"A ditadura perfeita terá a aparência da democracia, uma prisão sem muros na qual os prisioneiros não sonharão sequer com a fuga. Um sistema de escravatura onde, graças ao consumo e ao divertimento, os escravos terão amor à sua escravidão."
domingo, 29 de novembro de 2020
Sozinho
sábado, 28 de novembro de 2020
200 Anos do Nascimento de Engels
Hoje, 28 de Novembro de 2020, passam duzentos anos do nascimento de Engels. Algumas breves notas deste génio humanista.
A miséria e as desgraças de que Engels fora testemunha desde criança, causaram-lhe uma impressão inapagável. Nas "Cartas de Wuppertal", sua primeira obra, Engels descreve com uma sincera compaixão as duras condições de vida dos operários fabris e artesãos de Barmen e Elberfeld. A principal causa das desgraças e sofrimentos dos operários, no dizer de Engels são "os desmandos revoltantes dos donos das fábricas".
O pai de Engels era um homem religioso, conservador e despótico. Além de Friedrich, ele tinha mais três filhos e quatro filhas. Estes três filhos seguiram a carreira do pai e as filhas casaram com homens do seu círculo Somente o modo de vida de Friedrich estava em flagrante contradição com o espírito que reinava na família. Sedento de saber e voluntarioso, ele revelou muito cedo uma inteligência aguda e perspicaz, o dom de ter ideias próprias e uma índole independente. Lendo uma carta do pai de Engels dirigida à esposa, vemos que a educação do filho, que contava então com 15 anos lhe causava grande inquietação.
"Exteriormente, como sabes, ele tornou-se mais bem educado, mas apesar das severas sanções anteriores, ele, ao que parece, nem mesmo por temor ao castigo, deseja aprender a obedecer ser reservas. Para grande desgosto meu, hoje, descobri novamente na sua escrevaninha um livro vil da biblioteca do século XIII... Que Deus salve a sua alma! Muitas vezes sinto medo por este rapaz que, em geral, é excelente."
Jovem de raro talento, Friedrich, interessava-se profundamente pela literatura, arte, música e o estudo de idiomas. Compunha versos, desenhava muito bem caricaturas. De índole alegre e jovial, Engels era fisicamente resistente e muito ágil. Praticava com entusiasmo hipismo e esgrima, era um exímio nadador. Engels conservou este amor ao desporto por toda a vida.
Em Setembro de 1837, Engels teve que abandonar o ginásio sem ter concluído o último ano. O pai, desejando que o seu primogénito seguisse a carreira de comerciante, tratou de habituá-lo a trabalhar no comércio. Primeiro, Engels, durante um ano, trabalhou no escritório do pai e depois partiu para servir numa grande casa comercial em Bremen.
Mas a perspetiva de seguir essa carreira nem de longe seduzia o jovem Friedrich. Em Bremen, grande porto comercial, Engels teve a possibilidade de ler jornais ingleses, holandeses e franceses e publicações proibidas na Alemanha. Os livros e jornais ampliavam a visão do mundo de Friedrich, sendo, além disso, um meio excelente para dominar línguas estrangeiras. Engels, frequentava com agrado os teatros, concertos, apreciava sobretudo as sinfonias de Beethoven.
Em Bremen, o jovem Engels também observava a vida dos trabalhadores que nada possuíam, mas eram "o que de melhor pode ter o rei no seu Estado".
O pai de Engels, preocupado com o rumo do desenvolvimento espiritual do filho, enviou-o precavidamente para a casa dum pastor de Bremen. Mas justamente sob o teto desta casa, Friedrich, atacado por dolorosas dúvidas religiosas, rompeu para sempre com o credo dos seus ancestrais.
Começou a pensar cada vez mais nos problemas sociais e políticos do desenvolvimento da sociedade. A situação social e política formada nesta altura na Alemanha em vésperas da revolução e nos países vizinhos fornecia um material abundante para meditações, exercendo uma influência excecional sobre a formação intelectual do jovem Engels.
