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sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Polígrafo SIC Anda Perdido Há 100 Dias a Caminho de Marte


 "Os jornais não servem para dizer a verdade. Já é bom que eles não mintam." 
(Françoi Rene)

De repente, e vindos sei lá de onde, começaram a aparecer nos meios de comunicação social, tal como cogumelos em noite de chuva, os "polígrafos" que, qual ministério da verdade, atestam aquilo que, qualquer pessoa numa pesquisa do Google descobre num minuto.

Se bem me lembro, a palavra "polígrafo" entrou no léxico dos portugueses quando, ao melhor estilo sensacionalista, a SIC trouxe este equipamento para um programa de televisão, em que figuras públicas, condenadas de crimes, sujeitaram-se ao dito cujo para atestar se, na verdade, estavam inocentes ou não. E, se não estou em erro, julgo que a primeira pessoa em Portugal a submeter-se a tal espetáculo mediático foi o padre Frederico, em 1994, no programa da SIC "Máquina da Verdade", em 1994. Entretanto ao que parece popularizou-se e o polígrafo anda a ajudar nas audiências nos vários canais. E foi a mesma SIC, que trouxe agora para o jornalismo português e também muito rapidamente espalhou-se por outros órgãos de comunicação social. 

Acontece que, ultimamente, uma das pessoas mais geradoras de mentiras e que mereciam mais do que ninguém um "fack check", como agora se diz em estrangeiro que fica sempre mais bonito e internacional, é o senhor diretor-adjunto de informação do próprio canal do fundador do PSD: José Gomes Ferreira. 

José Gomes Ferreira, jornalista e tudólogo (pessoa especialista em todos os assuntos!) que sempre quis passar por economista, este ano, apesar de não ter qualquer formação em História, virou também historiador ao publicar o livro: "Factos Escondidos da História de Portugal" em que, como o próprio diz, andou pela internet a ler o que lhe interessava e compilou um punhado de factos alternativos que deixaram os historiadores de cabelos em pé. 

"Se não faz sentido que um jardineiro dê consultas de obstetrícia ou que um historiador projete a construção de uma ponte, também não se deve aceitar que alguém sem formação em História, se rogue no direito de desprezar o trabalho das pessoas formadas na área, e que o fazem seriamente".  (Podcast / Falando de História)

José Gomes Ferreira, fruto de todo o protagonismo que tem à frente da informação de um canal, rapidamente desdobrou-se em entrevistas por todo o lado, promovendo o seu livro que, no próprio livro diz que "não é um livro de História, é um livro de política", apesar de o vender como tal, aliás, basta olhar para o título que lhe deu. 

E vai daí que, em Maio, mês em que lançou o seu livro, foi ao programa da Antena 3 "Prova Oral" do radialista Fernando Alvim e, entre outras, saiu-se com esta bela pérola:


"Marte, o planeta vermelho? Não acreditem! Os americanos alteram as cores"
"Porque não querem revelar para já todas as potencialidades que lá existem. Cada potência quer manter escondido, até depois de ter tido a tecnologia, o acesso e a possibilidade de mapear e reclamar para si, não quer revelar. Os americanos alteram as cores do planeta Marte!"

De uma assentada, José Gomes Ferreira deixa historiadores e astrónomos de cabelos em pé! 

E entretanto já passaram cem dias sobre estas suas afirmações do diretor-adjunto da SIC, mas do Polígrafo SiC nada. Caladinhos que nem ratos. A estação de televisão tem um maluco que todos os dias diz mentiras atrás de mentiras, lança teorias da conspiração que lê na internet e transforma a estação numa espécie de FOX NEWS. 

Ou então estarei a ser injusto Polígrafo SIC. Provavelmente mal o José Gomes Ferreira disse aquelas barbaridades sobre o planeta vermelho, eles meteram-se num foguetão e estão perdidos a caminho de Marte para fazer o fack check que os espectadores tanto anseiam! 


quarta-feira, 26 de maio de 2021

Cândido (ou a Arte da SIC Aldrabar os Espectadores)



A última novela que terei visto na televisão foi Kubanacan em 2004. E foi por essa altura que deixei de ver novelas. O mais curioso é que nem sequer cheguei a ver o final da novela porque a SIC, sem qualquer respeito pelo espectador, andava sempre a mudar a merda da novela de horário, e, ainda por cima, nessa altura, ainda não existia aquela coisa de puxar a fita atrás e ver o que deu no dia anterior.

