"A ditadura perfeita terá a aparência da democracia, uma prisão sem muros na qual os prisioneiros não sonharão sequer com a fuga. Um sistema de escravatura onde, graças ao consumo e ao divertimento, os escravos terão amor à sua escravidão."
domingo, 27 de dezembro de 2020
A Luta de Classes e o Ódio às Minorias nas Pequenas Coisas do Trânsito
O Brio Pode Mais Que o Frio
Ontem, enquanto pedalava pelas ruas do Porto e observava tranquilamente tudo o que se passava ao meu redor, fiquei com uma dúvida depois de por mim terem passado, em momentos diferentes, dos carros descapotáveis com a capota aberta. A temperatura máxima para o dia eram 12º, não era propriamente calor, e eu perguntei-me: será que o ar condicionado faz efeito com a capota aberta?
Na rádio tinha ouvido aconselharem o uso de roupa quente, casacos, luvas, gorros, tudo o que se tiver à mão e ao gosto do freguês para as pessoas se aquecerem. A maioria das pessoas que via na rua assim faziam, muitos casacos, cachecóis, carapuços e gorros. Mas eis senão quando passa por mim uma jovem de cabelos aloirados, de topzinho fininho preto, sem mangas e toda ela também descapotável!
Bem sei que os jovens, até porque eu já fui um, não é?!, têm mais sangue na guelra e são mais acalorados, mas o calor é outro, chama-se brio. Há uma expressão portuguesa que retrata bem este tipo de situações: "O brio pode mais que o frio".
sábado, 26 de dezembro de 2020
Porque é Que os Asiáticos Resolveram o Problema Pandémico e os Ocidentais Não?
Ontem, dia de Natal, a grande generalidade dos portugueses ainda estava a dormir porque se deitou muito tarde porque ficou à espera do Pai Natal que este ano não veio porque lhe mataram as renas todas na Quinta da Torre Bela e já eu andava de bicicleta junto ao rio Douro. Mas não satisfeito, logo após o almoço que aqui em casa dos meus pais é sempre ao meio-dia, meti a bicicleta no reboque e rumei em direção à cidade do Porto. Deixei o carro a três quilómetros do Freixo, peguei na bicicleta e fui dar uma volta, para exorcizar do meu corpo os últimos vestígios de bolo-rei da noite anterior. Fiz o passadiço de Valbom e rumei ao passadiço de Rio Tinto, passando pelo Parque Oriental.
Ainda era cedo e fui vendo poucas pessoas a caminhar. Maioritariamente ninguém usava máscara, e na rua, a caminhar ao ar livre eu também não vejo grande problema com isso uma vez que o distanciamento facilmente se consegue. Eu também não ando de bicicleta com a máscara colocada, ainda que de vez em quando lá passa uma pessoa com ela colocada.
Sobre a China muita gente coloca dúvidas como é que eles erradicaram o vírus tão rapidamente e já fazem a sua vida normal e vão aos bares e discotecas. Colocam-se dúvidas porque é um regime autoritário que não cumpre os direitos humanos e devemos sempre ter cautela com as informações que de lá vêm. Contudo a China não foi o único país asiático a resolver o problema da pandemia, foi a grande generalidade. O Japão, por exemplo, pertence ao G7 (os países mais industrializados do mundo) e é de todos eles o país que está melhor.
Podem-me dizer que por aquelas bandas eles estão mais preparados porque já convivem com as máscaras há mais tempo e é verdade. Em muitas cidades chineses sei que já se usava máscara simplesmente para as pessoas se protegerem da poluição. Existe essa familiaridade com esse objeto que para nós, excluindo as pessoas que já as tinham que usar nos seus trabalhos, era ainda uma novidade.
Mas os asiáticos resolveram os seus problemas com a pandemia porque cumprem! Os asiáticos que estão em Portugal poderiam comportar-se como qualquer português e não usar a máscara, ou usá-la no queixo, mas não, eles usam-nas sempre e de forma correta. Estão em Portugal, e aqui não há nenhum regime autoritário de pontos que os possa prejudicar. Da Ásia também conheço nem ouvi falar em grupos negacionistas como aqui na Europa, e que infelizmente chegaram também a Portugal, que são contra o confinamento e contra o uso das máscaras como os conhecidos grupos de mentirosos pela verdade.
