregoar o fim do mundo para quê? 
Longe de mim querer contrariar a crença dos cristãos que o planeta Terra só tem seis mil anos, pois se está na Bíblia e se o vosso Deus disse, quem sou eu, que nada sei de religiões, para dizer o contrário, mas a verdade é que, ou vocês andaram a enganar as pessoas, ou então o vosso Deus enganou-vos! Não há uma terceira hipótese! O mundo não acabou em 1975!, mas em 2018 vocês, com grande lata, ainda continuam a apregoar o fim do mundo, que segundo a vossa religião acabaria em 1975! 



"Segundo esta cronologia bíblica fidedigna, os seis mil anos desde a criação do homem terminarão em 1975 e o sétimo período de mil anos da história humana começará no outono (segundo o hemisfério setentrional) do ano 1975 E.C" (página 27)


Vida Eterna na Liberdade dos Filhos de Deus (1966) 


(obviamente este argumento serve para ser usado para outra qualquer religião cristã)

Batem as Portas, em Tons de Suicídio...

"Nuno, a Rita suicidou-se ontem e  foi tudo por tua causa. Deixou esta carta para ti (..) 

A Rita gramou de ti - disse-me o Pedro assim que ela nos deixou para trás ao pé de casa e acelerou o seu Punto sem olhar para trás (o Pedro tem uma predileção por miúdas com carro). Na verdade, não senti nada de especial. Ainda tinha a cabeça cheia da Mónica, tínhamos acabado tudo há um mês, chateei-me porque não gosto que estejam sempre a criticar, já bastam os pais e os professores (...)

Sinceramente pensei que não se is passar nada entre mim e a Rita. O Pedro bem que se fartava de dizer que ela perguntava por mim, mas não se pode levar a sério tudo o que ele diz. 
Encontrámo-nos uma semana depois numa festa de anos. Durante a noite fiquei com a ideia de que me estava a controlar e resolvi dar-lhe um pouco de atenção. Gostava de futebol e de música, curtia um charrito de vez em quando, como a maioria dos meus amigos (...)

Não sei bem porquê, a certa altura a química funcionou e curtimos ali mesmo. O Pedro deve ter-se apercebido de tudo, como de costume, porque quando me acompanhou à mota fez um sorriso de entendido. Pensei que as coisas tinham ficado por ali.
No dia seguinte acordou-me pelo telemóvel. Disse que não tinha dormido a pensar em mim e que tinha um livro para me oferecer. Estava com muito sono e copos a mais, fiquei a pensar no que aquilo poderia querer dizer, achei melhor desligar rápido e dizer que depois falaria (...)

Estavas agora à minha frente, Nuno, e tinhas começado a tua história. Invejei por momentos o teu à-vontade a falar, como eras capaz de descrever o envolvimento com uma rapariga sem receios de te expores, como conseguias contar o que se tinha passado sem estares sempre a interpor ideias moralistas. Quando tinha a tua idade, sabes, as raparigas fugiam um pouco de nós, em risinhos abafados, quase não tinham autorização para sair à noite, nem para ter um carro aos dezoito anos, como a Rita de quem acabaste de falar. 

Acho o médico um pouco distraído, bem me dizem que os psiquiatras não batem bem. Vejo os seus olhos descaídos e um pouco tristes a deambular pelo gabinete, agora surgem de novo mais próximos. Talvez devesse ter ido antes a um psicólogo, assim tinha a certeza de que não me daria químicos, também se este gajo mos der não os tomo (...)

Preciso mesmo de falar com o médico, embora não saiba como começar.
Aconteceu tudo numa vertigem. A Rita começou a telefonar-me várias vezes por dia, a combinar encontros, a propor programas, às vezes apenas para dizer olá. De início achei que devia estar só e com problemas familiares, procurei apenas dar umas dicas sobre a sua vida e pouco mais. 
Um dia mandou-me uma mensagem escrita para o telemóvel: "a escuridão em que me queres deixar rouba-me a vida". Achei isto muito forte. Foi a primeira vez que a associei com a ideia de morte, fui a correr pedir a opinião da minha amiga Leonor. O Pedro acha que ela é feia e vai ficar para tia, eu acho que a Leonor é tão inteligente que há-de seduzir um homem com a sua cabeça. A Leonor disse que era uma bela declaração de amor, não acreditava que se poderia morrer de amor?

