sábado, 30 de janeiro de 2016

A notícia só tem um lado: O negativo

Passo agora pelo site da TSF e a notícia sobre a final do Open da Austrália não é sobre quem venceu. Não, é acerca de quem perdeu.

Quem venceu não teve mérito nenhum. O mérito foi todo de quem perdeu.

www.tsf.pt


Eu apesar de há muito não acompanhar o desporto (porque não tenho televisão) até gostava de ver a carinha laroca da tenista que venceu, certamente com uma carinha bem mais feliz que esta que ali meteram, que até mete medo ao susto, mas isso para o nosso jornalismo de trazer por casa não interessa nada. 

Meteram nas cabeças ocas dos jornalistas - classe que cada vez menos respeito - que só vendem as notícias negativas, e pronto, é isto que temos de aturar. E mesmo que isso seja verdade, e eu aceito que assim o seja, pois o ser humano interessa-se muito pelo negativo, pelo escândalo - basta ver que, pelo menos em Portugal, sempre que há um acidente na auto-estrada num sentido, rapidamente dá-se outro acidento no outro sentido, tão simplesmente porque os condutores de imediato abrandam a marcha para ver se conseguem vislumbrar algum corpo retalhado aos bocados - acho que os jornalistas têm uma responsabilidade, pedagógica se quiserem. 

E mesmo que assim seja, mesmo que as notícias escabrosas vendam mais, os grandes grupos que dominam os média, e que são muito poucos e que cada um domina vários jornais e várias revistas, deveriam ter a responsabilidade de tentar influenciar as pessoas para o bem ou para o melhor. Fala-se muito na responsabilidade social das empresas, mas no fundo tudo isso são balelas. O que importa é vender, e quanto mais escarro jornalístico nas notícias melhor, mais se vende, e para isso basta só ver qual o jornal mais lido do país.  

P.S: Bem, lá fui informa-me devidamente, e de facto, apesar da senhora não ser nenhum portento de beleza física, acho que em Portugal até venderia muito bem, pois toda a gente parece ficar logo com a roupa interior molhada mal vê uma coisa amarela de olhos azuis. 


quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Os últimos serão sempre os primeiros?

Duas mulheres, na casa dos vinte, perguntavam-me recentemente sobre o porquê dos homens quererem saber tudo sobre a vida íntima passada das mulheres. E isto deixou-me a pensar algum tempo. As generalizações são sempre injustas e por isso eu as detesto tanto. "Os homens são todos uns..."; "As mulheres são todas umas..."; "A amizade entre um homem e uma mulher é sempre..." 

Parece que as pessoas sabem tudo, sobre como todas as pessoas vão reagir em determinadas situações. "Porque ele é homem" ou "porque ela é mulher". No fundo parece que é tudo a preto ou branco. No fundo parece que todas as pessoas são iguais. E não são. Somos todos diferentes, apesar de uns mais iguais que outros. 

Não, eu quando me apaixonei pela primeira vez, e era um homem inexperiente no campo sexual (tinha era muita teoria!) não quis saber da rodagem da senhora. Se tinha um motor com zero quilómetros ou se pelo contrário já tinha virado o conta-quilómetros do avesso. 

Mas será que todos os homens nessa situação perguntam? 
"Tu já...? e como é que foi? e o que é que ele te fez? e em que botões te carregou? mudou o óleo e filtros? E meteu-te peças de origem ou de marca branca" E a quantas oficinas é que já foste? E já afinaste o motor com dois mecânicos ao mesmo tempo? 

Não. Não lhe perguntei nada. 
Mas digam-me - deveria ter perguntado? Parece que sim. Segundo estas duas mulheres os homens querem sempre saber tudo, e de forma muito detalhada. Será que eu não soube ser homem? Um homem como os outros todos que quer saber todos esses detalhes sórdidos. Para depois fazer o quê? Isso é o que eu queria saber. Para julgar? Ou se martirizar? Ou para saber se ela tem mais rodagem que ele? E isso é bom ou mau? É que também há homens especialmente atraídos por motores com a maior rodagem possível!

