sábado, 28 de novembro de 2020

200 Anos do Nascimento de Engels

 Hoje, 28 de Novembro de 2020, passam duzentos anos do nascimento de Engels. Algumas breves notas deste génio humanista.

"Friedrich Engels nasceu a 28 de Novembro de 1820 na cidade de Barmen. O seu pai era fabricante de têxteis. A Prússia Renana, terra natal de Engels, foi a primeira região da Alemanha onde se iniciou a marcha vitoriosa da indústria de máquinas e da grande produção capitalista nascidas na Inglaterra. Na Prússia Renana já começavam a aparecer os primeiros quadros do proletariado industrial e a evidenciar-se as contradições entre a classe operária e a burguesia. 

A miséria e as desgraças de que Engels fora testemunha desde criança, causaram-lhe uma impressão inapagável. Nas "Cartas de Wuppertal", sua primeira obra, Engels descreve com uma sincera compaixão as duras condições de vida dos operários fabris e artesãos de Barmen e Elberfeld. A principal causa das desgraças e sofrimentos dos operários, no dizer de Engels são "os desmandos revoltantes dos donos das fábricas". 

O pai de Engels era um homem religioso, conservador e despótico. Além de Friedrich, ele tinha mais três filhos e quatro filhas. Estes três filhos seguiram a carreira do pai e as filhas casaram com homens do seu círculo Somente o modo de vida de Friedrich estava em flagrante contradição com o espírito que reinava na família. Sedento de saber e voluntarioso, ele revelou muito cedo uma inteligência aguda e perspicaz, o dom de ter ideias próprias e uma índole independente. Lendo uma carta do pai de Engels dirigida à esposa, vemos que a educação do filho, que contava então com 15 anos lhe causava grande inquietação. 

"Exteriormente, como sabes, ele tornou-se mais bem educado, mas apesar das severas sanções anteriores, ele, ao que parece, nem mesmo por temor ao castigo, deseja aprender a obedecer ser reservas. Para grande desgosto meu, hoje, descobri novamente na sua escrevaninha um livro vil da biblioteca do século XIII... Que Deus salve a sua alma! Muitas vezes sinto medo por este rapaz que, em geral, é excelente."

Jovem de raro talento, Friedrich, interessava-se profundamente pela literatura, arte, música e o estudo de idiomas. Compunha versos, desenhava muito bem caricaturas. De índole alegre e jovial, Engels era fisicamente resistente e muito ágil. Praticava com entusiasmo hipismo e esgrima, era um exímio nadador. Engels conservou este amor ao desporto por toda a vida. 

Em Setembro de 1837, Engels teve que abandonar o ginásio sem ter concluído o último ano. O pai, desejando que o seu primogénito seguisse a carreira de comerciante, tratou de habituá-lo a trabalhar no comércio. Primeiro, Engels, durante um ano, trabalhou no escritório do pai e depois partiu para servir numa grande casa comercial em Bremen. 

Mas a perspetiva de seguir essa carreira nem de longe seduzia o jovem Friedrich. Em Bremen, grande porto comercial, Engels teve a possibilidade de ler jornais ingleses, holandeses e franceses e publicações proibidas na Alemanha. Os livros e jornais ampliavam a visão do mundo de Friedrich, sendo, além disso, um meio excelente para dominar línguas estrangeiras. Engels, frequentava com agrado os teatros, concertos, apreciava sobretudo as sinfonias de Beethoven.

Em Bremen, o jovem Engels também observava a vida dos trabalhadores que nada possuíam, mas eram "o que de melhor pode ter o rei no seu Estado". 

O pai de Engels, preocupado com o rumo do desenvolvimento espiritual do filho, enviou-o precavidamente para a casa dum pastor de Bremen. Mas justamente sob o teto desta casa, Friedrich, atacado por dolorosas dúvidas religiosas, rompeu para sempre com o credo dos seus ancestrais. 

Começou a pensar cada vez mais nos problemas sociais e políticos do desenvolvimento da sociedade. A situação social e política formada nesta altura na Alemanha em vésperas da revolução e nos países vizinhos fornecia um material abundante para meditações, exercendo uma influência excecional sobre a formação intelectual do jovem Engels. 

Depois de sepultar o filho, Marx escrevia a Engels: "Já suportei muitas angústias, mas só agora sei o que é uma verdadeira desgraça... No meio de todas as terríveis torturas por que passei durante estes dias, sempre me animou a lembrança de ti e da tua amizade, e a esperança de que juntos ainda temos muito a fazer, neste mundo, algo de razoável." 

Engels fazia tudo ao seu alcance para que a família de Marx não passasse e mal. Quando se lhe ofereceu a oportunidade de proporcionar a Marx uma ajuda material suplementar escrevendo artigos, ele aproveitou-a com satisfação. Em Agosto de 1851, o jornal progressista americano New York Daily Tribune propôs a Marx que escrevesse artigos para um periódico. Numa carta a Engels, Marx pediu a sua ajuda: "No que respeita ao New York Daily Tribune, peço-te que me ajudes, pois estou ocupadíssimo com a economia política. Escreve alguns artigos sobre a Alemanha a partir de 1848." Engels pôs imediatamente mãos à obra, enviando sistematicamente um artigo após outro a Marx, que os remetia ao New-York Daily Tribune". Foi assim que surgiu a célebre série de artigos "Revolução e Contra-Revolução na Alemanha". Só depois de publicada a correspondência entre os dois, é que se constatou que se tratava de uma obra de Engels e não de Marx. 

Verdadeiro poliglota, Engels dominava (falava e escrevia) doze idiomas e lia em quase vinte. Sabendo tantas línguas, Engels pôde dedicar-se a problemas gerais da linguística como tal e da linguística comparada, lançando um sólido fundamento marxista destas ciências.

Friedrich Engels Breve biografia - Eugénia Stépanova (1986)


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