(...) Nuno, apetece-me só ficar quieto a ouvir a tua narrativa, afinal como tudo evoluiu?
(...) A Rita começou a andar atrás de mim e eu a fugir. Bem explicava ao telefone que tudo tinha corrido o melhor possível, mas não gostava o suficiente para poder andar com ela. Disse até um dia que os rapazes eram diferentes das raparigas, como tinha aprendido lá na escola, por isso não se prendiam tanto, estava a ser sincero não queria gozar com ela. Respondeu-me com um longo e-mail, de que recordo o final: "Estou à espera do último pôr do Sol, prefiro o silêncio a todas as palavras do mundo, não sei o que passa mas não suporto a ferida que as tuas fugas me provocam, com amor, Rita". Mostrei a carta à Leonor, respondeu-me com uma frase do Principezinho - o essencial é invisível para os olhos -, que me deixou mais confuso que nunca (...)

Tudo o que temos cá dentro / Daniel Sampaio (2000)
(curioso como oferecemos livros sem os ter lido, e depois, quase duas décadas depois, eles nos regressam às mãos para os lermos)

sábado, 14 de julho de 2018

Quando Ele Deixou de Lhe Saltar Para Cima

É sabido que as relações dos casais podem ter problemas de vária ordem. Só assim de repente estou a pensar nos ciúmes doentios, muitas vezes da vida do outro em que o casal ainda nem sequer se conhecia ("antes de mim o dilúvio"); as diferenças comportamentais em casa; personalidades incompatíveis; a gestão do dinheiro; e por fim, e não menos importante, claro, o sexo.

Quando nos interessamos por alguém (por norma) não sabemos como o outro é do ponto de vista sexual. A pessoa pode ser mais ou menos culta, mais ou menos bonita, mais ou menos qualquer outra coisa qualquer, mas não sabemos como ela é do ponto de vista sexual. Digo por norma, porque eu ainda sou do tempo em que primeiro conhecíamos a pessoa, sabíamos o seu nome e a sua maneira de ser e só depois, mais à frente, se entrava noutras aventuras, ao passo que hoje em dia nem sempre é bem assim. Hoje em dias, muitas vezes as pessoas encontram-se, dão umas traulitadas com perfeitos desconhecidos, e de quem nada sabem, e isso não invalida que depois de umas ramboiadas, as pessoas até se queiram conhecer e entrem numa relação afetiva. Mas "por norma", o percurso natural nos humanos não é esse. Conhece-se a pessoa e então só mais à frente desvendamos alguém que só quer fazer sexo com a luz apagada, ou alguém verdadeiramente ninfomaníaca que não descansa enquanto não nos esvaziar o saco escrotal!

As pessoas conhecem-se, apaixonam-se, entram numa relação e têm sexo (não necessariamente por esta ordem, pois como disse anteriormente podem ter sexo, conhecer-se, apaixonar-se e só depois entrar numa relação ou nunca sequer se apaixonarem). E "por norma" as pessoas vão-se ajustar em tudo. Nos interesses, na divisão do tempo, nas escolhas para sair, e também poderão ter necessidade de se ajustar no sexo, pois quem vê caras não vê libidos. Tentarão ajustar o número de vezes, a variedade, a duração, tudo na tentativa de manter ambos os elementos mais ou menos satisfeitos.

A relação segue o seu percurso, mais ou menos feliz, e sempre numa base de fidelidade, com mais ou menos sexo, que "por norma" irá acentuadamente decrescer ao longo do tempo, mas o casal vai vivendo bem com isso. Mas o que acontece se, de repente, um dos elementos do casal não mais quer ter sexo? Como é que ficamos?

E eu estou em crer que, numa relação nenhuma pessoa chega ao pé do outro e diz "olha, ando sem vontadinha nenhuma. Por favor deixa-me estar no meu canto. Não me apetece. Agora se te apetecer usa as mãozinhas, ou compra uns brinquedos porque eu não estou para aí virado(a) e não sei quando ou se voltarei a estar".