Mas o que está para trás, o que se fez com essas pessoas que ficaram para trás, que, ou porque nos magoaram, ou porque simplesmente as coisas não deram certo, interessa para alguma coisa? E vamos fazer o quê? Andar a comparar? "Ai a minha ex é que me mudava a correia de distribuição como ninguém. Tu devias fazer como ela!" Um conselho homens: nunca, mas nunca que tragam à baila a vossa ex. Nunca, mas nunca elogiem a vossa ex seja naquilo que for. Se eu o aprendi por experiência própria? Não. Não sou estúpido a esse ponto! Não. Eu não sou estúpido ao ponto de andar a tentar lembrar-me do que quer que seja que uma pessoa do meu passado bem longínquo me fazia ou deixava de fazer. E se fazia muito bem ou muito mal. Se estamos com alguém no presente é nessa, e só nessa pessoa que nos devemos focar. É a essa pessoa que nos devemos dedicar. 

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E já agora sim, por experiência própria: a pessoa que mais vão amar nesta vida, não tem de ser necessariamente a pessoa que melhor sexo vos vai proporcionar. Pode acontecer, e se acontecer ótimo, dêem-se por muito felizes, mas podem muito bem, mais tarde, como no meu caso, descobrir que o sexo afinal poderia ser muito melhor. Mas isso não interessa nem muda nada. Não vão ter deixado de amar essa pessoa mais ou menos. Um sentimento não se mede por quantos malabarismos sexuais uma pessoa faz. Porque se não, se calhar, digo eu sem conhecimento de causa, mas então todos os homens apaixonavam-se pela puta a que mais recorrem - certo?
O amor é O amor, o sexo é  O sexo. E o sexo no amor para mim é o expoente máximo, e é o ideal de muitas outras pessoas, mas muitas outras acharão que o amor é só uma perda de tempo, um ritual para poder dar umas fodas. Visões diferentes de diferentes pessoas. Ninguém está certo ou errado, tão simplesmente, como dizia no início não somos todos iguais. 

Mas especulando um pouco sobre as pessoas perguntarem sobre as fodas passadas, eu acho que este fenómeno também pode estar associado às primeiras relações. Ou será que não tem nada a ver? Será que há pessoas que entram numa relação aos quarenta anos, várias relações falhadas depois, e querem saber o número de carburadores que já afinamos? Quantas, e o que fizemos com cada uma delas? Será que há pessoas assim? Não sei, mas quero acreditar que não.

E isto poderá ter a ver com quê? Saber se a outra pessoa teve mais sucesso que nós? Mas isto é uma competição? "Ela já pinou com 63 pirocas, duas conas e 23 brinquedos sexuais, ao passo que eu ainda só comi nove conas". Vamos comparar? Mas esperem lá, o ideal de grande parte das pessoas não era ficar com a mesma cona até que a morte a separe da minha piroca? E se eu estive dez anos numa relação com a mesma cona e esta minha nova companheira comeu uma data de salchichas nesse tempo? Isto não é absolutamente ridículo? Alguém se preocupa mesmo com isso?

O que eu acho é que não é o passado que é importante. O presente é que é importante. E é no presente que devemos sempre pensar. O nosso presente é o resultado do somatório de todo o passado que vivemos. Mas não existe futuro sem presente. Devemos sempre viver o presente. Pensar no futuro? Para quê? No futuro estamos todos mortos. 

É muito romântico querermos ser o primeiro da outra pessoa. E se isso acontecer devemo-nos sentir muito felizes por isso. Por aquela pessoa ter querido estar connosco. Idealmente grande parte das pessoas quereria ter podido ficar com aquela pessoa para sempre. Mas as coisas infelizmente não são ideias, raramente são como nós desejamos que fossem.  

Ser o primeiro é lindo, é muito simbólico. É lindo apaixonarmo-nos por alguém que é virgem como nós, e que connosco decide entregar-se pela primeira vez. É verdadeiramente muito especial e romântico. Mas com o tempo, com as várias desilusões e frustrações por que passamos, a nossa visão vai mudando. Não quer dizer que nós mudamos, mas simplesmente adaptamo-nos a novas realidades. Temos de nos ajustar. Talvez um dia percebamos que já não queremos ser o primeiro, queríamos mesmo era ter podido ser o último.

P.S: E pode parecer um paradoxo, mas pensando na resposta à pergunta destas duas mulheres, apercebi-me de uma coisa interessante: apesar de ser homem, sei muito mais sobre a cabeça das mulheres do que da dos homens. Curioso não é?

domingo, 24 de janeiro de 2016

dos que Morrem de Amor


Numa rua da cidade do Porto:



"A noite é dos poetas, das putas, e dos que morrem de amor."

sábado, 23 de janeiro de 2016

da Passagem do Tempo

Se há coisa que me aborrece, e isto não é de agora, pois acho que por todos os sítios onde passei acontecia o mesmo, é ouvir as pessoas constantemente:

"Nunca mais são cinco e meia". 

"Nunca mais é sexta-feira".

"Nunca mais chegam as férias"

"Nunca mais vem o calor".

"Nunca mais... não sei o quê"  

E às vezes o que me apetece dizer é mesmo "e nunca mais morrem"! porque parece mesmo que é isso mesmo que as pessoas querem, que o tempo passe tão depressa até finalmente morrerem e não terem de reclamar da passagem do tempo

Sim, e quando forem cinco e meia? E quando for sexta-feira? E quando chegarem as férias? 

Que é que vão fazer? Ou vão chegar as cinco e meia e vão só para casa ver televisão ou jogar um joguinho estúpido, que jogam todos os dias e desejar que o dia seguinte não chegue nunca mais? É para isso que querem que o tempo passe rápido?

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Sim, eu também me queixo, e como me queixo frequentemente. E como sou chato e reclamo de tudo e mais alguma coisa. Mas não reclamo da passagem do tempo. Reclamo que o tempo passe rápido, reclamo de toda esta agitação dos dias de hoje. Reclamo é de não ter tempo. De não ter tempo para o que eu gosto de fazer, de estar com quem eu gostaria de estar. E o que eu gostaria mesmo é que o tempo passasse muito lentamente. E devemos aproveitá-lo da melhor forma, mesmo quando estamos a fazer algo de aborrecido, nem que seja aproveitar para pensar, até porque pensar ainda não paga imposto, e porque um dia vamos morrer. Mas depois aí, se calhar, já gostariam de ter a oportunidade de viver, nem que fosse, para fazer todas aquelas coisas que faziam enquanto reclamavam que nunca mais o tempo passava não é? Então vivam e não reclamem do tempo passar. 

E isto é curioso por me fazer lembrar de uma frase que ouvia há uns tempos  na rádio e que até tomei nota:

"Temos de dar valor aos tempos mortos enquanto estamos vivos".

O que não dariam os velhos, a viver os seus últimos dias vida, para terem muito tempo de vida, mesmo que fossem tempos mortos? Então vivam e não reclamem do tempo passar muito devagar. 

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Presidenciais 2016 - Declaração de voto

Não vi nenhum debate, nem podia, pois não tenho televisão, mas isso logicamente que não serve como desculpa, pois se tivesse verdadeiro interesse facilmente os encontraria na internet. Mas não tenho paciência, tenho mais do que fazer. Também assumo que não conheço a fundo todos os dez candidatos, enquanto que por outro lado conheço muito bem um certo candidato que defende uma coisa e o seu oposto, e na dúvida quer um referendo sobre o assunto.  

Os pré-requisitos para se ser presidente da república são, a meu ver, patéticos para não dizer mesmo inconstitucionais. Como é que somos todos maiores de idade aos 18 anos, e segundo a Constituição temos todos os mesmos direitos, e depois, para se poder ser presidente da república, tem de se ter mais de trinta e cinco anos? Como é que é possível? Alguém me explica porquê? 
Pior, existe uma idade mínima, mas não existe um limite máximo. Durante estes anos todos, temos tido um reformado - que se sempre se queixou que não consegue viver com 15 mil euros/ mês! - em regime de voluntariado, e que há muito vem dando mostras da sua senilidade. O que eu acho é que nenhum presidente, em idade de reforma poderia ocupar o mais alto cargo da nação. Todas as pessoas chegam aos 65 anos e são reformadas, vão cuidar dos netos, jogar à sueca para os parques, ou gozar o merecido descanso de uma vida. Ter um presidente da república reformado é, desde logo, estar a ocupar o lugar de uma pessoa mais jovem, que teria mais força e disponibilidade para o cargo. E é por outro lado correr o risco do avanço da idade se manifestar e termos depois de gramar um senil na presidência, que como já referi tivemos nos últimos anos.

E não parece, mas estamos perante uma eleição para a presidência da república. E não parece, desde logo porque os candidatos falam muito, de tudo e mais alguma coisa, menos daquilo que podem realmente fazer, e que diga-se, é pouco, muito pouco mesmo. Depois mais parece que estamos num campeonato de miss simpatia, de quem mais beijinhos e abraços distribuiu, de quem mais diz banalidades ou de quem come mais rissóis e croquetes. E se o que estas pessoas querem é ser primeiro-ministro então estão na eleição errada.

Como já referi, não vi os debates mas vou acompanhando as notícias na rádio, na internet e vou passando os olhos por blogues e diferentes artigos de opinião nos jornais. Mas nada disso mudou a minha opinião já formada antes mesmo do início da campanha eleitoral.




Eu não tenho filiação partidária, nem nunca tive. Nem sequer me considero democrata, sistema onde não me revejo minimamente, mas ironicamente votei sempre! E nunca deixei que os outros escolhessem por mim. E sempre votei também em eleições presidenciais. E talvez seja mais fácil votar em pessoas do que em partidos. E estou também muito à vontade, pois vou votar numa candidata que é apoiada por um partido no qual não votei nas últimas legislativas de outubro.

E o que tenho a dizer é que, no próximo dia 24, vou votar na Marisa Matias porque me parece ser a melhor escolha. E é sempre muito complicado dizer com exatidão que conhecemos minimamente as pessoas que são figuras públicas, mais ainda os políticos. Que são muitas vezes treinados até ao limite para manipular, seduzir e fazer tudo para enganar os eleitores. 

~


Mas eu quero acreditar que estou a fazer a melhor escolha. Voto na Marisa Matias, primeiro porque tem a minha idade e porque estou farto de velhos senis que não sabem o que dizem no mais alto cargo da nação. Depois porque venho acompanhando o seu trabalho meritório no parlamento europeu, principalmente quando entala os senhores que defendem a austeridade para as pessoas enquanto defendem e metem o nosso dinheiro no cu dos bancos. E porque defende valores que eu também defendo. E por último, também porque é mulher, e entrando no espírito deste blogue, dizer que é, de longe, a candidata mais boa de entre todos os outros!

sábado, 16 de janeiro de 2016

Os quatro navegadores

A meio da semana passei por lá, para ver se via se fotografa os corvos marinhos. Tinha-os visto às centenas, todos os dias, enquanto viajava de carro para o trabalho. Não sei se tinha sido o mau tempo que por ali os fixou, mas aproveitei uma manhã, para ali parar o carro, e ver se os via.

Mas lá não estavam, como que se fosse só para me contrariar. E tinha aproveitado para fotografar os quatro navegadores, Fernão de Magalhães, Gil Eanes, Infante D- Henrique e Vasco da Gama que por ali estava atracados. Hoje por lá passei, e aproveitei para tirar uma fotografia mais decente (com mais luz).



Melhores dias virão para apanhar os corvos marinhos. 

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Primeiro filme 2016

Por sugestão de várias famílias, já havia decidido ver o filme "Inception" (A Origem) e acabei mesmo por o comprar para depois ver quando me apetecesse. E não é que me apeteceu começar a vê-lo nos últimos minutos de 2015...? 

Nada sabia sobre o filme, o que é ótimo pois não estava minimamente sugestionado , quando muito unicamente estar sob o efeito da pressão de me terem dito que é um filme é "espetacular".




Mas poucos minutos depois, e poucos minutos antes do novo ano entrar, não sei precisamente quantos, dez, quinze minutos? Só sei que adormeci. É verdade, passei a passagem de ano a dormir... quem sabe a sonhar? Se calhar num outro tempo qualquer, passado ou futuro. Não sei, pois raramente me lembro dos meus sonhos... Mas não é que este filme é precisamente sobre os sonhos! Não é apropriado ? Começar a ver um filme sobre sonhos, adormecer e ir sonhar!

Acabei de o ver neste fim-de-semana passado, dez dias depois de ter visto o início, dez dias depois da entrada do novo ano.

Duas ideias quando acabei de ver o filme: "estás a ficar esperto", isto quando desde logo percebi que cena era aquela inicial do filme" (ou então o filme é demasiado previsível) e a música final, "Time", que ao fim de três notas logo se percebe que é de Hans Himmer, e que diga-se, é completamente arrebatadora.


domingo, 10 de janeiro de 2016

O primerio (des)encontro

"You know, I think that book that I wrote, in a way, 
was like building something.
So that I wouldn't forget the... details of the time that we spent together. 
You know, like just a reminder that... 
that once we really did meet! 
You know, that this was real! That this happened!"
(Jesse)


Havíamo-nos cruzado por aí, por mero acaso, nesse infindável mundo cibernético e foi por minha iniciativa, sim, fui eu que, com uma mera mensagem despoletei tudo. Bom, na verdade não é bem assim. Tens toda a razão! Foi preciso também tu teres decidido responder-me! Tal como responderias a qualquer pessoa que contigo quisesse trocar umas ideias chamemos-lhe assim. E é interessante analisar, como nos comportamos de formas muito semelhantes por lá. Somos ambos pessoas minimamente interessantes e bem parecidas (modestas também!) - "fala por ti"! Não, desculpa, eu até estava era a falar por ti e não por mim! - mas acho que temos a mesma humildade, sem a mania que somos superiores aos outros. Mas foi assim. Eu consegui chamar a tua atenção, ficamos curiosos, e depois de ambos passarmos pelo fino crivo seletivo do outro, e depois de algumas semanas, passando horas e horas em frente do computador, analisando e desvendando verdadeiramente o outro - e como nós analisamos o que o outro escrevia! - e mais à frente, acabamos mesmo por nos apaixonar. 

Foi um simples clique. Um simples toque na tecla submeter, e as minhas palavras chegaram até ti. Um simples bater de asas de uma borboleta que pode causar um tufão... E um pequenino gesto, tão insignificante, haveria de virar a minha vida do avesso. 

Demo-nos se calhar conta do que se estaria a passar naquele fim de ano, naquela passagem de ano - não achas? Eu ainda me lembro bem. "- O que é que esta mulher, a estas horas, neste dia, enquanto soam as doze badaladas, está a fazer, (enquanto engole as doze passas à pressa!) conversando com um homem desconhecido na internet, que deverá, no entender dela, ser só mais um que ela vai descobrir que só lhe quer saltar para cima o mais depressa possível"? Somos ambos caseiros, mas eu sou muito mais solitário que tu. Tu não. Faltava uma hora para a meia-noite, e estavam as tuas amigas a ligar-te, tentando-te convencer para ires com elas para se divertirem. E eu nem vou cometer a ousadia de dizer que quiseste ficar comigo. Seria de uma enorme presunção. Sei bem que não. Sei que quiseste mesmo ficar com os teus pais, e com a tua família. As pessoas mais importantes da tua vida. 

E tu, que havias conversado, certamente com imensas pessoas, de diversas proveniências que não portuguesas, por esse admirável mundo cibernético a fora, mas nunca que tinhas querido encontrar-te com alguma pessoa. Gostavas de as ouvir, de conhecer as "suas teorias interessantes", e eu ficava com um pouquinho de ciúme quando me falavas nisso... E nunca to disse, nunca assumimos não é? Mas ficava. Afinal, eu não me tenho pela pessoa mais interessante do mundo não é? Quantos homens mais interessantes, mais bonitos, mais ricos do que eu (e que claro falo de riqueza espiritual)  não terás tu conhecido? Mas conversavas com essas pessoas, mas só lá, dentro do Matrix, na segurança dessa realidade ilusória da internet, onde tudo é virtual e os sonhos são sempre cor-de-rosa, onde podemos ser quem quisermos para conseguirmos atingir os nossos intentos.

E sempre frontal, disseste-me certa vez:

"Eu não quero ser tua amiga e desculpa a minha frontalidade". 

E isso magoou-me profundamente... Foi como se me espetasses uma faca no peito. 

"Tenho aqui 20 contactos de homens, 19 quiseram ir para a cama comigo". 

Tudo bem... Mas eu disse-te. Tu nunca podes partir das experiências pessoais para o geral. E bem sabes o quanto eu sempre odiei generalizações. Tu podias conhecer todos os homens do mundo. Mas terias também de me conhecer a mim, para dizer que não acreditas nas amizades que se fazem na net. Porque eu também não sou um "homem qualquer". Na altura não podias saber (mas no fundo eu sei que sabias) mas agora sabes certamente! Eu não sou nem melhor nem sou pior que as outras pessoas. Tu mais do que ninguém bem sabes o quão humilde que eu sou. E eu posso não ser melhor, e estou bem ciente dos meus defeitos, mas certamente não sou igual aos outros todos. Eu sou eu, com todas as minhas especificidades estranhas, como diria a Celine. Terias de me conhecer primeiro... Eu teria de te desiludir como os outros todos desiludiram, para depois então me dizeres que eu era como eles.  
Mas tu sem que me conhecesses pessoalmente, e apesar de todo aquele historial que obviamente te deixaria defensiva, no fundo tu hoje sabes que eu sei, que tu já sabias que eu era diferente ainda antes de me conheceres pessoalmente. Porque tu sentias isso. E era por isso que também me querias conhecer, era também por isso que te sentias entusiasmada com a minha (anormal) insistência para que nos conhecêssemos. Sim, porque toda aquela insistência minha para te conhecer, assim tão rápido (apesar das inúmeras horas em conversas na net) não era normal em mim. E até toda aquela curiosidade para saber como eras... conhecendo-me como conheço, quase que isso era ridículo. A mim bastar-me-ia aquela mini-foto, em que te via uns cabelos mais ou menos compridos, e uns óculos pretos que te tapavam metade da cara!