Depois de sepultar o filho, Marx escrevia a Engels: "Já suportei muitas angústias, mas só agora sei o que é uma verdadeira desgraça... No meio de todas as terríveis torturas por que passei durante estes dias, sempre me animou a lembrança de ti e da tua amizade, e a esperança de que juntos ainda temos muito a fazer, neste mundo, algo de razoável."
Engels fazia tudo ao seu alcance para que a família de Marx não passasse e mal. Quando se lhe ofereceu a oportunidade de proporcionar a Marx uma ajuda material suplementar escrevendo artigos, ele aproveitou-a com satisfação. Em Agosto de 1851, o jornal progressista americano New York Daily Tribune propôs a Marx que escrevesse artigos para um periódico. Numa carta a Engels, Marx pediu a sua ajuda: "No que respeita ao New York Daily Tribune, peço-te que me ajudes, pois estou ocupadíssimo com a economia política. Escreve alguns artigos sobre a Alemanha a partir de 1848." Engels pôs imediatamente mãos à obra, enviando sistematicamente um artigo após outro a Marx, que os remetia ao New-York Daily Tribune". Foi assim que surgiu a célebre série de artigos "Revolução e Contra-Revolução na Alemanha". Só depois de publicada a correspondência entre os dois, é que se constatou que se tratava de uma obra de Engels e não de Marx.
Verdadeiro poliglota, Engels dominava (falava e escrevia) doze idiomas e lia em quase vinte. Sabendo tantas línguas, Engels pôde dedicar-se a problemas gerais da linguística como tal e da linguística comparada, lançando um sólido fundamento marxista destas ciências.
Friedrich Engels Breve biografia - Eugénia Stépanova (1986)
sexta-feira, 27 de novembro de 2020
A Amizade de Marx & Engels
segunda-feira, 23 de novembro de 2020
Fica Comigo
quarta-feira, 18 de novembro de 2020
O Negador do Racismo Condenado Por Racismo
Estávamos no Verão, em plena pandemia, e o líder partidário André Ventura do CHEGA, que tinha criticado a manifestação contra o racismo que se fez em Portugal, na sequência da morte de George Floyd, isto porque afinal estávamos em pandemia, resolve, ele mesmo, dando o dito pelo não dito, porque afinal a sua manifestação dos negadores de máscaras não ia infetar ninguém, resolve ele mesmo fazer a sua manifestação afirmando que "não há racismo em Portugal".
Estamos a falar do líder partidário que é apoiado por nazi-fascistas, incluindo, por exemplo, Mário Machado condenado a dez anos por ter matado um negro em que o seu único crime foi ter-se cruzado com ele no Bairro Alto. Estamos também a falar do líder partidário que mandou a deputada eleita da nação Joacine Moreira "ir lá para para a sua terra.
Hoje ficamos a saber que o líder partidário que nega que exista racismo em Portugal, foi ele mesmo condenado por racismo. Este é um daqueles casos em que se costuma dizer que a realidade ultrapassa a ficção.
terça-feira, 17 de novembro de 2020
Pra Cima de Puta
- É uma puta - disse.
Disse-o ao calhas, vendo uma gravura de Fermina Daza disfarçada de pantera negra num baile de máscaras e não precisou de mencionar ninguém para que Florentino Ariza soubesse de quem falava. Temendo uma revelação que o perturbasse para toda a vida, este apressou-se numa defesa cautelosa. Alegou que só conhecia Fermina Daza de vista, que nunca tinham passado dos cumprimentos formais e não sabia nada do que se passava na sua intimidade, mas dava como certo que era uma mulher admirável surgida do nada e enaltecida pelos seus próprios méritos.
- Por obra e graça de um casamento por interesse com um homem de que não gosta - interrompeu-o Sara Noriega.
- É a maneira mais baixa de ser puta."