Os asiáticos têm um sentido de comunidade muito forte. Ajudam-se uns aos outros e respeitam o próximo. Nós portugueses e ocidentais em geral, só pensamos no nosso umbigo. Devemos guardar distanciamento e respeitar as regras para que a pandemia acabe mais depressa? Nada disso, eu faço o que me apetece e ninguém manda em mim e têm que respeitar a minha liberdade individual de ser um atrasado mental.
sexta-feira, 25 de dezembro de 2020
As Pessoas Com as Vacinas São como os Cães Pela Comida!
sábado, 19 de dezembro de 2020
Os Livros Que Li em 2020
Comecei o ano com um pequeno livro de cariz romântico, "Noites Brancas" o segundo que li de Dostoiévski, depois do Pobre Gente.
Depois peguei no livro "Ratos e Homens" de Steinbeck simplesmente porque era um livro citado em Lost, a minha série preferida: É de Of Mice and Men - Tu Não Lês? E a verdade é que ao longo das seis temporadas, vários livros são citados. Portanto, neste caso podemos dizer que as séries também podem incentivar à leitura, pelo menos comigo funcionou, e posso dizer que gostei muito deste primeiro livro que li de Steinbeck. Muito bom. O livro foi publicado em 1936, a seguir à grande depressão nos Estados Unidos, fala-nos duma grande amizade entre dois homens e das muitas dificuldades que é viver no mundo rural dos anos trinta nos Estados Unidos.
Quando gostamos muito de um autor é normal queremos ler mais coisas que tenha publicado. Foi o que me aconteceu, e então, logo a seguir a Ratos e Homens resolvi ler "As vinhas da Ira". E ainda que o fiz pois é que grande livro e não foi à toa que a academia sueca atribuiu o Nobel ao escritror americano. Gostei mesmo muito e recomendo a todos. O livro o grande êxodo dos americanos do Oklahoma rumo à California em busca de uma vida melhor, e depois a frustração de lá chegados verem o preconceito e racismo dos próprios concidãos, que os maltratam e exploram, quando não os matam mesmo. Um retrato extremamente atual do que é capitalismo selvagem da sociedade americana.
Depois de dois livros seguidos de Steinbeck peguei no Outubro do Patriarca de Garcia Márquez mas ao fim de vinte páginas, talvez porque não fosse o melhor momento par o ler, resolvi encostá-lo e pegar no estoicismo de Séneca em "Cartas a Lucílio", o livro mais inspirador do ano.
E ao quinto livro comecei entrei nos tempos da ditadura, o tema mais lido do ano com o primeiro volume de Andanças para a Liberdade de Camilo Mortágua.
Seguidamente, porque já tinha o livro e quis conhecer mellhor o perfil do general sem medo Humberto Delgado, e confrontar com a opinião de Camilo Mortágua, resolvi ler "Obviamente Demito-o" antes de me embrenhar nas aventuras do segundo volume.
Depois de completado o segundo volume das Andanças de Camilo Mortágua resolvi ler "Opressão e Repressão - Subsídios para a História da PIDE" para ficar a perceber ainda melhor todo o modus operandi da polícia fascista de Salazar.
Depois de cinco volumes sobre o combate ao Estado Novo e à ditadura fascista, de novo o regresso a um romance, um que romance, o clássico Ana Karenina.
Para desenjoar de um livro com tantas centenas de páginas, e porque nas semanas seguintes se comemorava os duzentos anos de do nascimento acabei ler uma pequena biografia de Engels.
Após umas duas semanas sem saber muito bem em que livro dos muitos que tenho em casa para ler, acabei por pegar no livro "Memórias Íntimas e Confissões de um Pecador Justificado de James Hogg que para já estou a gostar bastante.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2020
Probabilidades e Numerologia: 17
Num destes dias de fim-de-semana prolongado andei a arrancar uma data de azevinhos e coloquei-os num vaso para depois transplantar apara garrafões de água. Depois de almoço fui ao monte e trouxe um carro-de-mão cheio de terra. Depois disso, fui então pegar num monte de garrafões de água que guardo para o efeito e cortei-lhes a parte de cima para servirem como vasos e fiz-lhes uns furos no fundo sem grande cuidado para como é lógico escoar a água.