Não, "por norma" imagino que os problemas simplesmente se vão empurrando para a frente como a dívida portuguesa. Quem não tem vontade não procura o outro. Se o outro não procura ótimo, problema resolvido. Mas se procura então vai ter de arranjar desculpas. É o cansaço; são as dores de cabeça; é o sono; é o ter de levantar cedo de manhã; é a desculpa de andar deprimido; porque afinal o Benfica não foi penta; porque a seleção foi eliminada no mundial e não há clima; qualquer desculpa servirá. E não se faz hoje; não se faz amanhã; não se faz para a semana; não se faz daqui por um mês. Quando se dá conta não se faz há anos.

Foi ao ler este artigo em que uma mulher se queixa que só tem uma vez sexo por ano com o marido, que relembrei um caso que fui acompanhando de perto, e em que se passaram vários anos até que a mulher tivesse decido pôr ponto final na relação.

"Ainda sou muito nova para passar o resto da vida sem sexo", disse-me.



E o que é que se faz numa situação destas? Quem não quer sexo sente-se incomodado com as pressões do outro para o fazer. Quem quer fazer sente-se completamente frustrado e diminuído na sua auto-estima. Começa-se a ficar farto de ouvir "só pensas nisso" como se desejar a pessoa que se ama fosse uma doença, como se quem tem vontade de está ali pronto para a ação é que estivesse errado. É a frustração e a culpa de, por exemplo ter de meter mãos à obra para acalmar o problema quando, supostamente, um companheiro(a) serve também para não ter que se usar as mãos sozinho.
As dúvidas começam a assaltar-nos a mente. "Ele(a) ainda gosta de mim"? "Será que já não me deseja?" "Será que tem outro(a)"? "Será que afinal descobriu que é gay"? Isto não é minimamente saudável, mas quando se gosta deixa-se a situação ir-se arrastando, mantendo a secreta esperança que aquilo seja só "uma fase". O problema é quando a fase passa a ser o estado habitual e até nós já nos cansamos de tentar.

E se até aqui só ouvíamos os homens queixarem-se das eternas dores de cabeça das mulheres que não queriam nada "ir ao castigo", agora, fruto no meu entender da sua emancipação, são também as mulheres que reivindicam a sua sexualidade e saem porta fora se os companheiros ficam eternamente com enxaquecas e sem vontade nenhuma de lhes saltarem para cima.

Lembro-me de ouvir, nos tempos em que ainda via televisão, a ginecologista Maria do Céu dizer que aconselhava sempre as suas pacientes a fazer sexo com os maridos quando eles queriam. Não estão com vontade? Deixem-se levar na mesma. Depois de começarem começam a lubrificar, ficam excitadas e até vão gostar. Aliviam a pressão dos os companheiros e no fim ficam todos satisfeitos.

Outra coisa que acho é que, excluindo situações de doença, ou de tomas de medicamentos que tenham implicações na libido, a ausência de sexo, ou a falta de intimidade no casal, seja por ambos ou por parte só de uma das pessoas, "por norma" significará que algo não vai bem no reino de suas majestades. Acho que o sexo poderá ser um bom barómetro da relação, mas, logicamente, tendo em conta que, nada será igual aos primeiros tempos, porque aos poucos tudo está desvendado. Mas quando, sem nada que o fizesse esperar, as coisas mudam radicalmente, então é porque algo se passa. E se, como eu costumo dizer, não vai ser o sexo que vai manter uma relação insuportável, pode muito bem ser o sexo um motivo que, aos poucos, possa começar a minar uma excelente relação.

E como é que se resolve então uma situação em que, numa relação baseada na fidelidade, um deixa de querer sexo?
- Deve a pessoa sujeitar-se a estar toda a vida sem sexo, porque afinal é "na saúde e na doença" e se for preciso toda a vida sem sexo só porque o outro não quer?
- Tentar falar, expor o que se sente e se as coisas não melhorarem termina-se a relação?
- E se a pessoa que não quer sexo se virasse para a pessoa que e lhe desse um livre trânsito para ela, só durante o tempo que durasse o retiro sabático, pudesse fornicar com quem quisesse? Não seria isso aceitável? Mas também ninguém disse que a outra pessoa aceitaria não é?