Mas aquela tua frase, que não acreditavas na amizade, com alguém, ainda por cima um homem, que viesse da net, no fundo, um tipo que parecia ser porreiro, mas que achavas que se iria comportar como os outros. E isso, além de me ter magoado, porque só eu sabia que tu estavas errada, teve por outro lado o condão de me desafiar. Conhecer-te, dar-me a conhecer, mostrar-te que não sou um homem igual aos outros que tinhas conhecido, isso para mim, foi um enorme desafio pessoal. E tu sabe-lo bem. 

Os horários nem sempre eram compatíveis e nem sempre era fácil encaixar nas nossas agendas um encontro com algum tempo, sem grandes pressas como convinha. O mais importante estava feito. Tu havias decidido que eu seria a primeira pessoa que conhecerias pessoalmente vinda da net. E olha a responsabilidade que me puseste em cima dos ombros! Tínhamos tempo, se não fosse já esta semana, seria na outra. Não era preciso apressar as coisas.

E lá se arranjou um dia. O teu último dia de aulas, do curso que estavas a fazer, dos vários que fizeste, em diferentes áreas, por desenvolvimento pessoal. Mas que, ambos sabemos que um dia irás exercer não é? -  E ainda te lembras do que eu te disse quando me disseste que me poderias ter por cliente, quando estivesses mais "pro"? Eu ainda me lembro bem do que me disseste em resposta:
"Entendo-te tão bem". 

Havíamos combinado em determinado dia ao fim da tarde, junto ao mar. Tu gostas muito daquela zona. Curiosamente agora que penso, durante todo este tempo, nunca para lá fui. Tenho de ir... depois conto-te. E não é para ver se encontro por lá a tua amiga, aquela que gosta de ficar a torrar na praia. Não, não é para ver se a encontro e lhe olhar para as mamas! Mas tenho de ir até lá... junto ao teu mar. E não é certamente para ver te "vejo" por lá. Bem sabes que não é nada disso. Sabes, é só por saber que aquele local te é especial. Entendes? É o teu mar, o mar salgado que acalma, o sal que nos limpa de todas as energias negativas. Talvez andar por lá me faça estar mais perto de ti... ainda que só espiritualmente. 

E então ficou combinado que seria nesse dia, às 18h ou um pouco depois, junto ao mar. Disseste-me para não ir muito cedo, estavas preocupada que pudesses apanhar trânsito, não querias que eu apanhasse uma seca. Mas qual seca? Eu iria conhecer-te, como poderia achar que os minutos que iria perder fossem uma seca? Eu sou ansioso, nunca que quereria chegar em cima da hora. Iria cedo, com muito tempo, para não correr o risco de chegar atrasado. Iria imaginar aquele encontro dezenas de vezes. 

Mas íamo-nos encontrar sem que eu tivesse o teu número de telemóvel. Mas tu tinhas o meu, ou pelo menos eu pensava que sim! E repara, nem sequer dissemos os carros que tínhamos! Já viste que parvos que fomos? Eu cheguei cedo, e estive sempre sobressaltado com todos os carros, que não eram muitos, e que iam chegando ali ao parque do restaurante. Eu saí do carro, claro, para que me reconhecesses e viesses ter comigo, porque eu não te iria reconhecer certamente! E por ali fiquei a andar de um lado para o outro, aproveitando para observar todas as plantas que por lá havia no canteiro junto à estrada. Mas o tempo passava e tu não chegavas, e eu estava prevenido para o teu atraso.... mas os minutos iam passando e nada. Estava frio e chuviscava. Ia para dentro do carro... voltava a sair, voltava a caminhar e a andar de um lado para o outro para ver se chegavas. 

Vi um carro chegar, devagarinho, com uma mulher lá dentro, como que a averiguar, como se me estivesse a procurar. Achei que poderias ser tu. Mas tu tinhas o meu número de telefone, tinha-to dado na noite anterior. Bastava-te ligar e já nos encontraríamos. Aquele carro deu a volta, e foi estacionar junto dos prédios. O telefone não tocou. E o tempo continuava a passar.... e eu esperei e esperei... mas tu não vinhas. 