"O Amor em Tempos de Cólera" / Gabriel Garcia Marquez (1985)
Queres Ser Meu Amigo? Então Sê Como Engels Foi de Marx
"Marx concluiu o primeiro volume de "O Capital" sob condições extremamente difíceis. De par com imensos estudos teóricos, realizava uma obra colossal e complexa dirigindo a Internacional. A permanente tensão e as privações materiais minavam a saúde de Marx, que já se encontrava abalada.
Num dos momentos críticos, Marx, pedindo a Engels de novo ajuda, escrevia-lhe: "Asseguro-te que preferia que me cortassem o dedo polegar do que ter de escrever esta carta. A ideia de que metade da vida se vive a depender de outrem pode levar ao desespero. A única coisa que me anima é a consciência de que ambos atuamos como sócios, eu dedico o meu tempo ao aspeto teórico e partidário da causa comum".
Com o afeto e a fidelidade de amigo e com o grande ilimitado desvelo de membro do Partido pelo seu grande guia, Engels ia sempre em auxílio de Marx. Como a saúde deste piorou muito, Engels, alarmado, depois de consultar os médicos, pede a Marx que mude para Manchester para descansar e tratar a sério da doença que poderia ter um desfecho funesto.
"...Faz-me a mim e à tua família o único favor - permite que cuidemos da tua saúde. O que será do movimento se contigo suceder alguma coisa? Ora se te portares como até agora, isso será inevitável. Com efeito, não tenho nem terei sossego, seja dia ou noite, enquanto não te tirar dessa embrulhada: todos os dias que não recebo notícias tuas, fico preocupado, pensando que pioraste outra vez"
A ajuda proporcionada por Engels na composição de "O Capital" não se limitou ao aspeto material. Marx geralmente consultava Engels a respeito dos problemas teóricos mais importantes, expondo nas cartas as suas deduções e pedindo a opinião de Engels sobre várias questões. Marx pedia frequentemente auxílio ao amigo a respeito de diversas questões práticas da economia em que Engels era grande perito (...)
A 16 de Agosto de 1867, Marx comunicou a Engels que tinha concluído a revisão do último (49.º) caderno de "O Capital". O prefácio também já fora remetido. "Deste modo, este volume está pronto - escreveu Marx. - É só graças a ti que isto se tornou possível. Sem os sacrifícios que fizeste por mim, eu jamais conseguiria realizar a obra colossal que exigiram os três volumes. Abraço-te, cheio de reconhecimento!.. Saúdo-te, meu caro e fiel amigo!"
"Desde que no mundo existem capitalistas e operários ainda não apareceu um livro que tivesse tamanha importância para a classe operária" - escreveu Engels sobre "O Capital".
Marx precisou de vinte e cinco anos de tensas pesquisas científicas para que a sua doutrina económica adquirisse uma forma clássica e perfeita.
domingo, 15 de novembro de 2020
A Vespa Parasitóide e o Hospedeiro Adormecido
Por entre os pingos da pandemia e das melhores eleições americanas dos últimos anos, cheias de imprevisibilidade e comédia, em que o candidato que perde diz que ganhou e manda parar a contagem de votos enquanto estava a perder!, eis que o PSD decide coligar-se com os fascistas do CHEGA com vista a governar o arquipélago dos Açores, mas, afinal, veio-se a descobrir que, ao contrário do que Rio queria fazer crer, o acordo é nacional.
O Partido Popular Democrático, mais à frente Partido Social Democrata foi um partido criado depois do 25 de Abril por Sá Carneiro e era assumidamente, dito pelo próprio, um partido de Esquerda. Entretanto como bem sabemos, depois de Cavaco, Durão e Passos Coelho, qualquer pessoa afirma sem margem para dúvidas que o PSD é de Direita, ou Neo-Liberal, que privilegia a defesa dos interesses dos mais ricos, apesar de, à semelhança dos vários partidos existentes, haver diferentes sensibilidades.
Sobre o CHEGA.