Não será nada fácil. E foi por isso que na situação que fui acompanhando ela acabou mesmo por ter de terminar com a relação que era vista por todos como a relação perfeita. Ela passou a ser a má da fita, a cabra (ou outro animal se preferirem), porque abandonou o lar e deixou um excelente marido. Na volta tem algum amante a puta. Só que nunca ninguém soube que as coisas acabaram tão simplesmente porque ele deixou de lhe saltar para cima. Pois é...

Que Opinião Tenho Sobre Deus e a Criação do Mundo?

Há metafísica bastante em não pensar em nada. 

O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.

Que idéia tenho eu das cousas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?

Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).

O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.

A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.


Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem?

"Constituição íntima das cousas"...
"Sentido íntimo do Universo"...
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em cousas dessas.
É como pensar em razões e fins
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das árvores
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão.

Pensar no sentido íntimo das cousas
É acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.

O único sentido íntimo das cousas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!

(Isto é talvez ridículo aos ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as cousas,
Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)

Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.

Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.

E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?).
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora.


O Guardador de rebanhos / Alberto Caeiro 

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Ironias Bíblicas

Estamos no ano 2018. Nunca como agora tivemos ferramentas ao nosso dispor para investigar e tentar chegar um pouco mais perto da verdade. Ainda assim, e mesmo sendo o povo muito instruído, e tendo ferramentas ao seu dispor para investigar e se informar, é comummente aceite que os jornais dizem aldrabices. Ou seja, ainda assim, é perfeitamente reconhecido por todos nós que muitos média como jornais e televisões manipulam e mentem.

Há muitos séculos atrás o povo não tinha instrução. Nem sequer sabia ler. E então publicaram-se uns escritos, que mais não são do que cópias de cópias de cópias, porque convenientemente os originais perderam-se todos, e disse-se nesse tempo que esses escritos eram a "palavra de deus" e era para cumprir à risca senão ia tudo arder no fogo do inferno. E o povo, sem instrução e que não sabia ler acreditou. 

Em 2018 aceitamos tranquilamente que, apesar de sabermos ler, de termos bibliotecas,  jornais, revistas, televisões, e podermos confrontar toda essa informação e termos internet à descrição, aceitamos que os média nos mentem. Contudo, ainda assim, mesmo hoje, em 2018, uma grande parte da população, instruída e esclarecida, acredita piamente naqueles conjunto de escritos, naquelas cópias de cópias de cópias de sabe-se lá o quê, e afirma cegamente que aquilo é a "palavra de deus"! 

Em 2018 aceita-se que as televisões mentem. Que os jornais mentem. Mas ai de que diga que há mais de dois mil anos alguém mentiu ou manipulou o povo que nem ler sabia. 



quarta-feira, 11 de julho de 2018

Foi Você que Pediu um Irrevogável? ou As Muitas Caras de Paulo Portas

A triste cena do "irrevogável" fez no início deste mês cinco anos. Acho que a efeméride merece que lembremos um dos políticos mais hipócritas, cínicos, mentirosos e dissimulados da história da democracia portuguesa:



segunda-feira, 9 de julho de 2018

Jornalismo: pergunta de retórica

Quando a Ponte de Castelo de Paiva caiu, levando consigo 59 vidas, quantos jornalistas tailandeses é que vieram a Portugal cobrir o evento, com reportagens no local e diretos para as televisões? E durante quantos dias seguidos é que as televisões tailandesas só passaram nas suas televisões as imagens da queda da ponte portuguesa? 
E quando foi a Maddy que desapareceu? Também vieram cá jornalistas tailandeses fazer diretos e reportagens para as televisões falando dos Mccann e dos filhos, e de todos os indícios e suspeitas que estavam a ser alvo, porque naquela altura nada mais interessa saber aos tailandeses que a menina inglesa desaparecida?
E aquando das enchentes na Madeira que mataram 42 pessoas? E nos incêndios do ano passado?
Será que sempre que acontece alguma coisa em Portugal de relevo, também vêm para cá jornalistas armados em repórteres para que os tailandeses saibam tudo sobre o que se passa em Portugal?

Para já era só isto que queria saber. Obrigado. 

Onde a Escuridão se Torna Luz


A chuva cai sobre mim 
O som da escuridão vindo na minha direção
Tão perto, tão escuro
Põe fim à minha vontade
E então vem a luz
Desvanecendo a minha queda


Onde a escuridão se torna luz...




Becoming Light / Process of Guilt (2006)

domingo, 8 de julho de 2018

Leitura Aconselhável para Quem Acha que Portugal Não é um País Racista

Não sei o que pensará a maioria dos portugueses sobre o assunto, mas as pessoas que me são próximas no trabalho, todas acham que Portugal não é um país racista. Pois eu discordo totalmente. Claro que os portugueses não são racistas, só não querem que os filhos casem com um preto(a)! E isso é racismo?! Os portugueses não são racistas, só não alugam as suas casas a pretos! Qual é o mal? Portugal não é um país racista, só não atribui a nacionalidade a quem nasceu em Portugal, filho de emigrantes negros, enquanto que, qualquer chinês ou indiano rico, obtém facilmente a nacionalidade bastando para isso comprar um visto dourado. Ou então bastando para isso ser futebolista e estar cá durante três anos!

Deixo aqui duas sugestões de leitura, dois livros que ainda estão quentinhos, saídos para as livrarias ainda neste ano de 2018, e que talvez possam elucidar as mentes menos atentas.

O primeiro livro chama-se "Racismo no país dos brancos costumes" de Joana Gorjão Henriques, jornalista do Público, que tem recebido várias distinções pelos seus trabalhos sobre racismo. 

HISTÓRIAS REAIS DO PORTUGAL RACISTA QUE AINDA VIVE NO MITO DO NÃO-RACISMO

Um homem quer alugar uma casa, mas assim que diz o seu nome africano deixa de receber respostas. Uma avó da Cova da Moura é atirada ao chão por um polícia quando pergunta pelo neto. Uma mulher negra com formação superior vai ao hospital e perguntam-lhe se sabe ler as placas informativas. Por causa da cor da pele. Tudo isto acontece em Portugal, a portugueses negros, e é contado na primeira pessoa no livro No País dos Brancos Costumes, que dá continuidade à investigação de Racismo em Português. Assim se completa o retrato de um país que em 1982 deixou de atribuir a nacionalidade portuguesa aos filhos de imigrantes nascidos em Portugal, e onde ainda há quem encontre listas de escravos (com os respectivos preços) nos baús dos avós, entre outros brandos - brancos - costumes. 

"Vês casos de futebolistas que facilmente tiveram a nacionalidade, isso cria-te uma revolta. Vês alguns que chegam a Portugal e passados três anos têm a nacionalidade, e tu que nasceste cá... Não podes estudar, não podes jogar à bola, então o que podes fazer?"









O segundo livro sobre o tema do racismo intitula-se "Porque é lixo o rating social dos negros" de Filipe Silvestre: 


"Ao escrever este livro – afirma o autor – não pretendo chocar ninguém, pretendo acima de tudo revelar factos, pretendo revelar as verdades que são difíceis de ouvir e digerir, e pretendo levar o leitor ao âmago da realidade dos negros nos países ocidentais, mais especificamente em Portugal. Eu, que sou descendente de africanos, tenho o dever de dizer a verdade…» Filipe Oliveira Silvestre considera que a pobreza e a exclusão social das comunidades negras não se podem exclusivamente atribuir à sociedade de acolhimento, esquecendo ou marginalizando as culpas das próprias minorias, em particular as dificuldades e recusas em se integrarem. O autor afasta-se de leituras enviesadas pela ditadura do politicamente correcto, que envenena a discussão intelectual. Com grande frontalidade, afirma: «Os negros que lerem este livro vão perceber que dessa pequena “aventura” pelos caminhos tortuosos da ilegalidade e da pobreza resultaram apenas prejuízos étnicos que – muitos deles – deixarão rasto ao longo de pelo menos mais uma geração!".

sábado, 7 de julho de 2018

Porque Não Tinha que Ser

Se eu morrer novo, 
Sem poder publicar livro nenhum, 
Sem ver a cara que têm os meus versos em letra impressa, 
Peço que, se se quiserem ralar por minha causa, 
Que não se ralem. 
Se assim aconteceu, assim está certo. 

