"Pensa muita gente - quase toda a gente que, dizer Deus, é dizer religião. E, em Portugal, é dizer missas, templos, rezas, Fátima, procissões, promessas, santuários, padres, bispos, ou pastores, frades, freiras, conventos... Como se Deus gostasse dessas coisas beatas de que, hoje, felizmente, as novas gerações já não gostam, ou gostam cada vez menos. (...)
As religiões sempre têm estado presentes na vida dos povos, desde o princípio. Hoje, também (felizmente, cada vez menos). Pensamos - têm-nos levado a pensar - que esta constante sociológica é um bem. E que é, até, um dos frutos da Presença/Ação do Espírito de Deus no Mundo.
Nada mais errado! As religiões não são um bem. Muito menos invenção de Deus. São um mal. E invenção dos seres humanos mais assustados perante um mundo e uma natureza que eles não conhecem suficientemente, e por isso, não controlam nem dominam. O medo criou os deuses. E as religiões.
Com as religiões, vieram ao mundo muitos outros males. Podemos até dizer que elas são algo de perverso no ser humano. Não são, como se diz, o que de melhor há no ser humano. São um aspeto do que há de mais perverso no ser humano. Só assim se compreende que elas sejam fonte de ódios, de guerras, de fanatismos, de desumanidades de toda a ordem. Inclusive, nos ambientes do Antigo Testamento, em que o povo hebreu se tinha por povo eleito de Deus e, por isso, passava ao fio da espada e lançava ao anátema geral as cidades vencidas, só porque seguiam um Deus ou deuses distintos do dele.
Mas por que é que digo que as religiões são um aspeto do que há de mais perverso nos seres humanos? Porque as religiões são meios inventados pelos seres humanos através dos quais as respetivas elites dirigentes tentam dominar Deus, colocá-Lo ao seu serviço e ao serviço dos seus interesses pessoais, familiares, de clã, étnicos ou de nação. Para que, assim, os crimes que cometam contra a humanidade deixem de ser crimes, passem a ser obra boa e santa, cruzada, guerra santa e outras coisas perversas do género! Ou seja, para que Deus fique sempre como o canonizador de todos os crimes que cada povo possa cometer contra outros povos. Só que um Deus assim, manipulado, domesticado, ao serviço de certos interesses de grupo, por maior que esse grupo seja, não é Deus, mas um ídolo!
Por isso as religiões são idolatria. Tudo o que fazem é para tentar ter Deus por sua conta, ter Deus ao seu serviço. Nem que para isso de imolar em honra dele o que as populações têm de melhor, como são os filhos são e escorreitos. Como aconteceu também entre nós, em Fátima, com aquelas duas crianças supostamente "videntes", condenadas a ter de morrer antes do tempo. Para que Deus, agradado com esta imolação de inocentes, contivesse a sua ira contra os pecadores, e eles já não tivessem de ir penar para o inferno eterno!...
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