Quando já faltava pouco para acabar o trabalho pensei "bom, já estou a ver que a terra não vai chegar e terei que ir de novo ao monte buscar mais terra para os azevinhos.
Mas a verdade é que, quando olhei, restavam precisamente quatro azevinho e quatro garrafões e a terra chegou e não sobrou um só bocadinho. Qual a probabilidade disto?, pensei. O número mágico foi dezassete!
Provavelmente sou eu que reparo sempre nestas coisas e valorizo quando acontecem e ignoram quando não batem certo, mas a verdade é que me estão sempre a acontecer!
domingo, 6 de dezembro de 2020
SIC: Tenham Noção a Bem da Informação!
Sim, é verdade, eu não vejo televisão, mas não é preciso ver televisão para estar minimamente informado do que se passa na televisão. Este foi, de longe, um dos piores anos que me lembro para o jornalismo, em que a pressa de dizer alguma coisa foi inimiga da verdade, mas se foi um dos piores anos para o jornalismo, foi especialmente mau para a SIC.
O caso mais mediático foi desde logo a capa falsa do New York Times sobre a Festa do Avante! em pleno Jornal da Noite apresentado por Clara de Sousa. A pressa de denegrir o partido de Jerónimo de Sousa, que este ano foi alvo de uma nojenta campanha por parte dos média não os impediu sequer de fazer a coisa mais simples que se faz no jornalismo, que é, confirmar a fonte, e vai daí apresentam uma imagem manipulada e falsa que corria pela internet!
Outro erro gritante e inadmissível foi quando, em Março, pleno início da pandemia, resolve passar uma reportagem sobre confrontos entre a polícia e as pessoas dando a entender que seria por causa da pandemia e essas imagens eram de 2011!!
Mas ontem à noite acontece o insólito! Dão a morte, sempre de lamentar do jornalista Pedro Camacho mas mostram imagens do Paulo Camacho, ele mesmo ex-jornalista da própria SIC!
sábado, 5 de dezembro de 2020
PERSEPOLIS
Continuando ainda a saga de ir vendo os filmes daquela enorme compra que fiz (todos a 1€) o filme que verdadeiramente me surpreendeu ultimamente foi este Persepolis.
Esta é a história de uma menina que cresce no Irão durante a Revolução islâmica mas é também a história autobiográfica de Marjane Satrapi (ilustradora e romancista) e a autora dos livros que deram depois este filme. A destemida Marjane de nove anos que é fã de Bruce Lee vê a esperança do povo iraniano ser destruída (com a queda da ditadura) quando os fundamentalistas religiosos tomam o poder, forçando as mulheres a usar o véu e prendendo milhares de pessoas.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2020
Este País Não é Para Velhos. Mas Não é Só Para Alguns
Jerónimo de Sousa tem 73 anos.
Marcelo Rebelo de Sousa tem 72 (dentro de dias)
Donald Trump tem 74 anos
Joe Biden tem 78 anos
Aos candidatos americanos à presidência da república, pode ter acontecido, mas não me recordo que algum jornalista ter perguntado a Trump ou Bidden se iam levar ou não o mandato presidencial até ao fim. Mas neste fim-de-semana que passou os jornalistas portugueses não falaram de outra coisa que não fosse se Jerónimo de Sousa iria ou não levar o seu mandato à frente do PCP até ao fim.
Espero que, por uma questão de equidade, quando por estes dias Marcelo Rebelo de Sousa avançar com a sua candidatura à presidência da república, todos os jornalistas, e até para mostrarem que são completamente isentos, também lhe perguntem frontalmente se espera levar o seu mandato de cinco anos até ao fim ou se é só para ficar lá um ou dois anos e depois ir gozar a velhice com os netinhos.