Mesmo que os meus versos nunca sejam impressos, 
Eles lá terão a sua beleza, se forem belos. 
Mas eles não podem ser belos e ficar por imprimir, 
Porque as raízes podem estar debaixo da terra 
Mas as flores florescem ao ar livre e à vista. 
Tem que ser assim por força. Nada o pode impedir. 

Se eu morrer muito novo, oiçam isto: 
Nunca fui senão uma criança que brincava. 
Fui gentio como o sol e a água, 
De uma religião universal que só os homens não têm. 
Fui feliz porque não pedi cousa nenhuma, 
Nem procurei achar nada, 
Nem achei que houvesse mais explicação 
Que a palavra explicação não ter sentido nenhum. 

Não desejei senão estar ao sol ou à chuva — 
Ao sol quando havia sol 
E à chuva quando estava chovendo (E nunca a outra cousa), 
Sentir calor e frio e vento, 
E não ir mais longe. 

Uma vez amei, julguei que me amariam, 
Mas não fui amado. 
Não fui amado pela única grande razão — 
Porque não tinha que ser. 

Consolei-me voltando ao sol e à chuva, 
E sentando-me outra vez à porta de casa. 
Os campos, afinal, não são tão verdes para os que são amados 
Como para os que o não são. 
Sentir é estar distraído.

Vídeo-Árbitro dá Amarelo a Santana Lopes por Fazer Fitas!


Depois de em Janeiro ter negado um encontro com Pacheco Pereira para a criação de um novo partido político, em 18 de Abril, Santana Lopes disse, negando qualquer criação de movimento de oposição ao PSD: "Não posso, nem quero. Tenho uma vida muito ocupada e, sinceramente, já dei para esse peditório".

Entretanto agora - dois meses depois! - já diz que vai criar um novo partido político, o tal que tinha negado veementemente a intenção e ter criado. Porreiro pá!

Quem São os Culpados Por Haver Touradas em Portugal?

"A compaixão pelos animais está intimamente ligada à bondade de carácter,
 e pode ser seguramente afirmado que quem é cruel com os animais
 não pode ser um bom homem."
(Arthur Schopenhauer)

Ontem, dia 6 de Julho de 2018, podia ter-se acabado definitivamente com o triste espetáculo bárbaro e medieval que deve envergonhar todos os portugueses. Ontem as touradas podiam ter sido definitivamente proibidas. Aquele triste e bárbaro espetáculo, a que chamam arte a espetar ferros na carne de um animal que definha até morrer, para gáudio de gente que se consegue divertir com a tortura e o sofrimento dos animais. E que espécie de gente é esta, pergunto-me.

Mas ontem esta vergonha podia ter acabado definitivamente mas no parlamento português, onde se votam as leis, houve partidos que se opuseram ao fim das Touradas em Portugal. E para que mais ninguém se esqueça no futuro, os partidos que defendem as touradas em Portugal são: CDS, PSD, PS e PCP. Com algumas abstenções e votos a favor, todos os deputados destes partidos votaram contra o fim das touradas em Portugal. (Abstiveram-se: 1 deputado do BE, 1 deputado do PSD e 12 deputados do PS A favor: 8 deputados do PS e 1 do PSD)

Por outro lado os partidos que na Assembleia que defenderam o fim das touradas foram: o PAN, BE, VERDES

Portanto, quando alguém se perguntar do porquê sobre as touradas ainda existirem em Portugal, há uma resposta que é preciso dar: porque CDS, PSD, PS e PCP não querem!

Para mim é completamente absurdo e revoltante que os mesmos políticos que fizeram leis que "criminalizam os maus tratos a animais" sejam depois os mesmos políticos que acham que espetar ferros e espadas num animal é dar-lhes mimos e tratar muito bem um animal.
Abandonar um cão é crime. Torturar e matar touros é zelar pela tradição cultural portuguesa!
Puta que vos pariu a todos. É mesmo revoltante a puta da hipocrisia dos políticos. E eu certamente que não voto em partidos que defendam as touradas. Tu votas?


E seguindo o raciocínio de Schopenhauer, que disse que pode ser seguramente afirmado que quem é cruel com os animais não pode ser um bom homem; certamente que deputados que votam a favor da tortura dos animais não podem ser bons deputados. 

sexta-feira, 6 de julho de 2018

Como Podemos Saber que a História não foi Manipulada? E Como Deve Agir o Historiador?