E estranhamente comecei a ficar triste. Tão triste. E acho que não tinha motivos para tanto não é? Era só um desencontro. Há imprevistos que acontecem, poderia ter acontecido qualquer coisa, eu não precisava de ter ficado tão triste não é? Mas fiquei. Quase me apetecia chorar de tão triste que estava. Mas cheguei à conclusão, que poderia esperar até à meia-noite que tu não virias nesse dia. 
Mas tu vieste. Tu eras aquela mulher que passou naquele carro, devagarinho, que deu a volta por trás do restaurante e estacionou, lá ao fundo, junto dos prédios. Eu esperei por ti, tal como tu esperaste por mim... E ali estivemos os dois, tão perto e ao mesmo tempo tão longe.E não nos encontrámos porque nem te apercebeste que eu te havia dado o meu número de telemóvel.

Todas as pessoas têm o seu primeiro encontro. Nós acabamos por ter o nosso primeiro desencontro. Não haveria de ser naquela dia 10 de janeiro que nos haveríamos de reencontrar nesta vida - porque aquilo foi um reencontro não foi? E não foi naquele dia, não muito bom, que nos encontramos. Mas haveria de ser muito brevemente...

Querido, curto ou comprido?

Reconhecidamente as mulheres queixam-se que a maioria dos homens nem sequer reparam quando cortam, pintam ou modificam um qualquer pormenor. E nem sequer é o meu caso. Sou relativamente despistado, mas por outro lado sou muito observador e nada me escapa ao meu olho (não de falcão mas) de... mocho?! 

Ainda por este dias comentei com uma colega que ela deu um corte no cabelo e que estava mais loira que o habitual. E até reparei, sem lhe dizer, não fosse ficar a pensar que lhe ando a olhar para as curvas, que também estava bem mais magra. 


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Mas quanto aos homens que não reparam nos cabelos das mulheres, eu estou em crer que estes acham que o cabelo nas mulheres só tem um motivo de existir e que é só para cumprir determinada função!

sábado, 9 de janeiro de 2016

Esta foi a música da minha semana, certamente a música que mais vezes ouvi. E ainda agora ouvia-a repetidamente, uma e outra vez. A forma como a vocalista, repete "Alone...I'm all alone" como que me hipnotiza.




"Alone" / Home / the Gathering (2005)

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Imaginei que eu eras tu

Ontem fui à tua cidade. À cidade onde vivias quando te conheci. Se pensares um pouco até saberás muito bem o que fui lá fazer. Bem sabes que não há muitas coisas que eu vá fazer aquela cidade ventosa e ainda por algo que poderia muito bem fazer noutra cidade qualquer, perto de casa ou até perto do emprego. Mas tu conheces-me, bem sabes que sou muito fiel às minhas coisas. Se estou bem não vou arriscar mudar, só por ser mais perto de casa.  

O tempo não tem estado bom para andar na estrada, chove cântaros. E bem sabes como eu sou cuidadoso. Até acabei por decidir sair mais cedo do trabalho, para ir com calma, e chegar bem antes da hora marcada. Bem sabes como tenho esse defeito insuportável, sou obcecado por chegar a horas. Às vezes fazias-me sentir na pele do Eugene Simonet, e lembravas-me de quando o Trevor dizia à mãe para ela não se atrasar pois iria fazê-lo sentir que ela não o respeitava. Bem sabes que te atrasavas sempre, mas eu sabia dos teus afazeres, e depois, claro, uma mulher como tu, que é meticulosamente obsessiva com a aparência, e com os cuidados que tem na seleção da indumentária... e eu imagino que essas coisas demorem tempo! 

E só lá estive, naquela que já foi a tua cidade, uma hora. E porque ainda estive um bocado na conversa. Bem sabes como eu sou! E vim embora, desta feita um pouquinho mais depressa é verdade, mas também já havia poucos carros na estrada. E a meio da viagem, e porque até ficava quase em caminho (era só um pequeno desvio) ainda me lembrei de ir comprar umas coisas para a minha mãe. E sabes onde fui? Precisamente. Naquele mesmo centro comercial, onde nos servíamos do parque de estacionamento, para então depois seguirmos juntos, para onde quer que nos apetecesse ir.