Eu continuo sem ver televisão. É verdade que tenho aqui no quarto um televisor mas que se o ligar não funciona porque nem sequer tem a caixa maravilhosa da Televisão-da-Treta (TDT). Serve para ligar o leitor de DVD e ir vendo uns filmes. Contudo, geralmente pelas 19h, quando chego a casa, e a minha mãe anda de volta da cozinha e está na companhia do meu padrasto, eu junto-me a eles. E, se nos últimos anos sempre foram clientes do Preço Certo com o Fernando Mendes, a verdade é que, depois da curiosidade da primeira temporada daquele programa "Quem-quer-andar-a-passear-de-jipe-com-o-agricultor-que-apanha-menos-sol-que-um-gótico?" foram-se deixando ficar pela SIC, e logo no primeiro episódio que apareceu a novela Eta Mundo Bom que eles a foram acompanhando e eu também por arrasto.

E não teremos sido caso único, porque a minha colega me ia dizendo que a novela já ia rivalizando com o Preço Certo a nível de audiências, o que é de facto algo de assinalar, visto que a RTP e o Fernando Mendes aquela hora não costumam dar hipóteses a ninguém.

"Eta Mundo Bom" é, curiosamente, uma novela inspirada no romance "Cândido (ou o Otimismo)" de Voltaire (1759) que até foi o último livro que comprei recentemente para ler quando tiver oportunidade. A novela, que acabou nesta segunda-feira, teve um tom de comédia, muito leve, recheada de maus e trapaceiros, mas e em que o lema do ingénuo Cândido, citando o seu mestre e professor de filosofia Pancrácio, é: "tudo o que acontece de ruim na vida da gente, é para melhorar" (no livro de Voltaire: "tudo vai pelo melhor no melhor dos mundos possíveis")

Só que, parece-me, a SIC nunca soube muito bem o que fazer com este Ferrari de audiências. E foi triste constatar que, quinze nos depois de Kubanacan, a estação adota os mesmos métodos vergonhosos, sem olhar a meios para atingir os seus fins. Sem qualquer respeito pelos espectadores, mudou a novela constantemente de horário, mais para trás e mais para a frente; vários dias deixou de a transmitir, prolongando a novela anterior até ao noticiário, e, pior, começou a editar vergonhosamente a novela, que tem quarenta minutos, mas da qual passou só a transmitir quinze! Num dado momento a polícia persegue os bandidos, na cena seguinte já está tudo bem sem o espectador perceber nada do que acabou de acontecer.

E entretanto os meus pais regressaram ao Preço Certo.

domingo, 6 de dezembro de 2020

SIC: Tenham Noção a Bem da Informação!


 Sim, é verdade, eu não vejo televisão, mas não é preciso ver televisão para estar minimamente informado do que se passa na televisão. Este foi, de longe, um dos piores anos que me lembro para o jornalismo,  em que a pressa de dizer alguma coisa foi inimiga da verdade, mas se foi um dos piores anos para o jornalismo, foi especialmente mau para a SIC.

O caso mais mediático foi desde logo a capa falsa do New York Times sobre a Festa do Avante! em pleno Jornal da Noite apresentado por Clara de Sousa. A pressa de denegrir o partido de Jerónimo de Sousa, que  este ano foi alvo de uma nojenta campanha por parte dos média não os impediu sequer de fazer a coisa mais simples que se faz no jornalismo, que é, confirmar a fonte, e vai daí apresentam uma imagem manipulada e falsa que corria pela internet!

Outro erro gritante e inadmissível foi quando, em Março, pleno início da pandemia, resolve passar uma reportagem sobre confrontos entre a polícia e as pessoas dando a entender que seria por causa da pandemia e essas imagens eram de 2011!!

Mas ontem à noite acontece o insólito! Dão a morte, sempre de lamentar do jornalista Pedro Camacho mas mostram imagens do Paulo Camacho, ele mesmo ex-jornalista da própria SIC!



Fazer jornalismo não é ir às redes sociais e partilhar a primeira merda que se vê. Nem passar qualquer coisa na televisão sem confirmar primeiro o que se está a fazer. Para isso não precisamos de jornalistas, e se o jornalismo quer ser relevante é bom que não seja ele mesmo a difundir mentiras senão deixa de ter credibilidade. E de facto, infelizmente, o jornalismo de qualidade está cada vez mais em vias de extinção.