"Os jornais não servem para dizer a verdade. Já é bom que eles não mintam."

"Numa viagem de Mário Soares à Índia, parou o presidente da república em Omã. No sultanato de Omã. O sultão convidou-o a ver um museu sobre Omã, onde havia uma praça forte portuguesa. E nesse museu, o presidente da república portuguesa foi confrontando com uma figura de Vasco da Gama, mas na legenda dessa figura, não estava que ele era o descobridor, ou que era um magnífico navegador, mas sim que foi um usurpador, um homem que usurpou nomeadamente os conhecimentos dos verdadeiros conhecedores da navegação que eram de Omã. Raptava os pilotos de Omã, e era com eles que ia navegando ao longo da costa. Em suma era ali um bandido... (eu fui testemunha deste episódio porque era repórter) a tal ponto o tradutor teve mesmo que dizer ao presidente da república que o Vasco da Gama é um pirata e o Mário Soares não gostou.

Vasco da Gama: o pioneiro descobridor ou um mero pirata usurpador e sanguinário?


Dito de outra maneira, como é que podemos aferir o que é a História se as fontes são engajadas? 

O estudo dos jornais como de qualquer outra fonte histórica exige previamente uma análise crítica, o crivo crítico, muito apertado. Os jornais são particularmente useiros e vezeiros na deturpação do narrar dos factos e depois na sua interpretação. Portanto, nós temos sempre que ter, e sobretudo nós que trabalhamos com a imprensa, mas não só, e que trabalhamos com depoimentos vários e pessoais, nós temos sempre que ter este distanciamento e ter esta precaução. 

Um historiador deve ser o mais objetivo possível. e o mais rigoroso possível na interpretação. Agora, a verdade é que, nesse tempo, por essas razões, também na Gazete de France por exemplo, o Françoi Rene Dau a certa altura tem uma frase que se aplica aos jornais desse tempo, entre os quais se integra as gazeta da restauração. Ele tem esta frase que é impressionante de confissão: 
"Os jornais não servem para dizer a verdade. Já é bom que eles não mintam."

José Manuel Tengarrinha (que faleceu no dia 29 de Junho) no programa Quinta Essência) da Antena 2.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Morto de Mais para Poder Morrer

"Sobre uma bala dirijo-me ao meu deus, alguém criado pela minha própria ilusão. Gostaria de lhe dizer que estou no inferno e que grito todos os dias, talvez porque viva apenas com a esperança de alguém me olhar. 
Não durmo, não consigo tirar tempo ao que me resta para conhecer os meus pensamentos, certezas não tenho. Apenas sei que a morte vai surgir de repente e, a sorrir, oferecer-me paz. 
Desejaria rezar para sobreviver, mas sei que não basta fechar os olhos para fugir à própria tragédia. Afinal, estou morto de mais para poder morrer, acreditei ter força suficiente para não me asfixiar, apenas pude suspirar quando quis soltar um grito. Morri no instante em que pensei ter começado a viver, porque não era possível continuar vazio por dentro...


Início do livro "Lições do Abismo" / Daniel Sampaio / 2002

segunda-feira, 2 de julho de 2018

Jornalismo: Inventar Paragonas

A ortografia está correta e já tenho lido pior gramática, mas é dar com o cerne da história que faz um bom jornalista. Começa inventando parangonas. Curtas, com força, dramáticas.
Lá ao longe, que vês? Diz a parangona. 
"Horizonte Coberto por Escuras Nuvens". 

(aceno negativo com a cabeça)

"Tempestade Iminente Ameaça Aldeia". 
E se não houver nenhuma tempestade? 
"Aldeia Poupada por Tempestade Violenta". 




The Shipping News" (2001)

Transexualidade: Se a Lei não impõe uma Idade Mínima para Uma Criança Ter um Filho...

