"A santificação da propriedade privada e a conversão de qualquer valor mercantil têm por consequência a profunda desumanidade da classe dirigente, o seu desprezo pelo homem, a maior parte das vezes mascarado sob as aparências de uma falsa filantropia, mas então exibido cinicamente. Os homens são julgados pela sua força de trabalho e considerados como simples instrumentos. As relações humanas são vazadas de qualquer conteúdo que não seja utilitário e o trabalho de um assalariado pode ser comparado a qualquer mercadoria: "O trabalho como farinha ou o tecido de algodão, deveria ser sempre comprado ao preço mais baixo e vendido ao preço mais alto". A regra que comanda a retribuição dos operários ("qualquer salário é equitativo se é igual ao que obtém este tipo de trabalho no mercado livre") não deve sofrer nenhuma exceção nem ser submetida consideração de ordem humanitária. Pois "a beneficiência e os negócios são e devem permanecer eternamente dissociados. Um patrão não está mais adstrito a obrigações financeiras em relação aos seus operários após lhes ter pago salários ordinários, que estes a seu respeito ou ao de um desconhecido". A verdadeira ética do business está completamente contida nesta declaração de um industrial: "Eu considero os meus operários exatamente como considero as minhas máquinas. Enquanto puderem executar o meu trabalho por aquilo que decidi pagar-lhes mantenho-os tirando deles o que posso tirar". E sem dúvida espera tirar ainda mais convencendo o operário que o triunfo está à mercê de todos, que só depende do mérito individual. Daí o regresso a um puritanismo militante e agressivo.
O Capitalismo Selvagem nos Estados Unidos - Marianne Debouzy (1972)
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