"A ditadura perfeita terá a aparência da democracia, uma prisão sem muros na qual os prisioneiros não sonharão sequer com a fuga. Um sistema de escravatura onde, graças ao consumo e ao divertimento, os escravos terão amor à sua escravidão."
quinta-feira, 30 de novembro de 2023
E o Amor Vai-nos Foder... Outra Vez (2)
sábado, 25 de novembro de 2023
Burrice Artificial
A começar a dar os primeiros passos a usar o ChatGPT e a perceber o porquê de ser considerado um enorme plágio e de não conseguir passar num exame de história.
Não existe "inteligência", existe sim milhões de dados, muitas vezes errados, e uma resposta num segundo, sem o espírito crítico de um humano.
"Nenhum preço é demasiado elevado a pagar pelo privilégio de possuir a si mesmo" (Kipling)
Que Não Viva a Morte
"O 25 de Novembro não é para celebrar.
Porque não foi um ato de alegria, foi um ato de necessidade.
Para os melhores, dolorosa, para os piores, maligna.
Proponho a esta assembleia de povos um dia de silêncio e honra da fala portuguesa sem ódio.
Que não viva a morte
(Maria Velho da Costa | Diário de Lisboa | 25 de Novembro de 1976)
domingo, 19 de novembro de 2023
A Melhor Dica de Poupança que Vais Ouvir nos Próximos Meses
Tudo que dá Milhões Não Prejudica o Ambiente
sábado, 18 de novembro de 2023
O Golpe de Estado de 7 de Novembro de 2023
Aquela terça-feira, 7 de Novembro de 2023, era um dia como outro qualquer. Como de costume eu estava a trabalhar trabalhar, tranquilamente, a poucos metros da ponte D. Luís quando inesperado acontece!
O chefe chega, todo empolgado, e pergunta se sabíamos das últimas notícias. Parece que todo o governo estava a ser investigado, vinha aí o Diabo e, no mínimo iam rolar cabeças. Eu continuei no meu canto, impávido e sereno. Já os meus colegas tinham colocado os smartphones a dar em direito as notícias e, com tanto frenesim, mais parecia que vinha aí o fim do mundo em fio dental a íamos ser invadidos por extraterrestres.
Mas foi pior. Um comunicado de imprensa da Procuradoria Geral da República acabava de cometer um golpe de Estado e deitar abaixo um governo de maioria absoluta, eleito democraticamente pelos portugueses.
Perante os indícios e o diz-que-disse do comunicado, o primeiro-ministro demite-se. Foi um escândalo nunca visto. Certamente em breve todos iriam ser todos exemplarmente presos.
Uma parte do país estava completamente eufórica. Nem imagino a quantidade de garrafas de champagne que terão sido abertas nesse dia. Contudo, eu, que nem sequer tinha contribuído para eleger este governo e de quem até sou muito crítico, não me senti particularmente feliz, pelo contrário, fiquei muito apreensivo. O meu primeiro sentimento foi de dúvida, sabendo muito bem que a justiça portuguesa ainda não tinha tido o seu 25 de abril, e que está completamente dominada por interesses, quer da maçonaria, quer pelos próprios partidos, quer do partido ilegal da extrema-direita que viola a Constituição e que se tem infiltrado nas forças de segurança.
Como já há quase dez anos que não tinha televisão, não via telejornais nem ouvia os manipuladores, disfarçados de comentadores políticos, nem ouvia as escutas diárias, às pinguinhas, a queimar em lume brando os arguidos que, segundo a Constituição gozam de presunção de inocência.
Ainda assim, nunca foi por não ter televisão que me tinha por mal informado. Naquele tempo não esperava que a informação viesse ter comigo, era eu que ia atrás da informação e, entre outros, lia todos os dias o JN, DN, El País, Guardian, Folha de São Paulo, e comecei a ler o que diferentes figuras relevantes, de diversos setores, tinham para dizer, E o mais curioso é que, todos eles, convergiam com as minhas suspeitas: ou o ministério público rapidamente apresentava as graves provas que tinham reunido ou então estávamos perante um golpe de Estado.
Cândida Almeida, ex-diretora do DCIAP escrever no Jornal de Notícias:
A justiça portuguesa é, afinal, a mais célere do Planeta! Com estrondosa e censurável violação do segredo de justiça, esquecida que foi a discrição até então, o país foi acordado na passada terça-feira com notícias sobre a realização de várias diligências, de detenção, buscas e apreensões domiciliárias e não domiciliárias, no âmbito do processo relativo à exploração do lítio e hidrogénio verde. De imediato, os média rodearam-se de alguns espertos nestas matérias, e não só, que rapidamente se organizaram, nomeadamente sobre a égide dos vários canais de televisão, em mesas redondas, quadradas e de outras formas possíveis.
Pela primeira vez na história da nossa liberdade assiste-se de forma grave e perigosa a uma negativa conexão entre a Justiça e a Política.
As vozes sensatas presentes nesses debates foram desconsideradas e abafadas. Era preciso condenar, sem recurso, pelos crimes de que aqueles eram indiciados, corrupção activa e passiva, prevaricação e tráfico de influências. Registe-se que os detidos nem sequer tinham sido interrogados pelo juiz de instrução. A justiça da praça pública serve interesses ocultos e entusiasma os pretensiosos e ignorantes. O processo encontra-se em segredo de justiça (!), porém os justiceiros já decidiram a causa, no conforto de uma cadeira estrategicamente colocada num espaço de TV.
Com maior gravidade ainda foi a revelação de que corria no STJ inquérito contra o primeiro-ministro António Costa por actos relativos à investigação sobre o lítio. Rompendo com todas as normas deontológicas, alguém informou a imprensa da existência do inquérito, não obstante sem suspeitos ou arguidos constituídos. Por curiosidade, na passada quarta-feira, o Expresso online referia que são praticamente inexistentes indícios do cometimento de crime por António Costa, que até pode não ser constituído arguido.
Receio que a nossa democracia não esteja de boa saúde. E falta esclarecer o porquê e para quê a Senhora PGR foi a Belém!...
Num artigo intitulado "Um dia negro", Miguel Sousa Tavares escrevia no Expresso:
domingo, 12 de novembro de 2023
Meritocracia é Saber Nascer com a Cor Certa e com a Carteira Certa dos Pais
Regresso, de novo, à mentira da meritocracia.
Já aqui tinha lembrado que a palavra meritocracia aparece pela primeira vez no livro satírico e distópico "The Rise of Meritocracy", e lembrei que OCDE afirmou que uma família portuguesa pobre precisa de cinco gerações até os descendentes terem um salário médio.
Desta vez uma notícias sobre a forma como são tratadas as minorias no que à Saúde diz respeito. Em dois dias, duas notícias. Uma no reino de sua majestade e a outra, hoje, no Brasil.
Ficamos a saber pelo Guardian que na Inglaterra, os bebés negros têm três vezes mais possibilidades de morrer do que os bebés brancos. Percebem? Os bebés brancos tiveram o "mérito" de ter estudado para nascer brancos, e isso fez toda a diferença no seu futuro!
Lê-se na notícia que: "Desde 2020 a taxa de mortalidade de crianças brancas manteve-se estável em cerca de três por 1.000 nascidos vivos, mas para os bebés negros aumentou de seis para quase nove, de acordo com dados do National Child Mortality Database, que reúne dados sobre as circunstâncias das mortes de crianças.
As taxas de mortalidade infantil nos bairros mais pobres da Inglaterra aumentaram para o dobro das áreas mais ricas, onde as taxas de mortalidade caíram. A taxa de mortalidade para os bebés asiáticos também aumentou 17%. A mortalidade infantil geral voltou a aumentar entre 2022 e 2023, com o aumento das desigualdades entre zonas ricas e pobres e comunidades brancas e negras.
Já hoje, no jornal Folha de São Paulo:
sexta-feira, 10 de novembro de 2023
Séneca Sobre a Amizade
quinta-feira, 2 de novembro de 2023
Metal é Melhor que Essas Coisa Todo!
Os Três "R" da Ecologia e a Aberração de Aumentar o IUC dos Carros Velhos
quarta-feira, 1 de novembro de 2023
80% Multirresistente
"Muitas vezes as pessoas vêm para cá iludidas".
Começo a chegar à conclusão que anda meio mundo a tentar aproveitar-se de benefícios a que não têm direito, e outros, os que naturalmente os têm, quase têm vergonha de os vir a usufruir. É mais ou menos como quando temos vergonha de pedir aquilo que é nosso, que emprestamos e que não nos devolveram.
Há mais de dez anos que a médica tinha-me dito que eu teria direito a uma incapacidade por causa da minha doença. Foi pedido um relatório médico mas depois quando ia tratar de pedir a junta médica, fiquei a saber que o governo de Passos Coelho roubava - sim, tratava-se de um roubo - 50€ de taxa moderadora para meramente solicitar o pedido para uma junta médica avaliar a percentagem de incapacidade. Isto não era taxa moderadora nenhuma, era sim uma tentativa de limitar ou desincentivar os pedidos de junta médica e baixar o número de pessoas que passaria a ter mais direitos.
Uma das vantagens de ter uma incapacidade superior a 60% era não ter que pagar "taxas moderadoras", entre aspas porque nunca ninguém me explicou como é que se "moderam" doenças auto-imunes crónicas para as quais nada fizemos para as ter. Mas como na altura estava desempregado e por essa via já não as pagava, achei que, com grande azar poderia ter só 50% de incapacidade e acabava de deitar 50€ ao lixo.
O tempo foi passando, mudei de médico, o país mudou de governo e fui deixando andar... Voltei a tentar por alturas da pandemia, mas tudo atrasou, e um relatório ficou perdido anos sem me ser entregue e já não tinha valor porque diz a burocracia que só se pode apresentar o relatório com seis meses (como se seis meses depois uma doença crónica - e crónico significa que é para sempre - pudesse estar diferente do que estava antes.
Voltei definitivamente à carga sobre este assunto este ano. Isto tinha que se resolver, desse por onde desse, tivesse eu a percentagem de incapacidade tivesse, mas ao menos ficaria a saber. O custo foi substancialmente menor, 12€.
Solicitei novo relatório, fui ao centro de saúde fazer o pedido, e a senhora lá que me disse que "muitas vezes as pessoas vêm para cá iludidas". Mas lá entreguei a papelada e fiquei a saber que seria chamado dali a uns quatro meses, e logo pensei que iria ser chamado em período nas férias. E não me enganei.
No dia agendado lá fui ao centro de saúde muito tranquilamente, afinal, não tinha nada a perder. Entreguei a requisição e o cartão de cidadão, paguei e aguardei ser chamado.
Não devo ter estado lá dentro mais do que dois minutos. Respondi à pergunta e, melhor do que um atestado médico, mostrei algumas deformações que comprovam o diagnóstico. Mandaram-me sair e disseram que iam então redigir o documento.
Cá fora devolveram-me o cartão de cidadão e aguardei mais uns quantos minutos. Até que me chamam novamente, e no balcão pergunto: "então o que é foi decidido"?
"A decisão foi-lhe muito favorável", disse-me a senhora. Eu olho para o papel em cima do balcão, começo a descer com os olhos e leio "incapacidade: 80%.
A senhora parecia muito surpreendida. A questão é que muitos problemas de saúde, que resultam em incapacidades não estão escritas na testa nem se vêem na cara. E por isso é que só uma junta médica, com recurso a relatórios médicos, pode atestar a incapacidade de determinada pessoa.
Já depois de ter o estado multiuso de incapacidade superior a 60% (que deve ser entregue uma cópia nas Finanças, Segurança Social e centro de saúde) é que tomei verdadeiro conhecimento de alguns direitos que a pessoa tem, tais como isenção de taxas moderadoras, benefícios fiscais (IRS), isenção de ISV na aquisição de um carro ou ainda isenção do IUC (dentro de algumas regras).
Mas o conselho que deixo é: não abdicar de nenhum direito que não gostarias de ter.