"A capacidade reprodutiva começa muito antes, e Portugal não impede que uma criança de 12, 13, 14, 15, 16, 17 anos tenha um filho(a). E por isso estamos a falar de uma decisão muito grande, que é, a capacidade de pôr um outro ser no mundo. Ou seja, isto é muito muito duvidoso e ambíguo do que é que pode alguém decidir em relação ao seu próprio corpo sendo trans, ou o que pode decidir sobre ter ou não ter uma outra criança. E a lei não se espelha nesta questão e isso parece-me desajustado que a lei queira interferir nesta situação da questão dos 18 anos ou dos 16 anos neste caso. 

- Concorda com o veto do Presidente da República?

De todo. Não consigo concordar porque parece-me que há aqui outras questões por trás. Outras questões ideológicas, políticas, por trás desta decisão" (Paula Allen - Centro Gis)

Foto emprestada da net
É raro acontecer, mas por estes dias estava tranquilamente no meu posto de trabalho, sozinho e com os auriculares nos ouvidos. E a propósito da reportagem "O meu nome é André" de Cláudia Aguiar Rodrigues, fui ouvindo o programa "Antena Aberta" da Antena 1 em que se debatia a transexualidade. 

Trata-se de um assunto que me deixa com algumas dúvidas, até porque é uma realidade que desconheço, visto que nunca me confrontei com uma pessoa que sente que nasceu no corpo errado. E quando não domino determinado assunto tento colocar-me com alguma distância, e acima de tudo não julgar. Pois se há algo que as pessoas passam a vida a fazer é a julgar e a ter medo do que é diferente delas. A maioria das pessoas julga o mundo e os outros pelos seus olhos, e depois, tudo que sai dos seus horizontes é olhado com repulsa e desconfiança. 

Em Abril o parlamento aprovou uma lei que permite a mudança de nome e de género no Cartão de Cidadão aos 16 anos, mas o senhor presidente da República vetou a lei, exigindo um relatório médico para o efeito e a lei voltou de novo ao parlamento. 

Eu ouvi a reportagem e ouvi ainda mais atentamente o debate no fórum. Achei muito interessante as ideias que as duas convidadas e alguns ouvintes, inclusive alguns pais de transexuais trouxeram para o debate. E este argumento sobre não existir uma lei que exija uma idade mínima para se ter um filho - e ainda há não muito tempo soube de uma criança de 12 anos que ia ser mãe - e por outro lado obrigar alguém a ter de esperar pelos 16 anos para poder mudar de nome, quando uma médica especialista afirma (e quem sou eu para questionar) que uma criança com dois ou três anos já sabe qual o seu género, tudo isto parece injusto e despropositado. E claro, junte-se ainda que as pessoas confundem género com orientação sexual. Acho que é este tipo de programas que fazem o verdadeiro serviço público no sentido de tentarem esclarecer as dúvidas das pessoas. 

A reportagem está aqui:

O meu nome é André 

O programa Antena Aberta pode sido ouvido aqui:

A Transexualidade em Portugal

domingo, 1 de julho de 2018

Os Iranianos só Souberam Protestar e Pressionar o Árbitro

Basicamente só vejo jogos da bola quando joga Portugal. E tinham-me dito, depois do jogo contra o Irão, que os iranianos só souberam protestar e pressionar o árbitro por tudo e por nada. Que o Carlos Queiroz passou a vida a exigir que o árbitro consultasse o video-árbitro. E o que eu respondi é que os iranianos lutaram com as armas que tinham. Que não são a melhor equipa do mundo, mas que o que lhes falta em técnica lhes sobra em empenho e em vontade. E que se nós, que passamos a vida a jogar a passo (porque correr cansa) se tivéssemos metade do empenho deles, não tínhamos empatado o jogo. Tínhamos vencido o nosso grupo e evitado o perigoso Uruguai.

Capa Diário de Notícias
E afinal, como se viu no jogo contra o Uruguai, de facto nós somos completamente diferentes dos iranianos. Somos pessoas serenas e aceitamos de bom grado todas as decisões do juiz da partida, e não agimos de cabeça quente, como se nos fôssemos explodir em seguida. E o nosso treinador esteve sempre impávido e sereno, tranquilamente sentado no banco de suplentes. Pois o que eu vos digo é: não critiquem nos outros, aquilo que, nas mesmas condições agiriam exatamente de igual forma. Como diz o ditado bem português (e nem precisam ir ao refresco e à pimenta brasileiros):

"Com os males dos outros posso eu muito bem".