Pela mão de Passos Coelho, o verdeiro Dr. Frankenstein, pessoas como eu, que não faziam ideia que o senhor era comentador da bola no CMTV, foi lançado o monstro do populismo-fascista André Ventura como candidato à câmara municipal de Loures e rapidamente começou a falar que Portugal tinha um problema com os ciganos. O homem exagerou de tal maneira que o próprio CDS decidiu retirar-lhe o apoio à candidatura e avançou com o seu próprio candidato.
Entretanto ficamos a saber ao que vem André Ventura. Apoiado por nazis e pessoas de extrema-direita, racistas e xenófobos, incluindo pessoas como Mário Machado condenado em tribuanal a dez anos de cadeia por matar um preto em Lisboa, e apoiado também por fundamentalistas cristãos, tem tido um discurso de ódio e provocação em linha com o pior que temos visto no mundo, replicando comportamentos de Trump e Bolsonaro, e, com os seus grupos, como os recentes conhecidos dos "médicos e jornalistas pela verdade" e com os seus exércitos de bots espalha mentiras pela net, financiados por grandes grupos financeiros. As suas propostas para "ajudar" o povo passam por acabar com o Serviço Nacional de Saúde (que daria imenso jeito agora nestes tempos de pandemia!), acabar com escola pública, diminuir os impostos aos mais ricos pondo os pobres a pagar mais! E tem gente que adere a estas ideias!
E entretanto Rui Rio decide coligar-se com esta gente, e relembro que Ventura o chamou de "pacóvio"!
Aos Vossos Avós Foi Pedido Que Fossem Para a Guerra...
quinta-feira, 12 de novembro de 2020
Ana Karenina
"Todos os géneros de felicidade se parecem, mas todas as desgraças têm o seu carácter peculiar. "
terça-feira, 10 de novembro de 2020
Viva a Meritocracia!
sábado, 7 de novembro de 2020
Conversas Improváveis (57): 400 Matchs no Tinder
Mais Historiadores, Menos Epidemiologistas
Mas depois do uso generalizado de máscara ter resultado e as infeções tinham baixado muito, as autoridades de saúde resolveram levantar estar restrições logo em Novembro, um mês depois da chegada da pandemia aos Estados Unidos. Houve imensas festas na rua, milhares de máscaras espalhadas pelo chão, com as pessoas a dançar e abraçadas umas às outras. Resultado: as infeções voltaram a subir e a máscara acaba por voltar a ser obrigatória em 1919, só que desta vez há enormes manifestações contra o uso das máscaras, prisões, devido àquilo que se designa por "cansaço pandémico".
Ora, se a política prestasse mais atenção aos historiadores e à história, já teria antecipado que, ou se ataca a dispersão de uma pandemia logo no início, com medidas obrigatórias ou, se deixar as coisas nas mãos da responsabilidade individual a coisa vai descambar com ajuntamentos como os que vimos por estes dias na Nazaré e já com mais de três mil casos diários reportados. Mais. Quando depois quiser impor alguma coisa, começarão a aparecer os negacionistas dos movimentos anti-máscara ou, pior, dos negacionistas da própria pandemia, exatamente como aconteceu em 1918.
Não era preciso inventar muito, bastaria olhar para o que aconteceu há cem anos. As mesmas formas de combater a transmissão da doença, as mesmas reações que as pessoas começaram a ter fruto do cansaço pandémico. Por isso, se calhar, teria sido bem mais importante os governos rodearem-se de historiadores e não tanto de epidemiologistas.
quarta-feira, 4 de novembro de 2020
"Mentirosos pela Verdade"
Depois de termos sabido que nos "médicos pela verdade" não existia um único epidemiologista, mais engraçado ainda é descobrir-se que nos "jornalistas pela verdade" não existe um único jornalista!!
A fonte é da conhecida jornalista da RTP, Rita Marrafa de Carvalho que fez a seguinte publicação no Twitter: