Os partidos de direita não gostam mesmo nada que exista um salário mínimo. Devemos deixar o mercado funcionar passam eles a vida a dizer! E foi uma tremenda chatice o fim da ditadura de Salazar, porque os trabalhadores - essa classe desprezível de pobres, pois se Deus-nosso-senhor os criou pobres, então pobres devem continuar - e esses grandes malandros da classe operária, deixaram de ser obrigados a trabalhar de sol-a-sol, por uma códea de broa e gole de água, e pasme-se! os senhores ricos (toda a riqueza vem de um roubo) tiveram de passar a pagar pelo trabalho dos escravos! Pior, os trabalhadores passaram a ter alguns direitos! Foi o fim do mundo, uma pouca vergonha!
E o Salário Mínimo foi criado, precisamente, para garantir que, aos olhos da lei nenhum patrão poderia pagar menos do que esse valor a alguém. Poderia pagar quanto quisesse, mas nunca menos que esse valor. E nos dias de hoje, paga-se essa fortuna que são 530 Euros por 160 horas de trabalho mensais!
Mas não se pense que isto funciona assim em todo o mundo! Felizmente que há países que não têm um salário mínimo, porque qualquer patrão teria vergonha de pagar tão pouco! E que países são esses? São países comunistas pois está claro! Países muito conhecidos por terem regimes de extrema-esquerda, como a Finlândia, Dinamarca ou Noruega, ou a própria Suiça, esse barão comunista dos bancos! que até recentemente rejeitou por referendo ter um salário mínimo de 3 Mil Euros!
Mas agora façam esse exercício mental e imaginem qual seria o valor mínimo que a maioria dos patrões portugueses estariam dispostos a pagar se não fossem obrigados a pagar esses 500 e poucos euros? Precisamente! O valor mais baixo possível a troco do maior número de horas de trabalho possível!
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Via Expresso |
Desde 1974, todos os anos o salário mínimo aumentou. O salário mínimo começou por ser 3300 escudos (16,5€) e é hoje de 530€. Mas a ditadura regressou de novo a Portugal em 2011 com a bandeira do FMI, pois desde que os fascistas tomaram de assalto o poder, com um punhado de mentiras deslavadas, afirmando que já chegava de austeridade, não mais o salário mínimo haveria de aumentar, até terem caído da cadeira em 2015 - maldita democracia! - com a união dos partidos da oposição.
Ironicamente, a verdade é que foi na legislatura de José Sócrates, a tal que a direita de Portas e Passos tanto acusaram que chegava de austeridade, que Portugal mais aumentos teve do salário mínimo. Curioso não é?
Mas o mais curioso ainda, é que, se os 3300$00 ou os três contos e trezentos tivessem sido aumentados em função da inflação, já em 2015 o salário mínimo nacional deveria ser de 670 Euros! Significa isto que, hoje ganhamos bem menos do que qualquer português ganhava em 1974!!! Bem-vindo ao admirável mundo novo onde mais é menos!
E ontem no parlamento discutiu-se de novo o salário mínimo e ouvimos coisas surpreendentes como:
"Deve ser a concertação social, as confederações patronais e sindicais, a determinar o montante do SMN e não o governo, porque "isso não é diálogo: é imposição". (PSD)
Mas o meu salário não é uma imposição do meu patrão? Sim, eu acho que valho bem mais do que ganho! Mas esse argumento da direita é extraordinário, pois curiosamente, durante os anos em que estiveram no poder, os parceiros da concertação social queriam discutir o aumento do salário mínimo, mas o governo varreu o salário mínimo para debaixo do tapete! Nem pensar em aumentar o salário mínimo! O que era preciso era pôr os pobres a pagar as falências dos bancos, e era preciso roubar salários, não aumentá-los! Onde é que isso já se viu?!
Outros dos argumentos da direita (CDS) é que o salário mínimo deveria aumentar em função da produtividade! Mas porque será que eles falam nisso? Vejamos então:
Em 1974 começamos com essa fartura de salário mínimo que eram 3 contos e trezentos ou 16,5€. Em 2015, esse valor equivalia a 670€ em 2015 apesar de recebermos bem menos. Mas então a quanto corresponderia se fosse atualizado em função da produtividade? Seriam 355€, menos 170€ que o atual salário mínimo!! Perceberam a ideia?! Então abram os olhos! A produtividade ou a falta dela, nada tem a ver com os trabalhadores, tem na maioria das vezes a ver com a falta de saber gerir as empresas por parte dos patrões, senão, como explicar então, que os mesmos portugueses sejam apontados como modelos e exemplos de empregados em países como Luxemburgo (onde são metade da população!) França, Inglaterra, Alemanha, ou para onde quer que emigrem? Então por que é que os portugueses só não são produtivos em Portugal? Não será porque as empresas em Portugal são geridas por portugueses? Se calhar...!
No fundo, a conclusão é óbvia: para os partidos de direita, o salário mínimo deveria de ser Zero Euros. Tudo que chega acima disso é menos dinheiro nos bolsos deles e dos amigos deles. E no entender deles, Portugal tem de continuar a ser dos países do mundo, onde há mais desigualdade entre pobres e ricos, entre patrões e essa escumalha de pobres que acha que deve ter direitos na vida.
Ah mas ó Konigvs, fizeste um título completamente sensacionalista. Isso não é correto...
- Sim, é verdade. Estou a aprender com a imprensa portuguesa.