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E de repente dou por mim a perceber que estava a fazer o caminho que farias, já não da tua cidade, mas da cidade onde mora a pessoa mais importante do mundo para ti. E de repente, sabes que comecei a imaginar-me na tua pele? Não foi nada de mais, mas de repente, algo mexeu comigo, ao perceber que estava a fazer o caminho, que tu tantas vezes fazias para vir ter ao meu encontro. 

E imaginei-me no teu corpo. Dentro do teu carro. Imaginei que eu eras tu, a guiar o teu carro a vir ter comigo. Eu sei o que pensava quando ia ter contigo. Tu também sabes! E por momentos eu, eras tu, a caminho de ir ter comigo. "E o que é que ela pensaria quando vinha ter comigo?" E se calhar nem pensavas nada! À velocidade que tu andas, se calhar nem dá muito tempo para pensar! Mas certamente pensarias qualquer coisa daquele homem, que era eu, com quem ias ter. 

Depois lá saía do teu corpo e voltava ao meu. Eu olhava para ti, e claro, tu lá não estavas, no banco ao lado, onde tanta vez estiveste. Mas sabes? era como se lá estivesses. Tu sorrias para mim. E eu sorria.  Feito estúpido! Sozinho. A caminho do centro comercial. 

sábado, 2 de janeiro de 2016

O futuro

Segundo dia do ano.

Aproveitando umas tréguas da chuva, tentei ir jardinar um pouco. Tentei, mas foi sol de pouca dura. Já tinha avistado as duas senhoras, duas casas ao lado a falar com os vizinhos. Mas como estava muito atarefado nos meus trabalhos, julguei, mal, que não me quisessem bater à porta para me interromper. Mas não, iam-se aproximando, pois ouvia-as falar cada vez mais perto. Mas não me afastei ou escondi. E até que, lá me chamaram... 


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Eram duas, de revistas e folhetos nas mãos, o que num sábado fez disparar de imediato o alarme contra Testemunhas de Jeová. 

Não tenho nada contra nenhuma religião, se calhar até admiro especialmente estas pessoas por, no fundo tentarem cumprir o que a maioria dos católicos nem sequer leu, ou quanto muito o livro que fica muito bem lá na estante da sala a apanhar pó. 

E lá fui ao portão, recebê-las, ouvir o que aquelas almas me queriam. 

" - Sabe como vai ser o nosso futuro"? perguntaram-me. 

"Sei muito bem". 

"Ou vai ser num forno ou debaixo dos torrões! respondi."

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

O Corvo que adotou um gatinho

Relembrando aqui a história do Corvo que adotou um gatinho.



O corvo tratou de arranjar comida para alimentar o bichano. E protegeu-o como se fosse seu próprio filho. O gatinho cresceu, arranjou uma família de humanos que lhe deu comida sem ele ter que fazer qualquer esforço, mas apesar disso nunca deixou de ser amigo do Corvo. Ambos ficaram amigos para a vida.

Provavelmente se esta história se passasse entre dois humanos, o humano-gato cagava no humano-corvo pois já não precisava dele para nada. Ou então pior, certo dia,  quando o humano-corvo estivesse distraído, comia-o.

Acho que temos mesmo muito a aprender com os animais, em especial com os corvos.

Horóscopo Xamânico

Tropeçava aqui, por mero acaso numa página - e não foi nenhuma resolução de ano novo começar logo a aprender sobre astrologia índia ok?! - que fala sobre os diferentes signos dos índios e os seus significados. 

E isto é interessante, pois como é sabido, os índios encontram a sua inspiração no meio da natureza. E então fazendo fé no que acabei de ler, no que se refere à astrologia eles vão buscar as caraterísticas de determinado animal e atribuem-nos às pessoas nascidas dentro de determinado período, tal como acontece com os signos a que nós ocidentais estamos familiarizados. 

E então os animais são os seguintes:




Carneiro   -       Falcão 
Touro       -       Castor
Gémeos     -    Veado
Caranguejo   -     Pica-pau
Leão           -     Salmão
Virgem     -  Urso 
Balança      -   Corvo
Escorpião   -   Cobra
Sagitário      -   Mocho
Capricórneo  -    Ganso
Aquário         -    Lontra
Peixes         -   Lobo


Bom, eu até gosto mais do animal índio que me caiu em sorte do que o animal que já me estava associado pelo horóscopo ocidental, mas ainda assim acho que o Mocho ou o Corvo são, de longe, os mais porreiros!